A fabricante de carnes francesa Doux tem sede em Châteaulin, localizada a 500 quilômetros de Paris.
Chegou ao Brasil em 1998 quando comprou a gaúcha Frangosul. Durante uma década deu mais alegrias que preocupações. Com faturamento de quase 2 bilhões de reais em 2008, a Doux Frangosul chegou a ter uma das maiores margens de lucro nos anos anteriores, cerca de 6%. Ao longo dos anos, a parcela de lucros enviada pela operação brasileira ajudou a matriz a equilibrar seu caixa.
A situação começou a mudar em 2009 quando, após um rombo de 175 milhões de reais provocado pela crise de derivativos cambiais, a Doux Frangosul passou a enfrentar seus próprios - e grandes - desafios financeiros, começando a atrasar o pagamento a parte de seus 2.200 fornecedores. Em 10 de janeiro de 2011, a situação ganhou cores mais dramáticas: um grupo de cerca de 100 criadores entregou à direção da fábrica de Passo Fundo, Rio Grande do Sul, a segunda maior da empresa no país, um comunicado anunciando a suspensão das entregas de frangos.
A iniciativa dos produtores provocou uma reação imediata na Doux Frangosul. Naquela mesma semana, o presidente da empresa, Aristides Vogt, se reuniu com eles prometendo saldar a dívida com o grupo. Esse não era, entretanto, o único prato que Vogt teria que equilibrar naquele momento. A situação da Doux era também difícil com relação a parte de seus fornecedores de grãos, utilizados na produção de ração que é repassada aos criadores de frango.
Sem contar com ativos relevantes que pudessem ser vendidos para fazer caixa - o último deles, a divisão de perus, foi adquirido pelo Marfrig em junho de 2009 por 65 milhões de reais -, Vogt teria entrado em contato com a matriz. Em dezembro de 2010, recebeu uma rápida visita do principal acionista da Doux e filho do fundador, o francês Charles Doux. Na ocasião, nenhum anúncio público de novos investimentos na operação brasileira foi feito.
Não foi por acaso que os franceses da Doux deixaram a situação do Brasil chegar a esse ponto. Na Europa, os negócios não iam bem. Entre 2004 e 2008, o grupo que opera na França, Alemanha e Brasil, acumulou um prejuízo de 90 milhões de euros.
No Brasil, a principal marca da companhia é a LeBon, vendida sobretudo na Região Sul do Brasil. Com a redução do volume e da variedade de produtos, o espaço deixado pela Doux passou a ser ocupado por marcas regionais.
No início de 2011, quando enfrentava a pior crise desde que chegou ao Brasil, a Doux Frangosul, terceira maior fabricante de produtos à base de frango do país, atrás da BRF e Marfrig, apresentava os seguintes números: faturamento anual em torno de 1,7 bilhão de reais, 6.000 funcionários, 2.200 fornecedores e seis fábricas.
(Fonte: revista Exame - 09.02.2011)
Chegou ao Brasil em 1998 quando comprou a gaúcha Frangosul. Durante uma década deu mais alegrias que preocupações. Com faturamento de quase 2 bilhões de reais em 2008, a Doux Frangosul chegou a ter uma das maiores margens de lucro nos anos anteriores, cerca de 6%. Ao longo dos anos, a parcela de lucros enviada pela operação brasileira ajudou a matriz a equilibrar seu caixa.
A situação começou a mudar em 2009 quando, após um rombo de 175 milhões de reais provocado pela crise de derivativos cambiais, a Doux Frangosul passou a enfrentar seus próprios - e grandes - desafios financeiros, começando a atrasar o pagamento a parte de seus 2.200 fornecedores. Em 10 de janeiro de 2011, a situação ganhou cores mais dramáticas: um grupo de cerca de 100 criadores entregou à direção da fábrica de Passo Fundo, Rio Grande do Sul, a segunda maior da empresa no país, um comunicado anunciando a suspensão das entregas de frangos.
A iniciativa dos produtores provocou uma reação imediata na Doux Frangosul. Naquela mesma semana, o presidente da empresa, Aristides Vogt, se reuniu com eles prometendo saldar a dívida com o grupo. Esse não era, entretanto, o único prato que Vogt teria que equilibrar naquele momento. A situação da Doux era também difícil com relação a parte de seus fornecedores de grãos, utilizados na produção de ração que é repassada aos criadores de frango.
Sem contar com ativos relevantes que pudessem ser vendidos para fazer caixa - o último deles, a divisão de perus, foi adquirido pelo Marfrig em junho de 2009 por 65 milhões de reais -, Vogt teria entrado em contato com a matriz. Em dezembro de 2010, recebeu uma rápida visita do principal acionista da Doux e filho do fundador, o francês Charles Doux. Na ocasião, nenhum anúncio público de novos investimentos na operação brasileira foi feito.
Não foi por acaso que os franceses da Doux deixaram a situação do Brasil chegar a esse ponto. Na Europa, os negócios não iam bem. Entre 2004 e 2008, o grupo que opera na França, Alemanha e Brasil, acumulou um prejuízo de 90 milhões de euros.
No Brasil, a principal marca da companhia é a LeBon, vendida sobretudo na Região Sul do Brasil. Com a redução do volume e da variedade de produtos, o espaço deixado pela Doux passou a ser ocupado por marcas regionais.
No início de 2011, quando enfrentava a pior crise desde que chegou ao Brasil, a Doux Frangosul, terceira maior fabricante de produtos à base de frango do país, atrás da BRF e Marfrig, apresentava os seguintes números: faturamento anual em torno de 1,7 bilhão de reais, 6.000 funcionários, 2.200 fornecedores e seis fábricas.
(Fonte: revista Exame - 09.02.2011)
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