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6 de out. de 2011

Copacabana Palace

          Localizado na avenida Atlântica, em Copacabana, o Copacabana Palace é o maior símbolo do bairro carioca. O hotel foi construído entre 1919 e 1923 pelo empresário Octávio Guinle (1886-1968), a pedido do então presidente do Brasil Epitácio Pessoa (1865-1942), que queria que o distrito federal tivesse um hotel à altura dos europeus. O objetivo principal era hospedar chefes de Estado e personalidades internacionais, que viriam ao país para a comemoração de centenário da Independência, em 1922. No entanto, o hotel só foi inaugurado no ano seguinte, como a primeira construção da praia de Copacabana, que até então era praticamente deserta.
          E o que faz um hotel ser lendário? É uma mistura de história, arquitetura emblemática, convidados famosos e a importância que o local tem para a cidade onde fica. E o Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, um dos hotéis brasileiros mais conhecidos mundo afora, faz parte deste seleto grupo. O 'Copa" já recebeu membros da realeza, presidentes, personalidades, astros da música e do cinema.
          Projetado pelo arquiteto francês Joseph Gire (1872-1933), que se inspirou nos hotéis Negresco, de Nice, e Carlton, de Cannes, ambos na França, por muitos anos pertenceu à família Guinle. Em 1989, considerado como "último bastião de resistência" da família, o hotel foi vendido para o empresário americano James Blair Sherwood. Nos últimos anos de sua vida, Jorginho Guinle, falecido em 2004, foi acolhido a uma suíte do hotel.
         Uma das cozinhas mais luxuosas do Rio de Janeiro, o restaurante Cipriani, no tradicional Hotel Copacabana Palace, reúne pratos da culinária italiana, beleza arquitetônica e serviço impecável. Alguns dos hóspedes que frequentaram o restaurante foram Santos Dumont, Lady Di, Bill Clinton e os Rolling Stones. Hospedaram-se também no hotel a cantora Carmem Miranda e o cineasta Orson Welles. Em suas dependências, foi filmado o musical Voando para o Rio, em que os atores Fred Astaire e Ginger Rogers dançavam juntos pela primeira vez, em 1933.
          Carmem Miranda, numa tentativa de driblar a depressão, viajou para o Rio de Janeiro no final de 1954. Passou 49 dias trancada numa suíte do Copa até sentir-se melhor. Ladi Di, no início da década de 1990, acompanhada do príncipe Charles, ocupou a suíte presidencial. Seu passatempo predileto era nadar na piscina do hotel. A modelo gaúcha Gisele Bündchen, principal atração do Fashion Rio, um dos mais importantes eventos de moda do país, hospedou-se no Copa no começo de janeiro de 2006.
          Por volta de 1990, o Copacabana Palace foi comprado pelo grupo inglês Orient-Express, que também possuía outras preciosidades, como o hotel Cipriani, um dos cartões-postais de Veneza, na Itália, e o mítico trem Orient-Express, que faz o trajeto Paris-Istambul. Nessa época a situação do hotel era de penúria completa. A tradicional família Guinle, antiga proprietária, havia perdido a saúde financeira e a capacidade de fazer novos investimentos no complexo do Copa. Os Guinle repetiam um enredo conhecido em vários empreendimentos familiares - anos de fortuna consumidos por gerações que ignoravam os fundamentos dos negócios. Um dos membros da família, o playboy Jorginho Guinle, ficou famoso por ter namorado estrelas como Marilyn Monroe e Rita Hayworth e pela maneira orgulhosa como contava que nunca havia trabalhado na vida. Nos quartos do hotel, a água saía das torneiras com uma coloração marrom (algo inaceitável até para uma pousadinha no interior da Bahia). O prédio sofria panes constantes na rede elétrica e os elevadores quebravam com tanta facilidade que o mais surpreendente era quando estavam em funcionamento. Talheres faltavam em todos os faqueiros e as janelas que quebravam eram substituídas por esquadrias de alumínio, que desfiguravam a imponente fachada do edifício.
          Para reverter o quadro, os executivos do Orient-Express chamaram Carruthers, ex-gerente do Rio Palace Hotel, empreendimento que fica a menos de 1 quilômetro do Copa. À frente do hotel, Carruthers adotou uma estratégia que envolveu duas frentes: investimentos pesados em infraestrutura e mudança radical na administração. Desde então, foram gastos mais de 67 milhões de dólares em reformas (quase três vezes mais do que foi pago pelo hotel). Os encanamentos foram trocados, a rede elétrica foi refeita e um sistema de ar-condicionado central, instalado. Os elevadores, apesar de conservar o charme do visual antigo, passaram a ser automáticos e com bom funcionamento. As fachadas foram recuperadas e todas as alas entraram em reforma. 
          A nova administração descobriu, por exemplo, que uma das máquinas de cobrança de cartões de crédito dirigia toda a receita para um tal H. Copacabana, que era, na verdade, uma sapataria de Fortaleza, no Ceará, ligada a um funcionário. Também er comum que os empregados responsáveis pelas operações de câmbio com os turistas embolsassem uma parte do ganho.        
          Em meados de dezembro de 2018, a rede Belmond, proprietária do Copacabana Palace,  foi comprada pelo francês Bernard Arnault, um dos maiores nomes do segmento de luxo. Arnault tem em seu conglomerado de empresas grifes como Louis Vuitton, Christian Dior e o champanhe Veuve Clicquot. Agora, também, uma rede de hotelaria para chamar de sua, a Belmond, detentora do Copacabana Palace.
(Fonte: Coleção Folha - fotos antigas do Brasil - volume 18 / MSN Estilo / revista Exame - 01.02.2006 / jornal Valor online 07.07.2015 / MSN 04.09.2015 / Forbes.uol - 14.12.2018 - partes)

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