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27 de fev. de 2023

Natville - Laticínio Santa Maria

          Fundada em 1996, como empresa familiar, a Natville – Laticínio Santa Maria – é responsável pelo suprimento de laticínios de todo o Nordeste e até do Sudeste do país. Com novas tecnologias, a empresa investe na qualidade de seus produtos, adquirindo máquinas modernas, estrutura ampla e em pessoal treinado.
          Sergipana do município de Nossa Senhora da Glória, a empresa incorporou um laticínio em União dos Palmares, no estado de Alagoas, onde passou a coletar e envasar leite. 
          Satisfeita com a ampliação de sua indústria, que já coleta mais de 100 mil litros/dia no Estado, a empresária Janea Motta Dantas disse que a reativação do laticínio em União dos Palmares, que estava parado há um ano (desde o início de 2019), cria as condições para o desenvolvimento não só onde está instalado, mas também dos municípios em seu entorno. “Onde há pecuária leiteira há crescimento”, disse ela. Janea e Flávio Dantas são diretores da Natville.
          O laticínio pertencia ao grupo Pepsico, e produzia achocolatado. Com os novos empreendedores, a fábrica vai absorver toda a produção de leite da região e, ainda, do Sertão alagoano, onde já compra. “A captação gera emprego e crescimento nas propriedades”, ressaltou Flávio Dantas, diretor da Natville, revelando que parte dos funcionários da antiga empresa será aproveitada.
          Em 2021, ano que a Natville comemorou 25 anos, a empresa resolveu presentear a marca com um novo desenho e posicionamento. Era chegada a hora de aposentar a querida “vaquinha” e fazer nascer a Naty, com toda sua energia e simpatia. A família fundadora sentiu uma necessidade, cada vez maior, de levar a mensagem de que é uma família (literalmente) com foco em dar sua contribuição para transformar a sociedade em que vivemos através do resgate da família baseado em valores cristãos, levando produtos de qualidade para suas mesas. Assim nasceu a Naty, a mascote da empresa.
          A Laticínios Santa Maria, cujos produtos têm a marca Natville, tem duas unidades fabris: em Nossa Senhora da Glória, em Sergipe e União dos Palmares, em Alagoas.
(Fonte: Jornal de Alagoas - 20.02.2020 / site da empresa - partes)

Cervejaria Continental

          A nova Cervejaria Continental foi erguida no mesmo espaço que antes abrigou o Ópera Room, na 
Rua Pinheiros 1275, em São Paulo.
          A cervejaria é uma perfeita réplica de antigas fábricas de cerveja e foi construída a partir de fotos do início do século XX.
          Sua decoração inclui barris, ferragens e iluminação fabris e fachadas de tijolos aparentes. O chope é 
tirado de torneiras belgas. No segundo andar há uma pista de dança, com clipes passando no telão.
          Em fins de setembro de 1996, a Cervejaria Continental e a Brahma inauguraram uma cervejaria artesanal em Blumenau, Santa Catarina, com provisão para inauguração de filial em São Paulo em março de 1997. Essa parceria colocou a Brahma num nicho de mercado até então pouco explorado no Brasil: o 
de marcas artesanais de cerveja.
(Fonte: revista Exame - 22.07.1992 / 25.09.1996 - partes)

26 de fev. de 2023

Banco Ambrosiano

          O Banco Ambrosiano foi à falência em 1982.
          O Tribunal de Milão levou dez anos para juntar provas e levar o caso a julgamento. Demorou, mas não poupou ninguém. Foram condenados 33 acusados, todos empresários e financistas famosos como Carlo Benedetti, então com 58 anos, presidente da Olivetti e o maior acionista do jornal italiano La Repubblica. Benedetti foi condenado a seis anos e quatro meses de prisão. Foi acusado de participar da falência fraudulenta do banco, do qual era vice-presidente em 1982. Ele iria recorrer da sentença, mas teria que deixar a presidência da Olivetti enquanto durasse o processo.
          A falência fraudulenta do Ambrosiano é resultado do envolvimento do banco com os interesses inescrupulosos de um bispo americano, Paul Marcinkus, amigo do papa, e com uma loja maçônica, que influenciava políticos, jornais, generais e homens de negócio da Itália, tendo a Máfia como aliada.
(Fonte: revista Exame - 29.04.1992)

De Mendes Chocolate Yanomami

          A fabricante de chocolate De Mendes - Chocolates da Amazônia, foi fundada em 2014 pelo 
químico e chocolateiro César de Mendes, que é hoje seu presidente.
          César de Mendes entrou pela primeira vez em território Yanomami acompanhando uma equipe do Instituto Socioambiental (ISA). Seu papel era avaliar o cacau presente na aldeia Waikás, em Roraima, habitada por povos Yanomami e Ye'kwana. O cacau poderia gerar uma alternativa de renda para os indígenas. Chegando à área, César encontrou nos cacaueiros frutos já bem maduros, mas com muito potencial para render um bom chocolate. As primeiras amêndoas foram colhidas e torradas na aldeia. Viraram uma barra enformada em folha de bananeira e resfriada de forma improvisada, em uma geladeira cedida por uma equipe de saúde. Todos puderam se deliciar juntos com um alimento criado a 
partir de frutos da terra, preparado ali mesmo.
          O ano era 2018 e os indígenas eram ameaçados de todas as formas pela invasão do garimpo ilegal no seu território -- envenenamento, violência, doenças e aliciamento de jovens para trabalhar no garimpo. A visita do chocolateiro iniciou uma parceria importante. "Minha vida tomou significado diferente depois que tive contato com os Yanomami. Deixei de ser um chocolateiro e passei a ser um ativista, um ambientalista social, um contador de histórias. Conto a história dessas pessoas que vivem à margem de direitos, que são atacadas por serem inocentes, como já dizia a música da Legião Urbana”, diz César. Com os chocolates que produz em uma fábrica localizada na comunidade tradicional de Colônia Chicano, em Santa Bárbara, na região metropolitana de Belém do Pará, o chocolatier conta histórias de vida por meio de variedades de cacau nativo. Cada variedade tem algo a contar sobre 
pessoas, plantas, animais e ecossistemas inteiros.
          No encontro de 2018, os indígenas participaram de uma oficina em que César compartilhou algumas técnicas de plantio. A ideia era que pudessem plantar novas árvores, perto da aldeia, já que costumavam caminhar até três dias para chegar aos pontos onde o cacau nascia espontaneamente na floresta. “A gente começou a fazer essa oficina, e ninguém falava nada. Só olhava. Eu cavava, fazia os 
berços, preparava o ambiente, pegava as mudas, plantava, alinhava. E eles só olhando”, lembra.
          No ano seguinte, o químico chocolateiro voltou à aldeia um pouco receoso, sem saber se alguém tinha se interessado pela nova possibilidade. César conta que, assim que saiu do avião, foi levado por eles direto até a plantação de cacau. Os indígenas mostraram o resultado do trabalho: linhas agroflorestais por onde se espalhavam cerca de 3,5 mil pés de cacau nativo da Amazônia -- plantados sem derrubar nada da mata. Para que as mudas recebessem luz do sol, eles simplesmente subiram nas árvores e podaram os galhos. "Eu me abaixei para tentar esconder as lagrimas e pegar no pé do cacau. Disse que eles poderiam colocar ali também as cinzas do fogo, da cozinha, da comida, que era muito bom (para adubar), e eles diziam 'já fazemos isso'. Eles tinham um conhecimento de manejo e agricultura que me impressionou. Essas viagens foram envolvidas em uma energia diferente, era 
emocionalmente muito prazeroso, significativo, mesmo", conta.
          Salo Coslovsky, pesquisador da Amazônia 2030 e coordenador do Infloresta — projeto que pesquisa a cadeia econômica de produtos compatíveis com a floresta amazônica — conta que o cacau passou por um processo de empobrecimento semelhante ao de outras espécies de que nos alimentamos. Foi domesticado, passou por seleção, cruzamento seletivos, eventualmente processos de clonagem, e os produtores tendem a se concentrar em algumas poucas variedades, porque parecem mais produtivas: resistem a doenças, frutificam rapidamente, têm árvore baixa, entre outras características. "E aí, nas plantações pelo mundo, você tem só uma pequena amostra do que existe na natureza. O De Mendes vai à fonte, onde você tem toda a riqueza genética, gigantesca, difícil até de estimar, e tenta trabalhar com 
as comunidades tradicionais para buscar esse cacau", conta.
          Coslovsky considera esse trabalho importante por alguns motivos diferentes: cria uma opção de renda para comunidades interessadas em ingressar nesse mercado; valoriza o cacau nativo e selvagem; e ajuda a preservar o germoplasma, a base genética da espécie de forma integral. "Novas demandas vão aparecer: vamos precisar de cacau que resista a novas doenças, a mudanças climáticas, a um novo regime de chuvas. O pesquisador lembra que estudos recentes mostram que a Floresta Amazônica, de certa forma, é uma gigantesca agrofloresta, moldada ao longo dos milênios pelas populações locais. "A ideia de que é espontânea, natural, sem intervenção humana, não representa a realidade. Ela foi construída em parceria, pelos povos indígenas e os outros seres da natureza. E o que a parceria entre os Yanomami e a De Mendes faz é avançar nessa linha, que tem sido feita há milênios: aproveitar a riqueza natural e enriquecê-la", diz.

Barra de chocolate produzida com cacau nativo plantado e colhido pelo povo Yanomami — Foto: Divulgação

Barra de chocolate produzida com cacau nativo plantado e colhido pelo povo Yanomami — Foto: Divulgação

          No primeiro ano, a produção da Terra Indígena Yanomami rendeu pouco mais de 40 quilos de amêndoas de cacau. Com a pandemia, caiu para 33. Depois, voltou a aumentar e a última leva que chegou na fábrica De Mendes em Santa Bárbara foi de cerca de 250 quilos. Hoje o Chocolate Yanomami-Ye’kwana valoriza o conhecimento ancestral desses dois povos e gera renda para cerca de 10 comunidades que vivem às margens dos rios Uraricoera e Toototobi, diretamente ameaçadas pelo garimpo ilegal de ouro.
          César conta que a convivência com os Yanomami mudou sua visão de mundo. "Acho que um Yanomami prefere que eu sente lá para fumar um cachimbo, tomar um café, dormir em uma rede, conversar, em vez de eu só comprar o cacau dele. Acho que eles precisam e gostam mais disso do que outra coisa que a gente tenta vender como uma boa ideia", diz. "Hoje eles vendem cacau para a gente, é maravilhoso podermos exercer algum papel, ter alguma importância na vida deles, minimizar um pouco as mazelas que assolam a vida e o território deles. Mas isso não é o suficiente". César afirma que seu negócio visa a beneficiar quem mais trabalha e quem normalmente menos recebe na cadeia produtiva. "É muito grande a desigualdade de reconhecimento e de valorização, tanto cultural quanto financeira. A gente busca ter uma relação respeitosa com a floresta, com o cacau nativo, usar a vocação de incorporar a floresta, e não derrubar. É a relação que a gente tenta promover, divulgar, apoiar e perpetuar", diz.
          Essa experiência marcante fez com que o chocolateiro buscasse novas histórias indígenas para contar, como a do povo Paiter Suruí, que vive na Terra Sete de Setembro, em Rondônia, em uma região onde as áreas do entorno foram muito desmatadas. Ali, o cacau nativo de uma jovem agrofloresta é manejado e colhido pelos índios de forma a manter a Amazônia de pé. "No meu entendimento, a grande vocação do ser humano no planeta é ser um manejador, mas ele perdeu essa ideia pelo caminho", afirma.
          Filho de mãe quilombola descendente de indígenas e de pai ribeirinho com ascendência judaica e marroquina, César nasceu em Macapá, capital do Amapá. Foi para lá que seus pais se mudaram depois de casar e onde tiveram seus 9 filhos. Os dois moravam na cidade mas, como tinham origem rural, de comunidades tradicionais, a família costumava viajar com frequência nas férias e nos finais de semanas para os quilombos da região. Quando um dos irmãos foi para Belém fazer faculdade, todos foram junto. Por isso, vêm da capital paraense as suas primeiras lembranças chocólatras, da época em que a avó e a mãe faziam suco de cacau e chocolate com o fruto que elas mesmas colhiam do pé.
          Já adulto, César seguiu carreira acadêmica nas áreas de Química e Engenharia Química. Fez dois mestrados, em Química de Produtos Naturais e em Tecnologia de Alimentos. Trabalhou com fitoterápicos (plantas medicinais com aplicações na cura das doenças) e conheceu os modos de coleta e uso de remédios naturais pelas comunidades tradicionais. Durante o segundo mestrado deu consultoria em Campinas (SP) na área de alimentos e depois voltou para Belém. Aí o chocolate e a Amazônia voltaram de vez para sua vida: a prefeitura de Medicilândia (PA), cidade com maior produção de cacau do Brasil, o chamou para desenvolver em parceria com a Cooperativa Agroindustrial da Transamazônica (Coopatrans) o projeto da fábrica de chocolates Amazônia Cacau, inaugurada em 2010. Depois de entregar o projeto, César se voltou totalmente para o estudo do cacau nativo da Amazônia e para a produção de chocolate artesanal.
          Nessa busca, o chocolateiro fez inúmeras incursões pela floresta. Conta que, quando morava em Belém, ia para a beira do rio, pegava carona de barco e saía sem destino certo, para conhecer melhor o interior do estado. Dormia de favor, hospedado por famílias em comunidades tradicionais. “Eles tratavam bem uma pessoa que não conheciam. Botavam para dormir dentro da casa deles, ninguém em cidade nenhuma faz isso. Te acolhiam e te davam o que tinham de melhor. Aquilo me quebrou, mudou meu modo de ver a vida, o mundo, crenças, valores. Sentavam na mesa com a família toda, ou as vezes faziam uma oração, contavam um monte de historias, era roda de conversa o tempo todo, você aprende muitas histórias, conhecendo um pouco da cultura. Foi assim que eu conheci a Amazônia. Hoje, não consigo parar mais.”
          Além de diversos povos indígenas, em suas andanças, César conheceu, por exemplo, o trabalho de Iolanda, Maria, Elda, Simone e Vitória, que fazem o manejo do cacau em uma área inundada e de difícil acesso às margens do rio Arauaia, em Barcarena (PA). As quatro entram na mata em busca dos cacaueiros para fazer a colheita da fruta. A história delas é contada por meio da barra de chocolate "Mulheres da Floresta". Já a barra "Vale do Jarí" conta a história de uma região de floresta densa, mas constantemente ameaçada pela atividade humana. Ali vivem pequenas comunidades que empregam técnicas sustentáveis de extrativismo. Uma delas é a Recreio, responsável pelas amêndoas usadas no chocolate.
          Hoje a De Mendes atua em um território de 4,5 milhões de hectares e beneficia diretamente 12 mil pessoas. A empresa recebeu investimento de R$ 1,5 milhão da aceleradora de negócios de impacto CBKK, a fim de aumentar a rede de fornecedores (como povos indígenas e tradicionais da floresta) e sondar novos mercados. A expectativa é que a De Mendes em breve passe do atual patamar de cerca de 1,5 tonelada produzida mensalmente e chegue à marca de 5 toneladas.
(Fonte: Época - 25.02.2023 - Um Só Planeta (Sabrina Neumann) - 22.02.2023)

25 de fev. de 2023

J. Crew

          Segundo a Revista Forbes, o nome Crew (equipe, em português), surgiu para competir com a marca Polo da Ralph Lauren.
          Seu fundador, Arthur Cinader, adicionou o J, porque ele achava que dava um ar mais sofisticado ao nome da marca.
          O retalhista Arthur Cinader fundou a J. Crew em setembro de 1983. No início da era formal, Cinader deu ao seu negócio de vendas por correspondência o nome de um esporte da Ivy League e colocou a inicial “J” na frente para evocar a ilusão de proveniência.
          Nos 40 anos que se seguiram, a estética formal que Cinader queria lançar no mercado de massa foi rejeitada e adotada, definida e redefinida tantas vezes que hoje, uma camiseta do Nirvana aparentemente entrou na noção da Geração Z de “como os mauricinhos se vestem". Junto com isso, tudo o que constitui o “estilo americano” e os caprichos do consumidor americano ziguezaguearam e a empresa que Cinader fundou tem se esforçado – às vezes com grande sucesso – para acompanhar.
          Ao longo do caminho, a J. Crew amadureceu e se tornou o que inicialmente fingia ser: uma marca americana com história real. Er, herança. Partes dessa história, a marca preferiria esquecer: o longo mal-estar criativo do final da década de 2010, quando a sua qualidade diminuiu e a sua dívida aumentou; a saída, em 2017, da diretora criativa e presidente Jenna Lyons, que a maioria dos consumidores considerava a personificação humana da marca, e a crise de identidade que se seguiu; o encontro com a morte quando J. Crew se tornou o primeiro grande varejista americano a pedir falência na era Covid.
          Muitos presumiram que o pedido de falência, em 2020, significaria o fim da J. Crew. Acabou sendo uma Ave Maria. A empresa cedeu o controle aos seus credores, liderados pela firma de investimentos Anchorage Capital; essa empresa e outros investidores ajudaram a empresa a lidar com uma dívida incapacitante de 1,6 bilhão de dólares e forneceram uma linha de crédito de 400 milhões de dólares para financiar um esforço de restauração. Seis meses após o pedido de falência, seu cargo de executivo-chefe foi preenchido por Libby Wadle, veterana de longa data da J. Crew e da Madewell.
          Quase três anos após sua nomeação, a Sra. Wadle, 50 anos, sentou-se em um sofá de canto em seu escritório, relembrando “o período de varejo mais incerto e tumultuado” que ela já havia testemunhado. Desde o início da pandemia, “nenhum ano se comportou da mesma forma para um retalhista. Nenhum trimestre foi igual”, disse ela.
          No entanto, com a ajuda de dois recrutas brilhantes – a designer Olympia Gayot, que trabalhou na J. Crew de 2010 a 2017, e agora está de volta para liderar o design feminino e infantil; e Babenzien, que liderou a Supreme, a loja de skate que virou força da moda – Wadle estancou qualquer sangramento óbvio.
          É difícil avaliar os seus esforços de recuperação, dado que a J. Crew é uma empresa privada e não divulga muitos dados financeiros. 
          Muitos clientes, disse Wadle, estão pagando o preço integral novamente e comprando roupas completas em vez de peças únicas. Uma nova boutique feminina com a marca da Sra. Gayot será inaugurada na primavera (abril de 2024), na Spring Street, no SoHo – trazendo J. Crew de volta ao bairro pela primeira vez desde 2018.
          Durante a semana de moda de Nova York, em setembro, a empresa organizou uma festa de aniversário de 40 anos no amplo terraço do Pier 17 (a marca abriu sua primeira loja lá em 1989) apresentando uma atração principal. Foi difícil ver o tecido conjuntivo entre aquele grupo, os Strokes, e seu anfitrião - uma dissonância cognitiva que o vocalista Julian Casablancas pareceu concordar quando, perto do final de um show convincentemente suado, ele disse à multidão: “Tem sido real. Também tem sido um pouco falso.” Pausa. "Eu estou brincando."
          Deixando de lado o estranho momento de sarcasmo, o clima no QG é bastante animado. Ainda assim, ninguém está usando a palavra “retorno”. Wadle disse que em seus dias de glória, a J. Crew “possuía” até 90% do guarda-roupa de seus principais clientes. No seu auge, em 2015, a J. Crew operava 285 lojas; hoje são 119. A Sra. Wadle, compreensivelmente, gostaria de mover as traves do gol. “Não estou tentando fazer muita coisa que remeta ao que éramos antes”, disse ela.
          Pedir a qualquer varejista que coloque o gênio de volta na garrafa em uma época em que a própria marca do shopping é uma espécie de conceito de herança parece uma ilusão. Abercrombie & Fitch, Ann Taylor e Victoria’s Secret estão todas a atravessar vários estágios de crise e esforços de recuperação.
          Além disso, a J. Crew já teve um domínio sobre o estilo americano que excedeu em muito sua pegada e resultados financeiros. Na época em que seus ternos Ludlow elegantes e justos da era Michelle Obama eram aparentemente inevitáveis, J. Crew tornou-se parte da conversa mais ampla sobre estilo e cultura de uma forma que, digamos, Club Monaco ou Banana Republic nunca fizeram.
          Wadle reconhece que o tempo em que os consumidores usavam uma única marca da cabeça aos pés acabou. “Não é mais assim que compramos”, disse ela. Michelle Obama costumava usar J. Crew, inclusive quando se encontrou com Sarah Brown, esposa do primeiro-ministro britânico Gordon Brown, em Londres em 2009.
          A forma como compramos ou nos inspiramos para fazer compras hoje em dia se dá principalmente por meio de nossos telefones. É aqui que a Sra. Gayot, 42, tem o toque. Embora Babenzien, 51, tenha recebido o entusiasta da leitura da GQ em roupas masculinas, a Sra. Gayot era relativamente desconhecida quando assumiu o cargo.
          Desde 2021, quando seus chefes pediram que ela tornasse pública sua conta no Instagram, seu número de seguidores passou de menos de 1.000 para 148.000. Ela não está no TikTok, mas uma pesquisa por seu nome gera 2,2 milhões de visualizações. As selfies que Gayot tira casualmente no espelho de corpo inteiro de seu escritório, vestindo J. Crew com uma facilidade invejável - encimada por sua marca registrada de cachos de Botticelli - estão começando a preencher o vazio do culto à personalidade de Jenna Lyons sem obter exatamente pessoal, como a Sra. Lyons costuma fazer. Eles também fornecem astuciosamente um fluxo constante de novos looks e ideias de estilo.
          Para uma marca que não é fast fashion, que planeja suas coleções de nove meses a um ano e distribui novos produtos em sessões de fotos lançadas on-line a cada duas semanas ou mais, o feed de Gayot é uma mina de ouro.
          Gayot começou seu novo emprego logo nos primeiros dias da pandemia, grávida de seu segundo filho e vindo ao escritório diariamente, muito antes de uma vacina estar no horizonte. Ela começou a desenhar examinando seu próprio guarda-roupa. “Peguei todas as minhas coisas favoritas, coisas que uso desde sempre, porque é assim que me visto: em fotos antigas, uso a mesma coisa há anos, só que com estilos diferentes”, disse ela. Essas opções incluíam gabardinas, mocassins e suéteres de caxemira. Ela começou a reinventar suas proporções para a década de 2020, “quão baixa é a saia? Quão encolhido está o suéter?
          Quão quadradão é o terno risca de giz? O primeiro que Gayot desenhou, logo depois de começar seu novo emprego, não era muito diferente do modelo inspirado em roupas masculinas que ela usava regularmente em seu escritório. No jargão de J. Crew, era um visual “emprestado dos meninos”, que ela estilizou com um toque de moda: mangas arregaçadas, joias de ouro, botas altas de couro envernizado. Sua primeira tentativa de riscas, “não conseguimos vender”, disse ela rindo. “Mas este esgotou em uns três dias. Todo o terno e o colete.” O mesmo vale para um mocassim estilo Oxford. Sua primeira tentativa foi morta na água. "Agora - foi."
          Fique tranquilo, homem americano convencional: você não verá cardigãs de vovó com bolinhas de flores nas lojas masculinas da J. Crew. Não tão cedo, pelo menos. Wadle disse que, apesar de toda a sua credibilidade de garoto legal, Babenzien está bem sintonizado com a zona de conforto de seu novo cliente. “Brendon sempre dirá que se ele está usando algo agora, talvez caras normais o usem daqui a um ou dois anos”, disse Wadle. A internet enlouqueceu no início do mandato de Babenzien, quando ele apresentou uma calça chino de pernas largas e improvável. Mas desde então suas roupas parecem surpreendentemente seguras.
          As imagens de moda que a empresa divulga para a imprensa mais privilegiada transmitem um clima completamente diferente da forma como as roupas aparecem nas lojas. Lá, os looks seguem principalmente uma estética que Babenzien descreve como “pré-preparação” – inspirada em um modo de vestir americano simples e funcional de uma época antes de a palavra “preppy” ser carregada de aspirações de riqueza e classe.
          Mas depois de uma década de moda masculina barulhenta, voltada para o streetwear e para a cultura dos tênis, Babenzien disse que os ventos do cool estão virando na direção da J. Crew. Roupas clássicas e de corte limpo – “os fundamentos”, como Babenzien gosta de chamá-las – parecem modernas novamente. “Já vi isso acontecer três vezes em minha carreira”, disse ele. “É um pêndulo e oscila para frente e para trás para sempre.”
          O que Wadle, .Gayot e Sr. Babenzian compartilham é uma profunda fé no material de origem, uma crença em J. Crew como uma força significativa e multigeracional no estilo americano que ganhou suas listras bretãs e merece um lugar no mesmo conversa como Ralph Lauren. Babenzien observou que, em termos de design, o aparentemente oprimido J. Crew ao qual ele chegou em 2021 não estava tão quebrado quanto as manchetes sugeriam. E nas lojas masculinas e femininas da J. Crew, localizadas a uma distância de elevador dos seus escritórios, esta crença – de que a J. Crew precisava de uma restauração, não de uma revolução – manifestou-se na expressão física.
          Na loja feminina, as silhuetas estavam em sintonia com 2023: as jaquetas quadradão; alguns tops cuidadosamente cortados; cintura alta; mocassins grossos. Mesmo assim, aqui estava a caixa completa de caxemira Crayola, 12 tons ao todo. A jaqueta jeans sobre um suéter listrado (eram lantejoulas transparentes no suéter? Eram). A saia microplissada tão brilhante quanto o bilhete dourado de Charlie Bucket. Até o colar extravagante estava presente e foi considerado - não o colar de bolhas de antigamente, mas uma tiara de pérolas falsas do tamanho de Gobstopper amarradas com veludo.
          Pessoalmente, longe dos modelos diversificados e de aparência descolada que agora povoam as imagens da J. Crew, a mistura era semelhante à forma como a Sra. Wadle a descreveu lá em cima: comemorativa e aconchegante, nostálgica, mas atual - sem ser muito “avançada”, um erro que queimou J. Crew no passado. Também parecia extremamente... familiar.
          O poder de fogo que J. Crew tinha no final das contas foi aceso por um visual que era novo. Lyons, trabalhando com a estilista Gayle Spannaus, e recebendo luz verde de Mickey Drexler - então o presidente-executivo - pegou os blocos de construção (jeans, calças de algodão, preparação, caxemira, roupas masculinas, simplicidade), polvilhados com ingredientes surpresa (brilho , lantejoulas, néon, camuflagem e até um ou outro tufo de penas) e jogou tudo no liquidificador.
          A nova equipe parece querer realizar um feito semelhante, não quebrando o molde, mas controlando os excessos do passado e dando aos códigos existentes um ajuste amoroso. É claro que até o visual da Sra. Lyons, que em retrospectiva parecia ser uma sensação da noite para o dia, exigiu tentativa e erro e tempo para realmente acertar. Agora, a J. Crew sobreviveu à sua grande queda. Mas estará “de volta”?
          A própria Lyons pareceu reconhecer essa questão, ainda que involuntariamente, em uma postagem no Instagram no dia seguinte à festa de 40 anos da marca, em setembro passado: “Estou torcendo por você, J. Crew”.
          A J. Crew tem escritórios em Lower Manhattan.
(Fonte: Lovemoney-msn - 03.08.2017 / NYTimes - 22.11.2023 - partes)

Venmo

          Andrew Kortina, o fundador do aplicativo de pagamentos digitais Venmo explicou que quando estavam pensando nos nomes para a denominação da empresas, uma das raízes que estavam explorando para inspiração foi vendo/vendere, do Latim, que significa vender.
          Assim que disseram venmo, gostamos, porque era curto e daria um ótima frase: ‘pague meu jantar com venmo’.”
(Fonte: Lovemoney-msn - 03.08.2017)

Wawa

          A nome da cadeia de lojas de conveniência Wawa tem dois significados: nome de uma área na Pensilvânia em que a fazenda de laticínios da empresa está localizada; e palavra nativo-americana para o Ganso Canadense, que faz parte do logo da empresa.
(Fonte: Lovemoney-msn - 03.08.2017)

ASOS

          A varejista inglesa ASOS foi fundada em 1999 como AsSeenOnScreen ("como visto na tela", numa tradução livre) e seu site oficial era asseenonscreen.com.
          A abreviação ASOS se espalhou rapidamente e o endereço do site seguiu a mesma linha, mudando para asos.com.
(Fonte: Lovemoney-msn - 03.08.2017)

Keds (tênis)

          Keds é uma marca de sapato de lona com sola de borracha, introduzido em 1915 pela U.S. Rubber (mais tarde conhecida como Uniroyal, então Uniroyal Goodrich, e finalmente adquirido por Michelin), e agora propriedade da Stride Rite Corporation.
          Ao escolher um nome, a escolha inicial foi Peds, do significado de "pé" no latim. Os Keds foram, pela primeira vez, vendidos em massa no mercado como tênis de lona e borracha ou "sneakers",  em 1916. Tornaram-se conhecidos como "sneakers" porque as solas de borracha permitia um andar silencioso, pois "sneak" em inglês significa esgueirar. Nesta linha encontra-se também o All Star.
          No início da década de 1920, os tênis eram usados por jogadores olímpicos de futebol, campeões nacionais e internacionais de tênis e atletas universitários. Em 1926, o tênis Keds Triumph foi lançado. A Keds lançou "Kedettes", uma linha de sapatos de salto alto laváveis para mulheres, em 1938.
          Em 1949, os Pro-Keds foram lançados como uma linha de tênis para desempenho atlético destinada a competir com o padrão da indústria, Converse. Projetado especificamente para jogadores de basquete, o estilo original, o Royal, foi endossado por George Mikan. Em 1953, o Minneapolis Lakers foi equipado com Pro-Keds. Em 1969, os Pro-Keds introduziram o 69er, e a demanda por eles no Harlem e no Bronx foi tão grande que eles se tornaram conhecidos como "Uptowns". O início dos anos 1970 viu a introdução do Royal Plus, também conhecido como "Suede Super", que tinha cabedal de camurça, gola acolchoada e estava disponível em cano alto ou baixo.             
          Os Pro-Keds foram usados por estrelas da NBA, incluindo Willis Reed, Kareem Abdul-Jabbar, Nate "Tiny" Archibald, JoJo White, Bob Love, Lou Hudson, Bob Lanier e "Pistol" Pete Maravich, bem como músicos dos Ramones. A marca ganhou seguidores na comunidade hip-hop no final dos anos 1970.
          A Stride Rite Corporation comprou a Keds e Sperry Top-Sider da Uniroyal em 1979 por US$ 18 milhões.
          Na primavera de 1980, a Pro-Keds lançou uma coleção de tênis de basquete de desempenho cupsole com o modelo de letreiro sendo o Shotmaker. O Shotmaker seria usado por Ralph Sampson e Gerald Henderson. Em 1981, Sugar Ray Leonard tornou-se porta-voz da marca.       
          No início da década de 1990 a Vulcabras já tinha se mexido: trouxe para o Brasil a marca Keds, então uma das oito do catálogo da americana Stride Rite. E partiu para o licenciamento e distribuição de tênis. Começou pela Adidas e passou pela Puma. Em 1999, passou a exportar o tênis Reebok, de quem era associada desde 1992 numa operação de importação dos tênis da marca americana. Só nos primeiros três anos exportou 600.000 pares. Em dezembro de 2001, a fábrica de Horizonte, no Ceará, inaugurada em 1996, que já produzia o Reebok, começou a exportar tênis da marca Keds para Israel, Argentina, Uruguai, México, Grécia e Portugal.
A Collective Brands Inc., empresa controladora da Stride Rite Corporation e Keds, foi adquirida pela Wolverine World Wide por $ 1,32 bilhão em maio de 2012.
          A Keds lançou a campanha "Ladies First Since 1916" em julho de 2015, que se concentra no empoderamento feminino e em celebridades como Taylor Swift.[20] Em 2016, a Keds comemorou seu centenário e a continuação de sua campanha "Damas primeiro desde 1916"[21] com uma comemoração de aniversário realizada durante a New York Fashion Week.[22] A empresa também anunciou que sua fabricação de calçados estava se mudando para Michigan, nos Estados Unidos, pela primeira vez em 35 anos.
          Os sapatos foram usados por celebridades como Marilyn Monroe, Jackie Kennedy Onassis, Katharine Hepburn, Paul Newman, Humphrey Bogart, Kristen Stewart e Natalie Portman.[4][8]
          Após o lançamento do filme Dirty Dancing, de 1987, no qual a personagem de Jennifer Grey usava Keds, a receita da empresa cresceu 10 vezes.[24] Muitas líderes de torcida também usavam Keds como parte de seu uniforme durante meados dos anos 1980 até meados dos anos 1990.[25]
          Na URSS e em muitos países pós-soviéticos, os tênis com cano alto de lona ficaram conhecidos genericamente como "keds" (em russo: кеды).
          Em dezembro de 2022, Wolverine World Wide anunciou planos para vender ou licenciar sua marca Keds.
Fonte - jornal Folha de S.Paulo - 13.07.2017 / revista Exame - 10.07.2014 / jornal O Estado de S.Paulo - 17.08.2015 / Wikipedia)

Panera Bread

 

          Segundo informações da página do Facebook da cadeia de sanduíches Panera, o nome é uma combinação de duas palavras: “Pan” (pão) e “era” (idade/era/tempo), cujas raízes são da língua espanhola e do latim.
          Juntas, elas formam A Era do Pão. O fundador da Panera ainda confidenciou que o nome significa “cesta de pães” em latim.
(Fonte: Negócios - Luciana Caczan - 10.12.2018)

24 de fev. de 2023

Thomas H. Lee Partners / Lee Equity Partners

          Thomas H. Lee (Tom Lee),  um pioneiro no negócio de patrimônio privado de trilhões de dólares, fundou sua loja de aquisições em 1974, aproveitando uma herança e um empréstimo familiar, 
depois de trabalhar na LF Rothschild e no First National Bank of Boston.
          O que era então conhecido como Thomas H. Lee Partners ajudou a desenvolver o manual tradicional para aquisições alavancadas: emprestar grandes somas de dinheiro para comprar uma empresa, depois cortar custos e melhorar os resultados financeiros antes de vendê-la novamente.
          Durante sua carreira de quatro décadas em aquisições alavancadas, Lee fez enormes aquisições, incluindo algumas extremamente lucrativas, e ajudou a definir o setor como uma grande força em Wall Street.
          Um exemplo de modelo de acordo firmado com a assinatura de Lee foi a aquisição da Snapple em 1992. Sua empresa comprou a fabricante de bebidas por US$ 135 milhões – com apenas US$ 28 milhões vindo de seus próprios cofres – antes de vendê-la para a Quaker Oats dois anos depois por US$ 1,7 bilhão.
          Os outros negócios notáveis da empresa incluem sucessos e fracassos. Um sucesso foi a aquisição da Warner Music em 2003 com parceiros como Edgar Bronfman Jr., o herdeiro do império de bebidas Seagram. “Posso ver a manchete agora - 'Lee faz um negócio maluco'”, disse Lee naquele ano, aludindo à perplexidade inicial que saudou a transação. Mas Thomas H. Lee acabou obtendo uma taxa interna de retorno de 34%.
          Os negócios mal sucedidos incluem a aquisição da corretora de commodities Refco pela empresa, que entrou com pedido de falência após divulgar que seu C.E.O. tinha escondido US$ 430 milhões em dívidas.
          Lee deixou sua empresa homônima em 2006, e a empresa mais tarde mudou a denominação para
THL Partners.
          Mas Lee continuou a investir por meio de um segundo empreendimento, Lee Equity Partners. (Em 2014, ele disse que se chamava “Tomcat”, porque tinha “nove vidas diferentes”.)
          Tom Lee também foi um filantropo prolífico, doando dinheiro para instituições como o Lincoln Center, o Museu de Arte Moderna, o Museu Whitney de Arte Americana e o Museu da Herança Judaica.
          Thomas H. Lee morre em 23 de fevereiro de 2023, aos 78 anos.
(Fonte: NY Times - 24.02.2023)

23 de fev. de 2023

TAV Brasil

          A TAV Brasil Empresa Brasileira de Trens de Alta Velocidade SPE LTDA, uma Sociedade de Propósito Específico (SPE), foi aberta em fevereiro de 2021 e tem capital social de R$ 100 mil.
          A empresa é uma holding que tem três sócios: o advogado Marcos Joaquim Gonçalves Alves (sócio-administrador) e as empresas Global Ace Participações e Investimentos Ltda e Infra S.A. Investimentos e Serviços. O representante legal da Global Ace é Paulo Assis Benites. João Henrique Sigaud Cordeiro Guerra é identificado como administrador das duas empresas (tanto da Global Ace quanto da Infra S.A.).
          Em fevereiro de 2023 vem a lume que a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) teria autorizado a empresa TAV Brasil  (TAV é a sigla para Trem de Alta Velocidade) a construir e explorar o “trem-bala” (trem de alta velocidade), entre São Paulo e Rio de Janeiro, pelos próximos 99 anos.
          O projeto era uma das bandeiras da então presidente Dilma Rousseff (PT) para a Copa do Mundo de 2014, mas foi abandonado em meio a controvérsias sobre seu custo e sua viabilidade e também à falta de interessados em participar do leilão — que nem chegou a ocorrer.
          O pedido da TAV Brasil só foi possível graças à mudança na legislação feita em 2021 pelo então presidente, Jair Bolsonaro (PL), e pelos ex-ministros Paulo Guedes (Economia) e Tarcísio de Freitas (Infraestrutura) — que atualmente é governador de São Paulo.
(Fonte: InfoMoney - 23.02.2023)

Seacrest Petroleo

          A petroleira norueguesa Seacrest Petroleo foi fundada em 2020 por Erik Tiller e Paul Murray, também cofundadores da petrolífera norueguesa OKEA, já cotada na bolsa de valores de Oslo.
          Em fevereiro de 2023, em meio a uma forte redução das ofertas de ações no Brasil, a Seacrest Petróleo conseguiu concluir seu IPO na bolsa de valores de Oslo. Com o negócio, a empresa, focada na aquisição de campos maduros de petróleo e gás natural, captou US$ 260 milhões. Além dos bancos noruegueses, BTG Pactual e Itaú BBA foram os coordenadores do IPO. A ação estreou na bolsa de valores de Oslo nesta em 23 de fevereiro de 2023.
          Para fazer a oferta, a empresa teve que aceitar um corte de preço. A avaliação da empresa foi reduzida para cerca de US$ 148 milhões, de US$ 215 milhões, considerando o valor antes da injeção de capital. Com o IPO, a empresa passa a valer US$ 383 milhões, podendo chegar a US$ 407 milhões caso o lote suplementar da oferta seja aplicado.
          No IPO, o Mercuria Energy Group Limited alocou US$ 80 milhões e deterá uma participação de 30% na petrolífera após a conclusão da oferta.
          “O grupo segue uma estratégia no Brasil semelhante à que a OKEA ASA tem seguido na Noruega”, também de acordo com o prospecto do IPO. Rafael Grisolia, ex-CFO da Petrobras e ex-CEO da distribuidora de combustíveis Vibra Energia, foi nomeado CFO da petroleira no ano passado.
          Todos os ativos da Seacrest estão no Brasil, mas sua sede fica nas Bermudas. A petroleira é outra que viu um mercado potencial no Brasil depois que a Petrobras iniciou um programa de desinvestimentos durante o governo Temer. Entre elas estão a 3R Petróleo, a PetroRio e a PetroRecôncavo, listadas na B3.
          “Existe um potencial significativo para criação de valor em nossos ativos de produção exclusivamente integrados por meio de uma série de atividades de redesenvolvimento de baixo risco que devem triplicar a produção até 2025. Nossa produção de fluxo de caixa de alta margem nos permite crescer e planejar para curto prazo retorno de capital aos acionistas”, disse o CEO da Seacrest Petróleo, Michael Stewart, em comunicado.
          O primeiro investimento da empresa foi o campo de Cricaré, também da Petrobras, que compreendeu 27 concessões de petróleo onshore, além de ativos de produção de petróleo, operação que foi concluída até o final de 2021. “Todos os campos que compõem os campos de Cricaré e Norte Capixaba clusters estão em terra na Bacia do Espírito Santo. Com fator de recuperação médio atual de 17%, esses campos estão em fase de produção e são considerados ativos intermediários”, afirma a empresa em seu prospecto.
          No início de abril de 2024, a Seacrest e a Petrorecôncavo  comunicam que assinaram contratos para a perfuração de poços terrestres nos polos Norte Capixaba e Cricaré, ambos localizadas no Espírito Santo.
(Fonte: jornal Valor - 22.02.2023 / 08.04.2024 - partes)

Versão II
          A norueguesa Seacrest foi fundada em 2020 por Erik Tiller e Paul Murray, cofundadores da petrolífera norueguesa OKEA.
          A primeira incursão da empresa (no Brasil) foi no campo de Cricaré, que compreendia 27 concessões petrolíferas terrestres, além de ativos de produção de petróleo, operação que foi concluída no final de 2021.        
          A Seacrest adquiriu o campo Norte Capixaba da Petrobras, dentro do processo de desinvestimento de poços mais maduros que a Petrobras levava a cabo e interrompido com a eleição do presidente Lula.
          Uma oferta pública inicial (IPO) feita em abril de 2023 na bolsa de valores de Oslo visava, em parte, financiar aquisições. A empresa arrecadou US$ 260 milhões na época.
          No início de abril de 2024, vem a lume que a Seacrest procura comprador para seus ativos petrolíferos em meio a uma forte onda de consolidação de petrolíferas independentes no Brasil, apurou o Valor. A empresa contratou a Goldman Sachs como seu consultor financeiro, segundo fontes que falaram ao jornal Valor sob condição de anonimato.
          O processo de venda da Seacrest ocorre em um momento de grande atividade no mercado.
Empresas do setor já foram pesquisadas sobre potencial interesse na petroleira independente, estreante no segmento.
          Um movimento de consolidação de empresas menores (leia-se Enauta, 3R, Petrorecôncavo) já era antecipado pelo mercado porque a indústria de petróleo e gás precisa de escala. O jogo mudou depois que a Petrobras interrompeu o processo de desinvestimento de poços mais maduros com a eleição do presidente Lula. Os ativos vendidos em administrações anteriores deram origem a petrolíferas independentes.
(Fonte: jornal Valor - 05.04.2024)

22 de fev. de 2023

Shein

           A Shein é uma varejista chinesa de moda fundada em 2008 por Chris Xu. A empresa de Chris Xu faz parte do varejo que, em 2020, não se beneficiou com as vendas on-line resultantes da Covid-19 ( Afinal, quem iria investir em uma roupa ou acessório novo sem nenhuma perspectiva de sair de casa?), mas agora passa por um revés positivo.
          Quem é o misterioso dono da Shein? Ele é avesso a entrevistas, não circula em eventos corporativos e seu nome mal aparece no site da gigante varejista de moda. Nascido em 1984, Chris Xu (também conhecido por Xu Yangtian ou Sky Xu) é o misterioso fundador e CEO da Shein, fenômeno do fast-fashion global que se prepara para iniciar suas operações de produção têxtil no Brasil.                            Diferentemente de outros bilionários chineses, como Jack Ma, do Alibaba, e Pony Ma, da Tencent, Xu é discreto, faz questão de manter distância dos holofotes e também é conhecido por trabalhar de maneira obsessiva, afirma a californiana Rui Ma, especialista no mercado chinês e criadora do podcast Tech Buzz China.
          Algo que chama muito a atenção nessa guinada é a atuação de um player pouquíssimo conhecido do público brasileiro antes do isolamento social. Shein foi o aplicativo de "fast fashion" mais baixado no Brasil em 2021, com 23,8 milhões de downloads no período. A empresa tem forte apelo com a chamada "geração Z", dos nascidos entre o final da década de 1990 e a primeira década dos anos 2000. Em festas descoladas da noite paulistana, é comum encontrar jovens vestindo roupas, calçados ou acessórios “da moda” comprados na Shein. A plataforma pratica preços mais compatíveis com o poder de compra desse perfil de consumidor e também tem revolucionado a maneira de se adquirir produtos em sites estrangeiros.
          Assim como muito do que é vendido em aplicativos como Shopee e Alibaba, os produtos da Shein vêm da China. Mas, de maneira inédita por aqui, a varejista montou seu próprio market place brasileiro, tornando-se parceira de fornecedores locais. Com essa estratégia, as mercadorias que antes demoravam meses para serem entregues no Brasil, chegam ao consumidor em prazos bem menores. Assim, a Shein traz ao país seu polêmico modus operandi, em que os fornecedores precisam conceber e confeccionar roupas em apenas uma semana.
          Em 23 de agosto de 2023, o CEO na América Latina, Marcelo Claure, informou que no Brasil já há 200 fábricas da empresa em pleno funcionamento. Já com centros de distribuição, o Brasil estaria prestes a se tornar um pólo de exportação.
          A vantagem competitiva da Shein, segundo o executivo, vai muito além do preço. O modelo de negócios da plataforma permite projetar, produzir e entregar um produto em sete dias, enquanto a maioria dos concorrentes ainda trabalha com o conceito de temporada. Um dos planos mais ousados da marca para o Brasil é entregar os pedidos em questão de horas.
          Claure conheceu a marca observando o comportamento de suas cinco filhas — a mais velha tem 28 anos e a mais nova, 5. No final do mês, quando conferiam as faturas do cartão de crédito, elas repetiam o mesmo nome: Shein , Shein, Shein. Conhecendo o modelo de negócio, gostou da empresa e pegou um avião para a China para conversar pessoalmente com os trabalhadores e gestores das fábricas. Lá, ele viu o que acreditava ser uma das empresas mais disruptivas do mundo. No início de 2023, ele investiu US$ 100 milhões na Shein por meio de seu family office.
          O Brasil foi o primeiro país da Shein fora da China a ter fábricas e, com o sucesso da iniciativa, o grupo passou a fabricar também na Turquia. Faz sentido, dada a importância do país para o grupo, que tem aqui 45 milhões de clientes, mais de um terço da população adulta do país, e o seu total de consumidores globais, agora em 160 milhões de pessoas.
(Fonte: revista Capital Aberto - 19.02.2023 / Época Negócios - 01.08.2023 /Valor - 23.08.2023 - partes)

19 de fev. de 2023

Blaupunkt

          A Blaupunkt era originalmente uma empresa alemã e foi controlada pelo grupo Bosch-Siemens até 2008. Nesse ano, foi vendida ao grupo de investimento Aurelius AG.
          Por ocasião da venda da Blaupunkt, o grupo Bosch-Siemens reteve as fábricas de produção de componentes. Apenas as linhas de montagem foram vendidas. O novo proprietário começou a reduzir os custos de produção deslocando a produção terceirizada para outros países. A partir de 2011 todos os produtos Blaupunkt passaram a ser feitos sob medida na China em linhas de montagem de terceiros.                    Naturalmente, a qualidade sofreu, e muitas empresas que anteriormente compravam itens para 
instalar nos seus produtos (por exemplo, automóveis) recusaram-se a fazê-lo.
          Em 2016, foi decretada a falência da empresa que no mesmo ano entrou em liquidação. As fábricas foram vendidas, o pessoal foi despedido.
          Desde 2016, uma vez que a marca Blaupunkt é propriedade da empresa de investimento Aurelius AG, os direitos de marca são controlados pela subsidiária da Aurelius AG, GIP Development SARL, que trata do licenciamento de marcas registradas.
          Como resultado, qualquer fabricante de eletrônica pode agora licenciar e produzir produtos sob a marca Blaupunkt. Os televisores Blaupunkt são atualmente fabricados por várias empresas. Os fabricantes diferem de país para país.
          Se olharmos para a produção de televisores, esses são feitos principalmente na Índia e na China. Além disso, alguns fabricantes montam televisores em países do Leste da Europa a partir de componentes chineses. Os televisores desse segmento têm um mínimo de características e funcionalidade. São na sua maioria montados na China a partir de componentes baratos.

18 de fev. de 2023

Companhia Geral do Comércio do Brasil

          A Companhia Geral do Comércio do Brasil foi criada em 1649 pelo padre português Antônio Vieira (1608-1697). Essa companhia unia Portugal e Holanda contra os interesses britânicos.
          Vieira foi o responsável pelas negociações com o governo holandês e judeus da Holanda e de Roma. Mas a ideia não vingou, pois a Igreja se opôs à mistura de dinheiro católico com dinheiro judeu.
(Fonte: Guia dos Curiosos - 2ª edição - Marcelo Duarte)

17 de fev. de 2023

Olhepreço (supermercados)

          Celson Rangel Cintra começou no varejo aos 21 anos de idade, com uma barraca na Água dos Meninos, antiga feira livre de Salvador. Vendia charque e, anos mais tarde, passou também a preparar esse tipo de carne ele mesmo.
          Em 1967 Cintra abriu um mercadinho na Baixa do Sapateiro, um dos pontos mais populares da cidade. Acanhada, a loja tinha uma área de 200 metros quadrados e recebeu o nome de Olhepreço. Os 
clientes olharam.
          A recessão (início da década de 1990), que fez encolher as receitas da maioria das grandes cadeias de supermercados, não bateu com a mesma intensidade às portas das redes menores. Ao contrário de mamutes como Pão de Açúcar, Paes Mendonça e Casas da Banha, que diminuíram de tamanho, uma modesta rede baiana de periferia, a Cintra & Cia. de Rangel Cintra, deu-se bem.
          Suas lojas eram feias e não estavam equipadas com caixas informatizados. Também não fazia 
propaganda na televisão. Mas vendia. E como vendia.
          Com quarenta lojas espalhadas pelos subúrbios de Salvador com o sugestivo nome de fantasia de Olhepreço, a Cintra & Cia. quase dobrou de faturamento em dois anos. Suas vendas atingiram 65,3 milhões de dólares em 1991. Com isso, o Olhepreço decolou de um longínquo 63º lugar para o 29º no 
ranking do setor, elaborado pela Associação Brasileira de Supermercados, Abras.
          Cintra, o presidente da empresa, resgatou os velhos hábitos das mercearias - origem do seu negócio: uma boa parte de suas vendas eram feitas fiado. Houve, é verdade, alguma evolução nessa modalidade. Em lugar de anotar as "penduras" no caderno (ou caderneta), a rede Olhepreço aceita vales-refeição, cheques pré-datados e cartões de crédito. Além disso, tenta fazer jus ao nome, oferecendo preços abaixo dos da concorrência. Outra forma de conquistar a clientela é a propaganda 
direta. Uma frota de vinte carros de som trombeteia suas ofertas.
(Fonte: revista Exame - 22.07.1992)

Engelszell e Achel (cervejarias trapistas)

          A cerveja trapista é uma cerveja fabricada por monges trapistas ou sob a sua supervisão direta. O termo trapista refere-se aos monges afiliados à Ordem Cisterciense da Estrita Observância e a história da cerveja trapista se confunde com a própria história da Ordem.
          O ano era 1664. O monge Armand-Jean le Bouthillier de Rancè, que vivia no convento de Notre-Dame de la Trappe, na França, considerava demasiado liberal o comportamento dos seus colegas cistercienses.
          Por essa razão, Armand decidiu restabelecer as observâncias religiosas tradicionais mais rigorosas, como a abstinência, o claustro, o silêncio e as vigílias, o que acabou criando uma subdivisão da Ordem Cisterciense, conhecida hoje como a Ordem Cisterciense da Estrita Observância.
          Do nome da Abadia de Notre-Dame de la Trappe derivou, então, o termo trapista, que serve tanto para identificar os monges membros da nova Ordem como os produtos produzidos por eles, a exemplo das cervejas trapistas.
          A abadia de Stift Engelszell, na Áustria, foi fundada em 1925. Em 2012, uma operação cervejeira foi adicionada com o apoio de Peter Krammer e sua cervejaria familiar Hofstetten , localizada em Sankt Martin, a cerca de 30 quilômetros da abadia. Porém, nos últimos anos, a cervejaria passou a ter seu próprio mestre cervejeiro e a trabalhar de forma totalmente independente.
          Após os últimos quatro monges da abadia austríaca de Engelszell anunciarem a sua saída do local, o futuro da última cervejaria trapista remanescente na Áustria que ocupa o monastério se tornou incerto.
          O abade geral da Engelszell, Dom Bernardus Peeters, anunciou o fechamento do último mosteiro masculino de língua alemã. A ordem trapista cisterciense procura agora uma solução “adequada, de preferência católica” para a igreja e demais edifícios, bem como para a produção de cerveja e licores.
Com fechamento da abadia de Engelszell, último mosteiro trapista austríaco, a cervejaria trapista dela irá encerrar atividades.
          O fechamento da Abadia não significa necessariamente o fim da cervejaria, que pode ser visto na Bélgica. Dois anos atrás, Achel Brouwerij , a menor das cervejarias trapistas belgas na Abadia de São Bento, no município belga de Hamont-Achel em Limburg, perdeu seu título de Autêntico Produto Trapista quando o último monge deixou a abadia.
          Como a atividade cervejeira em Achel continuou sob a supervisão do abade de Westmalle , a cerveja Achel ainda podia continuar com a marca trapista . No entanto, o rótulo protegido Produto Trapista Autêntico foi removido do rótulo e substituído pelo brasão do mosteiro, porque pelos estritos regulamentos estipulam que a produção deve ser supervisionada por monges trapistas, o que não era mais possível quando os monges deixaram a abadia.
          Engelszell e Achel não são as duas únicas cervejarias trapistas que enfrentam problemas.
          Em maio de 2022, a primeira e única cervejaria trapista dos Estados Unidos anunciava o seu fechamento. Os monges da Abadia de São José “chegaram à triste conclusão de que a fabricação de cerveja em sua cervejaria Spencer não era uma indústria viável e decidiram que era hora de fechar.
          Com o fechamento da abadia de Engelszell, restam apenas nove cervejarias com o título oficial de trapista, sendo cinco delas na Bélgica (Chimay, Orval, Rochefort, Westmalle e Westvleteren) e as quatro restantes na Holanda (La Trappe e Zundert), Reino Unido (Tynt Meadow) e Itália (Tre Fontane).
          Três outras cervejas – e talvez no futuro também a Engelszell – podem se autodenominar trapistas, mas sem o título de ‘autênticas’.
          Se não for encontrado nenhum mosteiro trapista que assuma o patrocínio de Engelszell no futuro, a cervejaria pode ser vendida a um investidor privado e continuar a produzir “cerveja de mosteiro”, apenas sem o acréscimo de “trapista”.
(Fonte: Catalisi - 18.05.2023 / ESCM - partes)

Zivi (Zivi-Hercules) X Eberle

          O grupo gaúcho Zivi foi fundado em Porto Alegre pelas famílias Ceitlin e Barkhaus, por volta de 1971.
          Por mais de 20 anos, decisões, lucros e problemas do grupo foram divididos entre as duas famílias. Juntas eles tinham 90% do capital - cada uma com 45%.
          Durante anos, o grupo Zivi, maior fabricante de talheres do país, que controla empresas como Hércules e Eberle, acomodou-se em sua posição de líder no mercado de tesouras, motores elétricos material cirúrgico e insumos industriais.
          O primeiro baque nessa liderança aconteceu em 1986, com a morte súbita do então diretor-superintendente, Nei Damasceno Ferreira. Sem o comando do executivo, homem forte do grupo, a estrutura ameaçou desmoronar. Nem a força da marca impediu que o Zivi perdesse mercado para a concorrência. "Estávamos passando pelo Plano Cruzado, e a empresa quase perdeu o rumo", disse Pedro Ceitlein "Os negócios começaram a ser tratados com uma certa negligência."
          Nesse período, o Zivi se tornou um grupo diversificado, com faturamento de 240 milhões de dólares em 1991 e um quadro de 10.000 funcionários.
          Foi bom enquanto durou. O casamento, que parecia perfeito, começou a ruir. No início de julho de 1992, os Bakhaus decidiram vender sua participação nos negócios aos antigos sócios. O desmantelamento da sociedade ocorreu exatamente um ano após um tumultuado processo de sucessão que levou Pedro Ron Ceitlin, então com 34 anos, à presidência do Zivi. Ele chegou ao cargo depois do afastamento, por motivo de saúde, do antigo presidente, Lew Ceitlin.
          A escolha de Pedro para o cargo provocou conflitos em sua própria família. O favorito para a sucessão ao grupo era seu irmão Michel, então com 29 anos. Lanterninha nas apostas, Pedro contou com o apoio da mãe e ganhou a parada. Logo que assumiu, deu o troco. Tirou Michel da diretoria de operações e o colocou no conselho consultivo da companhia, um cargo sem a força do anterior.
          Ao assumir a presidência, Pedro decidiu que era hora de recuperar o tempo perdido pela estagnação. Para iniciar a modernização, entretanto, ela assumiu o papel de franco-atirador na empresa. Era preciso disparar medidas de ajuste na direção de toas as áreas ao mesmo tempo. O primeiro passo foi promover uma reavaliação na linha de produtos. Os talheres com a marca Eberle, por exemplo, foram retirados do mercado. Toda a produção de utensílios domésticos passou a ser concentrada na fábrica da Hércules. Para suportar o aumento de produção e tentar alcançar a tradicional concorrente, a Tramontina, a Hércules investiu na automação de sua fábrica. Redução de desperdícios e aumento de qualidade estariam sendo conquistados com a instalação de células de produção.
          Além de reavaliar seus produtos, o grupo Zivi passou a adotar novas políticas comerciais. Os resultados obtidos por Pedro, embora satisfatórios, não foram suficientes para convencer os Bakhaus. Nem mesmo o aumento de receitas de exportação, atenuou as divergências entre o estilo de Pedro e o desejado por seus sócios. Com a concentração do poder nas mãos dos Ceitlin, passou a existir a expectativa de que com o controle de uma só família o grupo pudesse ganhar maior agilidade e competitividade, o que é fundamental em tempos de concorrência mais aberta.
          A saída dos Bakhaus contribuiria para uma pacificação, pois Michel receberia de volta suas antigas funções. A paz no grupo Zivi não era apenas uma veleidade familiar. Ela era necessária para aparar as arestas que a atuação de Pedro para modernizar a empresa causou.
          Em julho de 1993, Michael, com a ajuda de acionistas minoritários, derrubou o irmão durante uma assembleia.
          Em abril de 1994, tendo aos irmãos Michael Ceitlin e Pedro Ron Ceitlin, como principais acionistas, a Zivi-Hercules, convivia com uma dívida junto à Receita Federal de 7 milhões de dólares.
A dívida foi contraída no período em que Pedro dirigiu a Zivi.
          Atualmente, a Hercules pertence à Mundial.
(Fonte: revista Exame - 22.07.1992 / 13.04.1994 - partes)

Castrol

          Em 1889, C.C.Wakefield jamais poderia imaginar que o home um dia pisaria na Lua. E muito menos que a nave que o levaria nessa incrível jornada estaria utilizando produtos da empresa que faria parte do grupo que estava fundando: a Castrol. Pois o homem, quase um século depois, foi à Lua.
          Desde o primeiro óleo multiviscoso para automóveis, lançado em 1909, a Castrol se esmera para ser sinônimo de conquistas tecnológicas.
          A Castrol é a principal empresa do grupo britânico Burmah-Castrol, que opera, principalmente, nas 
áreas de lubrificantes, química fina e distribuição de combustíveis.
          O intercâmbio tecnológico no mundo inteiro, resultado da diversificação de uso dos produtos, possibilita a atuação da Castrol no mercado automotivo, para os consumidores em geral e para empresas de transportes, reflorestamento, construção e mineração; no mercado industrial para os setores de 
transformação de metais e indústrias em geral; e no mercado marítimo e de aviação.
          Considerando dados de julho de 1992, a Castrol é responsável por uma operação que envolve mais de 9.000 funcionários nas áreas de produção, marketing, distribuição, pesquisa e desenvolvimento de 
lubrificantes, atuando em 40 países e com representações em mais de 100.
(Fonte: revista Exame - 22.07.1992 (anúncio publicitário, com texto adaptado)

16 de fev. de 2023

Movida (JSL/Simpar)

           A empresa de aluguel de carros Movida foi adquirida em 2013 pela JSL. Por ocasião do negócio, a Movida era dona de 25 lojas nos principais aeroportos do país.
          Em meados de dezembro de 2021, a Movida anunciou uma pequena aquisição, a Marbor Frotas Corporativas, pelo valor de R$130 milhões, adicionando 1,8 mil veículos à sua frota de GTF. A aquisição permite a captura de sinergias pela Movida com acesso a uma nova base de clientes.
          Em setembro de 2022, a Movida adquiriu a locadora portuguesa Drive on Holidays (DOH) por 66 milhões de euros, cerca de US$ 65 milhões, por meio de sua subsidiária Movida Finance. Considerando a dívida líquida de 11 milhões de euros da empresa em agosto (2022), a operação resultou em um valor patrimonial de 55 milhões de euros (US$ 54,1 milhões).
          Todos os ativos da empresa compuseram a transação, inclusive a frota, avaliada em, aproximadamente, 60 milhões de euros, e dois imóveis operacionais, avaliados em 3,5 milhões de euros.
          “Em linha com o planejamento estratégico de realizar movimentos internacionais que não comprometam o desenvolvimento da Movida no Brasil e que sejam complementares e sinérgicos, a transação marca o início da internacionalização da Movida e a entrada na Europa”, diz a companhia em comunicado.
          Sediada em Lisboa e com atuação no setor de locação de carros desde 2011, a empresa adquirida tem quatro lojas adjacentes aos principais aeroportos de Portugal (Lisboa, Porto, Faro e Ponta Delgada, este na região dos Açores) e frota de aproximadamente 3,3 mil veículos em agosto de 2022 (99% próprios e 1% sob contratos). A frota média é de aproximadamente 2,7 mil veículos e idade média de 1,6 ano.
          De acordo com o informado, um dos acionistas fundadores e executivo da DOH, Ricardo Esteves, assim como os 130 funcionários da empresa, continuarão executando o desenvolvimento da Drive on Holidays com uma gestão totalmente independente da operação da Movida no Brasil.
(Fonte: eleven financial - 18.12.2021 / Valor - 22.09.2022 - Partes)

14 de fev. de 2023

Pan (produtos alimentícios)

          A PAN – Produtos Alimentícios Nacionais S.A. – foi fundada pelos engenheiros Aldo Aliberti e Oswaldo Falchero. Tem sua sede na Rua Maranhão, 835, na cidade de São Caetano do Sul, no ABC Paulista.
          O que marcou a Chocolate PAN, foi a forma de seu lançamento no mercado: Aliberti e Falchero colocaram um anúncio em um jornal de grande circulação da época, que no dia 12 de dezembro de 1935, um foguete seria lançado para a Lua. Todos ficaram ansiosos por saber de onde sairia. Na data prevista uma multidão se reuniu no Campo de Marte, em São Paulo, à espera do foguete e nada aconteceu. No dia seguinte foi noticiado que o foguete representava os produtos da PAN que estavam chegando ao mercado.
          Naquela época, as balas eram fabricadas em tachos e o “ponto” era conseguido por confeiteiros; o formato era dado através de prensas e embrulhadas a mão, uma a uma.
          Os principais concorrentes na época eram a Falchi, Gardano, Sonksen, Dizioli, Rocco, Garoto e Laf.
          Os primeiros produtos fabricados pela PAN foram o Cigarrinho de chocolate, a Bala Paulistinha (inspirada na Revolução Constitucionalista de 1932), barras de chocolate em formato de quadrado, peixe e charuto e fabricadas com uma massa de chocolate pouco refinada e embrulhados em papel alumínio, o que era comum na época.
          Lançados em 1941, os cigarrinhos de chocolate ao leite foram um sucesso na população. Na época, o hábito de fumar era considerado "chique" pela sociedade. Portanto, a ideia era que o cigarrinho de chocolate simulasse a forma de consumir o tabaco.
          A embalagem era feita no formato de um maço de cigarro. Em 1959, ganhou os rostos de dois meninos: um negro e um branco, que seguravam o chocolate como se estivessem fumando.
          Outro fato marcante da Chocolate PAN foi um concurso promovido, através de um álbum com figuras astronáuticas (baseadas em Júlio Verne), em 1941, e as pessoas encontravam as figurinhas nas Balas Paulistinhas para colarem em seus álbuns. As pessoas que levassem alguma página do álbum preenchida ou até o álbum inteiro, recebiam diversos prêmios. O sucesso foi tão grande que a promoção durou dois anos e, por isso a Pan precisou aumentar bastante a sua produção de balas.
          Que criança não entrou em uma bomboniere e se deparou com uma caixa cheia de chocolates em formato de moeda e embrulhados em papel dourado, similar a ouro? Pois é, as moedas de chocolate também são uma invenção da Pan, que se popularizou entre as crianças e os adolescentes. Criado na década de 1940, o produto foi um dos mais vendidos pela empresa.
          O granulado de chocolate também foi inventado nos primeiros anos da empresa. É um produto que dá "água na boca" em muitas pessoas e é um dos mais longevos produtos da empresa. As tradicionais passas cobertas com chocolate, permanecem por décadas na linha de produção da Pan.
          Na década de 1990, quando o Ministério da Saúde começou a combater o tabagismo, a Pan mudou o nome dos Cigarrinhos para rolinhos de chocolate. Tempos depois, o produto deixou de ser vendido pela empresa.
          Criado no início dos anos 2000, o Chocolápis foi outro produto voltado para o público infantil. Em uma época de popularização dos lápis de cor, o produto vinha em uma embalagem que simulava uma caixinha de lápis e continha chocolates de diversas cores. O produto é vendido até hoje pela empresa.
          Um dos primeiros produtos lançados pela empresa, ainda na década de 30, as Balas Paulistinha não eram feitas de chocolate. Mas fizeram muito sucesso. O produto foi inspirado na Revolução Constitucionalista de 1932, deflagrada em São Paulo contra o governo federal, de Getúlio Vargas....
          As balas azedinhas eram feitas em três cores, vermelha, amarela e verde, e ficaram à venda por cerca de 70 anos.
          A Pan também foi responsável por colocar no mercado o primeiro chocolate diet ao leite, em uma época que começava a se discutir a questão nutricional e o alto consumo de açúcar entre as pessoas. O produto foi bem aceito no mercado e ganhou versões com recheios de avelã e castanhas de caju.
          A Pan ficou conhecida por produtos voltados ao público infantil, mas também tem um chocolate impróprio para menores de 18 anos. É o choconhaque, chocolate recheado de conhaque que é carro-chefe da empresa nas vendas.
          Por volta de 1970, a PAN imprimiu bom ritmo de desenvolvimento com a automação e ampliou sua linha de produtos, o que serviu para se fortalecer no mercado.
           A Chocolate Pan foi pioneira ao criar para o mercado nacional o primeiro chocolate diet ao leite.
          Desde o início até 2005, a empresa teve como Diretor Presidente, o fundador engenheiro Oswaldo Falchero. Essa continuidade permitiu que a CHOCOLATE PAN mantivesse o reconhecimento e tradição de empresa estável, sólida e séria, continuando a produzir com qualidade os seus produtos.
          Em outubro de 2016, 81 anos após sua fundação, a Pan mudou de mãos. O negócio familiar de chocolates, balas e doces segue planos arrojados para recolocar a fabricante na casa do consumidor brasileiro e posicioná-la entre as maiores indústrias do ramo no País.
Os seus produtos atuais mais vendidos são: Pão-de-Mel (lançado em 1.945), Granulado para doces e bolos, Moedas de chocolate ao leite, bombons e bala de goma
          Em 13 de fevereiro de 2023 a Pan Produtos Alimentícios pediu sua autofalência à Justiça. A empresa fez parte da memória afetiva das pessoas, mas não conseguiu arcar com as dívidas e admitiu não conseguir pagar sua dívida de R$ 260 milhões.
          Até a decretação de falência, o quadro de funcionários era de 52 pessoas. A empresa afirmou que o faturamento sofreu queda com a reestruturação de 2017 e que, durante a pandemia de Covid-19, houve uma redução ainda maior.
          A aquisição da fábrica foi feita em outubro de 2023 pela empresa CSH Administração de Bens Intangíveis Ltda, braço de investimentos do Grupo Cacau Show, que pagou pelo espaço de 10.432 m² um valor 33% superior ao preço inicial estipulado pela Justiça para a realização do leilão.
A Cacau Show arrematou todos os itens leiloados, comprando a área do imóvel onde ficava a fábrica, bem como os equipamentos e as máquinas do local. A fábrica com os equipamentos foi arrematada por R$ 71 milhões.
          A marca da Chocolates Pan foi leiloada em 4 de março de 2024. Em meio a 25 propostas, o lance vencedor foi de R$ 3,1 milhões. Quem arrematou foi a empresa Real Solar, de Goianinha, no Rio Grande do Norte, que poderá usar os 37 nomes da empresa. O resultado segue para homologação da Justiça de São Paulo.
(Fonte: UOL - 13.02.2023 / site da empresa / G1 - 04.03.2024 - partes)

12 de fev. de 2023

Dinho's (antigo Dinho's Place)

          O Sr. Fuad Namen Zegaib (1932-2022), não descobriu o fogo, mas ao criar o restaurante Dinho's soube, melhor do que ninguém, utilizar seu calor na dose exata para criar grelhados com status de clássicos.
          A trajetória do empresário e restauranteur Fuad Zegaib, o Sr. Dinho, é única e repleta de momentos especiais e inesquecíveis. Com um importante legado para a gastronomia 
paulistana.
          Nas 6 décadas de história, cada descoberta e aprendizado no preparo das melhores carnes contribuiu para tornar o Dinho's uma referência da gastronomia de grelha.
          Visionário e empreendedor, ele conquistou o respeito e admiração de seus clientes e amigos graças ao esforço e dedicação para tornar seus sonhos em realidade.
          Em uma entrevista alguns anos antes de seu falecimento, com o repórter Arnaldo Lorençato de Veja São Paulo, Fuad Zegaib reclamava para si a criação do corte de carne favorito entre muitos brasileiros: a picanha. 
          Embora admitisse que era praticamente impossível provar essa paternidade, afirmou: “A picanha não era feita na grelha em são Paulo. Fui o primeiro a preparar dessa forma”. Até então, segundo ele, não havia comercialização nem industrialização dessa carne para churrasco, que fazia parte da alcatra, localizada na parte superior da peça e cheia de gordura.
          Nascido e criado dentro da cozinha, o chef Paulo Zegaib desde pequeno foi inspirado a seguir na carreira gastronômica. Já aos 15 anos começou a trabalhar com o pai, Fuad, e esse incentivo foi decisivo nos estudos e profissão.
          O chef Paulo Zegaib morou na Itália depois de se formar na França e estagiar na rede Accor. Há décadas de volta ao Brasil, hoje comanda a cozinha do Dinho's.
          O restaurante Dinho's é premiado por três vezes consecutivas pelo guia Michelin. Serve pratos clássicos de forma sofisticada e contemporânea. Está no coração da alta gastronomia paulistana.
(Fonte: site Dinho's / Veja São Paulo - partes)

Fenty Beauty

          A cantora Rihanna lançou sua própria linha, Fenty Beauty, em 2017. A marca foi acolhida com entusiasmo pelos fãs e foi elogiada por sua inclusão em oferecer 40 tons diferentes de base.
          Em 2019, foi anunciado que Rihanna estava em parceria com a LVMH Moët Hennessy—Louis Vuitton para criar a linha de moda Fenty.
          Rihanna, apelido de Robyn Rihanna Fenty, nascida em 20 de fevereiro de 1988, na paróquia de St. Michael, Barbados, é cantora de pop e rhythm-and-blues (R&B) de Barbados e se tornou uma estrela mundial no início do século XXI. É conhecida por seu estilo distinto e voz versátil e por sua aparência elegante.
          Ela também era conhecida por suas linhas de beleza e moda. Fenty cresceu em Barbados com um pai barbadiano e uma mãe guianense. Quando criança, ela ouvia música caribenha, como reggae, bem como hip-hop e R&B americanos. Ela gostava especialmente de cantar e ganhou um show de talentos do ensino médio com uma interpretação de Mariah Carey.
(Fonte: Enciclopédia Britannica)

8 de fev. de 2023

Nissan

          O círculo do logo da Nissan representa o Sol, enquanto a barra ao meio é usada para expressar características de força e sucesso. A palavra Nissan corresponde a uma abreviatura. O nome da marca tem origem de duas palavras, Nippon Sangyo”, que significa “Indústrias Japonesas”.
          Em meados de 1999, a Nissan, segunda maior montadora de automóveis do Japão, era uma empresa semimorta. Tinha dívidas de 13 bilhões de dólares e participações de mercado decrescentes.
          Foi quando o brasileiro Carlos Ghosn, nascido em 1954, um ex-vice-presidente da Renault, recebeu a missão - considerada impossível por muitos especialistas - de reerguer a empresa. O clima era de desconfiança. A Nissan manteve uma tradição de anunciar programas que nunca chegaram a dar resultados. A Ghosn, também, foi entregue a responsabilidade de enfrentar as rígidas estruturas da cultura corporativa japonesa.
          Num país conhecido pela tradição de emprego vitalício, Ghosn anunciou a demissão de 21.000 funcionários e o fechamento de 5 das 14 fábricas da empresa. É uma fórmula ocidental, dolorosa, traumática. Mas aparentemente inevitável diante da competição global. Os próprios japoneses sabem disso. A profundidade das mudanças anunciadas por Ghosn surpreendeu a indústria. Mais surpreendente ainda foi a adesão dos japoneses aos planos de um executivo gaijin, a palavra usada para definir os estrangeiros.
          Ghosn chegou ao posto de principal executivo de operações da Nissan em junho de 1999, indicado pela francesa Renault, dona de 37% do capital da montadora japonesa. Ele então passou a buscar um senso de urgência que a Nissan perdera ao longo do tempo. O senso de urgência pelo resultado. A montadora teve prejuízo nos sete anos anteriores. De acordo com seus planos, a empresa voltaria a ganhar dinheiro a partir do ano 2000. Sua carreira dependia disso. Nos primeiros dias de novembro (1999), Ghosn deu uma prova pública de confiança em seu projeto para a Nissan. Em caso de fracasso, ele e toda a cúpula da empresa pediriam demissão de seus cargos. "As pessoas têm o direito de duvidar do sucesso da reestruturação", disse Ghosn. "Eu não."
(Fonte: revista Exame - 17.11.1999)

ATG (Americas Trading Group)

          O Americas Trading Group (ATG), uma plataforma de negociação de ativos financeiros, foi fundado por Arthur Machado, que sempre buscou transformar a empresa na nova bolsa de valores do país, chegando a fechar uma parceria com a New York Stock Exchange (NYSE) anos atrás. O plano há
anos é se tornar concorrente da bolsa brasileira B3.
          No entanto, o empresário foi preso por volta de 2019 por suspeita de envolvimento em fraudes contra fundos de pensão. O Postalis, fundo de pensão dos Correios, foi um dos primeiros investidores na ATS e um dos responsáveis pelo déficit do fundo. Nesse ponto, a ATG teria começado a procurar um comprador.
          Em 7 de fevereiro de 2023, vem a lume que a gigante de Abu Dhabi, Mubadala Capital, concordou em comprar o Americas Trading Group (ATG), com planos de lançar nova bolsa de valores no Brasil.
          O movimento ocorre logo após fundo de Abu Dhabi fechar rodada de investimentos na Cerc, fintech que registra ativos financeiros. No final de 2021, a Cerc já havia pedido autorização ao Banco Central para abrir uma central depositária de ativos, passo necessário para ter uma bolsa de valores.
          O projeto do fundo é reviver os antigos planos da ATG de criar uma nova bolsa de valores no Brasil, dizem as fontes, reacendendo uma questão que paira sobre a bolsa de valores brasileira há anos.
          “O cenário global é desafiador, mas vemos potencial de crescimento e um mercado de capitais maduro. Um de nossos objetivos é promover, por meio de nossos investimentos, maior acesso a mercados e ferramentas para execução otimizada de ordens para grandes corretoras, investidores institucionais e gestores de recursos”, disse Oscar Fahlgren, chefe do escritório da Mubadala Capital no Brasil, em comunicado.
          O acesso ao depositário central já gerou uma batalha entre a ATG e a B3 no passado. A ATS, empresa do ATG, entrou em arbitragem contra a B3 há alguns anos, alegando que a bolsa havia estipulado preços altos para o contrato de prestação de serviços para utilizar sua compensação. Argumentou na época que os preços inviabilizavam o projeto de uma nova bolsa no país. Além do Mubadala, alguns fundos brasileiros também teriam analisado o ativo.
          Após a fusão entre BM&FBovespa e Cetip, em 2017, o regulador antitruste CADE estabeleceu que a B3 deveria disponibilizar sua infraestrutura de mercado para terceiros e que, caso não houvesse acordo entre as partes, a arbitragem seria o foro para eventuais discussões.
          Em 2019, as partes chegaram a um acordo sobre o preço e um pedido à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para a criação de uma bolsa ainda estava aberto, mas foi indeferido na época por não atender a todos os requisitos. Um novo pedido ainda não foi apresentado.
          Em janeiro de 2023, durante almoço com jornalistas, o CEO da B3, Gilson Finkelsztain, disse que a concorrência era um tema recorrente nas discussões da empresa. “Já estamos preparados há algum tempo para todo tipo de concorrência”, disse o executivo, lembrando que já lida com concorrentes no mercado de balcão. A concorrência também deve aparecer no mercado listado, depois que a CVM permitiu a negociação em bloco nos mercados de balcão organizados.
          Para o Sr. Finkelsztain, ter outros players competindo no mesmo mercado é um fator positivo para “desencadear criações”. “Mas será difícil competir com a B3 porque ela é eficiente no que faz”, disse. “Costumávamos temer que a tecnologia tornasse possível algo que não tínhamos visto, mas o tempo mostrou que na maioria das vezes os concorrentes tentam copiar o que fazemos.”
          A B3 tem apostado em dados para diversificar suas fontes de receita. Em 2021, comprou a empresa de big data Neoway, a maior aquisição desde a fusão da BM&FBovespa com a Cetip. Em 2022, adquiriu a Neurotech, confirmando sua estratégia de avançar em tecnologia e análise de dados.
(Fonte: jornal Valor - 07.02.2023)

7 de fev. de 2023

Teuto Brasileiro

          O laboratório Teuto (Deutsch, em português) foi fundado em São Paulo, após a Segunda Guerra, pelo imigrante alemão Adolfo Krumeir, que depois o transferiu para Belo Horizonte.
          Ao se aposentar Krumeir vendeu a empresa a representantes comerciais do próprio Teuto. Muitos anos depois, em 1986, a distribuidora já havia se tornado a segunda maior de Centro-Oeste. O crescimento chamou a atenção dos proprietários do Teuto, que queriam se desfazer do laboratório.
          Foi aí que entrou o vendedor Walterci de Melo, nascido em 1959. "Nas condições em que o negócio me foi oferecido, eu não podia deixar de comprar", disse Melo. O Teuto Brasileiro foi vendido por 2 milhões de dólares, pagos em cruzados, a moeda da época, em dez prestações sem juros ou correção monetária. Goiano de nascimento, Melo é um empreendedor típico. Aos 18 anos foi morar na cidade gaúcha de Bagé, onde iniciou um nunca terminado curso de direito. No Rio Grande do Sul ele iniciou sua carreira de vendedor.
          Walterci e seu irmão Lucimar criaram em sociedade uma distribuidora de medicamentos. Na ocasião, o Teuto necessitava de vendedores para o Centro-Oeste e para o Norte do país. Os dois se candidataram e inicialmente ganharam a área de Goiás. "No início dos anos 1980 ninguém queria rodar nas estradas de terra do Centro-Oeste", disse Melo. Mais três anos e a representação virou a Organização Melo, uma distribuidora de remédios.
          Em 1992, brigado com Lucimar, seu irmão decidiu mudar o Teuto de Minas para Goiás, mais precisamente para Anápolis. Desde então, ele profissionalizou a direção e, contando com generosos incentivos fiscais concedidos pelo governo goiano, injetou 80 milhões de dólares nas instalações da empresa.
          As vendas acompanharam na mesma proporção. De 5 milhões de dólares em 1992, elas passaram a 65 milhões em 1998. Então, turbinado pela lei dos genéricos e com a elevação da capacidade produtiva em curso, o Teuto começou a avançar em direção ao mercado dos laboratórios multinacionais. Embalado pelo crescimento das vendas, o laboratório passou a lançar cada vez mais produtos. Em 1992, eles eram apenas 40. Em novembro de 1999, eram 320 em 450 apresentações. O laboratório funcionava 24 horas por dia e tinha 1.100 funcionários.
(Fonte: revista Exame - 17.11.1999)

Soma (bolsa eletrônica)

          A Soma é uma bolsa eletrônica nos moldes da Nasdaq americana. Foi criada em 1996, no Rio de 
Janeiro.
          Por volta de outubro de 1999, a Soma realizou uma reunião no Rio de Janeiro para discutir oportunidades de negócio na Internet e a organização do mercado de capital de risco para bancar as novas 
empresas do setor. Faltou cadeira para os mais de 40 participantes do encontro.
          Seis grandes investidores mandaram representantes: Stock Maxima, Albion Alliance, Venture 
Partners, Dynamo Venture Capital, Latinvest e WorldInvest.
          Considerando dados de novembro de 1999, a Soma negociava os papeis de 119 empresas, com 
valor mercado de 39 bilhões de reais.
(Fonte: revista Exame - 17.11.1999)

Walkers

          A fábrica de biscoitos escocesa Walkers foi fundada pelo patriarca da família Walker, Joseph Walker, em 1898.
          Várias gerações depois, hoje, segundo a empresa, ainda se cozinha seguindo sua visão original de criar os melhores biscoitos amanteigados, e outras especialidades escocesas.
          A fábrica fica na pequena vila de Aberlour, na pitoresca região de Speyside, nas Highlands escocesas. A empresa afirma que garante que os produtos são confeccionados com ingredientes da mais alta qualidade, sem corantes, aromatizantes ou conservantes artificiais.
          Entre os produtos que chegam no Brasil estão os biscoitos de aveia em flocos (Oatflake & Cranberry Biscuits). A importação é feita pela Companhia Brasileira de Distribuição - CBD.
          A sede da empresa Walker's Shortbread Ltd fica em Aberlour-on-Spey, Escócia, Reino Unido e sua sede na União Europeia fica em Heilbroonn, na Alemanha.
(Fonte: caixa do biscoito Oatflake & Cranberry Biscuits)

6 de fev. de 2023

Banco Mineiro do Oeste

          O Banco Mineiro do Oeste surgiu como um estabelecimento bancário em Visconde do Rio Branco, Minas Gerais, fundado por  João do Nascimento Pires. Em meados de 1965, o banco se instalou em Belo Horizonte.
          Em 1966, o Mineiro do Oeste comprou o banco Moscoso Castro, com sede no Rio de Janeiro, de Michael Stivelman, dono da financeira Cédula.
          Através de seu banco, Pires também apoiou muitas produções de filmes brasileiros como A Hora e Vez de Augusto Matraga, A Vida Provisória, Garota de Ipanema, além filmes produzidos por Júlio Bressane, Paulo César Saraceni e outros.
          Quando o banco estava no auge de seu crescimento, uma política de concentração do sistema bancário brasileiro foi implantada por Delfim Netto, em 1969. Delfim era ligado aos interesses de bancos paulistas, e o Banco Mineiro do Oeste foi absorvido pelo banco Bradesco, em 1970.
(Fonte: Wikipédia / revista Exame - 03.06.1998 - partes)

Banco/Financeira Cédula

          Michael Stivelman, nascido em 1928, sua mãe, Riva, uma tia e três primos foram os únicos sobreviventes de uma família de 79 pessoas nos horrores da Segunda Guerra Mundial. Os nazistas invadiram sua cidade, Secureni, na Bessarábia, atualmente território da república da Moldávia.
          Stivelman chegou ao Brasil em 1948 com 100 dólares no bolso doados pelos parentes. Já no ano que chegou começou a dar aula particular de matemática no Rio de Janeiro. Logo em seguida, em 1949 e 1950, foi vendedor ambulante de relógios. Chegou a vender 300 somente no então Ministério da Guerra. Também trabalhava na joalheria dos tios. Juntou dinheiro e, com um sócio, abriu uma fábrica de joias, que passou a fornecer no atacado para outras lojas.
          Em 1963, resolveu arriscar-se na bolsa de valores e no mercado paralelo do dólar, deixando o comércio de joias. Stivelman administrava seus próprios investimentos e de clientes. Também revendia platina tanto para joalheiros quanto para uso industrial.
          Conseguiu multiplicar seu patrimônio e, em 1964, abriu a financeira Cédula, aproveitando a experiência que desenvolveu com vendas a prazo desde o tempo que chegara no Brasil.
          Um ano depois de abrir a financeira, 1965, uma nova oportunidade surgiu para Stivelman. O banco Moscoso Castro, que pertencia a um grupo de joalheiros, estava sob intervenção do Banco Central. Junto com alguns sócios, ele se comprometeu a reestruturar a instituição e renegociar suas dívidas, desde que ficasse com a propriedade do banco. Depois de um ano, 1966, com as contas saneadas, revendeu o Moscoso Castro ao Banco Mineiro do Oeste, que mais tarde, em 1970,  foi incorporado pelo Bradesco.
          A financeira Cédula (transformada em banco múltiplo em 1989) pegou carona no crescimento do Brasil e chegou a ser a segunda maior do mercado, com agências em vários estados.
          No início dos anos 1990, contudo, os seus filhos Jacques Cláudio e Eduardo decidiram fazer carreira no exterior. Sem a participação dos herdeiros, Stivelman optou por encolher os negócios, até limitar a atuação da Cédula apenas ao mercado do Rio de Janeiro. Em meados de 1998, trabalhava para cerca de 80 pequenos e médios comerciantes, financiando compras a prazo. A Cédula passou a fazer uma média de 4.000 contratos de crédito mensais, cerca de um décimo do que fazia quando era uma empresa nacional. O banco administra recursos da família, que é dona também de uma imobiliária.
          Nessa época (meados de 1998) o banco tinha patrimônio de 25 milhões de dólares. Stivelman sempre optou por investir os lucros em outros negócios. Passou a ter, por exemplo, participações acionárias em outras instituições financeiras, como BCN e Mercantil de São Paulo.
          Sentindo-se perseguido pelos fantasmas do passado durante mais de 50 anos, resolveu exorcizá-los: escreveu, com ajuda da mulher, Raquel, o livro A Marcha, lançado em maio de 1998 pela editora Nova Fronteira. "A Marcha" vem do fato de Stivelman e sua mãe, Riva, terem percorrido 1.500 em marchas forçadas. Num dos piores momentos, sua mãe, com tifo, perdeu as forças e eles conseguiram se esconder em uma vala ao lado da estrada, já em território da Ucrânia.
(Fonte: revista Exame - 03.06.1998)