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1 de out. de 2011

Viação Garcia

     Em 1924, o norte do Paraná era quase todo floresta, quando o engenheiro florestal Lord Lovat, escocês, visitou fazendas de ingleses na margem esquerda do rio Paranapanema, divisa entre os estados de São Paulo e Paraná.
     A região era ideal para uma grande colonização, que suprisse de algodão as indústrias inglesas. A Casa (Banco) Rothschild, credora de débitos dos governos brasileiros, aceitou financiar o empreendimento. O governo do Paraná venderia à Companhia de Terras Norte do Paraná mais de 1,2 milhão de hectares de excelente terra, a preços simbólicos, com a condição de que a companhia fizesse estradas e ferrovia, colonizando parte do que era chamado de o Sertão do Tibagi.
     Os planos britânicos eram feitos em Londres, daí o nome Londrina, "Filha de Londres" ou "Pequena Londres".
     Os agenciadores de terras começaram a trazer em carros da companhia as primeiras turmas de colonos. Depois, criou-se um serviço gratuito de transporte que a companhia não sabia e não queria tocar.
     Então, a companhia entregou a gerência do transporte ao mecânico alemão Mathias Heim, em 1932. Como continuavam a chegar mais colonos todos os dias, a Companhia quis passar para o mecânico a concessão do transporte e Heim procurou um sócio. Alguém que tivesse dinheiro ou, ao menos, dirigisse ônibus. No entanto, entre os poucos motoristas por ali, havia um caminhoneiro espanhol, Celso Garcia Cid que, desde menino, tinha o sonho de dirigir não só um,  mas uma empresa de ônibus. Em 15 de janeiro de 1934, com capital de 100 contos de réis, fundaram a Companhia Rodoviária Heim & Garcia, precursora da Viação Garcia.
     Parecia pouco, mas Celso Garcia Cid vinha de uma aldeia da velha Galícia, na Espanha, e apostava naquela terra nova. A pequena empresa seria essencial para a colonização, naqueles primeiros anos antes de a ferrovia chegar a Londrina em 1935. E assim seria durante toda a colonização do Norte Novo, Norte Novíssimo, Noroeste e Oeste do Paraná, graças aos ônibus.
     Coisa do destino - terá pensado Celso Garcia quando precisou de sócio e apareceu justamente outro espanhol, também por coincidência Garcia. Desde o começo, Mathias Heim queria deixar a sociedade e, em 1937, teve que colocar anúncio, no jornal O Estado de S.Paulo, procurando sócio para comprar a parte de Heim e ainda expandir a empresa.
     No inventário, arrolou até "1 interruptor, 1 tambor vazio, 1/2 lata de óleo grosso, porcas e parafusos diversos". O preço da metade da empresa era 110 contos de réis.
     José Garcia Villar também viera da Espanha e, depois de duas décadas de trabalho, tinha justamente 110 contos de réis. Ao ler os jornais de São Paulo, viu o anúncio, mas não foi procurar o futuro sócio; começou a rodar pelas linhas da empresa e, antes que Celso pudesse observar o observador, José se apresentou: tinha feito as contas e queria a sociedade.
     Começou então, em 1º de fevereiro de 1938, e Empresa Rodoviária Garcia & Garcia, com o capital dividido ente Garcia Cid e Garcia Villar. Eles eram detalhistas e rigorosamente cumpridores de deveres e horários, de modo que também nisso pareciam destinados a tocar uma empresa de ônibus.
     Em 1955, a Garcia mudaria de nome novamente, tornando-se Viação Garcia Ltda., mas mantendo sempre, através dos filhos, o espírito de ordem e cooperação de Garcia & Garcia. Hoje, a empresa está entre as maiores do país, no setor, servindo a diversas localidades em três estados brasileiros, transportando diariamente, milhares de passageiros.
(Fonte: livro As Maiores Empresas do Mundo e do Brasil - Gilmar Brambilla - Ed. Lastro)

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