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6 de out. de 2011

Gerdau

          João Gerdau, imigrante alemão, acompanhado de seu filho Hugo, lançou as bases do Grupo Gerdau em 1901, em Porto Alegre, com a pequena Fábrica de Pregos Pontas de Paris, época em que empregava 40 funcionários. Em 1907, João Gerdau expande os negócios, abrindo uma fábrica de móveis cuja administração é entregue a seu filho Hugo.
          Em 1946, o genro de Hugo, Curt Johannpeter assume a direção da companhia e comanda sua entrada na siderurgia, adotando o modelo de mini mill, à base de forno elétrico a arco e sucata como matéria prima.
          Os quatro filhos do casal Curt Johannpeter e Helda Gerdau assumem a gestão dos negócios familiares em 1983, cada um com uma área própria de atuação. O primogênito Jorge é o porta-voz da empresa, assume a presidência, mas manda igualmente como os outros. Jorge começou a trabalhar na fábrica de pregos do bisavô aos 13 anos, varrendo o chão.
          Dois anos antes, em 1981, a empresa já iniciara sua internacionalização com a compra de uma usina siderúrgica no Uruguai e em 1989 o grupo começa a produzir aço no Canadá. Três anos depois inicia as operações no Chile, com a compra, em janeiro de 1992, da siderúrgica Indústria Del Acero por 3 milhões de dólares. Dois meses depois, em março de 1992, a Gerdau age em seu próprio quintal, adquirindo em leilão do governo, a Aços Finos Piratini, por 107 milhões de dólares. Em 15 de maio de 1992 volta a investir no exterior, adquirindo a siderúrgica Aza, localizada em Santiago, a capital do Chile, por 7 milhões de reais. Em 1999, adquire uma companhia nos Estados Unidos. De 1999 a 2005, a Gerdau comprou 12 usinas nos Estados Unidos, ao custo de 850 milhões de dólares.
          Em 1997, o grupo Gerdau e a Natsteel, uma siderúrgica de Cingapura, passam a participar da Açominas e assinam, juntamente com o CEA (Fundo de Participação Acionária dos Empregados da Açominas), o novo acordo de acionistas. Em 1995, a Mendes Júnior e seus sócios - Bemge, Credireal e BCN - deixaram a sociedade. Em 2002, o grupo Gerdau compra ações da Natsteel e assume posição majoritária no controle acionário da Açominas. Acordo de acionistas passa a ter dois signatários, Gerdau e CEA.
          No ano de seu centenário (2001), a Gerdau começa a preparar a passagem do poder para a quarta geração da família. As reflexões de Jorge Gerdau, compartilhadas intramuros com os irmãos Frederico, Klaus e Germano (1932-2023), o colegiado que desde 1983 comanda o grupo, se depara com 16 primos que descendem diretamente dos acionistas e, não havia um nome óbvio para comandar a Gerdau no futuro. Por causa disso, os irmãos decidiram eleger cinco possíveis candidatos e prepará-los para a difícil missão sucessória. Na corrida, sem favoritos, despontavam: Carlos, o "Caco", diretor executivo de área de negócios; e André, diretor de desenvolvimento de negócios, filhos de Jorge Gerdau; Guilherme, gerente de marketing e planejamento da Comercial Gerdau, uma subsidiária do grupo; e Richard, assessor técnico do Banco Gerdau, ambos filhos de Frederico Gerdau; e Cláudio, diretor executivo das unidades industriais, filho de Klaus, completava o quinteto.
          Em 2002, os investidores da Gerdau foram pegos de surpresa por um empréstimo de 45,3 milhões de reais concedido pela empresa ao Haras Joter, controlado pelo então presidente do grupo, Jorge Gerdau Johannpeter. Ainda que afirme nunca mais ter praticado operação semelhante, a Gerdau - listada no nível 1 da Bovespa - cometeu outro deslize. Em abril de 2006, a companhia decidiu elevar subitamente a cobrança de royalties pela marca Gerdau, pagos pela empresa à família controladora. De menos de 1 milhão de reais por ano, o valor passou para 16,2 milhões no primeiro trimestre de 2006. Embora não fosse ilegal, a cobrança chamou a atenção de minoritários, como o americano Mark Mobius, especialista em mercados emergentes da gestora de fundos Franklin Templeton Investments e da Comissão de Valores Imobiliários. Para evitar polêmica, os controladores teriam voltado atrás e teriam cedido os direitos da marca à Gerdau.
          Em janeiro de 2007, André Bier Gerdau Johannpeter, administrador de empresas, nascido em 1963 em Porto Alegre, assume o comando.
          Em setembro do mesmo ano (2007), a Gerdau investiu 4,2 bilhões de dólares, a maior aquisição de sua história, na compra da Chaparral Steel, então a segunda maior produtora americana de estruturas de aço. Um mês depois, a empresa anunciou a compra de 49% de participação na mexicana Aceros Corsa, por 100 milhões de dólares.
          Em 11 de abril de 2008, uma decisão em favor do pagamento de royalties para os controladores causou mal-estar entre a família Gerdau e os acionistas com desgaste para o nome da empresa. O pagamento de 0,6% sobre a receita líquida para a holding da família, que era proprietária da marca, caiu por terra menos de um mês depois, após forte reação dos investidores. Adicionalmente ao cancelamento do pagamento, os acionistas controladores transferiram a propriedade da marca para a Gerdau S.A.
          Hoje, a Gerdau possui operações industriais em 14 países das Américas, Europa e Ásia e tem capacidade instalada superior a 25 milhões de toneladas de aço bruto por ano. Com 45 mil funcionários, o grupo Gerdau não teve sequer um ano sem lucro, em seus primeiros 114 anos iniciais existência. Em 2015, porém, a crise foi avassaladora: as paradas de operações e perspectivas piores para a geração de valor em suas unidades levaram a Gerdau a registrar uma baixa contábil bilionária em seu balanço do quarto trimestre, gerando o prejuízo no ano de 4,5 bilhões de reais.
          Uma crise parece puxar a outra. Como se não bastasse a queda das ações em consequência das condições de mercado, em 2015, acionistas minoritários, principalmente talvez os que são acionistas há mais tempo da siderurgia, sentiram na pele, no mínimo, uma dupla decepção. Por um lado, viram as ações derreterem (ainda mais) após operação não bem explicada de pagamento de dívida de quase R$ 2 bilhões, da família, usando dinheiro da empresa, e por outro, mesmo que isso possa ser paradoxal no mercado financeiro apilhado de lobos, não esperavam a decepção vinda justamente de empresa tão longeva e de tão longa data participante da BM&FBovespa. De fato, já tinha havido um aviso no passado, quando, em 2002, a empresa emprestou 45 milhões de reais a um haras de Jorge Gerdau Johannpeter.
          Em maio de 2015, André Gerdau foi conduzido coercitivamente pela Polícia Federal para prestar depoimento dentro da Operação Zelotes, após ser indiciado por corrupção ativa, passiva e lavagem de dinheiro. A Operação Zelotes apura se a companhia participou de um esquema para conseguir decisões favoráveis no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). A empresa nega ter prometido vantagem indevida para conseguir julgamentos em seu favor. Um novo depoimento foi levado a cabo em fevereiro de 2016, em nova etapa da Operação Zelotes. Em 24 de agosto de 2017, a Procuradoria da República no Distrito Federal denunciou o ex-diretor jurídico da Gerdau Expedito Luz, o então consultor de contabilidade da companhia, Raul Schneider, e o ex-executivo do grupo Marco Antônio Biondo por corrupção na Operação Zelotes.
          Em 24 de agosto de 2017, a família controladora da Gerdau divulga decisão de se afastar da diretoria executiva e se concentrar nas decisões estratégicas do grupo. A partir de janeiro de 2018, Gustavo Werneck, que hoje chefia a operação Brasil da companhia, será o novo presidente executivo.
           André Gerdau, que atualmente é o presidente, ficará no conselho de administração. Claudio Johannpeter e Guilherme Gerdau, que também compõem a diretoria, serão outros dois membros do conselho. Claudio continua como presidente do conselho da Gerdau S.A, enquanto André se mantém na presidência do conselho da Metalúrgica Gerdau.
          Em fins de agosto de 2018, o grupo aprovou a alienação da Gerdau Hungri KFT y Cia Sociedade regular Colectiva, que detém 98,89% da Gerdau Steel India, por US$ 120 milhões. A Gerdau já havia saído em 2016 do negócio de aços especiais na Espanha e agora vai se concentrar no Brasil e nos Estados Unidos. De meados de 2014 a meados de 2018, a empresa vendeu R$ 6,5 bilhões em ativos com o objetivo de reduzir a dívida.
          Em 27 de novembro de 2019, a Gerdau aceita pagar US$ 110,8 milhões, por 96% da Siderúrgica Latino-americana - Silat, localizada em Caucaia, na região metropolitana de Fortaleza, que é controlada atualmente pela empresa espanhola Hierros Añón e Gallega de Mallas e tem capacidade para produzir 600 mil toneladas de laminação de aços longos. O Cade aprovou a aquisição em 23 de setembro de 2020. Pouco mais de um ano após anunciar a compra da Silat), a Gerdau informou a conclusão da transação. A aquisição de 96,3% das ações da Silat foi feita pela controlada Gerdau Aços Longos.
          Em abril de 2021, o grupo cria a Gerdau Graphene, que planeja desenvolver aplicações para sete mercados, como construção civil, lubrificantes, artefatos de borracha e baterias automotivas.
          Também em abril de 2021, a Gerdau decidiu investir na operação de aços longos com a reativação da aciaria de Araucária (PR), cuja operação foi suspensa em 2014. A decisão foi tomada devido ao “cenário positivo para a demanda por aço no Brasil, principalmente dos setores da construção civil, infraestrutura e indústria”, diz a companhia.
          Em 17 de janeiro de 2024, a Gerdau concluiu a venda, para o Grupo Inicia, da participação societária de 50,00% na joint-venture Gerdau Metaldom Corp. (e subsidiárias). A operação foi anunciada em 17 de janeiro.
          A Gerdau tem presença em 9 países nas Américas: Brasil, Argentina, Uruguai, Peru, Colômbia, República Dominicana, México, Estados Unidos e Canadá.
(Fonte: revista Exame - 13.05.1992 / 23.12.1992 / 15.12.1999 / Wikipédia / revista Forbes Brasil - 04.07.2001- jornal Valor online 15.03.2016 / revista Exame - 21.12.2005 / 07.11.2007 / 21.11.2007 / 25.05.2016 / jornal Valor/ Época - 24.08.2017 / 28.08.2018 / 04.10.2018 / Valor 28.11.2019 / 15.04.2021 / 23.04.2021 / IstoÉDinheiro - 19.07.2023 / ADVFN - 02.02.2024 - partes)