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25 de nov. de 2021

Elektra / Banco Azteca

          A rede de lojas de móveis e eletrodoméstico Elektra foi fundada em 1950 pelo avô do empresário mexicano Ricardo Salinas, nascido em 1956. Salinas herdou a Elektra do avô quando esta tinha 59 lojas. Ele foi responsável por transformar as lojinhas do pai num conglomerado que em 2007 somava oito empresas.
          O principal feito de Salinas foi - numa época em que ainda não estava na moda - descobrir o imenso potencial consumidor da baixa renda. Ele desenvolveu uma matadora combinação entre a venda de bens de consumo e a concessão de crédito pessoal. Nos fundos de 800 das quase 1.000 lojas do grupo Elektra (dados de setembro de 2007) há um caixa do banco Azteca, onde o cliente pode não apenas parcelar suas compras mas também abrir uma conta corrente e adquirir um cartão de crédito.
          As lojas da Elektra são instaladas em regiões de baixíssima renda e chamam a atenção pela simplicidade extrema: são pequenas, escuras e desorganizadas. Os produtos ficam amontoados nas prateleiras, dentro das caixas.
          Para ganhar dinheiro nesse ambiente, Salinas desenvolveu mecanismo de concessão de crédito que fazem o modelo da Casas Bahia parecer conservador. Como não há no México um sistema de proteção ao crédito e boa parte de seus clientes não tem como comprovar renda, a Elektra adotou como estratégia visitar cada um dos candidatos a crédito par conferir sua situação financeira. Um funcionário da rede vai até a casa do cliente e verifica quesitos como o número de cômodos, se há ou não luz elétrica e que bens a família possui. Além disso, os funcionários entrevistam vizinhos e tentam, assim, descobrir se o cidadão que quer comprar uma geladeira tem um histórico de calotes. Um processo semelhante acontece na hora da cobrança. O mau pagador recebe visitas de cobradores em casa. Se não pagar, o simpático funcionário da Elektra toma os produtos de volta. A empresa criou um inusitado mercado de "seminovos" - a Elektra tem lojas específicas onde vende os produtos que foram tomados de volta.
          De pouco depois de meados de 2005 a 2007, uma equipe de 20 executivos ligados ao grupo Salinas visita regularmente o Brasil a fim de conhecer as peculiaridades do mercado local. Foram esses estudos que determinaram a escolha das regiões Norte e Nordeste para a inauguração das primeiras lojas.
          As negociações para a entrada de Salinas no mercado brasileiro duraram cerca de cinco anos. No período, ele conversou com os controladores de diversas redes de varejo e esteve perto de fechar a compra da gaúcha Colombo, líder no sul do país. Em outra frente, os resultados também não eram animadores. Salinas pleiteava no governo a autorização para a abertura de seu banco no país, o Azteca, mas encontrou animosidade. Por dois anos, seus pedidos não foram atendidos, até que ele decidiu contratar o ex-deputado federal Delfim Netto para dar aquela providencial força em Brasília. Delfim marcou, então, uma audiência com o presidente Lula. Salinas voou do México e participou do encontro, que aconteceu no Palácio do Planalto no dia 30 de junho de 2007. Pelo resultado, pode-se deduzir que a conversa foi ótima: pouco mais de um mês depois, Lula assinou um decreto autorizando a entrada do banco Azteca no Brasil.
          A rede Ekektra chegou ao Brasil, via Pernambuco, em 2008. A estreia foi destaque nacional, quando o então presidente Luís Inácio Lula da Silva elogiou o sistema de parcelamento da rede, durante discurso na abertura do Fórum Brasil-México, no Recife.
          Em 2010, a Elektra foi levada à Justiça depois de diversas denúncias de clientes inadimplentes que foram abordados por "homens de preto" como ficaram conhecidos os motoqueiros que iam cobrar e ameaçar os clientes em suas casas. A rede também se envolveu com investigações sobre maus tratos de funcionários.
          Pouco antes de meados de maio de 2015, a notícia do encerramento das atividades no país foi dada ao mercado, em comunicado à Bolsa de Valores do México, em que não há explicações oficiais sobre a saída.
          Aqui, a rede tinha 35 lojas, número muito distante das 1.000 unidades anunciadas como meta, em 2008, para serem abertas até 2018.
          O banco Azteca, integrante do grupo Salinas e que funcionava dentro das lojas Elektra, manteve as operações por um certo tempo. A instituição financeira também passou por acusações em Pernambuco, por se apresentar como correspondente bancário em vez de banco.
          No México, a rede contava na época com 3924 unidades, além de outras 2934 nos Estados Unidos e mais 643 em outros países das Américas do Sul e Central.
(Fonte: revista Exame - 12.09.2007 / JC-UOL - 13.05.2015 - partes)

Nine Dragons

          O empresário Liu Ming Chung, nascido em 1962, tem uma trajetória bastante incomum. Nascido em Taiwan, mudou-se ainda criança com a família para São Paulo, na década de 1970. Passou boa parte da infância em Santo André, na região do ABC paulista, onde o pai mantinha uma granja. Já adolescente, 
estudou odontologia e, depois de formado, trabalhou durante seis anos como dentista.
          Sua vida mudou numa viagem a Hong Kong, em 1987, quando conheceu Yan Cheung, sua atual sócia e esposa. Ela já era empresária na época, atuando no mercado de papel. Os dois resolveram se casar e tomaram o rumo da Califórnia. Lá fundaram, em 1990, a America Chung Namp, empresa que coletava sobras de caixas de papelão nos Estados Unidos para revendê-las na China, onde são usadas como 
matéria-prima da indústria de papeis.
          O negócio foi tão bem que resolveram ampliá-lo. Voltaram para a Ásia e, em 1995, abriram em Hong Kong a própria companhia de produção de papel, a Nine Dragons. Em pouco tempo , ela se tornou a maior empresa de embalagens de papelão do continente asiático. Em 2006, faturou mais de 1 bilhão de dólares.
(Fonte: revista Exame - 12.09.2007)

23 de nov. de 2021

H2OH!

          A ideia de produzir um produto híbrido surgiu quando o carioca Carlos Ricardo, nascido em 1963,  comandava a divisão de marketing global da Seven Up, um dos refrigerantes da Pepsi. Trabalhando em Nova York, Ricardo teve como primeiro desafio dar fôlego novo à antiquada soda sabor limão, que se encontrava estagnada.
          Em 2003, Ricardo e sua equipem iniciaram um processo de rejuvenescimento do produto, que passou a ter uma versão chamada refreshment, em que uma fórmula-base ganhava diferentes variações de sabor. Funcionou. A Seven Up registrou, a partir de então, crescimento médio de 11% ao ano em suas vendas.
          Para entender a rejeição a refrigerantes, pesquisadores foram enviados a países com hábitos de consumo tão diferentes com Arábia Saudita, China, Inglaterra, México e Rússia. O estudo chegou a três respostas básicas. Alguns abandonaram o hábito porque não queriam mais ingerir açúcar e calorias - e, por tabela, engordar. Outros sentiam desconforto com a sensação de a barriga estufar com as bebidas gasosas. Um último grupo estava em busca de produtos mais naturais, ligados à vida saudável e descartava até mesmo as bebidas diet. O passo seguinte foi passar os resultados da pesquisa aos laboratórios da empresa e transformar esses conceitos em uma fórmula.
          Começava, assim, a nascer o H2OH! O novo produto não levava corantes ou açúcar e tinha uma quantidade de gás menor do que os refrigerantes tradicionais. O primeiro protótipo, batizado internamente de Splash, foi um fracasso retumbante nos testes pré-lançamentos. Considerada pelo consumidores de cinco países como uma Seven Up "aguada e sem graça", foi aí que o grupo decidiu afastar a bebida completamente da categoria dos refrigerantes para aproximá-las das águas aromatizadas.
          A princípio, pouca gente fora da Pepsi e da Ambev, empresas responsáveis por sua produção, colocava fé na H2OH!, bebida que fica no meio do caminho entre a água com sabor e o refrigerante diet.
          Percebemos que havia uma oportunidade a ser explorada entre os consumidores que queriam, ao mesmo tempo, o apelo saudável dos sucos e da água aliado ao sabor dos refrigerantes, tudo isso com o conceito de mais leveza", disse Ricardo.
          A escolha do nome, o último detalhe que faltava, também obedeceu à mesma lógica. Eles queriam encontrar uma marca que diferenciasse o produto da categoria refrigerantes. Ricardo e sua equipe estudaram um catálogo com mais de 20.000 marcas registradas pela Pepsico. No momento em que acharam o nome H2OH!, sabiam que tinham encontrado a opção ideal. No final dos anos 1980, essa marca já havia sido utilizada num refrigerante lançado - sem grande sucesso- nos Estados Unidos.          O H2OH! movimentou, de forma surpreendente, o mercado de bebidas em onze países. No Brasil, em apenas um ano conquistou 25% do mercado brasileiro de bebidas sem açúcar, deixando para trás marcas tradicionais, como Coca-Cola Light e Guaraná Antarctica Diet. Além dos números de venda, a H2OH! praticamente deu origem a uma nova categoria de produto, na qual tem concorrentes como a Aquarius Fresh, da Coca-Cola, e que já é maior do que segmentos consagrados, como os de leites com 
sabores, bebidas à base de soja, chás gelados e sucos industrializados.
(Fonte: revista Exame - 12.09.2007)

Delivery Center

          Criado em 2016, o Delivery Center, era uma das principais novas empresas no segmento de última milha para shoppings e varejistas.
          A empresa tinha fortes parceiros. Multiplan, BR Malls, José Galló, Cyrella Commercial Properties (CCP) e Bloomin’Brands (dona da Outback no Brasil) eram acionistas da empresa, que há anos recebia contribuições para expansão.
          Também parceiro da Delivery Center está o Grupo Trigo, dono da rede de alimentos Spoleto,
          Em outubro de 2020, a Multiplan investiu R$ 18,6 milhões e a BR Malls, R$ 9 milhões - ambas depois de as empresas já terem investido quase R$ 70 milhões em janeiro, entre outros aportes de outros parceiros. Segundo fonte, Galló contribuiu com pelo menos R $ 10 milhões.
          O jornal Valor calculou que pelo menos R $ 180 milhões foram injetados na empresa desde sua criação.
          Ao final de 2020, eram 3.000 lojistas atendidos - uma pequena parte do número total de varejistas da base das empresas parceiras de shoppings. A meta, anunciada em abril de 2021, era atingir um portfólio de 100 shoppings no ano - a administração chegou a dizer que o grupo tinha caixa e a meta era atender 150 shoppings em 2022.
          Na segunda-feira, 22 de novembro de 2021, o mercado foi pego de surpresa nesta pelo anúncio do fechamento do Delivery Center. O fim do centro de entrega mostra dificuldades no segmento de última milha. Gestores e analistas de ativos vêm buscando informações no setor e com parceiros para entender o movimento.
          “Quando eles começaram, havia uma tese de tentar ser exclusivo na hora de entregar para os lojistas de seus shoppings. Mas isso nunca se materializou. E eles competem com o Rappi, o iFood, é uma luta entre gente muito grande, com contribuições constantes ”, afirma um consultor familiarizado com a operação.
          “É uma decisão muito difícil de ser tomada, especialmente neste ambiente de fortes apostas no digital. As empresas [Multiplan, CCP, BR Malls] dizem que vão continuar investindo em logística e online, cada uma no seu próprio negócio, mas foi estranho depois de anunciar tantas iniciativas até semanas atrás ”, disse a fonte.
          A BR Malls informou em 22 de novembro de 2021 que, na Assembleia Geral Extraordinária, acionistas representando mais de 2/3 dos votos decidiram encerrar as atividades operacionais do Delivery Center, indicando, portanto, que cerca de um terço não apoiava o fim do negócio. O Valor apurou que a BR Malls foi contra o fechamento e apoiou um plano de entrada em outros mercados.
(Fonte: jornal Valor - 22.11.2021)

18 de nov. de 2021

Vestas

          A fabricante de turbinas Vestas foi fundada em 1945.
          Considerando dados de novembro de 2021, a Vestas tem mais de 145 GW em turbinas instaladas em 85 países.
          A Vestas possui uma unidade industrial em Aquiraz, no estado do Ceará, onde fabrica aerogeradores de até 4,2 megawatts (MW) de potência para usinas terrestres, modelo que se adaptou bem aos ventos brasileiros. Os equipamentos offshore, porém, têm outra escala: podem chegar a 15 MW. Além disso, o diâmetro do rotor ultrapassa facilmente os 200 metros. Portanto, para fabricá-los, seriam necessários investimentos em novas linhas de produção.
          Uma aposta global da Vestas é o hidrogênio verde, uma tecnologia que pode transformar o negócio de turbinas eólicas no futuro. A empresa estuda hidrogênio há anos em parceria com a Mitsubishi Heavy Industries.
          A partir de 2022, a fabricante passará a operar com uma unidade de negócios específica para a América Latina.
(Fonte: jornal Valor - 17.11.2021)

16 de nov. de 2021

Dr. Consulta

          Desde a adolescência, o paulistano Thomaz Srougi queria abrir um negócio com um propósito. Foi por isso que, em 2011, abriu mão de uma vida de investidor e fundou o Dr. Consulta, uma rede de clínicas médicas populares de rápido crescimento.
          Hoje, considerando números de novembro de 2021, a rede já possui 34 centros médicos e emprega 700 funcionários. Segundo Srougi, conjugar lucro e impacto social é o melhor negócio: "Negócios sociais podem e devem dar lucro".
(Fonte: Época Negócios - 16.11.2021)

Cerveja União Serrana

          O italiano Damiano Gervásio Lenzi resolve, em 1876, deixar a Itália e vir para o Brasil com seus quatro filhos. Escolhe a região de Caravágio, em Rio dos Cedros, no Médio Vale do Itajaí, em Santa Catarina, para viver.
          Um de seus filhos, o agricultor e empresário Josaphat Lenzi, nascido na região de Trento, no Tirol italiano, casa com a berlinense Carolina Heckman e residiram na localidade de Linha Pomeranos, em Rio dos Cedros. A casa e a primeira escola do povoado existem até hoje.
          Josaphat decide ainda jovem seguir para a Serra Catarinense, mais especificamente para a cidade de Lages, onde chega em 1903. Ele abre uma cantina, onde recebia os clientes, entre os quais muitos intelectuais da época.
          A cantina agradava pelas bebidas ali servidas, todas feitas por sua família. Exibia orgulhosamente seus vinhos, espumantes e cervejas.
          Em um determinado momento decide focar a produção de cerveja, fundando então, a Cervejaria União Serrana. Da pequena indústria montada em Lages, chegou a exportar para a Europa. A produção foi até a década de 1930. Ele mantinha o próprio parreiral e plantava lúpulo. Foi pioneiro na produção de lúpulo na Serra Catarinense.
          No final da década 2011/2020, incentivados pelo bisneto de Josaphat Lenzi, Giovani Fornari, os trinetos Leonardo Fornari, filho de Giovani, e sua esposa, Juliana Marquardt, se especializaram em cerveja. Investiram em instalações na área industrial de Lages, e em equipamentos de tecnologia de ponta, importados da Hungria.
          A primeira vez que o casal produziu cerveja em casa foi no ano de 2016, mas foi apenas em 2019 que o hobby passou a ser encarado como um projeto profissional. “O meu sogro [Giovani Fornari] sempre incentivou a gente a fazer cerveja porque o bisavô dele, que é o Josaphat, fez isso no passado. Por isso, no começo de 2019 a gente resolveu encarar esse projeto, fizemos cursos e compramos os equipamentos adequados”, conta Juliana.
          Ao transformar o hobby em negócio, Juliana e Leonardo tomaram a decisão de relançar a marca fundada pelo trisavô dele. A marca da Cervejaria União Serrana voltou ao mercado, mas com uma nova cara. O novo logotipo foi inspirado no tradicional, lançado nos anos de 1910, porém, tem um toque especial: traz estampado o rosto de um homem de bigode e com chapéu. A imagem é a reprodução de uma foto de Josaphat, para homenagear o fundador.
          Quando decidiu profissionalizar a produção cervejeira, o casal investiu na aquisição dos equipamentos necessários. No primeiro semestre de 2019, souberam que em uma casa do Centro de Lages estavam guardados equipamentos para produção cervejeira que foram importados da Hungria e estavam desativados há cerca de 15 anos.
          Os equipamentos pertenciam ao húngaro Zoltán Ihász, que no final da década de 1990 e início dos anos 2000 morou no Brasil (passando pelo Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) e montou uma pequena fábrica de cervejas. Quando voltou para o país natal, deixou os equipamentos em Lages. Sem perder tempo, o casal contatou o antigo proprietário e comprou os equipamentos. “Quando a gente ficou sabendo, pensamos em dar um jeito. Tinha algumas adequações a fazer, mas acabou dando certo, conseguimos montar”, conta Leonardo.
          No final de janeiro de 2020, Zoltán chegou a Lages, onde permaneceria por 15 dias para ajudar Leonardo e Juliana na montagem, instalação e conferência dos equipamentos. Depois disso, prestaria consultoria para a produção da União Serrana. Com os novos equipamentos, a produção do casal salta de 120 litros por mês, para cinco mil litros mensais.
          Em 2020, com o apoio do mestre cervejeiro húngaro, Zoltán Ihász, colocaram a Cervejaria União Serrana à disposição dos apreciadores da bebida. A cervejaria está localizada na Avenida João Pedro Arruda, 2299.
          A Cervejaria União Serrana participou da Bierville no início de dezembro de 2023, um evento de cerveja na Expoville (em Joinville). Marcou presença com seu Beerbus, um ônibus modelo escolar dos EUA, com as bicas de cerveja na lateral e os barris posicionados na parte interna.
(Fonte: CL-Correio Lageano (Núbia Garcia) - 30.01.2020 / Continente das Lagens (Licurgo Costa) - partes)

11 de nov. de 2021

Votorantim Cimentos - VC

          A Votorantim Cimentos (VC) é a maior empresa de cimento do Brasil.
          De novembro de 2020 a outubro de 2021, a VC agregou ao portfólio a McInnis do Canadá e dos EUA, duas fábricas na Espanha, 50% de uma fábrica de concreto mais uma operação de agregados (areia e cascalho) nos Estados Unidos.
          Com o fundo canadense CPPIB, a VC anunciou o investimento de R$ 2 bilhões em novos parques eólicos nos complexos Ventos do Piauí II e Ventos do Piauí III. Já são sócios no Piauí, em energia renovável, e na geradora de energia paulista CESP.
          Em junho de 2021, a VC adquiriu todo o capital da Cementos Balboa, na região de Extremadura, sudoeste da Espanha.
          A VC opera na Espanha desde 2012.  Na manhã do dia 10 de novembro de 2021 a empresa anunciou compra de todos os ativos da alemã HeidelbergCement, uma das gigantes do setor de materiais de construção, localizada no sul da Espanha. O pacote inclui uma moderna fábrica de cimento integrada, três minas de agregados e 11 fábricas de concreto na região da Andaluzia. A planta, localizada em Málaga, tem capacidade instalada de produção de 1,4 milhão de toneladas por ano.
          Considerando dados de novembro de 2021, o Brasil responde por quase 46% do total do faturamento da empresa.
          Nas instalações de uma antiga fábrica de cimento, sem atividade há mais de uma década, em Itaperuçu, na região metropolitana de Curitiba (PR), a Votorantim Cimentos (VC) iniciou em 9 de abril de 2024 a produção de insumos agrícolas usados na correção e nutrição de solos e começou a processar resíduos sólidos urbanos, incluindo industriais, gerados na região. São duas operações diferentes no mesmo local, e os dois produtos são parte da divisão de novos negócios da companhia. A VC, como é conhecida, passou a investir alto em operações adjacentes ao seu principal negócio, que é cimento e concreto, desde 2019.
(Fonte: jornal Valor - 08.04.2021 / 10.11.2021 / Estadão - 10.04.2024 - partes)

9 de nov. de 2021

Credz

          A emissora de cartões Credz foi criada em 2011 pela família Zogbi. Em 2003, a família Zogbi vendera o banco que levava seu sobrenome para o Bradesco por R$ 650 milhões.
          Em novembro de 2021 vem a lume que a família Zogbi pretende transformá-la em uma financeira, voltando quase 20 anos depois a controlar uma instituição financeira propriamente dita.
          Fábio Zogbi conta que em 2021 a Credz ultrapassou o limite de volume estabelecido pelo Banco Central e, assim, teve de entrar com um pedido de licença de instituição de pagamento. Nesse meio tempo, no entanto, decidiu mudar e em setembro aplicou para uma licença de financeira. Ele diz que muitas fintechs evitam se tornar instituição financeira por causa dos custos de observância, mas a Credz, até mesmo em razão da experiência da família com o banco, já tem uma governança bastante 
elevada.
          Zogbi afirma que virar uma instituição financeira tem duas grandes vantagens. A primeira é a diversidade de instrumentos de funding. Se hoje a emissora de cartões depende da estruturação de fundos de investimento em direitos creditórios (FIDC), como financeira poderá emitir CDBs e letras financeiras, que têm uma distribuição mais simples. A segunda vantagem é fiscal, já que, como 
instituição financeira, poderá deduzir determinados custos da sua base de PIS/Cofins.
          A empresa deve terminar 2021 com 3 milhões de cartões emitidos.
          A Credz, que faz cartões para lojas, foi afetada pelos problemas que afligiram o varejo em 2023, como juros altos e vendas em baixa.
          Em setembro de 2023, a Credz deixou de pagar R$ 82 milhões ao BV. Por ser instituição de pagamento, recuperação judicial ou intervenção do Banco Central seriam mais complicadas que a venda. Por isso, o BV aposta nisso. Debenturistas e investidores de fundos também.
          Com dívida na casa dos R$ 3,5 bilhões e necessidade de solução de curto prazo, a Credz depara-se com um novo impasse na venda para a rival DM. Os bancos BV e Credit Suisse, dois dos principais credores da administradora de cartões da família Zogbi, tomaram decisões diferentes sobre os direitos que têm a receber. O BV decidiu dar prazo maior para a companhia tentar pagar, enquanto os suíços resolveram executar as dívidas na Justiça. A venda para a DM, que apresentou uma proposta vinculante em outubro (2023), é vista como a solução mais fácil para a crise da Credz.
          O BV havia entrado com pedido de execução extrajudicial de penhora de bens e aplicações financeiras, mas resolveu dar novo prazo para acordo. Já o Credit, controlado pelo UBS, que já havia aceitado duas prorrogações, não vai dar prazo adicional e resolveu executar
          Se levar a Credz, a DM vai se transformar na maior administradora independente de cartões do Brasil, com mais de 3,5 milhões de plásticos de lojas. A DM faria um aporte na casa dos R$ 300 milhões na Credz, e a Visa e os sócios da Credz também entrariam com recursos, segundo uma fonte. Já os credores, em troca do perdão de parcela das dívidas, teriam uma participação de 25% no lucro da DM por 10 anos.
(Fonte: jornal Valor - 09.11.2021 / Estadão - 12.11.2023 - partes)