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26 de mai. de 2020

Capgemini

          A Capgemini foi fundada em 1967, na França, por Serge Kampf, como uma companhia de processamento de dados e gerenciamento de empresas.
          Na sede da Capgemini, em Alphaville, a origem da empresa fica evidente. Pelos corredores dos três prédios da empresa estão espalhados murais com monumentos franceses. Outro ponto que remete ao país europeu, é a valorização da arte, presente no centro cultural da empresa, inaugurado em julho de 2013.
          A companhia, provedora de serviços de consultoria, tecnologia e terceirização, atua a partir de quatro pilares: Consulting Services, que visa auxiliar na melhoria do desempenho das organizações; Application Services, responsável pela criação, desenvolvimento e implementação de aplicações de TI; Technology and Engineering Services, que fornece assistência e suporte para equipes de TI dos clientes; e Other Managed Services, que trabalha a partir da integração, gerenciamento e desenvolvimento total ou parcial de infraestrutura de TI dos clientes, além de oferecer serviços sob demanda, atividades comerciais e serviços de transações.
          Em 2 de setembro de 2010, a Capgemini anunciou a compra do controle acionário da empresa brasileira prestadora de serviços de TI CPM Braxis. Com o negócio, o grupo, que é o maior da Europa em serviços de TI, consegue aumentar sua presença no mercado latino-americano. A francesa pagaria R$ 517 milhões por 55% de participação na empresa brasileira.
          A operação, financiada com o caixa do próprio do grupo francês, consistiu em R$ 287 milhões em aporte de capital para a CPM Braxis e R$ 230 milhões em compra de ações. Os outros 45% de ações permanecerão com os atuais acionistas. O Bradesco passa a ter 20%; a Braxis, 12%; os fundos de investimentos Gávea, Alothon e Infors , 11% e os funcionários, 2%. O acordo firmado entre as duas empresas prevê ainda a possibilidade de o grupo francês comprar os demais 45% de ações da empresa depois de três ou cinco anos da assinatura do contrato. “É algo que estamos considerando fortemente”, afirmou Paul Hermelin, CEO do Grupo Capgemini, que faturou 8,3 bilhões de euros em 2009, empregava 103 mil funcionários e operava em 30 países.
          A Capgemini já estudava a compra de uma empresa de serviços de tecnologia em mercados emergentes. Especialistas apostavam que a aquisição ocorreria na China. A escolha pela CPM Braxis se deu pelo porte, presença e pelo potencial do principal mercado da América Latina. "Preferimos investir em uma grande empresa ao invés de aportar recursos em várias pequenas companhias", afirma Hermelin.
          Com a compra, a corporação francesa aumentaria significativamente sua participação no mercado brasileiro, ganhando musculatura para competir com outras gigantes como Accenture, HP, IBM e Unisys.
          O acordo entre a empresa brasileira de TI e o grupo francês começou a ser costurado em maio de 2010. A CPM Braxis contou com a orientação do JP Morgan e do escritório de advocacia Xavier Bernardes e Bragança. O escritório Machado e Meyer foi responsável pela orientação da Capgemini. “Começamos a assinar os contratos às 2 horas da manhã e só terminamos às 5 horas”, disse Jair Ribeiro, presidente do comitê executivo e acionista da CPM Braxis.
          "O acordo permitirá que nos tornemos líderes no mercado brasileiro... O Brasil tem um grande potencial e representa cerca de metade do valor do mercado latino-americano", afirmou o presidente-executivo da Capgemini, Paul Hermlein, acrescentando que as previsões de crescimento do setor para o país são na casa de dois dígitos até 2014.
          Em outubro de 2012, após dois anos da aquisição da CPM Braxis, a Capgemini, anuncia que passará a utilizar apenas a marca Capgemini, em alinhamento com os outros 39 países nos quais mantém operações.
          Uma das líderes globais de tecnologia, terceirização e serviços de consultoria, a Capgemini conta com mais de 190 mil profissionais e está presente em mais de 40 países. No Brasil, a sede da companhia está localizada na cidade de Barueri (Alphaville), no estado de São Paulo. Tem 7,8 mil funcionários, sendo que cerca de 4 mil trabalham nas unidades de Alphaville.
(Fonte: canaltech.com / GUJ Discussões - Março 2007 / ÉpocaNegócios - 02.09.2010 / G1 - 02.09.2010 / Computerworld-frim IDG - 30.10.2012 / Exame.com - 12.08.2013 - partes)


English version:
          It’s 1967 in Grenoble, France: Television broadcasts are in color for the first time. The city is buzzing about the upcoming 1968 Winter Olympics. Inspired by these exciting technological and cultural changes, entrepreneur Serge Kampf decides the time is ripe to launch an IT company. And so began the Capgemini story.
          Kampf was a visionary and demanding rigorous leader, but he was also reserved, loyal, generous and considerate. All of the descriptions we have read honoring Serge Kampf are incredibly apt. And those fortunate enough to have known him, his family, friends and also, to a certain degree, the Group’s 180,000 employees can testify to this. Serge was an exceptional man. He was captivating and left no one indifferent. A leader who understood the evolution of our business from quite early on, his life was an extraordinary journey. Over nearly fifty years, he built the company from a two-room apartment in his hometown of Grenoble to being one of the global leaders in the ultra-competitive world of IT services.
          Serge Kampf inspired the dreams of generations of IT professionals. He instilled the Group with the drive to win with his genius and entrepreneurial passion. Capgemini has completed over 40 acquisitions and welcomed over 50 countries and cultures because of the organizational model invented by Serge Kampf. As decentralized as possible, this model transcends differences and respects everyone involved in this shared adventure. Throughout the 49 years that Serge dedicated to Capgemini, he also demonstrated that it was possible to build one of the largest companies in France and expand it across the world, with only a few key values serving as his compass.
(Fonte: site da empresa)

24 de mai. de 2020

Vieira Garcez

          A indústria do setor de higiene e limpeza Vieira Garcez tem sede na Bahia e é de propriedade de José Humberto de Souza e João Gualberto de Vasconcelos.
          A tradicional fabricante de sabão em pedra é dona da marca Celeste e tem unidades industriais, em Aratu e Salvador, na Bahia.
          No início de abril de 1994, a venda da empresa dependia apenas de acertos finais. O grupo italiano Cragnotti & Partners, dono da Bombril e Orniex, estava prestes a comprar a tradicional indústria de sabão em pedra.
(Fonte: revista Exame - 13.04.1994)

23 de mai. de 2020

CPM - Braxis

          A CPM, empresa prestadora de serviços de tecnologia, tem como acionistas o Bradesco e o Deutsche Bank Capital Partners. Em julho de 2003, a CPM venceu empresas indianas numa concorrência para prestação de serviços de programação de software de gerenciamento de cartões de crédito para a GE Capital mexicana. O projeto foi capitaneado pelo vice-presidente da CPM, Maurício Minas.     
          A Braxis Tecnologia da Informação, fornecedora de serviços de implementação e gerenciamento de projetos, é resultado da união dos fundadores do Banco Patrimônio - Jair Ribeiro e Gianpaulo Baglioni - e da Cotia Trading - Paulo Brito e Alfredo DeGoeye. Os investimentos desses executivos se uniram à experiência do mercado de TI de Rogério Igreja Brecha Júnior (ex-presidente da Ernst & Young do Brasil e até janeiro de 2007 vice-presidente da Unisys) e de David Shpilberg (responsável mundial pela área de TI da Bain Consulting).
          Em novembro de 2006, a Braxis adquire a Unitech. Em março de 2007, quatro meses depois de incorporar a Unitech, a Braxis incorpora 33% das ações representativas do capital votante e total da CPM. Com isso, a Braxis consolida plano de crescimento com controle de parte da CPM.
          De acordo com um comunicado, a operação tem por objetivo aproveitar as atividades das duas empresas e ampliar o portfólio de clientes e serviços. A sinergia operacional com a Braxis permitirá à CPM assumir determinados contratos comerciais de prestação de serviços com um backlog estimado em aproximadamente 253 milhões de reais.
          Jair Ribeiro, até então presidente da Braxis, assumiu a liderança também da CPM, ao passo em que David Sphilberg, membro do conselho da Braxis, seria o vice-presidente do conselho de administração. Rogério Brecha atuaria no desenvolvimento da área internacional, mesmo segmento de atuação que mantinha anteriormente na Braxis. José Carlos Pimentel, assumiu a liderarança da atividade de ERP.
          Segundo a CPM, as atividades da Braxis e da Unitech - que incluem um conjunto integrado de consultoria de negócios - está em linha com as operações da empresa, com foco em planejamento e governança de TI, business intelligence, gestão de projetos de TI e soluções SAP e Oracle, além de serviços de TI e outsourcing direcionado a grandes empresas brasileiras e subsidiárias de multinacionais.
          Em meados de 2009, a CPM Braxis manifestou a vontade de abrir capital (IPO) para receber aporte financeiro. Segundo Ribeiro, a instabilidade do mercado com a crise financeira fez com que a empresa procurasse outra alternativa: vender uma fatia de sua participação.
          Em 2 de setembro de 2010, a empresa francesa Capgemini anunciou a compra do controle acionário CPM Braxis. Pelo lado da CPM Braxis foi o Bradesco que anunciou que fechou acordo para venda do controle da empresa para a Capgemini. Com o negócio, o grupo, que é o maior da Europa em serviços de TI, consegue aumentar sua presença no mercado latino-americano. A francesa pagaria R$ 517 milhões, incluindo os 104 milhões de reais que pagaria ao banco brasileiro por uma participação de 35 por cento na CPM Braxis. Considerando também o aumento de capital que faria no negócio a fatia da Capgemini na CPM Braxis seria de 55 por cento.
          “Recebemos propostas de cinco companhias e fechamos com a Capgemini por ser uma empresa com atuação global”, afirmou Jair Ribeiro.
          A operação, financiada com o caixa do próprio do grupo francês, consistiria em R$ 287 milhões em aporte de capital para a CPM Braxis e R$ 230 milhões em compra de ações. Os outros 45% de ações permaneceriam com os atuais acionistas. O Bradesco passa a ter 20%; a Braxis, 12%; os fundos de investimentos Gávea, Alothon e Infors, 11% e os funcionários, 2%. O acordo firmado entre as duas empresas previu ainda a possibilidade de o grupo francês comprar os demais 45% de ações da empresa depois de três ou cinco anos da assinatura do contrato. “É algo que estamos considerando fortemente”, afirmou Paul Hermelin, CEO do Grupo Capgemini, que faturou 8,3 bilhões de euros em 2009, emprega 103 mil funcionários e opera em 30 países.
          A francesa já estudava a compra de uma empresa de serviços de tecnologia em mercados emergentes. Especialistas apostavam que a aquisição ocorreria na China. A escolha pela CPM Braxis se deu pelo porte, presença e pelo potencial do principal mercado da América Latina. "Preferimos investir em uma grande empresa ao invés de aportar recursos em várias pequenas companhias", afirmou Hermelin.
          Com a compra, a corporação francesa aumentaria significativamente sua participação no mercado brasileiro, ganhando musculatura para competir com outras gigantes como Accenture, HP, IBM e Unisys.
          O acordo entre a CPM Braxis e o grupo francês começou a ser costurado em maio de 2010. A CPM Braxis contou com a orientação do JP Morgan e do escritório de advocacia Xavier Bernardes e Bragança. O escritório Machado e Meyer foi responsável pela orientação ao grupo francês. “Começamos a assinar os contratos às 2 horas da manhã e só terminamos às 5 horas”, disse Jair Ribeiro, presidente do comitê executivo e acionista da CPM Braxis.
          Com o negócio, de acordo com Ribeiro, a CPM Braxis passa a ser responsável pela carteira de clientes internacionais atendidos pelo grupo francês no Brasil e o inverso ocorre nos escritórios nos Estados Unidos e na Alemanha da empresa brasileira.
          A marca da empresa nacional e o comando permaneceriam inalterados. José Luiz Rossi, CEO da Capgemini no Brasil, continua exercendo a mesma função na companhia. "Durante o período de transição, precisaremos do apoio dos executivos brasileiros para entender o mercado local", afirma Hermelin.
          Com o novo aporte, Ribeiro informou que a CPM Braxis poderá fazer aquisições em alguns estados, como em Minas Gerais e na região Sul do país. A companhia estuda ainda compras que complementem seu portfólio, como a oferta de terceirização de processos de negócio (BPO, na sigla em inglês) e relacionamento com clientes (Customer Relationship Manager, CRM, na sigla em inglês).
          A CPM Braxis teve receita de aproximadamente em 1 bilhão de reais em 2010. A empresa contava com 5,5 mil funcionários.
          Em outubro de 2012, após dois anos da aquisição da CPM Braxis pela Capgemini, a companhia anuncia que passou a utilizar apenas a marca Capgemini, em alinhamento com os outros 39 países nos quais mantém operações. A CPM Braxis tinha mais de 6.000 profissionais. O Grupo Capgemini, com mais de 120 mil funcionários, registrou faturamento global de 9,7 bilhões de euros em 2011.
          “Ao adotar a marca de uma organização global, que é um dos maiores grupos de Tecnologia da Informação (TI) do mundo, a força da nossa companhia no mercado brasileiro será ainda maior”, afirmou José Luiz Rossi.
(Fonte: revista Exame - 14.04.2004 / GUJ Discussões - Março 2007 / ÉpocaNegócios - 02.09.2010 / G1 - 02.09.2010 / Computerworld-from IDG - 30.10.2012- partes)

22 de mai. de 2020

Banco Arbi

          A partir de uma pequena corretora herdada de seu pai, Aron, o empresário gaúcho Daniel Birmann, nascido em 1952, e que assumiu o comando dos negócios aos 28 anos, após a morte do pai, era considerado um empreendedor arrojado e fenomenal, sempre disposto a correr riscos. Chegou a ser, no final dos anos 1980, um dos mais atuantes na área de crédito para grandes empresas.
          A palavra Arbi, que dá nome ao grupo e ao banco, é homenagem ao pai, Aron Birmann. 
          No início dos anos 1990, o grupo, onde o banco Arbi se incluía, já tinha formado um pequeno império de mais de 20 empresas. No início de 1993, adquiriu do grupo Docas, da família Paula Machado, 70% do capital da Itatiais Seguros. No início de 1994, era um império de 24 companhias, com 11.000 funcionários e faturamento anual da ordem de 1,2 bilhão de dólares.
          Em maio de 1993, porém, fez um negócio que se mostraria problemático (a compra da Moddata, fabricante de modems, aparelhos que ligam computadores à rede telefônica) e, em meados da década de 1990, os negócios começaram a ruir na mesma velocidade com que foram erguidos. Acossado por um endividamento crescente, Birmann foi obrigado a se desfazer de quase todas as suas empresas.
          Em 1995, abatido principalmente pela inadimplência dos clientes, o Arbi praticamente desapareceu.
          Num panorama do grupo, no final dos anos 1990, restaram-lhe apenas o banco Arbi, praticamente desativado, e outros poucos negócios, quase nada para quem havia sido dono de grandes empresas, como a mineradora Caraíba Metais. Até mesmo a corretora de valores Arbi desaparecera.
          Parecia o fim da linha. O tempo, porém, mostrou que não era. Em agosto de 2004, Birmann começou a participar de outros negócios.
          O Birmann que retornou ao mercado é muito mais comedido, sem a audácia comercial que o caracterizava. Durante um período, ele foi um comprador voraz de empresas.
          Birmann, como é natural, mostra-se avesso à ideia de revolver seus fracassos. Ele se sente quite com o mercado, todas as suas dívidas foram saldadas com a venda de seu patrimônio.
        O banco Arbi, que praticamente permaneceu desativado por cinco anos, reiniciou suas operações comerciais em 2003, mas com um perfil diferente, operando com repasses de créditos do BNDES para pequenas e médias empresas e também com empréstimos vinculados a folhas de pagamento.
          No início de 2004, o Arbi inaugurou um braço financeiro - o Servicash - de crédito direto ao consumidor. Os planos da instituição eram de fechar o ano com operações de crédito de 150 milhões de reais. Birmann, grande operador no passado, só acompanhava o negócio à distância.
(Fonte: revista Exame - 05.01.1994 / 18.02.2004 / 15.09.2004)

21 de mai. de 2020

Infosys

          Com um capital de 250 dólares, o empresário indiano Nandan Nilekani, nascido em 1955, fundou, no início da década de 1980, a Infosys, empresa de serviços de TI e terceirização.
          A empresa, que criou um moderno campus em Mysore, na Índia, teve grande sucesso e crescimento vertiginoso.
          No início de julho de 2009, então um dos homens mais ricos da Índia, com patrimônio estimado de 1,5 bilhão de dólares, Nilekani viu seus sucessos nos negócios tornar-se inspiração para uma nova carreira.
          Nilekani deixou a presidência da Infosys e tornou-se funcionário público federal. Em troca de um salário mensal de 2.000 dólares, ele passou a dar expediente num escritório de paredes amareladas, instalado numa repartição batizada de Autoridade de Identificação Única.
          O projeto de Nilekani é trocar o antigo RG da população por uma nova carteira de identidade equipada com um microchip. Com ela, o governo poderia rastrear pessoas que recebem algum tipo de benefício público. Calcula-se que bilhões de dólares sejam desperdiçados todos os anos na Índia por falta de controle na entrega desse tipo de ajuda.
          Com faturamento anual de 3,1 bilhões de dólares em 2007, com 72.000 funcionários, a Infosys pulou para a casa dos 4 bilhões de dólares em 2009.
(Fonte: revista Exame - 04.07.2007 / 12.08.2009)

17 de mai. de 2020

Bordon

          Geraldo Bordon, nascido em 1926, e seus sobrinhos João Euclydes e Irineu José (já falecido) cresceram juntos. Em 1958 fundaram um pequeno abatedouro em Campinas. O negócio cresceu, formou-se o Frigorífico Bordon e os três só se separaram em 1980.       
          Na segunda metade dos anos 1970, o Bordon comprou a Swift-Armour do grupo Brascan/Antunes, que havia comprado a empresa em 1973.
          Ao final da década de 1970 e início dos anos 1980, o grupo criado por Geraldo Bordon foi considerado o maior do Brasil no setor em número de funcionários, gado abatido e carne exportada.
          Em 1993, depois de dedicar boa parte de seus 68 anos ao Frigorífico Bordon, o braço principal de um grupo de 15 empresas, Geraldo achou que era hora de desfrutar mais do seu haras, sua outra paixão, à qual também se dedicava muito. O grupo, do qual ele detinha 90% das ações faturava perto de 300 milhões de dólares por ano.
          Deixou a empresa nas mãos dos filhos Júlio e João Geraldo, e de outros dois membros do clã Bordon, João Paulo e Pedro Aristides, filhos de dois sócios minoritários, João Euclydes e Neide (herdeira de Irineu).
          O sossego durou menos de um ano. Geraldo tornou-se réu de um processo movido por seu sobrinho João Euclydes, até 1980, um dos seus mais próximos colaboradores. João Euclydes, que deixara o negócio, reclamava na Justiça uma participação acionária maior que os 2,41% registrados nos livros da empresa. Segundo ele, teria havido irregularidades em aumentos de capital. Em outubro de 1993, entrou com um pedido de exibição judicial dos livros da empresa.
          A justiça determinou que um perito vasculhasse os documentos do frigorífico, desde atas até contratos de financiamentos, a partir da década de 1970. O resultado da devassa foram nove volumes e mais de 1600 páginas. O laudo do perito concluiu que João Euclydes teria 9,435% do capital social. Numa carta ao sobrinho, Geraldo concordou com o perito. "Meu pai passou por uma situação humilhante", disse João Paulo. "Ele teve de ir à Justiça saber quanto possui do capital de uma empresa que ajudou a fundar."
          O filho de Geraldo, Júlio e o filho de João Euclydes, João Paulo, eram vice-presidentes do grupo. Os dois, efetivamente, não demonstravam nenhum traço de afetividade familiar, com agressões mútuas.
          Enquanto não retomavam as tradicionais pizzas aos domingos, em família, os Bordon, considerando um panorama de abril de 1994, viviam outro drama: a crise do setor de carnes no país. Concorrentes como a Sadia e a Ceval, por exemplo, haviam desativado seus frigoríficos de bovinos em 1993. A própria Bordon havia fechado duas unidades nos últimos anos. O azul não tingia seus balanços desde 1990. O endividamento crescia rapidamente. Suas dívidas de curto prazo alcançavam 120 milhões de dólares. Apesar disso, a disputa continuou, em que pese a evidência de que a sobrevivência do grupo estava em jogo.
          O grupo era um dos maiores exportadores de carne do país. Quase metade de seu faturamento vinha de vendas para países do Oriente e da Europa e para os Estados Unidos.
          A decadência da empresa se deu nos anos seguintes e, em março de 2000 fez pedido de concordata. O Grupo Bordon foi sucedido pela empresa Bertin, que tempos depois foi incorporada pela JBS Friboi.
(Fonte: revista Exame - 13.04.1994 - partes)

13 de mai. de 2020

SID

          Fundada em 1979, sob a égide da reserva de mercado, a SID é uma associação do empresário Matias Machline, leia-se Sharp, com o Bradesco. A sigla original, SID, vem das sócias iniciais, as empresas Sharp, Inepar e Dedini.
          A empresa tentou abraçar o mundo. E perdeu a identidade. Em certo momento, seu portfólio incluía de computadores pessoais a discos rígidos.
          Enquanto a Lei da Informática perdurou, tudo correu muito bem. Em 1989, por exemplo, a SID fechou com lucro de 8,5 milhões de dólares. A partir daquele ano, porém, a recessão e a abertura de mercado trataram de trazer as empresas de informática - e a SID também - à realidade. Elas descobriram que não sobreviveriam à concorrência dos importados.
          À procura de um eixo, em fevereiro de 1992 a SID foi buscar o executivo Jorge Roberto do Carmo, na ocasião dono de uma revenda de produtos de informática. A ligação entre ele e a SID era antiga. Carmo iniciara sua carreira na Sharp como programador júnior. A partir de então, desenvolveu sua trajetória inteiramente na área técnica. Em 1990, quando saiu do grupo para tocar sua empresa, era um dos diretores de negócios da SID.
          De volta à casa, Carmo colocou como sua primeira meta redefinir o foco de negócios da SID. A primeira atividade sacrificada foi a de microcomputadores, considerada por Carmo uma commodity e a empresa não tinha condições de enfrentar os importados. As atenções da companhia voltaram-se para a atividade na qual ela se considerava líder, a automação bancária e comercial. A escolha não foi difícil. Desde sua origem, a SID investiu nesse campo, empurrada até por um dos acionistas na ocasião, o Bradesco. Ao ser atendido nos caixas das agências (depois de passar pelas costumeiras longas filas), o cliente podia facilmente identificar os terminais de computadores com o símbolo da SID. Além disso, a concorrência externa não existia.
          A SID também fechou um acordo de distribuição de equipamentos para processamento corporativo fabricados pela americana Sun Microsystems. Ao mesmo tempo, manteve um contrato de representação para a venda de discos rígidos Fujitsu. Da canadense Dulfax, a SID trouxe as impressoras.
          Em setembro de 1992, incorporou as atividades da Digilab, do Bradesco. Dois meses depois, o banco adquiriu 19% das ações da holding Sharp S.A. Enquanto assinava acordo com os estrangeiros, Carmo arrumava a casa. Cada uma das cinco unidades de negócios ganhou equipes de vendas próprias. A cúpula da empresa também não escapou às mexidas. Dos seis diretores, quatro foram substituídos. Todos os novos ocupantes foram recrutados dentro dos próprios quadros da SID. Eram antigos companheiros de Carmo. "Foi uma das formas que encontrei de resgatar a cultura da empresa", disse ele. "Assim, reencontramos nossa vocação."
          A profunda mudança na orientação dos negócios tirou a SID do vermelho. Em meados de 1993, a empresa já estava bem mais saudável.
(Fonte: revista Exame - 18.08.1993 - parte)

10 de mai. de 2020

Cragnotti & Partners

          O grupo italiano Cragnotti & Partners era dono, no Brasil, da Bombril e Orniex. Pertencia ao empresário Sergio Cragnotti.
          No começo de março de 1994, a Cragnotti fechou a compra da Cirio, Bertolli, Derica Spa, a maior empresa italiana do setor de derivados de tomate. No Brasil, o executivo Aldo Marsegaglia era o presidente de todas as empresas do grupo.
          Em abril de 1994 o grupo estava prestes a comprar uma tradicional indústria de sabão em pedra na Bahia, a Vieira Garcez, fabricante da marca Celeste, com duas unidades industriais, em Aratu e Salvador. A aquisição marcaria a virada da estratégia de negócios dos italianos no país. O Cragnotti queria firmar-se como grupo industrial. Até então, sua imagem tinha sido associada a atividades de merchant banking, expressão em inglês para designar a compra de empresas com o objetivo de saneá-las e passá-las adiantes. A política dali para a frente seria crescer no setor de higiene e limpeza, com a compra de empresas como a Vieira Garcez e investimentos na ampliação da capacidade instalada.
          A mesma estratégia estava sendo utilizada pela matriz do grupo, na Itália, onde já era dono da Polenghi e da Ala, ambas no setor de leite e derivados.
          Para reforçar a estratégia de voltar-se à produção, o Cragnotti fechou seus escritórios em Paris e em Londres. Eles tinham a função de garimpar oportunidades de negócios. Essa atividade foi desativada também no Brasil.
          Mas já em setembro de 1994, portanto aproximadamente seis meses depois da compra da Cirio, Bertolli, Derica Spa, o grupo Cragnotti estava às voltas com problemas de caixa, provocados por esse negócio. Por isso, a vocação industrial do grupo no Brasil poderia passar a ser revista e passou a considerar a venda de alguns de seus principais ativo no país - leia-se a Bombril e a Orniex. Negociações para a venda chegaram a ser abertas com a Colgate-Palmolive, mas o acerto esbarrou nos cifrões.
(Fonte: Exame - 13.04.1994 / 14.09.1994 - partes)

7 de mai. de 2020

Bar do Pudim

          O bar já se chamava Pudim por causa do primeiro dono, que o inaugurou em 1968. “Ele adorava essa sobremesa. Numa enquete entre amigos sobre o nome do bar, ficou decidido Bar do Pudim, que funcionou com ele durante dez anos, até que nós entramos”, explica a Dione Cristina Treis, 62 anos, a atual proprietária do bar. O bar está com a família Treis desde 1978 e fica em frente à Praça do Gaúcho, na bairro São Francisco, em Curitiba.
          Dione e seu marido, Hilário Artur Treis, ainda eram namorados na época da compra. Os dois se casaram, tiveram duas filhas, mas Hilário, que tocou o bar até o ano 2000, faleceu em um acidente de moto. “Assumi e toco o Pudim sozinha, desde então”, revela a dona.
          O Bar do Pudim é famoso pelos petiscos que apresenta no cardápio, como a empadinha de palmito com camarão, o bolinho de siri, o pastel de provolone, o croquete de camarão e o pão com bolinho. Além, claro, do cardápio variado de cervejas sempre geladas. “Nunca fechei exclusividade com marcas”, apontou Dione. Esse seria um dos motivos do sucesso do Pudim.
          Ao longo dos 52 anos de funcionamento, clientes famosos passaram por lá, como o poeta Paulo Leminski e o cantor da banda Blindagem Ivo Rodrigues. Skatistas também volta e meia iam no Bar do Pudim por estar na frente da pista da Praça do Gaúcho, como os campeões mundiais Ferrugem e Daniel Vieira. O lutador Wanderlei Silva e artistas, como os atores Luís Melo e Guilherme Weber volta e meia também apareciam.“O Daniel Vieira comeu pão com ovo e tomou um Sprite”, brinca o garçom Milton Soares dos Santos, o Miltinho, 57 anos, referência no atendimento de mesas desde que começou a trabalhar no Pudim há 40 anos, em 1980. A pista de skate, conta Dione, foi inaugurada justamente no ano em que ela comprou o bar: 1978.
          Dione foi bancária por 23 anos, mas havia pedido demissão voluntária na privatização do Banestado, o antigo Banco do Estado do Paraná. “Tocar o bar foi o que se apresentou para mim. Com duas filhas pequenas, encarei o desafio.
          Mas, tinha uma pandemia no meio do caminho. Foram 38 dias com as portas fechadas com o isolamento social de prevenção da covid-19 até que, no domingo, 26 de abril de 2020, uma postagem no Facebook avisou que o Bar do Pudim reabriria segunda-feira (27), mas com prazo de validade: "vai funcionar só por mais 30 dias, finalizando as atividades de vez no dia 26 de maio."
          "O objetivo da saideira é dar chance aos clientes de se despedirem. Justo, já que o Pudim coleciona 52 anos de amizades, tradição e comida boa. Para quem quer dar adeus ao estabelecimento com uma última gelada, o bar passa a funcionar de segunda a sábado, das 15h30 às 21h30.
          "Chegou a hora de parar”, conta Dione. Se vai sentir saudades do Pudim, Dione não sabe dizer. “Tenho pensado nisso, por isso a decisão foi tão difícil”.
          A crise do coronavírus até pesou no aviso de fechamento do Bar do Pudim, mas a proprietária conta que o coronavírus a fez apenas adiantar a decisão que já vinha sendo planejada há dois anos. A pandemia só deu tempo para ela, tomar de vez a decisão. Mas é uma influência mais simbólica do que financeira.
          Conforme Dione, o plano pessoal dela era parar de trabalhar no bar aos 60 anos de idade. Por ser uma decisão difícil, acabou prorrogando o fechamento. Mas aí vieram os decretos da pandemia, proibição de aglomeração e o Pudim paralisou o atendimento no dia 19 de março.
          Desde então, a opção por deixar para sempre a vida no balcão ganhou força. “Crise a gente passa. Quem é que não vem sofrendo com ela desde 2015? Mas não foi por isso. A gente estava levando bem. Foi meu projeto de vida que se apresentou mais evidente no isolamento social. É hora de descansar”, revela a proprietária.
          O Bar do Pudim tem seis funcionários. Eles ainda não sabem o que farão. O mais famoso deles, inclusive, aposta na possibilidade de aparecer alguém para assumir o ponto. “Quem sabe”, diz o garçom Miltinho. Dione confirma que há sim possibilidade de passar o ponto – o que mantém viva a esperança dos fregueses em continuar frequentando o Bar do Pudim.
          “Vou fechar, mas vou manter a empresa aberta por um tempo. Se aparecer negociação nesses próximos 30 dias, pode ser que o Pudim fique aberto”, revela a proprietária.
          Uma coisa que parece não gerar dúvidas é a saudade que a clientela vai sentir do Pudim. Na tarde de segunda-feira, logo que o bar reabriu após o período de isolamento, o empresário Thiago Souza, 36 anos, foi bater cartão no estabelecimento. “Eu lamento que vai fechar. Fiquei sabendo e vim aqui, me despedir”, conta.
          Sobre a violência no entorno da Praça do Gaúcho nos últimos anos e as dificuldades geradas pela crise econômica no país desde 2015, Dione explica que não interferiram na decisão dela de fechar o bar. “Em todos esses anos, é natural que o público mude. Mas meus clientes sempre foram mais presentes por causa da comida, para apreciar um petisco. Muito mais do que a bebida”, aponta.
          No que diz respeito à comida, aliás, a reportagem da Tribuna perguntou se o fechamento do bar faria Dione revelar os segredos das receitas saborosas que são servidas no Pudim. “Por enquanto, não. Vai que alguém assume e não fecha”, brinca.
          Por enquanto, é o que se presume. Um dos mais tradicionais bares de Curitiba, há 52 anos servindo deliciosos petiscos e cerveja gelada no bairro São Francisco. O tradicional Bar do Pudim deixaria saudades na cena boêmia de Curitiba.
(Fonte: Tribuna do Paraná - 29/04/2020 (por Alex Silveira) / Gazeta do Povo)