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6 de out. de 2011

GVT

     Quase tudo no escritório de Amos Genish lembra como ele está focado nos negócios. Alguns retratos de família quebram a seriedade do ambiente relativamente modesto e decorado com placas e troféus referentes a cada vitória da GVT.
     Construir uma empresa do zero é uma tarefa que agrada alguém com espírito empreendedor. Genish já havia experimentado esse processo ainda muito jovem, quando pensava em uma carreira internacional. Logo após concluir o curso de Economia e Contabilidade pela Universidade de Tel Aviv, decidiu aderir ao polo de alta tecnologia que começava a se formar em Israel e participou da criação de uma empresa de software, que mais tarde foi transferida para Washington, nos EUA e depois vendida para outra companhia do setor.
     De volta a Israel, Genish, nascido em 1962 em uma família de origem italiana, começou a pensar no projeto que daria origem à GVT (Global Village Telecom). A ideia era usar o satélite para conectar pessoas em cidades pequenas, o que dispensaria onerosas e lentas instalações de cabos. A GVT começou no Chile, seguindo depois para o Peru e a Colômbia.
     Criado com 11 irmãos, Genish conta que se emocionava ao ver famílias que podiam se comunicar finalmente após décadas sem contato.
     O desejo de empreender o motivou novamente quando foi chamado pela Telemar, em 1999, para ajudar em um projeto semelhante no Amazonas. A Telemar buscava apoio para cumprir exigências da Anatel. A Inepar, do Paraná, participava do projeto.
     Na ocasião, Atilano de Oms Sobrinho, na presidência da Inepar, convidou a GVT para criar uma joint venture  para disputar a região II de telefonia fixa no Centro-Sul do pais, como espelho da Brasil Telecom. Genish não conhecia nada no Brasil, mas não teria resistido ao desafio.
     A parceria previa uma operadora com 50% de participação da GVT e 50% da Inepar. Três dias antes do leilão a Inepar desistiu (por sinal fez um péssimo negócio, especialmente considerando a péssima situação da empresa, hoje) mas a GVT seguiu sozinha. A única coisa que pediu foi continuar a usar o escritório da Inepar em Curitiba.
     Em 2009, o grupo francês de mídia Vivendi comprou 100% da GVT mantendo Genish no comando.
     Em agosto de 2014, o Vivendi vende a GVT, por 7,4 bilhões de euros (9,3 bilhões de dólares), para a Telefónica da Espanha e Telefônica Brasil (Vivo). Na assinatura dos termos definitivos do negócio em 18 de setembro de 2014, entre o grupo espanhol Telefónica e a francesa Vivendi, o israelense  Genish acompanhou orgulhoso, à distância, o fechamento de um ciclo para a companhia que fundou, ao lado de seu conterrâneo Shaul Shani, a partir de um investimento inicial de R$ 100 mil numa licença de telefonia, em 1999.
     No mundo financeiro, comenta-se que não houve nenhuma empreitada de geração de valor semelhante à da GVT no Brasil: US$ 10 bilhões em 14 anos, do zero.
     Com a Telefônica (Vivo), os números passam a ser gigantescos: 95 mil pessoas trabalham direta e indiretamente para a empresa, das quais, 42 mil em call centers; e são quase 100 milhões de clientes. O próprio Genish, criador da GVT, definiu o fim da marca: 15 de abril de 2016. Só permanece a marca Vivo.
(Fonte: jornal Valor - jornalista Ivone Santana - 29.05.2014 / Valor online - 29.08.2014 e Valor online - 19.09.2014)

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