Helios Carbex

          Aficionado da mitologia grega em geral e do deus Helios em particular, o imigrante italiano Eugênio Sacchi decidiu dar o nome da divindade grega do sol à empresa que abriu, em 1922, no centro de São Paulo, para importar e comercializar fitas para máquinas de escrever. Alguns anos depois ele passaria a produzi-las no Brasil. Em 1930, lançou no mercado o primeiro papel carbono fabricado no país. A iniciativa viria impulsionar a expansão industrial, refletindo-se na crescente participação de mercado e extensão da linha de produtos nos anos que se seguiram.
          Maerz & Sacchi foi o primeiro nome da empresa, batizada em homenagem aos seus fundadores, Eugênio Sacchi e Rodolfo Maerz. Com a saída de Maerz da sociedade, passou a se chamar Fábrica Helios Ltda. por causa da admiração de Eugênio Sacchi pelo deus do sol na mitologia grega. Desde então a empresa usa a imagem do sol na sua logomarca, transmitindo a ideia de luminosidade que tanto entusiasmava o seu fundador.
          Em 1954, o filho mais novo de Eugênio, não por acaso chamado Helio, assumiu e modernizou a companhia.
          Helios e a concorrente Carbex sempre foram o que se pode chamar de almas gêmeas. Tinham quase o mesmo porte e dividiam os mercados de papel-carbono, fitas para máquinas de escrever e para impressoras, corretivos e material copiativo, como estênceis para mimeógrafo. Desde o início da década de 1990, partilhavam também o mesmo problema: o crescimento da informatização que varreu dos escritórios os métodos arcaicos de trabalho e os produtos que lhe davam suporte. As vendas caíram e o lucro sumiu.
          A oportunidade de juntar as duas operações surgiu em abril de 1994. Os donos da Carbex, um discreto grupo de investidores de Liechtenstein, fundada em 1948, decidiram pôr a Carbex à venda. Os controladores resolveram mudar o perfil de seus negócios no país, segundo o ex-presidente da Carbex Thomas Michael Lanz. A operação demorou quatro meses para ser fechada.

          Em junho de 1994, a Helios se organiza para fazer desembarcar no Brasil a maior fabricante francesa de canetas esferográficas: a Reynolds. Num primeiro momento, a Helios apenas distribuiria os produtos, mas poderia passar a fabricá-los aqui se os volumes de venda justificassem o investimento em transferência de know-how.
          Em agosto de 1994, sob a batuta do executivo Helio Sacchi, a Helios incorporou o grupo Carbex Indústrias Reunidas, até então seu principal concorrente. Com a fusão, a Helios e a Carbex atingiram pleno desenvolvimento no mercado de artigos escolares, material de escritório e suprimentos de informática, dando origem ao grupo Helios Carbex S.A. Indústria e Comércio. Para 1994, o faturamento das duas empresas deveria girar em torno de 40 milhões de dólares.
          Em 2001, inaugurou nova unidade fabril na Zona Franca de Manaus: a Helios da Amazônia. Ao completar 80 anos, em 2002, já sob o comando do executivo Sérgio Sacchi como presidente, iniciou pioneiramente a produção nacional de cartuchos para impressoras jato de tinta. Mais tarde conclui o processo de transferência de unidade industrial para o Pólo Industrial de Manaus, mudando sua razão social para Helios da Amazônia Indústria e Comércio de Materiais de Escritório Ltda. Além disso, inaugurou a operação de dois centros logísticos de distribuição: em Barueri (SP) e Resende (RJ).
          A divisão escritório tem Helios como a principal marca, mas a empresa adotou estratégia diferente para concorrer no mercado. Usa a marca Bis para enfrentar a concorrência de preço baixo e a Reynolds para o mercado de canetas. Seu amplo leque de produtos inclui cartuchos, filme para fax, fitas matriciais, fita para máquina de escrever e de calcular, lift-off, rolete, CD, DVD, disquetes, papel hectográfico, carbono, stencil, papel fotográfico, canetas, lapiseiras, pincel marcador, pincel white board, caneta versátil, marca texto, grampeadores, perfuradores, isocola, goma líquida, almofadas para carimbo, tintas, grampos, extratores, numeradores, blocos auto-adesivos, corretivos (fita, líquido e caneta), apontadores borracha plástica, e caneta borracha.
          A linha Toque Mágico nasceu a partir do sucesso do lançamento do pioneiro corretivo líquido à base d’água, atóxico e ideal para o uso escolar. Foi do corretivo que nasceu a divisão escolar da Helios, que fabrica corretivos líquidos, caneta e fita corretiva, colas em bastão e branca, plástico adesivo, minas, lapiseiras, canetas, marca textos, lápis de cor, caneta hidrográfica, giz de cera, guache, massa de modelar, cola colorida e mini grampeadores, régua, clips, apontador e tesoura.
          Hoje, Helios é uma marca de sucesso nos mercados de materiais de escritório e escolares, líder na área de grampeadores, perfuradores e na de filme e papel carbonos. No segmento escolar, com o nome Toque Mágico, lidera o mercado de corretivos líquidos com quase metade do mercado. Dessa forma, seu público é bastante abrangente, incluindo desde crianças nas escolas até os adultos nos escritórios. Satisfazer a esse amplo leque de consumidores, com demandas que vão de produtos mais simples aos mais sofisticados, tem sido o grande desafio da empresa.
(Fonte: revista Exame - 22.06.1994 / 28.09.1994 / livro Superbrands - partes)