Aos 16 anos, o paulistano começou a fazer um curso técnico em Administração. A intenção era se preparar para ter o próprio negócio, mas o plano era ficar bem longe da cozinha. “Dono de restaurante trabalha demais. A ideia era ter uma academia, porque eu acreditava que os custos de manutenção seriam menores, já que, na minha cabeça da época, era só comprar os pesos e pagar o aluguel.”
Ele decidiu abrir a Quebrada Burger e vender lanches artesanais em um food truck para testar as próprias ideias e ajudar a pagar a faculdade de gastronomia, em 2017.
Ele tinha 18 anos quando seu pai precisou diminuir o ritmo de trabalho por questão de saúde. A solução foi aprender a cozinhar. “Eu não imaginava que pudesse gostar tanto de cozinhar.” Para melhorar os pratos que fazia, Bonfim cursou gastronomia.
O passo seguinte foi abrir uma hamburgueria artesanal, em sociedade com um primo. Eles compraram um food truck usado por R$ 4 mil e gastaram quase R$ 12 mil para reformar. A Quebrada Burger abriu em 2017, em um estacionamento na Brasilândia, mas ficaram menos de um mês no local, porque a rotina de abrir e fechar era cansativa. Para facilitar o trabalho, ele resolveu alugar um espaço onde pudesse montar uma cozinha industrial. Bonfim adaptou o espaço onde funcionava uma funilaria, estacionou o food truck no interior e colocou algumas mesas para consumo no local. O primo desistiu do negócio, e Bonfim convidou um tio para ocupar o lugar de sócio.
A divulgação da Quebrada Burger era feita no boca a boca entre e com a ajuda de anúncios na internet. As vendas começaram a crescer, mas o espaço era pequeno. A solução foi investir no delivery. “Percebi que as pessoas experimentavam pessoalmente, mas passavam a comprar só pelo delivery depois
” Em 2018, o imóvel e o food truck já não davam conta da demanda. Ele alugou o salão ao lado e vendeu o food truck para expandir a operação, além de passar a atuar somente com entregas. Até o início de 2020, Bonfim ainda se dividia entre a Quebrada Burger e o Cantinho da Feijoada. Mas, com a chegada da pandemia, a hamburgueria mais que duplicou de tamanho – o espaço utilizado saiu de 40 m² para 100 m² – e ele precisou se dedicar somente ao seu próprio negócio.
Se o delivery alavancou as vendas durante as medidas restritivas, com o retorno do público para as ruas ele decidiu que era o momento de voltar a receber clientes no local. Investiu R$ 100 mil para aumentar o salão e fazer a reforma, em 2021. A intenção de Bonfim era produzir hambúrgueres com carnes nobres, como o angus. Para conseguir qualidade, mas gastando menos, Bonfim negociou com fornecedores. “O jeito foi criar uma relação de confiança com os fornecedores para conseguir melhorar os custos sem perder a qualidade.
” Os nomes dos lanches são inspirados em gírias da periferia, como Maloka (R$ 28,90), Bolado (R$ 34,90) e Loko (R$ 28,90). “As pessoas acham engraçado. Em vez de pedir um ‘x-salada’, que é comum, ela vai pedir um Cabuloso.” A segunda unidade foi inaugurada em 2022, em Pirituba, também na zona norte da cidade. “Fiquei surpreso porque Pirituba alcançou um número de vendas semelhante ao da Brasilândia em três meses. Hoje, eu entendo que foi porque o negócio já chegou a Pirituba amadurecido.”.
Em 2024, a expansão contou com duas lojas voltadas ao delivery no bairro de Campos Elíseos, região central da capital, e em Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo. O empreendedor também criou o Grupo Quebrada, com três novas marcas: Quebrada Açaí, Quebrada Dog e Quebrada Drinks, todas com atuação pelo delivery. Os planos incluem a abertura de pelo menos mais três marcas, para a produção de pizzas, pastéis e itens de café da manhã.
Bonfim quer crescer, mas sem entrar no franchising, pelo menos por enquanto. Ele participou da nona temporada do reality show Shark Tank Brasil, recebeu três propostas e aceitou a oferta do empresário José Carlos Semenzato, fundador da SMZTO, maior holding de franquias do Brasil, que quer investir R$ 2 milhões por 30% do negócio. Ele afirma que ainda não assinou nada, mas que deve ter uma reunião com Semenzato em breve..
A consultora de negócios do Sebrae-SP Sandra Fiorentini afirma que o principal diferencial de Bonfim é ter entendido o desejo dos clientes. “Se o consumidor precisa sair do bairro para comprar, ele tem de considerar o custo com transporte e vai preferir um produto semelhante, que fique próximo a sua casa. Bonfim reconheceu o interesse do seu público-alvo.” O sucesso também passa por estar atento às tendências, mas com cautela. Oferecer novidades com base nas mudanças do mercado pode ajudar a atrair novos clientes e aumentar as vendas, mas é preciso ter cuidado com algumas ondas passageiras. “Se todo mundo está fazendo, talvez você não precise fazer também.
O caminho é identificar possíveis inovações, mas adaptar aos hábitos do seu público, para não investir em algo volátil”, explica. Para conquistar o cliente, não basta oferecer apenas um produto de qualidade. A experiência a ser vivida ganha cada vez mais importância na tomada de decisão das pessoas. A especialista diz que restaurantes, hamburguerias e similares precisam investir em cardápios personalizados, programas de fidelidade ou eventos temáticos, para despertar a curiosidade. “Os consumidores não se contentam mais com o comum”, avalia Sandra. O delivery é uma alternativa tanto para quem quer aumentar as vendas quanto para quem não tem dinheiro para investir em um espaço para consumo. Mas a consultora alerta que é preciso calcular se o potencial de produção do restaurante é suficiente para a demanda das entregas. “As pessoas que pedem no delivery querem agilidade. Se atrasar o pedido, elas vão reclamar e não vão comprar novamente. O mesmo acontece se a comida chegar no tempo, mas estiver
Oito anos depois, em 2025, a Quebrada Burger já tem quatro unidades e deu origem ao Grupo Quebrada, responsável por quatro marcas.
(Fonte: OESP - 29.01.2025)
(Fonte: OESP - 29.01.2025)
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