A fabricante de produtos de limpeza Family, criada pouco depois de meados de 1988, é resultante de uma joint venture entre a Dow Química e a Sanbra.
Considerando um panorama em setembro de 1990, a Family tinha apenas três produtos. Eles são o Mr. Magic, especialmente criado para limpeza de cozinha; o Thunder, voltado para os banheiros. e lava-
roupas líquido Splendid.
A Family atirava em várias direções (e concorrentes), simultaneamente. Com o Mr. Magic, seu alvo foi o Veja Multi-Uso, da Atlantis (hoje Reckitt Benckiser (RB)), que liderava a faixa de produtos de limpeza concentrados. Com o Thunder, a companhia conseguiu algum espaço no mercado. Já com o então novato Splendid, a empresa pretendia explorar um filão de mercado, aberto pela Lever com o Omo
Líquido, que inicialmente tinha apenas 2% do mercado 6otal de produtos para lavar roupa.
Em setembro de 1990, a Family tinha 112 funcionários.
(Fonte: revista Exame - 19.09.1990)
O blog "Origem das Marcas" visa identificar o exato momento em que nasce a marca, especialmente na definição do nome, seja do produto em si, da empresa, ou ambos. "Uma marca não é necessariamente a alma do negócio, mas é o seu nome e isso é importante", (Akio Morita). O blog também tenta apresentar as circunstâncias em que a empresa foi fundada ou a marca foi criada, e como o(a) fundador(a) conseguiu seu intento. Por certo, sua leitura será de grande valia e inspiração para empreendedores.
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26 de fev. de 2025
Family (produtos de limpeza)
24 de fev. de 2025
Agro Cumaru
No início de 2025, a Agro Cumaro iniciou seu processo de sucessão. O fundador e presidente Carlos Mafra está gradualmente passando a liderança para seus filhos, Camila Mafra e Carlos Mafra Júnior.
Mafra acredita que o processo de sucessão da empresa se beneficia dos pontos fortes complementares de cada membro da família e da liberdade que ela e seu irmão foram dados para participar do negócio.
Nascido em 1992, Carlos Mafra Júnior serve como CFO da empresa. Refletindo sobre os papéis complementares da família, ele observou que seu pai tem um espírito empreendedor, sua irmã traz uma perspectiva acadêmica e sua própria formação está enraizada na experiência agrícola prática.
O Agro Cumaru também está se expandindo por meio de uma parceria com a CMAA, um produtor de cana -de -açúcar e etanol de Minas Gerais, para criar a bioenergia Grão Pará. Essa joint venture construirá uma das primeiras plantas de milho e etanol no norte do Brasil, com um investimento de R $ 2 bilhões, conforme relatado anteriormente por Valor.
19 de fev. de 2025
Bahia Mineração (Bamin)
No início de anril de 2021, a Bamin arrematou um trecho com lance único - e sem ágio - em leilão do governo federal da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol). O movimento deve ser crucial para a sobrevivência da companhia, que passa a ter mais competitividade frente a concorrentes de peso no Brasil.
A Bamin tem capacidade de produção prevista de 26 milhões de toneladas por ano até 2026, mas atualmente opera bem abaixo desse volume, com cerca de 1 milhão de toneladas anuais. A expansão da produção depende de investimentos em logística.
Em fevereiro de 2025, dois grupos estariam interessados em adqurir a Bamin: O britânico Brazil Iron e a brasileira Vale. Entre os principais desafios para avançar na venda da Bamin estão o tamanho do investimento necessário para tornar o projeto economicamente viável e os atrasos na obtenção de certas licenças.. Além do preço de venda de mais de US$ 1 bilhão, outros US$ 3,5 bilhões a US$ 5 bilhões devem ser investidos na operação e infraestrutura logística para transportar o minério extraído da Mina Pedra de Ferro, em Caetité (Bahia), até um terminal portuário.
Em nota, a Bamin destacou que o interesse do mercado por seus ativos “é natural porque há poucos projetos no mundo focados na produção de concentrados de alto prêmio (concentração de ferro acima de 65% e baixos níveis de contaminantes)”. “No entanto, a empresa não comenta especulações sobre potenciais interessados em sua aquisição”, acrescentou.
(Fonte: Valor - 19.02.2025)
Heidrick & Struggles
Terceira maior empresa de executive search do mundo, a Heidrick & Struggles, é especializada
em recrutamento de executivos seniores.
Em 2021, a Heidrick adquiriu o Business Talent Group, especializado em talentos sob demanda, e superou as expectativas com um faturamento de US$ 18,7 milhões naquele ano
Em meados de fevereiro de 2025, a empresa anunciou uma nova parceria com a Brazilian Chiefs Group, consultoria que fornece “executivos sob demanda”. A colaboração reforça a estratégia da Heidrick de investir nesse segmento emergente e expandir sua presença no mercado latino-americano, incluindo o Brasil.
De acordo com o ranking da Hunt Scanlon Media, esse movimento diferencia a Heidrick de outros grandes players no campo de executive search, como Korn Ferry (1), Spencer Stuart (2), Russell Reynolds (4) e Egon Zehnder (5). A Heidrick pretende expandir ainda mais seu segmento de talentos sob demanda, que atualmente representa 20% de seus negócios globais, entrando na região da América Latina.
Esse potencial de crescimento está levando uma empresa tradicional de executive search como a Heidrick a investir no mercado de talentos sob demanda. De acordo com uma pesquisa da Planet Market Reports, o mercado global de “talento como serviço” gerou US$ 6,2 bilhões em 2023 e está projetado para se expandir para US$ 18,5 bilhões até 2032. “O mercado global de executive search é grande, em torno de US$ 7 bilhões, mas não cresce há algum tempo, aumentando marginalmente em 1%. Em contraste, o mercado de talentos sob demanda está experimentando um crescimento constante”, diz o Sr. Mendes. “Este é um caminho sem volta, como visto nos Estados Unidos, embora o mercado ainda precise amadurecer.”
Lynne Murphy-Rivera, diretora para as Américas da Association of Executive Search and Leadership Consultants (AESC), que representa empresas em 74 países, observa: “Esta linha de negócios cresceu globalmente dentro das empresas de busca de executivos. Vemos essa mudança em direção a talentos temporários como uma oportunidade futura dentro do ecossistema de talentos executivos.”
Cristiane Mendes, CEO e fundadora do Brazilian Chiefs Group, que também oferece esse tipo de serviço e foi fundado digitalmente em Porto Alegre em 2020, diz que a colaboração atual é uma parceria, mas não descarta a possibilidade de um “casamento” no futuro.
O Chiefs Group oferecerá seu banco de dados de 1.200 executivos para a parceria. A CEO explica que esses executivos são profissionais experientes — ex-CFOs, CHROs e CMOs de vários setores — abertos a trabalhar de forma flexível, meio período ou em contratos de prazo fixo para projetos específicos. Essas atribuições geralmente duram até oito meses. “É um trabalho com escopo definido; eles agem cirurgicamente para resolver um problema urgente”, diz ela.
O Sr. Mendes, da Heidrick, observa que os executivos, principalmente em corporações multinacionais, geralmente têm uma vida útil de carreira que termina aos 62 anos devido à aposentadoria compulsória. “Eles ainda têm muita energia, mas nem todo mundo quer voltar ao mercado de trabalho ou começar o próprio negócio”, diz. “Nesse modelo on demand, eles são motivados porque envolve menos burocracia.” Ele acrescenta que a oportunidade de trabalhar com diferentes empresas e em várias situações ajuda os executivos a diversificar seus portfólios de carreira. Ele também vê potencial na geração mais jovem como público-alvo para esse modelo. “Eles veem a construção de uma carreira com variáveis, ganhando mais liberdade e autonomia, como um processo mais natural e fluido”, conclui.
A Heidrick & Struggles, uma empresa de capital aberto, é avaliada em US$ 1,2 bilhão, considerando números de fevereiro de 2025.
17 de fev. de 2025
Trousseau
A Trousseau é uma marca brasileira de luxo conhecida por seus produtos de cama, mesa e banho.
São têxteis de luxo para o lar, oferecendo lençóis e toalhas com contagens e pesos de fios variados. A
estratégia da empresa se concentra na diversificação do portfólio e na internacionalização. A Trousseau está focada em estabelecer uma forte presença em mercados internacionais com todas as suas linhas de produtos.
A Trousseau abriu sua primeira loja em São Paulo em 1991, Em 2010, a Trussardi, fabricante de produtos de cama, mesa e banho, foi vendida para a Karsten, embora as lojas da Trousseau permanecessem independentes e não fizessem parte do negócio.
A empresa começou a exportar para os Estados Unidos por meio de sua plataforma de e-commerce em 2018.
Em novembro de 2024, a empresa abriu uma loja conceito no Design District de Miami e outra loja que oferece produtos off-line em Biscayne. Sua terceira loja nos EUA será uma “store-in-store” na Andros Home em Palm Beach, Flórida.
Um mês depois, em dezembro de 2024, a Trousseau fez sua estreia europeia com um conceito de "loja dentro de loja" no Estoril, em Portugal. Em Estoril, o modelo operacional espelha o de sua expansão nos EUA, com uma "loja dentro de loja" na Viterbo, um dos principais varejistas de móveis e design de Portugal. Em fins de fevereiro de 2025, ela abre sua terceira loja nos EUA em Palm Beach, Flórida.
Considerando números de meados de fevereiro de 2025, a Trousseau tem 5% do faturamento vindo de roupas masculinas, o que chama a atenção por ser conhecida por seus produtos de cama, mesa e banho. Essas camisas polo, calças e itens de cashmere atendem a um público inesperado para uma
marca tradicionalmente associada.
À medida que se expande para novas categorias, a Trousseau está se posicionando como uma marca de estilo de vida, oferecendo roupas para homens, mulheres e bebês, fragrâncias para casa e itens decorativos, que agora respondem por 40% de seu faturamento. “Planejamos expandir ainda mais o setor de vestuário com peças clássicas, seguindo a tendência do ‘luxo tranquilo’”, diz Adriana Trussardi, sócia fundadora da empresa, ao lado do marido, Romeu Trussardi Neto.
Adriana Trussardi também revela que a empresa planeja fortalecer seu segmento de louças por meio de uma “aquisição ou fusão muito sinérgica” com uma marca brasileira de luxo especializada nessa área. Nomes conhecidos no mercado brasileiro de louças incluem Tania Bulhões e, em menor escala, Na Mesa com Ju de Juliana Souza e Fine Prints de Ana Elisa Staub.
As exportações, em fevereiro de 2025, representam menos de 5% do faturamento da Trousseau, mas a empresa planeja aumentar essa participação. Seus principais concorrentes no mercado de cama, mesa e banho de luxo dos EUA incluem a empresa francesa Yves de Delorme e a marca italiana Frette. "Essas empresas geram 50% de seu faturamento nos Estados Unidos", diz Adriana Trussardi. Além de competir com essas duas marcas estabelecidas na Europa, a Trousseau enfrenta a concorrência de fortes players como as linhas domésticas da Fendi e da Dior. “Nossa fabricação é totalmente nacional e, com o drawback [compensação fiscal para exportação], conseguimos vender nos Estados Unidos e na Europa por cerca de 15% a menos do que no Brasil”, explica o empresário.
Nos EUA, Adriana e Romeu Trussardi foram convidados a abrir uma loja no shopping Brickell City Center, em Miami, poucos meses antes da pandemia da COVID-19. No entanto, eles optaram por um novo local no principal distrito de arte e design da cidade. A decisão valeu a pena: "Em dezembro (2024), vendemos o dobro do que vendemos na loja Brickell, e os brasileiros agora representam apenas 25% do nosso público". A nova loja se concentra em atrair arquitetos e designers de interiores para expandir para projetos residenciais, condomínios, apartamentos e hotéis.
Com Gracinha Viterbo, arquiteta e dona da loja Viterbo e sócia em Portugal, a Trousseau pretende atender seus nichos de clientes, principalmente na Ásia e Oriente Médio.
Hotéis e projetos corporativos contribuem com 20% do faturamento, enquanto as exportações respondem pelos 5% restantes. No Brasil, a marca Trousseau está presente em 420 hotéis e hospitais que investem em serviços de hospitalidade e áreas VIP em aeroportos como Latam e BTG, em Guarulhos.
A empresa também inaugurou recentemente lojas nos condomínios Fazenda Boa Vista e Quinta da Baronesa, no interior de São Paulo, e no Hotel Fasano, em Angra dos Reis (RJ).
Para fortalecer seu relacionamento com arquitetos e hoteleiros no Brasil e no exterior, Trussardi recentemente reformou sua fábrica em São Paulo, que emprega 200 pessoas. “Fui inspirado pela fábrica da Brunello Cucinelli que visitei em Solomeo, na Itália, que me pareceu acolhedora e caseira”, diz ele, referindo-se à marca italiana de roupas masculinas de ultraluxo.
Na fábrica, Trousseau recebe visitantes e organiza eventos. “Quando nos inspiramos na Brunello e em outras grandes casas de luxo, é porque não se trata apenas de produtos ou marcas. É uma história completa”, explica. Ele pretende replicar essa abordagem em sua fábrica, que apresenta paredes e murais claros que contam a história da empresa como uma equipe de costureiras. “São mais de 30 anos promovendo calor e afeição. Esta é uma experiência de luxo”, acrescenta o casal.
Considerando números de fevereiro de 2025, aproximadamente 75% do faturamento da Trousseau vem do varejo, que inclui 25 lojas próprias, 25 lojas multimarcas e uma plataforma própria de e-commerce. A loja virtual responde por 20% das vendas do varejo, com tíquete médio de R$ 2.000.
(Fonte: Valor - 17.02.2025)
GDM
“Com a KWS, agora estamos totalmente envolvidos no desenvolvimento de novas variedades de sementes de milho. Queremos ser um player significativo no mercado de milho; não deve apenas complementar a soja”, disse Santiago De Stefano, diretor executivo de negócios da GDM para América Latina e África do Sul, em entrevista ao Valor.
12 de fev. de 2025
Breckenridge Destilaria
A Destilaria Breckenridge é a "Destilaria Mais Alta do Mundo". Fundada em 2008, é mais conhecida por seu uísque bourbon blended, um uísque americano de estilo americano com alto teor de
centeio. O Bourbon Breckenridge é um dos bourbons artesanais mais premiados dos EUA.
A Breckenridge Distillery foi fundada por Bryan Nolt, um médico que virou destilador e que estava apenas procurando um hobby quando começou.
A Destilaria Breckenridge é 10 vezes vencedora do prêmio Best American Blended no World Whiskies Awards pela Whisky Magazine e 4 vezes vencedora do prêmio Colorado Distillery of the Year pela New York International Spirits Competition.
Mais recentemente, o Breckenridge Port Cask Finish foi nomeado o Melhor Bourbon Acabado do Mundo no World Whiskies Awards de 2024, juntando-se ao Breckenridge High Proof, nomeado o Melhor Uísque Blended do Mundo e ao Breckenridge Gin, nomeado o Melhor Gin Composto do Mundo no World Gin Awards pela Gin Magazine. Os destilados Breckenridge foram premiados com 6 Double Golds na San Francisco World Spirits Competition.
Desde que entrou em operação em 2008 e lançou sua primeira vodca e bourbon três anos depois, a Breckenridge Distillery rapidamente se tornou uma produtora premiada de destilados finos, sendo designada um dos três melhores bourbons dos EUA. Como tudo isso aconteceu, no entanto, decorre de uma mistura dos ingredientes certos, uma pitada de sorte e um profundo amor por uísque de qualidade.
"Filosoficamente para mim, qualidade é a única coisa que importa", diz Nolt. "Se você quer ter qualidade em uísque, há tanta herança que você simplesmente não pode ignorar."
(Fonte: site da empresa)
11 de fev. de 2025
Eataly
No início e 2025, a operação da Eataly no Brasil sofreu o mais duro golpe na tentativa de se recuperar da crise financeira que vem enfrentando nos últimos anos. A franquia brasileira, pertencente a um grupo de investidores locais, perdeu o direito de uso da marca estrangeira que dá nome ao ponto no cobiçado endereço da capital paulista, a Avenida Juscelino Kubitschek, desde a chegada da marca no país, em 2015. Em paralelo, luta para barrar uma ação de despejo movida pela dona do imóvel, a Caoa Patrimonial. Na loja, todas as referências ao nome tiveram que ser retiradas. Quem visita o local, pode notar o letreiro ausente na fachada e tarjas cobrindo a marca em menções no interior.
Entre algumas idas e vindas, a Justiça determinou que o despejo deveria ocorrer no dia 21 de janeiro de 2025. No dia 10, o juiz autorizou inclusive “reforço policial e ordem de arrombamento”. O Eataly conseguiu evitar a saída forçada, mas o risco segue no radar.
O juiz da recuperação judicial determinou que as dívidas antigas de aluguel estão sujeitas à recuperação, mas a suspensão do despejo fica condicionada ao pagamento dos demais aluguéis em dia. A Caoa diz que acertos subsequentes foram feitos de forma parcial e que a perda da marca descaracteriza a essencialidade do imóvel para a recuperação.
(Estadão - 09.02.2025 - parte)
10 de fev. de 2025
Montblanc (canetas)
Por volta de 1985, o executivo Norbert Platt, presidente mundial da Montblanc, assumiu a frente de um trabalho de revalorização da marca Montblanc, em Hamburgo, na Alemanha, onde fica a sede da
empresa.
Naquela época era possível encontrar canetas Montblanc em papelarias americanas, francesas ou japonesas. De lá para á, houve um upgrading nos pontos-de-venda: somente joalherias estão aptas a se cadastrar como revenda. As canetas, que não passavam de dois a três modelos diferentes, ganharam 120 versões e não se resumem mais às tradicionais tinteiros, que fizeram a história da empresa no começo do século XX. Há também esferográficas e roller ball, para quem não quer se arriscar com as penas. Boutiques exclusivas foram abertas - trinta em todo o mundo, considerando números de fins de 1995 e
outras vinte que estavam prestes a ser inauguradas.
Platt acredita que o consumo desenfreado está fazendo com que as pessoas se sintam perdidas e, assim, precisem de uma marca que lhes passe uma sensação de estabilidade e eternidade na qual possam se agarrar. A Montblanc pretende ser justamente essa marca. Para tanto, a empresa descartou qualquer postura fashion de decidiu só trabalhar com produtos feito artesanalmente, sobre os quais ela tenha total controle. Nada é licenciado ou feito por terceiros. Nos artigos de couro, por exemplo, do tratamento das pelas às últimas costuras de uma agenda, tudo é verticalizado. Os papéis cartas, com o logotipo da marca d'água, são feitos um a um. Uma única caneta, listrada de ouro branco e amarelo,
modelo Solitaire, por exemplo, leva um dia inteiro para ser feita e toma o tempo integral de um artesão.
Uma Montblanc de ouro cravejada de 4.810 brilhantes (a altura da montanha Mont Blanc, na divisa entre a França e a Suíça, qua dá nome à marca) sai por 120.000 dólares (dezembro de 1995).
É a caneta mais cara do mundo e só é feita sob encomenda.
No Brasil, a marca começou em 1992, com uma boutique aberta pelo distribuidor Freddy Rabbat. De acordo com Rabbat, um levantamento brasileiro de outubro de 1995 dava conta de que, entre as canetas de luxo acima de 100 dólares, a Montblanc respondia por 82% do mercado, seguida pela
Waterman, com 8% e a Parker, com 3%.
(Fonte: Exame - 06.12.1995)
9 de fev. de 2025
Livraria Calil
A Livraria Calil foi fundada em 1949
por Líbano Calil Atallah, um homem “meio atarracado”, segundo Maristela Calil, sua filha. O fundador é filho de um casal libanês de
pendor intelectual que tocava um
armarinho na rua 25 de Março, em São Paulo.
Começou vendendo livros jurídicos, foi formando um acervo
de respeito em torno das
ciências
humanas e logo passou a se dedicar a raridades, fincando raízes
entre aquelas ruas da República
onde funcionavam tantas editoras e passeavam os
intelectuais.
Maristela foi a única de seis irmãos picada pela bibliofilia. Trabalha na loja desde 1983 e assu- miu de vez com a morte de Líbano, aos 66 anos em 1993, três meses depois do nascimento do filho dela, Murilo—hoje o único outro funcionário da loja além da mãe, com quem zela por um acervo de mais de 300 mil exemplares. “O papel da Livraria Calil não é comprar e vender livros, é manter o livro no mercado”, diz ele, um jovem alto e de fala rápida, apontando que custou a aprender essa lição.
“Fazemos isso seja guardando os livros, comprando, restaurando, encadernando.”
Para explicar melhor, mãe e filho relembram um caso sem citar nomes —e a expressão “não posso dizer quem foi” se repete à exaustão durante toda a entrevista, para proteger clientes. Certa vez, a dupla se recusou a fazer uma venda para um agente estrangeiro cheio de dinheiro quando teve a impressão de que isso levaria uma edição única de um clássico brasileiro a sair de sua terra para nunca mais voltar. São as delicadezas do negócio dos livros raros, que busca o lucro, sim, mas também cuida da memória. Murilo tira do estoque uma edição especial dos “Poemas da Negra”, escritos por Mário de Andrade em 1929 e acompanhados de desenhos de Di Cavalcanti, marcada com o número183—a tiragem feita pelo modernista teve pouco mais de 450 exemplares. “É raríssimo, você não acha outro de jeito nenhum”, ele diz, empolgado. “Está à venda por R$ 10 mil, mas, se uma pessoa aparecer para comprar, eu acho que não vendo. Algumas obras valem mais que o dinheiro. Se eu vender, não vou
mais ver essa obra novamente.”
Mãe e filho folheiam junto com o repórter livros como um tratado de medicina de 1567, um registro detalhado de alforrias de escravizados datado de março de 1887, primeiras edições de “Dom Casmurro” e “Macunaíma”, um “Casa de Alvenaria” com a assinatura de Carolina Maria de Jesus. Um negócio como esse, com solidez financeira suficiente para guardar seu imenso acervo naquele andar na rua Barão de Itapetininga, não é simples de gerir. Às vezes, uma boa venda a um colecionador já adianta bem o mês —uma só edição inaugural de “Os Sertões” sai por R$ 18 mil. E bibliotecas às vezes querem começar a cultivar um acervo de raridades com compras de baciada, o que também pode virar uma negociação de maior escala. Então os livreiros têm dificuldade para estimar o tíquete médio da loja —“eu tenho livro de R$ 1 e tenho manuscritos em que posso cobrar o preço de um apartamento”,
resume o jovem.
Se o colecionador endinheirado é quem abastece os cofres, Maristela fala com gosto dos clientes nada especializados que visitam o espaço sem compromisso, como um casal de 20 e poucos anos que passeava pela Calil quando a equipe da reportagem chegou. “Muito se fala que jovem não lê, mas não é oque se vê nessa livraria”, diz ela, satisfeita, logo que começa a conversa. Aí brilha o orgulho da herdeira de um grande livreiro que, quando diz que está pensando em se aposentar dali, soa bem pouco convincente.
“Às vezes eu até tento ir a uma feira de antiguidade , um bazar, pensando que não vou comprar nada, mas não consigo. Sempre tem alguma coisa chamando”, diz Maristela, suspirando. “Eu não posso fazer nada, sou uma salvadora de livros.” Se a declaração da bibliófila, nascida em 1962, tem alguma coisa de heroica, vem calcada mesmo em um mito fundador. ALivraria Calil, sobre a qual ela reina no nono andar de uma galeria comercial no centro de São Paulo, se orgulha de ser a mais antiga da cidade. Há mais de 75 anos, compra e vende livros novos e usados, comuns e raros, recentes e quase arcaicos —sempre com predileção pelas últimas opções. A livreira tem um jeito mais lírico de definir seu métier. “Eu tento fazer com que o livro passe de uma mão para outra e vá circulando.” A função de Maristela Calil, como foi a de seu pai antes, é impedir que a morte de um grande leitor signifique a morte de seus
livros.
(Fonte: Folha de S.Paulo - 07.02.2025)