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5 de out. de 2011

Mappin

          A loja de departamentos Mappin (Mappin Stories) foi criada por ingleses na rua 15 de Novembro em São Paulo, em 1913, com o nome oficial de Casa Anglo Brasileira S.A. Sua origem foi na cidade de Sheffield, na Inglaterra, em 1774, e foi trazida posteriormente para o Brasil pelos irmãos Walter e Hebert Mappin.
          Em 1919, a loja mudou-se para a praça do Patriarca, onde ficaria por pelo menos duas décadas. O Mappin mudou-se, agora de forma definitiva, para o prédio em art déco, da praça Ramos de Azevedo em 1939 e lá ficou por 60 anos.
          Cartão postal da capital paulista, a sede da casa na Praça Ramos foi um dos pontos mais conhecidos da cidade por muito tempo. Abriu diversas filiais no decorrer dos anos, e sua loja da Avenida São João foi a primeira da cidade de São Paulo a contar com estacionamento próprio, uma novidade absoluta nos anos 1950.
          A tradicional loja foi ponto de encontro da elite paulistana nos anos 1950. Os departamentos eram divididos nos vários andares do prédio, interligados por elevadores. Cada um deles vendia um tipo de produto, como brinquedos, móveis, roupas e eletrodomésticos. Ocupava, na realidade, mais de um prédio, que eram interligados.
          A chegada do controle remoto no Brasil, foi com uma TV Sharp, vendida no Mappin em 1978.
         Nos anos 1980, quando ainda era um dos pontos comerciais mais valorizados da cidade, tinha 300 mil itens à venda e 5 mil funcionários. Atraía consumidores com liquidações.
          Em período de previsões catastróficas, anunciando a morte de grande lojas de departamentos, o Mappin deu uma super respirada. Em janeiro de 1994, o JPMorgan comprou 10,05% das ações ordinárias da Casa Anglo Brasileira, controladora do Mappin. Com isso, o banco ganhou direito a voto e um assento no conselho de administração da Casa Anglo. Também arrematou 10% das ações preferenciais. Já o Bradesco ficou com 10% do capital votante. O sócio majoritário da Casa Anglo, com 51% do capital total, continuava sendo a Actisa, da empresária Cosette Alves. O presidente era o executivo Carlos Antonio Rocca.
          A chegada dos sócios deu um novo fôlego ao Mappin, pressionado por dívidas que, em setembro de 1993, chegavam a 59,3 milhões de dólares.
          Ao completar 83 anos, em agosto de 1996, depois de a empresária Cosette Alves ter feito o que pôde para tirá-lo do atoleiro, o Mappin passou para o controle do empresário Ricardo Mansur. O executivo italiano Pacifico Paoli, o mais marcante presidente que a Fiat brasileira já teve até então, e que estava trabalhando na rede Mappin, trombou com a aquisição. Quando Cosette Alves passou o controle das lojas a Ricardo Mansur, Paoli perdeu o lugar. Mansur, tido como centralizador, tomou o controle das operações nas mãos. Passou a dar expediente diário na sede administrativa da empresa, no centro de São Paulo. Foi sua, por exemplo, a ideia de tirar a modelo Adriane Galisteu dos anúncios do Mappin. Depois de Paoli, foi a vez de sair do italiano Giuseppe De Cristofaro, ex-diretor da Fiat contratado há cerca de um mês por Paoli para comandar as lojas do Mappin. Mansur confirmou de imediato a permanência do economista Carlos Antonio Rocca na presidência do conselho de administração. Rocca era o braço-direito de Cosette Alves, antiga controladora da empresa. Sua função sempre foi estratégica. Ele nunca chegou a se envolver diretamente com a operação da rede.
          Em 1998, se a empresa estava mal, seu dono não estava tão mal assim. Ricardo Mansur, então também controlador da Mesbla, mesmo durante turbulências nas bolsas de valores, onde era um dos maiores investidores dos pregões, não se abalou: incorporou a seu patrimônio um jato novo, um Gulfstream IV cujo preço era de cerca de 25 milhões de dólares.
          Em julho de 1999 veio a decretação da falência. A rede de lojas de departamento fechou as portas, levando consigo a Mesbla. O sentimento geral é que ela poderia ter sido bem mais longeva se bem administrada. Seu famoso prédio da praça Ramos de Azevedo, no centro de São Paulo, chegou a ser usado pela rede Extra (supermercado) e, desde 2004, é ocupado por uma unidade das Casas Bahia. Sua quebra deixou 3.000 desempregados, que protestaram inutilmente no centro de São Paulo.
          A marca Mappin foi adquirida em um leilão judicial pela Marabraz em 2009, por R$ 5 milhões. Na época, a promessa era de que a marca deveria voltar à ativa até 2013, o que acabou não se concretizando.
          O Mappin volta ao mercado em 10 de junho de 2019, 20 anos após a companhia decretar falência. O formato de loja de departamento que a consagrou, porém, ficará apenas no e-commerce num primeiro momento. A previsão de abertura de loja física ficou para 2020, o que também acabou não acontecendo. Por trás do ressurgimento do Mappin está a Marabraz. “Sabemos que essa é uma marca muito querida e nostálgica, por isso todos os nossos esforços estão focados para atender às expectativas do público”, afirmou em nota Abdul Fares, sócio-diretor financeiro da Marabraz. De acordo com o executivo, a Marabraz está investindo mais de R$ 4 milhões em tecnologia. A princípio, a plataforma vai contar com um portfólio de 15 mil itens à venda, entre produtos de cama, mesa e banho, utilidades domésticas, móveis, decoração e outros. Entre as novidades, haverá uma linha de móveis exclusiva Mappin com produtos multiuso, como cadeiras que viram estantes e gavetas que se transformam em bancos.
(Fonte: revista Exame - 25.09.1996 / 01.01.1997 / 23.09.1998 / Wikipédia / Senta que lá vem história - Facebook / msn - 28.09.2018 / UOL Economia - 20.12.2018 / IstoÉDinheiro - 06.06.2019 - partes)

Foto: Reprodução/Web

2 comentários:

Anônimo disse...

Velhos tempos onde se comprava tudo num só lugar.
Grato.

Origem das Marcas disse...

Obrigado pelo comentário II.