25 de nov. de 2020

Spiti

          A Spiti, fundada por Luciana Seabra em 2019, é uma casa de análise 100% independente que, a partir de recomendações assertivas sobre investimentos, mobiliza pessoas e impacta o mercado. É um site especializado em investimentos pessoais e educação financeira. Luciana Seabra nasceu em Belo Horizonte, mas só foi registrada em Diamantina com um mês de idade. É jornalista e mestre em economia. É a CEO da Spiti.
          Em meio à proliferação das casas de análise independentes, Luciana Seabra construiu um diferencial em seus três anos na Empiricus. Aliando didatismo a um networking que começou a ser construído ainda quando era repórter no Valor Econômico, conseguiu traduzir o mundo dos fundos de investimento para as pessoas físicas — fechando um gap importante de comunicação num mundo em que os aportes mínimos eram de R$ 1 mil.
          Ela deixou a sociedade com a Empiricus em agosto de 2019 por divergências com Felipe Miranda, um dos principais sócios da casa.
          A saída de Luciana Seabra da Empiricus é recheada de polêmicas. O que corre nos bastidores é que ela era pressionada a indicar produtos que fossem de encontro aos anseios da Vitreo. “Isso nunca aconteceu”, diz Miranda. “Tínhamos divergências técnicas e visões de estratégia de negócio diferentes".
          Seabra lançou sua própria casa de análise, a Spiti — do grego ‘casa’ — numa sociedade com a XP, com uma equipe que recomenda também outros ativos como renda fixa, Bolsa e investimentos globais.    
          Depois de conversar com diversos potenciais parceiros, Luciana fechou com a XP sob a garantia prevista em contrato de que poderá recomendar produtos disponíveis em quaisquer plataformas, não só os da gestora de Guilherme Benchimol.
          “Na parte de decisões de investimento, a XP não toca”, diz Luciana. “Mas é um negócio que, para ser legal, precisa de investimentos intensivos em tecnologia e em marketing, e é aí que a XP entra."
          Para compor a equipe, Luciana trouxe profissionais que construíram a carreira atendendo clientes institucionais. Para renda fixa, a Spiti trouxe Guilherme Cadonhotto, analista sênior com passagem pela Porto Seguro e Sul América. Carolina Oliveira, que selecionava fundos para o fundo de pensão da Light, é o braço-direito de Luciana para as recomendações voltadas para fundos de investimentos.
          Diferente dos traders encontrados no YouTube e até mesmo gestores renomados, com perfis no Wikipédia, que prometem ganhos acima da média, Seabra é sóbria no discurso de recomendação de compra e venda de ações. Não promete retornos mágicos. Ela mantém um tom informal, mas sóbrio, sem nunca prometer retornos mirabolantes na publicidade de suas recomendações.
          Em 1 de julho de 2022, Luciana Seabra anunciou em post nas redes sociais que deixou a casa de análise Spiti, e assim também o Grupo Primo, fundado em 2016 e controlado por Thiago Nigro (responsável pelo canal Primo Rico) e do qual havia se tornado sócia no fim de 2021. Mesmo sem sua "principal cara" comercial e institucional, a Spiti informou que seguirá funcionando com os demais analistas e que passará a ter o também sócio-fundador André Gradim como novo presidente. Em uma carta aberta com o título "A decisão mais difícil da minha vida", publicada em suas redes sociais, Seabra afirmou que tem convicção de "estar dando o passo correto". "Como em todos os momentos desafiadores pelos quais passei até aqui, mais uma vez me perguntei: o que é melhor para o cliente? Com o olhar de longo prazo que tanto ensino a você, acredito que a decisão correta é a que tomei", disse.
          Em março de 2022, o Grupo Primo comprara a fintech Grão. A empresa disponibiliza uma conta digital remunerada pelo CDI e tem licença para abertura de uma gestora de recursos, por meio da qual o grupo poderá ter seus próprios fundos. Embora não entre nos detalhes em sua carta aberta, Luciana Seabra diz que seu erro foi construir a "casa no terreno dos outros" e que rejeita a ideia de ter receita atrelada a taxas de administração de fundos que ela mesmo indique. "Onde fica a independência quando você analisa um produto sobre o qual você ganha?". Na Spiti, Seabra passou a indicar fundo de previdência baseado na sua carteira, e que tem a XP como gestora, mas sem se beneficiar financeiramente do sucesso de captação do produto. Como sócia do Grupo Primo, o cenário seria diferente se a casa tiver seus próprios fundos ou produtos financeiros.
          Conforme a empresa, a Spiti "segue como uma empresa independente" e o mesmo time de sócios e de colaboradores continuam à frente do negócio. Guilherme Cadonhotto, analista de renda fixa da empresa, será o estrategista-chefe e assumirá a "frente institucional" da empresa. Felipe Arrais será analista-chefe e o novo responsável pelo relatório de fundos de investimento que era assinado por Seabra.
          A casa de análise Spiti localiza-se na São Paulo Corporate Towers, na Avenida Presidente Juscelino Kubitschek, 1909, na capital paulista.
(Fonte: Brazil Journal - 18.11.2019 / Valor - 04.07.2022 - partes)

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