6 de out. de 2011

Illy

          O Illy pertence a uma seleta categoria chamada de cafés de gourmets. Durante muito tempo, o crescimento dessa parcela tem sido notavelmente superior ao da média do mercado.
          A Illy foi fundada por Francesco Illy, em 1933, na cidade de Trieste, no norte da Itália. A torrefadora começou a construir uma reputação dois anos depois, quando o fundador inventou uma máquina automática para o preparo do expresso. Sua máquina foi a primeira a trabalhar separadamente a pressão e a temperatura - as então existentes operavam aumentando as duas variáveis ao mesmo tempo, o que prejudicava o gosto do café.
          Uma legião de abonados adoradores do café Illy, inclui nomes famosos como o do cineasta americano Francis Ford Coppola e o maestro indiano Zubin Mehta. O empresário brasileiro dono da Totvs, Laércio Cosentino pertence ao grupo. Para esses fanáticos, não basta tomar café. É preciso declarar publicamente sua veneração. Em 1999, Coppola dirigiu um filme publicitário para a Illy na Itália. Não foi só isso: ele criou e assinou uma série especial de xícaras para a marca.
          Essa badalação mantém uma aura que dá suporte ao negócio da Illy. Objetivo: glamourizar o produto a ponto de poder vendê-lo a um preço até três vezes superior ao de seus concorrentes.
          A empresa vende café e máquinas de expresso em mais de 70 países. A vantagem técnica permitiu à Illy ampliar sua atuação da região de Trieste para outras da Itália. Durante a Segunda Guerra Mundial, a progressão foi interrompida porque o fluxo de café para a Europa foi barrado. Depois da guerra, a Illy retomou a produção e começou sua expansão internacional pela Suíça.
          Ernesto Illy, filho do fundador, nascido em 1925, então frequentando a Universidade de Bolonha, começou a trabalhar na área de vendas da empresa. Com a morte do pai, em 1956, ele assumiu o comando. Uma de suas primeiras decisões foi a de implantar um laboratório de pesquisa e firmar acordos com universidades. Desde então, a Illy intensificou seu trabalho para desenvolver equipamentos, controlar a qualidade, aprimorar seu produto - e poder cobrar mais caro por ele.
          Além da inovação em tecnologia e do foco nos consumidores endinheirados, um outro segredo da marca é a estratégia de compra de matéria-prima. O café torrado da Illy é produzido por uma combinação de vários tipos de grãos. Dessa mistura, 60% correspondem ao arábica brasileiro, espécie considerada adequada para chegar a um expresso prazeroso. Compradora habitual de café verde do Brasil, a torrefadora italiana começou a ter problemas com o fornecimento daqui no final da década de 1980. Na mistura do Illy, que seleciona eletronicamente os grãos, um só grão imperfeito pode comprometer o gosto de todo o lote.
          Até 1990, a empresa adquiria café brasileiro de exportadores de Santos. Isso causava alguns contratempos como receber em Trieste café de padrão diferente das amostras que havia encomendado. Era necessário um processamento para eliminar defeitos excessivos antes da torrefação. A solução encontrada pela Illy foi partir para a motivação, preferindo incentivar os cafeicultores brasileiros a produzir qualidade e não quantidade, conforme explicou Ernesto Illy, então presidente da empresa.
(Fonte: revista Exame: 31.05.2000) 

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