A Encyclopaedia Britannica foi muito além de suas origens no século 18, como editora de uma obra de referência elaborada por três impressores escoceses. Com o passar dos anos, a enciclopédia se tornou um peso pesado do setor de conhecimento, tanto literalmente (a edição de 32 volumes de 2010, a última a ser impressa, pesava 58,5 kg), quanto figurativamente, contando com contribuições de milhares de especialistas.
Em 1995, a Encyclopaedia Britannica foi adquirida pelo investidor suíço Jacob E. Safra.
Por quase 250 anos, a Encyclopaedia Britannica foi uma série de tomos com letras douradas que lotavam as estantes, muitas vezes comprados para mostrar que seus proprietários se importavam com o conhecimento. Era o tipo de mídia física que se esperava que morreria na era da internet e, de fato, em 2012 a editora anunciou que estava encerrando a versão impressa. A edição de 32 volumes de 2010, foi a última a ser impressa. Os céticos se perguntavam como a Britannica, a empresa por trás das
enciclopédias, poderia sobreviver na era da Wikipédia. A resposta foi adaptar-se aos tempos.
O Britannica Group, como a empresa é conhecida atualmente, administra sites, incluindo o Britannica.com o dicionário online Merriam-Webster, e vende softwares educacionais para escolas e bibliotecas. O grupo também vende software de agentes de inteligência artificial (IA) que sustenta
aplicativos como chatbots de atendimento ao cliente e recuperação de dados.
A Britannica descobriu não apenas como sobreviver, mas também como se sair bem financeiramente. Em uma entrevista, Jorge Cauz, seu CEO, disse que a editora teve margens de lucro de cerca de 45%. A empresa também está avaliando abrir seu capital, operação por meio da qual poderia buscar uma avaliação de cerca de US$ 1 bilhão, de acordo com uma pessoa próxima da empresa. Isso poderia proporcionar um retorno considerável para o seu proprietário, Jacob E. Safra, que, em uma ação judicial em 2022, citou um banco de investimentos ao avaliar a Britannica em US$ 500 milhões.
A empresa diz que seus sites atraem mais de sete bilhões de visualizações de páginas por ano,
com usuários em mais de 150 países. “Temos mais usuários agora do que jamais tivemos”, disse Cauz.
Ela também se tornou um símbolo de status aspiracional, com clientes pagando quase US$ 1.400
pela última edição impressa.
A Wikipédia, com seu conteúdo gratuito e dezenas de milhares de editores ativos, interrompeu esse antigo modelo de negócios, especialmente depois que um estudo de 2005 – contestado pela Britannica – descobriu que as duas enciclopédias não estavam muito distantes uma da outra em termos de precisão. Ao eliminar o produto que definiu a empresa por mais de dois séculos, disseram os executivos, eles puderam investir mais recursos em produtos feitos para a era digital. Quando a última Encyclopaedia Britannica foi impressa, a empresa já havia iniciado seu conjunto de sites e softwares educacionais. Agora, ela vê uma oportunidade potencialmente ainda maior no crescimento das ferramentas de IA generativas, que podem ajudar a tornar o aprendizado mais dinâmico e, portanto,
mais desejável.
Cauz disse que a Britannica fez experimentos com essa tecnologia nas últimas décadas. Ela adquiriu a Melingo, a empresa que produz seu software de agente de IA, em 2000, devido à sua força em processamento de linguagem natural e aprendizado de máquina. Além disso, tem duas equipes de tecnologia, sediadas em Chicago e em Tel Aviv. A popularidade de chatbots como o ChatGPT convenceu seus executivos de que precisavam investir mais nesse espaço. A Britannica agora usa IA na criação, verificação de fatos e tradução de conteúdo para seus produtos, incluindo a enciclopédia online Britannica. E também criou um chatbot que se baseia nos estoques de informações da enciclopédia online, o que, segundo Cauz, tem maior probabilidade de ser preciso do que os chatbots mais generalizados, que podem ser propensos a “alucinações”, um termo oficial para inventar coisas. Assim,
o site da Britannica adverte os usuários a “verificar todas as informações importantes”.
A empresa tem mais projetos relacionados à IA generativa em andamento: um software de ensino de inglês que usará a tecnologia para alimentar avatares e personalizar lições para cada aluno, um programa para ajudar os professores a criar planos de aula e um dicionário de sinônimos renovado para o site Merriam Webster que pode lidar com frases, não apenas com palavras. Também se beneficiou da maior atenção dada ao software educacional, especialmente depois que o isolamento durante a
pandemia aproximou mais professores e alunos às ferramentas de aprendizagem virtual.
E essa demanda se reflete em seu desempenho financeiro. A Britannica está a caminho de praticamente dobrar sua receita em relação a dois anos atrás, quando deveria arrecadar cerca de US$ 100 milhões. E também está buscando expandir sua presença global, inclusive em países como Índia, Brasil e Tailândia.
(Fonte: Estadão - 01.01.2024)
O blog "Origem das Marcas" visa identificar o exato momento em que nasce a marca, especialmente na definição do nome, seja do produto em si, da empresa, ou ambos. "Uma marca não é necessariamente a alma do negócio, mas é o seu nome e isso é importante", (Akio Morita). O blog também tenta apresentar as circunstâncias em que a empresa foi fundada ou a marca foi criada, e como o(a) fundador(a) conseguiu seu intento. Por certo, sua leitura será de grande valia e inspiração para empreendedores.
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6 de jan. de 2025
Encyclopaedia Britannica
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