26 de jul. de 2022

Smiles

          O Cartão Smiles foi criado pela Varig como forma de retribuição aos clientes por prestigiar a empresa com sua preferência. A finalidade básica era fornecer ao passageiro a opção de viajar de graça pelo Brasil e pelo mundo.
          Lançado em junho de 1994, o acúmulo de milhas valeu para aqueles que guardaram seus comprovantes desde 1º de janeiro de 1994 para passageiros da Varig e desde 1º de maio de 1994 para clientes da Rio-Sul.
          E em novembro de 2009 a Varig operou seu último voo comercial. Melancólico para uma empresa que já foi considerada uma das maiores companhias aéreas do mundo e por quase 80 anos teve participação vital para o desenvolvimento aéreo brasileiro e uma das grandes responsáveis pelo aumento de rotas internacionais partindo do Brasil. Entre as décadas de 1950 e 1970 era comparada com gigantes de Europa e Estados Unidos, e em 2001 foi a primeira a receber o Boeing 777-200ER, que vinha com um então inédito sistema de entretenimento individual.
          No seu auge, a Varig chegou a ter 127 aviões, 20 mil funcionários e destinos para 36 países. No entanto, aquela que durante décadas foi a maior companhia aérea da América Latina ficou só na lembrança. Quando parou de voar, a Varig deixou 12 mil pessoas desempregadas. Parte da empresa foi vendida para uma outra companhia, a Gol, que levou consigo a Smiles, e o que sobrou teve a falência decretada em 2010. A grande maioria dos funcionários nunca recebeu os direitos trabalhistas. Somente quem se aposentou até 2006, quando a Varig encerrou as operações, conseguiu ter acesso ao fundo de previdência privado.
          A Smiles foi separada da companhia-mãe, a Gol em 2013, com o lançamento de ações na bolsa de valores. A oferta rendeu 1,1 bilhão de reais utilizados na compra antecipada de passagens da Gol. De lá, até outubro de 2018, as receitas da Smiles mais que triplicaram, para 1,8 bilhão em 2017. E, 2,8 bilhões de reais foram pagos aos acionistas em dividendos acumulados durante cinco anos. Era tanto dinheiro que nos controladores da Gol, dona de 53% do negócio, começaram a se perguntar se não era o caso de voltar a ser donos de 100%.
          No dia 14 de outubro (2018), a Gol anunciou que a Smiles voltaria a ser uma subsidiária. A incorporação da Smiles na Gol resultaria na extinção da Smiles, com a sucessão pela Gol em todo o patrimônio da Smiles e na migração da base acionária da Smiles para a Gol. Os acionistas da Smiles receberiam uma combinação de ações PN da Gol e ações PN Resgatáveis Gol por uma relação de substituição e em termos a serem negociados entre a administração da Gol e o comitê independente da Smiles.
          A pretensão era fazer uma reorganização societária para que a Smiles voltasse a ser uma unidade de negócios da Gol. Durante tida a semana que se seguiu ao anúncio, a perplexidade tomou conta da sede da Smiles, em Barueri, na região metropolitana de São Paulo.
          Seria o fim de uma empresa com desempenho de dar inveja. Em 2017, a Smiles teve lucro líquido de 760 milhões de reais, o que significa 6,4 milhões para cada um dos 118 funcionários - o melhor índice entre as companhias abertas do mundo, de acordo com números da empresa de informações financeiras Bloomberg. Essa equipe administrava uma base de dados de 14,6 milhões de clientes e se relacionava com 50 parceiros brasileiro e estrangeiros, entre as companhias aéreas, locadoras de veículos, e varejistas. Embora 90% dos pontos trocados pelos clientes ainda tinham como objetivo a aquisição de passagens, a Smiles vinha investindo para ampliar as opções em outras áreas, uma tendência no mercado de fidelidade que vinha ganhando novos competidores como a Livelo, lançada em 2016 por Bradesco e Banco do Brasil       
(Fonte: publicidade em Exame - 22.06.1994 / valor - 15.10.2018 / 16.10.2018 / Exame - 31.10.2018 - partes)

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