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31 de out. de 2011

Aviação (produtos lácteos)

          A Laticínios Aviação foi fundada em 1920 por Antonio Gonçalves, seu cunhado Oscar Salles e seu sogro Augusto Salles. Nasceu como um comércio atacadista de gêneros alimentícios em São Paulo. Dois anos depois passou a produzir manteiga, quando comprou uma fábrica em Passos, Minas Gerais, já desativada. A fábrica de manteiga surgiu de uma proposta inusitada. “Meu bisavô recebeu uma carta que tinha no final a pergunta: Você quer comprar um laticínio? Ele topou e a empresa virou o que é hoje”, conta Maria Paula Resende Pimenta de Queiroz, hoje responsável pela área comercial da empresa.
          A famosa latinha surgiu por pura necessidade. “Não tinha geladeira, e tudo tinha que ser em latas e salgado”, conta Maria Paula.
          A Aviação contava com postos de recebimento de creme de leite em Minas e São Paulo, uma fábrica de manteiga em Bebedouro (SP) e uma unidade de queijos em Conceição das Alagoas (MG). E o transporte entre esses locais era de trem. Na época, a gordura retirada do leite nas fazendas era enviada em latões para os laticínios por trilhos. Por isso, os laticínios eram próximos a estações de trem, para que o produto chegasse rapidamente na indústria sem perder a qualidade.
          A primeira e única vez que a companhia mudou o logo de seu produto mais icônico, a manteiga em lata, foi em 1936, para incluir o avião modelo Junker 52, que havia acabado de realizar um voo entre São Paulo e Rio de Janeiro. A marca ganhou o nome Aviação pela paixão de seu fundador. O Junker 52 está no rótulo até hoje.
          Naquele período existia um certo frisson no mundo no campo da aviação. Por aqui, a Varig completava quase uma década (foi fundada em 1927) e estava em franca expansão. Além mar, a empresa aérea inglesa Imperial Airways tentava dominar todo o império mantendo voos regulares de Londres até as colônias mais remotas mesmo que demorasse vários dias para percorrer todo o trajeto. Por exemplo, um voo de Londres para Brisbane, na Austrália (a rota mais longa disponível em 1938), levava 11 dias e incluía mais de vinte paradas programadas.
          Nos anos 1940, a manteiga da tradicional latinha alaranjada já fazia duas décadas e patrocinou, espelhando sua marca, o relógio no Largo do Arouche em São Paulo. Em foto de 1948, tirada a partir do Viaduto do Chá, em São Paulo, vê-se os letreiros Manteiga Aviação no alto de edifício localizado no lado direito do Teatro Municipal. 
          Permaneceu com foco em comércio atacadista até a década de 1970, quando deixou essa área e se concentrou em produtos lácteos. Além da manteiga, que representa mais da metade do faturamento, seu portfólio inclui também requeijão cremoso, ricota, queijos, doce de leite. São 15 produtos com 35 variações.
          Em 2014, aproveitando o nome forte da marca, especialmente pela manteiga, a empresa lança o Café Aviação. A família já tem tradição no cultivo do café. Ana Luísa Resende Pimenta, neta do fundador, e seus filhos tinham fazendas de café, mas o grão era exportado para multinacionais, como a italiana Illy. A fazenda da família, produtora do café, tem 400 hectares e fica no município de São Sebastião do Paraíso, tradicional região de cultivo da Mogiana mineira. Encontra-se o Café Aviação no litoral catarinense, mas ele é pouco visto nos supermercados da cidade de São Paulo. É possível encontrá-lo no supermercado Yayá, na Rua Tutóia.
          Hoje, a empresa está instalada em São Sebastião do Paraíso, cidade mineira de 70.000 habitantes a 400 quilômetros de Belo Horizonte.
          A dona da marca Aviação é a Gonçalves Salles S.A. Indústria e Comércio. A empresa está nas mãos da família fundadora e é capitaneada pelo executivo Geraldo Alvarenga Resende Filho (irmão de Ana Luísa), neto de Antonio Gonçalves, o fundador. Os filhos e sobrinhos de Geraldo, a quarta geração da família, fazem parte da diretoria.
          Roberto Rezende Pimenta Filho, irmão de Maria Paula, é o vice-presidente e bisneto do fundador - portanto, da quarta geração da família a tocar a empresa.
          Considerando dados previstos para 2019, o faturamento da empresa gira em torno de 420 milhões de reais. A produção de manteiga é de aproximadamente 1,2 mil toneladas por mês. A base da manteiga é um único ingrediente: o creme de leite, que a Aviação adquire de 40 fornecedores (grandes laticínios e cooperativas).
(Fonte: revista Exame SP - julho 2001 / jornal Valor - 13.05.2014 / revista Exame 17.10.2018 / jornal Valor - 22.10.2019 - partes )

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