6 de out. de 2011

Burger King (Zamp)

          A Burger King foi criada em 1953, sob o nome de Insta Burger King em Jacksonville, nos EUA. Passando por dificuldades financeiras, a empresa foi vendida para dois empreendedores (e que eram franqueados) da Flórida. Os novos donos, David (Dave) Edgerton e James (Jim) McLamore eliminaram o "Insta" e rebatizaram-na Burger King. Edgerton e McLamore são considerados então os fundadores, com início oficial em dezembro de 1954. Iniciaram a expansão nacional e revenderam a rede oito anos depois.
          A chegada ao Brasil quase aconteceu em 1994, mas o Grupo Cotia jogou a toalha. Em setembro, avisou seu sócios da BK Brasil, formada para implantar a rede no país que não queria mais saber de fast food. Sua participação na empresa era de 50%. Outros 30% pertenciam ao grupo saudita Olayan e mais 20% à própria Burger King. Desde 1993, a Burger King panejava instalar-se no país. Sobrou vontade mas faltou dinheiro para levantar as lojas. Chegou-se a dar como certa a compra da cadeia de lanchonetes Bob's, do grupo holandês Vendex, pela BK Brasil. Seria uma saída pra viabilizar o negócio. O acordo não foi fechado e os americanos, contrariados, adiaram a estreia no Brasil. Mas tinham pressa: até o fim de setembro (1994) queriam anunciar o nome do novo sócio.
          No âmbito mundial, numa média de mais de um controlador por década, a companhia passou, em setembro de 2010, para o fundo 3G Capital (vide origem da marca 3G Capital neste blog), dos empresários brasileiros Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto (Carlos Alberto) Sicupira, que comprou 100% das ações e fechou o capital da empresa. A 3G pagou apenas US$ 1,56 bilhão em dinheiro para controlar o Burger King e financiou o restante do valor. O valor total do negócio foi 4 bilhões de dólares. O antecessor do 3G, o grupo de fundos TPG, Goldman Sachs Capital e Bain Capital também permaneceu apenas oito anos no controle.
          Logo após sua saída da ALL, em setembro de 2010, o executivo carioca Bernardo Hees foi protagonista de uma notícia surpreendente, publicada nos maiores jornais de negócios do mundo. Ele seria o próximo presidente mundial do Burger King. Então com 41 anos de idade, 12 dos quais dentro da ALL, Hees jamais passou por um fundo de investimento. Tampouco trabalhou no setor de franquias de alimentos. Na nova empreitada, teria de colocar em prática algo que entende bem - disciplina financeira. Além da estagnação num mercado em que os concorrentes só cresciam, o Burger King tinha baixa lucratividade. Em 2009, o líder global McDonald's faturou 22 bilhões de dólares e conseguiu uma margem de lucro de quase 20%. No Burger King, a margem não chegava a 10%.
          No número 5505 da Blue Laggon Drive, em Miami, sede da Burger King, pode-se deparar com a extravagante mascote da rede, o boneco de um rei com dois metros de altura, paramentado com uma coroa dourada e um manto vermelho, ao lado da recepção. Mas, tanto nos Estados Unidos quanto em outros países, novas campanhas são estreladas por celebridades, especialmente do esporte, deixando de lado a tradicional mascote, um rei barbudo e desajeitado.
          Com mais de 13.000 restaurantes em quase 100 países, no Brasil a Burger King abriu sua primeira loja em 2004 e permaneceu por um período com uma quantidade modesta de lanchonetes, mas, desde 2011, quando a operação brasileira foi comprada parcialmente pelo fundo Vinci Partners, abriu centenas de lojas no país, alcançando 531 lojas no final de 2015.
          Ariel Grunkraut foi um dos sócios-fundadores do Burger King Brasil em 2011 e liderou por dez anos as áreas de vendas, marketing e tecnologia — ajudando a transformar a empresa numa das maiores redes de fast food do país. Em 2022, foi promovido a CEO da Zamp, a holding que controla o Burger King Brasil, Popeyes e, agora, o Starbucks. Ele deixou a companhia em julho de 2024 depois da entrada do Mubadala como controlador. 
          Na Austrália, a franquia da rede de fast food Burger King é chamada de Hungry Jack's.
          Em 2012, a 3G Capital vendeu 29% do controle da rede de lanchonetes para o fundo Justice Holdings, do investidor americano Bill Ackman, da empresa Pershing Square, do ex-CEO da Jarden, Martin Franklin, e do bilionário Nicolas Berggruen, por US$ 1,4 bilhão.
          Em agosto de 2014, a Burger King compra, por cerca de US$ 12,5 bilhões, a rede canadense de cafés Tim Hortons (vide origem da marca Tim Hortons neste blog) e se torna a terceira maior rede de fast food do planeta. Esse negócio teve a participação da Berkshire Hathaway, do bilionário americano Warren Buffett. Burger King e Tim Hortons formam a Restaurant Brands.
          Em 21 de fevereiro de 2017, a Restaurant Brands anunciou a aquisição da Popeyes por US$ 1,8 bilhão. Com isso, o portfólio da empresa ganha um restaurante especializado em frango frito, para juntar aos hambúrgueres do Burger King e aos donuts da rede de cafeterias Tim Hortons.
          A companhia trouxe ao país, em 2018, a cadeia de lanchonetes Popeyes, da Restaurant Brands International (RBI) controlada pela 3G Capital.
 A companhia trouxe ao país, em 2018, a cadeia de lanchonetes Popeyes, da Restaurant Brands International (RBI) controlada pela 3G Capital.
          No Brasil, a Burger King é comandada pelos fundos Vinci Partners, 3G Capital e Temasek. Tem também participação dos investidores Sommerville Investments e Montjuic.
          Em 2017, atingiu 628 lojas em funcionamento, quando abriu o capital na Bolsa de Valores de São Paulo, em dezembro.
          Em 13 de março de 2019, o Burger King Brasil divulga que vai fazer uma oferta subsequente de ações (follow-on) para dar saída parcial aos investidores Vinci Partners, Sommerville Investments e Montjuic, além de outros acionistas pessoas físicas. Com a redução da ordem de 40% na posição detida atualmente por esses acionistas, o maior investidor da companhia será a Burger King Corporation, indiretamente controlada pela brasileira 3G Capital.
          Em julho de 2019, atingiu 801 lojas no Brasil, onde opera com as bandeiras Burger King e Popeyes.
          Em 12 de julho de 2021, a BK Brasil, dona no país das marcas Burger King e Popeyes, anunciou fusão com a rede de pizzarias Domino’s. A operação seria feita por meio de troca de ações. Os acionistas da DP Brasil, dona da Domino’s no país, teriam 16% do Burger King, então avaliado em R$ 3,3 bilhões na B3. A Domino’s tem 300 restaurantes no Brasil, sendo 213 franquias, com 60% das vendas por canais online. Com a negociação, a Burger King passaria a operar 1,2 mil restaurantes no território nacional.
          Em 31 de agosto de 2021, a BK Brasil, operadora do Burger King no Brasil, comunicou que desistiu de assumir o controle da DP Brasil, dona da Domino's Pizza no país. Em fato relevante, a BK afirma que o negócio foi desfeito após reavaliação das partes sobre as atuais condições do mercado.
          Em abril de 2022, a administração da Burger King Brasil, que opera no país as redes Burger King e Popeyes, propôs aos acionistas a mudança do nome da empresa para Zamp S.A., com consequente alteração do seu estatuto social. Ao retirar as siglas BK da marca corporativa, o nome deixa te ter uma relação direta com a sua principal operação de lanchonetes, responsável pela maior parte das vendas e das lojas. “A alteração da denominação social busca promover a construção de uma nova marca corporativa que comporte o conceito de uma operação multimarcas”, explicou a empresa. No texto, a empresa diz que “Zamp carrega a cultura, inspira a gente e reforça a importância de realizar feitos com impacto”. A companhia diz que já tem a titularidade do domínio de endereço eletrônico e dos registros no INPI quanto à nova marca Zamp.
          Em 18 de maio de 2022, os acionistas do BK Brasil aprovaram, em assembleia geral extraordinária, a mudança da denominação social da companhia para Zamp.
          Em 1 de agosto de 2022, a Zamp informou que recebeu correspondência da MC Brazil F&B Participações, controlada da Mubadala Capital LLC, informando que apresentaria uma oferta pública voluntária de aquisição (OPA) do controle da companhia. As ações ordinárias da Zamp dispararam mais de 16% na B3. Conforme o fato relevante da Zamp, a Mubadala Capital lançou a OPA visando a aquisição de 45,15% das ações de emissão da companhia, ao preço de R$ 7,55 por ação, “de forma que, caso haja sucesso da OPA, a Mubadala Capital passará a deter 50,10% do capital social”. A MC Brazil destaca que o Mubadala Capital é a subsidiária de gestão de ativos do Mubadala Investment Company PJSC, um investidor soberano global com sede em Abu Dhabi, com US$ 284 bilhões em ativos sob gestão. A controlada diz também que realizou, ao longo dos últimos cinco meses, “uma profunda e cuidadosa análise dos fundamentos econômicos da companhia e de sua estratégia e visão de longo prazo".
          Na noite de 20 de fevereiro de 2024, a Zamp anunciou o saque definitivo dos recursos dos Serviços de Administração de Fundos Fitpart. A FitPart reduziu sua participação de 16,8% para zero. Segundo fontes familiarizadas com o assunto, a gestora foi contra a decisão de retirar a Zamp do Novo Mercado, segmento de governança mais rígido da B3. Isto foi algo defendido pelo fundo árabe Mubadala Capital e apoiado pela RBI, empresa parcialmente detida pela 3G Capital, e neste cenário a FitPart decidiu renunciar. Controlada pelos bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, a 3G Capital detém 29% da RBI, que controla mundialmente a marca Burger King. A Fitpart (family office de ex-acionistas do Banco Garantia), ao lado dos minoritários contrários à medida, decidiu vender sua posição na empresa, que segundo fontes passou para as mãos da Mubadala. A Mubadala anunciou ao mercado em 21 de fevereiro (2024) a compra de American Depositary Receipts (ADRs) representativos de 16,8% do capital da Zamp. Além dos ADRs, a Mubadala passou a deter 2,9% do capital em instrumentos derivativos, o que elevou sua posição na empresa de 38,5% para 58,3%. Dessa forma, o fundo árabe assumiu o controle da operadora Burger King – e passou a decidir os próximos passos estratégicos da empresa. O RBI, por meio do veículo Burger King do Brasil, detém 9,4% das ações, sendo 34% disponíveis para negociação no mercado aberto. Também foi comunicado ao mercado que Hugo Segre Junior, membro do conselho de administração da Zamp e vinculado à Fitpart desde 2018, decidiu renunciar ao cargo. Isto era esperado pelo mercado, dadas as divergências da gestora de recursos com a posição da Mubadala e do 3G.
          A Zamp, dona da rede Burger King e do Popeyes no Brasil, anunciou em 6 de junho de 2024, a compra da operação da Starbucks no país por R$ 120 milhões. A assinatura do contrato de compra entre a Zamp e a SouthRock, que detém a licença e opera a rede de cafeterias aqui, foi comunicada em fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Em 24 de julho de 2024, o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) deu aval para que a Zamp S.A. conclua a aquisição dos ativos locais da Starbucks.
(Fonte: revista Exame - 28.09.1994 / 29.12.2010 / 27.06.2012 e 03.09.2014 / UOL - 12.02.2016 / jornal Valor online - 21.02.2017 / revista Forbes Brasil - 23.02.2017 / Valor - 13.03.2019 / Wikipédia / Elevenfinancial - 12.07.2021 / 01.11.2021 / Valor - 20.04.2022 / 01.08.2022 / 22.02.2024 / Estadão - 25.07.2024 / Brazil Journal - 16.10.2024 - partes) 

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