2 de jul. de 2021

Tesla (criadora de sites)

          Nascido em 9 de julho de 1856, em Smiljan, na Croácia, então parte do império Austro-Húngaro, o engenheiro Nikola Tesla foi um dos principais nomes da revolução que a eletricidade provocou em nossa sociedade. Vivendo os Estados Unidos a partir de 1884, projetou geradores e transformadores mais modernos que os existentes até então e trabalhou no desenvolvimento de sistemas de comunicação sem fio e de transmissão de energia. Tesla foi o paladino do uso da corrente alternada como modo mais eficaz de transmitir energia elétrica até as casas e empresas. Thomas Edson, o inventor da lâmpada e de uma infinidade de engenhocas, como o fonógrafo, defendia o uso da corrente contínua. A corrente de Tesla acabou prevalecendo, e a energia que chega hoje às nossas casas vem na forma de corrente alternada.
          Inovador em sua época, o engenheiro agora serve de fonte de inspiração para os pioneiro de uma nova revolução, a da Internet. Quatro jovens paulistanos batizaram de Tesla a empresa que criaram em dezembro de 1995 para desenvolver projetos de sites.
          Como nas melhores histórias de empresas de Internet do Vale do Silício, os quatro jovens largaram seus bons emprego, se juntaram numa saleta equipada com um par de computadores e criaram, da noite para o dia, uma empresa bem-sucedida. Nenhum dos quatro sócios trabalhava com Internet antes da Tesla. Carlos Vicente de Azevedo, nascido em 1971, era advogado e passou a ser diretor de marketing da Tesla. Paulo Veras, nascido em 1972, formado em engenharia mecatrônica, assumiu a diretoria de tecnologia. O engenheiro civil Marcos Camano, também nascido em 1972, passou a dirigir a produção. Ricardo Pizzamiglio, nascido em 1967, é engenheiro mecânico e atuou como diretor comercial da empresa.
          Num terreno nebuloso, no qual ninguém sabe direito que caminho seguir, quem tem melhor faro leva vantagem. Os rapazes da Tesla mostraram-se uma matilha de sabujos. Em 1996 criaram o Guia SP para servir como uma vitrine para seu trabalho de criação de sites.
          A oportunidade veio com a Internet. Primeiro Carlos e Marcos, os mais entusiasmados, deixaram seus empregos e passaram a se dedicar em tempo integral à Tesla. Retiravam uma pró-labore modesto, de 600 reais. Contavam com algum dinheiro economizado para sobreviver nos primeiros meses. Logo os negócios engrenaram. Riccardo e Paulo então pediram demissão e também passaram a cumprir expediente integral na Tesla.
          Daquela época até 1999, a Tesla virou um negócio razoável, com seus milhões de reais de faturamento - ainda mais no mundo das receitas minguadas da Internet. Isso significa que a empresa chegou a uma bifurcação. Ou continua crescendo modestamente sustentada pelo próprio lucro - e corre o risco de ser devorada por alguma multinacional. Ou se une a um sócio com mais poder de fogo.
          Considerando dados de outubro de 1999, a Tesla tinha 40 funcionários e precisava contratar 10 ou 15 em curto prazo de tempo. A empresa, que ocupava os 250 metros quadrados do andar de um prédio no bairro Itaim Bibi, em São Paulo, estava alugando outro andar no mesmo edifício.
          Concorrendo com agências interativas internacionais importantes, como as americanas Organic e Modem Media Poppe Tyson, a Tesla tornou-se um dos principais nomes no então nascente mercado de criação de sites no Brasil. De seu portfólio fazem parte o site do Mandic, o então terceiro maior provedor de acesso do Brasil, e a loja virtual dos Supermercados Sé. A empresa fez também o Guia SP, o mais completo roteiro online de São Paulo. Além desses, a Tesla amealhou mais de uma centena de clientes em seus quatro anos de vida.
(Fonte: revista Exame - 20.10.1999)

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