22 de ago. de 2020

AACD

          A AACD - Associação de Assistência à Criança Deficiente,  entidade sem fins lucrativos, foi fundada em 3 de agosto de 1950 e chega aos dias atuais com grandes voltas por cima no seu próprio 
histórico — e ainda há desafios a superar.
          Fundada como entidade sem fins lucrativos pelo doutor Renato da Costa Bomfim, especialista em ortopedia, teve como primeira grande batalha o auxílio a quem tinha poliomielite, doença eliminada do 
país desde 1994 graças às campanhas de vacinação.
          A AACD foi fundada numa casa na Alameda Barão de Piracicaba, em Campos Elíseos, em 1950, ganhou centro de reabilitação no Ibirapuera, em 1963, e hospital ortopédico, em 1993.
Para se ter uma ideia de números, a organização realizou 10,5 milhões de atendimentos só na
década de 2010. Só em 2019, 62 396 pessoas passaram por uma das nove unidades de reabilitação no país e no hospital paulistano. No mesmo ano, a oficina entregou 61 232 produtos ortopédicos.
          Como fechar a conta? A maior parte da receita vem do próprio hospital, mas as doações têm papel fundamental. Desde 2010 foram arrecadados 500 milhões de reais, grande parte via Teleton. Hebe Camargo foi a primeira madrinha do programa, que estreou em 1998 e desde então ocupa um fim de 
semana anual da grade do SBT com auditório lotado, shows de artistas e depoimentos de pacientes.
          Em 2019, a proporção era de 2 013 funcionários para 1 185 voluntários na ativa. Quem quer ajudar logo aprende que a função nada tem a ver com brincar com as crianças no colo. Na fisioterapia, o voluntário auxilia o profissional, economiza o tempo buscando um brinquedo, enquanto ele não pode sair do tablado para não deixar o paciente sozinho.
          No passado, a abertura de novas unidades espalhadas pelo Brasil era vista pela AACD como a melhor forma de levar o conhecimento a quem mais precisa. Os altos custos de manutenção — e as dificuldades dificuldades de parcerias com prefeituras e estados — mostraram que não se tratava da estratégia mais viável. As nove unidades de reabilitação são deficitárias, cada unidade nova aumentaria o déficit. O plano é seguir com parcerias técnicas. É feita a identificação de instituições locais que façam trabalhos nessa linha e então é dado todo o suporte e treinamento. Os protocolos serão como se fossem unidades AACD, mas montadas como parcerias. 
          A maioria dos atendimentos da AACD, 80% deles, é feita pelo SUS. Para a instituição, uma consulta de fisioterapia custa 98 reais — dos quais apenas 6 reais são pagos pelo sistema público. “É um enorme gap financeiro. Aí que entra a captação de doações de pessoas físicas e empresas”, conta Edson Saab de Brito, superintendente de marketing e relações institucionais.
          “No Brasil, não há a cultura da doação recorrente, por isso historicamente é preciso fazer campanhas.” O Teleton, que foi ao ar pela primeira vez em 1998, e desde então é transmitido anualmente pelo SBT, foi responsável por 30% dos 81 milhões arrecadados em 2019. Devido à crise gerada pela pandemia (Coronavírus-19), que derrubou drasticamente o número de cirurgias, por exemplo, a necessidade de captação de recursos saltou de 80 milhões para 130 milhões de reais em 2020. “A instituição tem alto impacto social. É preciso despertar para a cultura de ser melhor muitos doando pouco do que pouco do que poucos doando muito.”
(Fonte: Veja SP - 05.08.2020)

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