25 de out. de 2023

Hemobrás

          A Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás) foi criada em 2005 com o objetivo de reduzir dependência do Brasil em relação ao mercado externo no setor de hemoderivados - medicamentos que têm como matéria-prima o plasma humano, um dos componentes do sangue.
          É uma empresa estatal vinculada ao Ministério da Saúde. A construção do parque industrial da Hemobrás se arrasta desde 2010.
          O primeiro módulo da fábrica da Hemobrás entrou em operação em setembro de 2012, dois anos após o início das obras.
          Com a fabricação dos hemoderivados, a expectativa é que o país seja capaz de produzir por conta própria medicamentos que hoje são importados para serem distribuídos no Sistema Único de Saúde (SUS), tornando as medicações mais acessíveis para a população. O empreendimento conta com um investimento de R$ 1,4 bilhão.
          No início da operação, em 2012, o fracionamento dos plasmas era realizado pelo laboratório francês LFB, que acabou perdendo a licença concedida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para manter a parceria com a Hemobrás; Atualmente o processo é feito pelo laboratório Octapharma, da Suécia. Os plasmas passam por uma análise de qualidade e, depois, são transportados para o laboratório na Suécia, que faz o fracionamento, convertendo a matéria-prima em hemoderivados.
          Uma investigação começou em 2015, como parte de operação da Polícia Federal (PF).
          A construção foi interrompida em 2016 - ano em que a unidade deveria ter ficado pronta - após o Tribunal de Contas da União (TCU) encontrar irregularidades no contrato com a empreiteira responsável pelas obras, cancelando o contrato.
          Desde a paralisação das obras, a empresa opera apenas com o primeiro bloco da fábrica, onde são feitas a recepção, a triagem e a estocagem do plasma. O plasma - assim como os outros componentes do sangue, não pode ser comercializado no Brasil, conforme o artigo 199 da Constituição Federal - é obtido a partir da doação de sangue e fornecido à fábrica por hemocentros de todo o país; Ao chegar à unidade, os materiais são levados para a câmara fria da fábrica, onde ficam armazenados em bolsas a uma temperatura de 37 graus negativos;
          Em setembro de 2022, a Justiça Federal condenou três réus por envolvimento em fraudes na construção da fábrica. Entre os condenados, estão dois ex-funcionários da Hemobrás e um representante da construtora Concremat Engenharia e Tecnologia S/A. Segundo a Justiça, os três "agiram em conluio" na licitação para favorecer a construtora e desviar recursos públicos, incluindo no projeto e no edital para a contratação da empresa "cláusulas excessiva e injustificadamente restritivas".
          Em 24 de abril de 2023, a Hemobrás foi tema de uma audiência pública realizada na Câmara de Vereadores do Recife. A empresa já foi alvo de investigação por conta de irregularidades no contrato com a empreiteira responsável pela obra. Na época, agentes da PF flagraram maços de dinheiro sendo arremessados de uma das janelas do prédio onde morava o então diretor-presidente da Hemobrás, Rômulo Maciel Filho, no Recife; A diretoria da Hemobrás foi afastada por determinação da Justiça, após recomendação do Ministério Público Federal (MPF).
          Construída num terreno que ocupa uma área de 48 mil metros quadrados, localizado a 63 quilômetros da capital pernambucana, no município de Goiana, na Zona da Mata Norte, a fábrica deve tornar o Brasil autossuficiente na produção de hemoderivados.
          A unidade de produção do Fator VIII Recombinante - medicamento que ajuda na coagulação sanguínea, deve ficar pronta em outubro deste ano. Ao todo, a fábrica terá 19 blocos, distribuídos numa área de 48 mil metros quadrados e tem previsão de começar a operar até 2025.
          Segundo a Hemobrás, quando ficar pronta, a fábrica será capaz de fracionar até 500 mil litros de plasma por ano. Com isso, a expectativa é produzir quatro dos hemoderivados mais consumidos do mundo. São eles:
     Albumina - principal proteína encontrada no sangue, é indicada para tratamento de queimaduras e hemorragias graves, cirrose, insuficiência renal e septicemias e recuperação de pacientes que fizeram transplante de fígado ou cirurgias cardíacas;
     Fator VIII - proteína do sangue usada no tratamento de hemofilia A, combatendo sangramentos;
     Fator IX - outra proteína utilizada em pacientes de hemofilia B;
     Imunoglobulina - proteína produzida pelos linfócitos B, tipo de célula presente no sangue, e indicada para pessoas com doenças neurológicas, deficiências imunológicas e doenças autoimunes e infecciosas, além de Aids e púrpura.
          Além dos hemoderivados, a fábrica será capaz de produzir o Fator VIII Recombinante. A substância é criada em laboratório a partir da proteína Fator VIII, sendo usada no tratamento da hemofilia.
(Fonte: G1 = 24/04/2023)
Obra da Hemobrás foi paralisada em novembro de 2016  — Foto: Reprodução/TV Globo

Obra da Hemobrás foi paralisada em novembro de 2016 — Foto: Reprodução/TV Globo

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