5 de out. de 2011

Netscape

          A Internet teve sua invenção nos anos 1960. Por duas décadas, seu uso esteve restrito aos militares e à academia. Em 1989, no Conselho Europeu para a Pesquisa Nuclear, em Genebra, o inglês Tum Berners-Lee criou uma nova linguagem que permitiu aos computadores das diversas marcas e modelos a trocar dados através das redes. Berners-Lee batizou sua criação de World Wide Web.
          A Web só se tornou conhecida em 1993, quando Marc (Mark) Andreessen, aluno da Universidade de Illinois, criou o navegador Mosaic. Em poucos meses, milhões de usuários estavam surfando na rede. James (Jim) Clark, o dono da Silicon Graphics, viu ali um oportunidade única. Convenceu Andreessen a fundar a Netscape. Andreessen desenhou o Mosaic, o programa navegador que transformou a internet. Em 1994, eles lançaram o programa Navigator. Foi quando o mundo caiu de boca na rede - e a única forma de acessá-la era com o programa da Netscape. O Navigator de Andreessen foi o primeiro programa a incorporar uma "máquina virtual Java". O nome pomposo descreve um programa com 45.000 bytes de informação codificada que traduz para a máquina onde está instalado as instruções dos demais programas Java. Esse é o segredo do sucesso da linguagem.
          Em agosto de 1995, a Netscape fez sua oferta pública ações. O valor da empresa em que Clark investiu US$ 12 milhões do próprio bolso passou dos US$ 4 bilhões. Andreessen ganhou US$ 300 milhões em um dia. Era o início da bolha da internet. Bill Gates viu aí a primeira grande ameaça ao monopólio da Microsoft sobre os computadores pessoais e contra-atacou.
          Em fins de 1995, os analistas de Wall Street diziam que a empresa de Gates chegou ao seu limite de crescimento e questionavam a falta de faro de seu fundador, que só teria percebido tardiamente o potencial da rede.
          Em um simpósio no final de 1995, sobre Internet realizado em Boston, a primeira pergunta que Gates ouviu da plateia reflete o espírito do mercado: "Como é que você deixou de perceber a Internet?"
          Nos últimos meses de 1995, o mercado de informática se dividira em dois grandes blocos. De um lado estavam Microsoft, Intel e Compaq, o maior fabricante de microcomputadores do mundo. As três defendiam uma visão essencialmente conservadora, "microcêntrica", segundo a qual o crescimento da Internet iria acontecer com base nos microcomputadores e no modelo mercadológico de então. Um modelo caracterizado por programas crescentemente complicados que forçavam os consumidores e empresas a trocar periodicamente suas máquinas por outras mais potentes.
          Empresas como Netscape, Oracle, Sun e até mesmo a IBM defendiam que a Internet estava trazendo uma mudança mais radical do que a simples conexão de micros. A rede, afirmavam, tinha o potencial de tornar-se ela própria a inteligência do sistema.
          Em junho de 1996, com o lançamento do navegador Explorer 3, Bill Gates põe fogo na guerra para ver quem iria dominar a internet: ele ou Marc Andreessen, da Netscape.
          Em 1997, a Microsoft comprou o serviço de correio eletrônico Hotmail que, em setembro de 1999, atingia 30 milhões de usuários.
          "Estou condicionando meu sucesso pessoal ao da empresa", disse James Barksdale, presidente da Netscape, sobre sua decisão de não receber salários em 1997. As ações da Netscape perderam mais da metade do seu valor desde janeiro de 1995, quando ele foi contratado, até maio de 1997, quando ele proferiu a frase.
          "Um valor de US$ 6 bilhões no mercado acionário é como sangue no mar: os tubarões vêm direto até você", disse Marc Andreessen, ao comentar a queda dos papéis da empresa depois que a Microsoft passou a distribuir o Explorer de graça para concorrer com o seu navegador. Em meados de novembro de 1998, as ações valiam menos de US$ 2,4 bilhões.
          No final de 1998, a America Online (AOL), então o maior provedor de acesso do mundo, comprou a Netscape.
(Fonte: revista Exame - 17.01.1996 / 23.09.1996 / 04.06.1997 / 18.11.1998 / revista Época - 08.09.2008 - partes) 

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