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6 de out. de 2011

HP (Hewlett-Packard)

          A HP foi fundada por William "Bill" Hewlett e David (Dave) Packard, em 1939, para a fabricação de tubos e válvulas, o que faz a HP uma espécie de avó das empresas do Vale do Silício que começaram em garagens.
          No início, eles não tinham ideia específica do que fazer. A meta era atuar num setor que eles vagamente diziam ser o de eletroeletrônica. Bill Hewlett descreve os primeiros dias: "Não tínhamos nenhum plano quando começamos, éramos apenas oportunistas. Fazíamos qualquer coisa que trouxesse 1 níquel para a empresa. Começamos a produzir um indicador de linha para boliche, um relógio para telescópio e uma máquina de choques elétricos para emagrecimento. Lá estávamos, com 500 dólares, tentando fazer qualquer coisa que as pessoas nos consideraram capazes de fazer".
          Ainda que fossem pragmáticos, Hewlett e Packard, graduados do departamento de engenharia da Universidade de Stanford na turma de 1934, não sabiam o que iriam fazer quando eles abriram seu negócios numa pequena garagem em Palo Alto, na Califórnia. Tudo o que eles sabiam era que queriam atuar no campo da tecnologia, trabalhar juntos e se divertir um pouco.
          A Hewlett-Packard começou como uma pequena empresas, e seus fundadores e seus sucessores a transformaram numa coleção de pequenas empresas, divisões em larga medida autônomas, unidas somente por um forte senso de valores compartilhados e objetivos de lucro explícitos. Os dois fundadores voltaram brevemente a ter papéis ativos em 1990, quando eles viram sinais de que a companhia estava se tornando burocrática. Mas saíram de sena novamente quando se convenceram que tinham corrigido os problemas.
          O primeiro produto significativo da empresa, um gravador de fita, simplesmente encalhou. A empresa se manteve nesses duros dias costurando fios elétricos e tecidos para fazer almofadas aquecidas (que substituem as bolsas de água quente) - um produto rústico e mal acabado, porém vendável.
          A Hewlett-Packard teve uma série de fracassos até vender um oscilador de áudio para um jovem criador de desenhos animados chamado Walt Disney, então trabalhando no filme Fantasia.
          Hewlett e David Packard praticamente inventaram o lugar chamado Vale do Silício, onde está localizada a empresa.
          No Brasil, a HP desembarcou em 1967.
          Não foi uma decisão da cúpula que levou a HP a entrar no mercado de impressoras. A iniciativa coube às bases. Em 1981, o gerente do grupo de periféricos de computador Rifchard Kackborn soube que a Canon, do Japão, estava trabalhando num protótipo de uma impressora de mesa, pequena e barata, que poderia ser vendida a 3.000 dólares pelo varejo. A única impressora produzida pela HP na época era um modelo de 100.000 dólares, comercializado junto com os minicomputadores da companhia. Sem mesmo pedir permissão de Palo Alto, Hackborn começou a desenvolver uma nova linha de impressoras para o consumidor comum, usando alguns componentes da Canon. Hackborn teve liberdade total para agir. Construiu, em quinze anos, uma divisão de impressoras que passou a responder por um terço das vendas da HP e por 40% de seus lucros (dados de 1995) 
          Praticamente ninguém levou a sério a HP quando anunciou em meados dos anos 1980 que iria entrar no mercado de computadores pessoais. Riu-se muito. Essas cabeças de engenheiro entrando no mercado de consumo? No fim de 1995, a HP era a sexta nesse ramo duríssimo. Já tinha passado a Dell Computer, a Gateway 2000 e a Acer. Mesmo assim, dá para dizer que a companhia entrou tarde no mercado de computadores pessoais, e chegou a dispensar em 1976 um protótipo feito por um jovem engenheiro chamado Steven Wozniak, que prontamente pediu as contas par formar a Apple Computer com seu amigo Steve Jobs. Quando a HP finalmente apareceu com seu computador pessoal em meados dos anos 1980, ficou óbvio que os engenheiros da HP tinham muito a aprender sobre marketing.
          Em 1989, a HP comprou a Apollo Computer, produtora de estações de trabalho. A integração não foi fácil, mas a HP, pouco tempo depois, passou a ser a número dois em estações de trabalho, logo atrás da Sun Microsystems. Era a terceira antes da fusão.
          No início dos anos 1990, quando a divisão de testes e medição parecia fadada ao fracasso porque seu principal sustentáculo, as verbas aeroespaciais e de defesa, estava desaparecendo, a HP reagiu. Nesse ponto os 22 executivos do grupo fizeram uma coisa típica da HP. Pegaram seu destino em suas próprias mãos. Discutiram em torno de inúmeras xícaras de café e decidiram mudr o foco de seu negócio. Entrariam no ramo de vídeo e telecomunicações e manteriam a equipe toda intacta. "O futuro é o que nós criarmos" tornou-se o mote da virada. Engenheiros que estavam desenvolvendo geradores de sinais e medidores de energia passaram subitamente a desenhar servidores de vídeo que estocavam comerciais ou filmes em videodiscos e os entregavam a sistemas a cabo para video-on-demand.
          Nos anos 1990, a HP liderava o mercado de impressoras a laser, mas sabia que a impressão a jato de tinta, apesar de ainda lenta e precária, era uma ameaça. Montou então em Vancouver, estado de Washington, uma nova divisão para lidar com a inovação. A divisão de jato de tinta, inicialmente diminuta, passou a representar uma parcela muito maior do faturamento da empresa que a das impressoras laser, até então mais caras e tecnicamente superiores.
          Em 1995, com um faturamento de 32,5 bilhões de dólares, e mais de 100.000 funcionários, a empresa era comandada pelo executivo Lewis Platt. Em entevista para a revista Exame, Platt não hesitou em apontar seu mais importante trabalho na direção da empresa: preservar a cultura de descentralização e inovação, um legado dos fundadores Bill Hewlett e Dave Packard.
          Em dezembro de 2001, a então CEO Carleton (Carly) Fiorina desagradou os herdeiros, então com 11% das ações, com a fusão com a fabricante de computadores Compaq (a Compaq havia adquirido a Digital em 1998). A sede da empresa continua em Palo Alto, quartel general da HP (a Compaq tinha sede em Houston).
          Foi por prometer cedo demais coisas que não poderia cumprir que a toda-poderosa da HP decepcionou acionistas e acabou sendo demitida da HP no início de 2005, protagonizando uma grande derrota em sua carreira de alta executiva.
          No início de novembro de 2015, depois de um período de cinco anos de turbulência, a CEO Meg Whitman, que assumiu a empresa no fim de 2011, abre um novo capítulo na história da gigante de tecnologia, então com receita de quase US$ 120 bilhões, na provável maior aposta já feita pela empresa desde sua criação: a HP divide os negócios em duas empresas independentes e com receita parecidas:
Hewlett-Packard Enterprise: focada em soluções, com servidores, equipamentos de armazenamento de dados, software e outros produtos para empresas;
HP Inc.: fabricante de PCs e impressoras.
          É um caminho parecido com o que foi seguido pela IBM na década de 1990, que deixou de ser fabricante de hardware para se focar em serviços.
          No Brasil, cada uma das duas empresas terá vendas superiores a US$ 1 bilhão, segundo estimativas.
          A HP Inc. mantém o tradicional logo azul com as iniciais dos fundadores Bill Hewlett e David Packard.
          Desde maio de 2019, a HP passou a fornecer no país um sistema que permite fazer impressão 3D, que se junta ao negócio de computadores pessoais (PC) e impressoras.
          Possui aproximadamente 90 mil funcionários, sendo 1000 no Brasil.
(Fonte: revista Exame - 17.01.1996 / 22.05.1996 / 02.06.1999 / 16.03.2022 / revista Época Negócios - agosto 2015 / jornal Valor online - 03.11.2015 - partes)

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