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10 de jan. de 2024

Morana (acessórios)

          O ano era 1972. O casal Lee e seus três filhos – Marcos, Jae e Sandra – saíram da Coreia com destino ao Brasil em busca de novas oportunidades. Quando a família já estava estabelecida, o casal decidiu abrir um negócio. Foi assim que, em 1978, surgiu na Rua Augusta, em São Paulo, a Poppy Art, uma loja de joias e objetos de decoração. “A colônia coreana no Brasil estava muito concentrada no 
comércio. Incentivados pelos amigos, meus pais decidiram abrir a loja”, lembra Jae Ho Lee.
          Ciente de que o mercado de bijuterias era uma opção rentável e preocupada com o risco do comércio de peças de ouro, a família mudou o plano do negócio e passou a vender apenas bijuterias. A nova estratégia aconteceu ao mesmo tempo em que os shoppings começavam a cair no gosto dos consumidores. Naturalmente, o Sr. Lee transferiu a loja da Augusta para o Shopping Center Norte; o Marcos abriu operações no Ibirapuera e no Aricanduva; e a Sandra, no Interlagos.
          Ao longo de 20 anos, a Poppy Art teve sete unidades. Após a morte do Sr. Lee, em 1999, os irmãos assumiram a loja do pai. Enquanto isso, Jae, que já estava formado em Administração de Empresas, se aventurava pelo franchising com a Jin Jin Wok; e Marcos tinha, no Bom Retiro, uma importadora de tecidos.
          Com o conhecimento dos irmãos em bijuterias e franchising, Marcos enxergou uma nova oportunidade de negócio. A ideia era criar a primeira franquia de bijuterias do Brasil. Com base na experiência que acumulou em varejo, shopping e comportamento de consumo, Jae fez uma análise do cenário e também viu boas perspectivas. “Naquele momento, crescia a presença da mulher no mercado de trabalho. Eram consumidoras que queriam e precisavam estar mais bonitas e tinham poder de compra. Com conhecimento técnico em bijoux, varejo e franquias, enxergamos que era possível criar uma marca para esse novo mercado”, conta Jae.
          Foi assim que, em 2002, eles transformaram a Poppy Art na Morana, uma loja com novo posicionamento, novo layout e novos produtos. O nome da marca é em homenagem à esposa de Jae, Morana. O lançamento da marca foi na ABF Franchising Expo daquele mesmo ano e marcou o início de uma nova história.
          Grande parte dos produtos da Morana é importada da Coreia. Para oferecer peças de qualidade e ter segurança no abastecimento, Marcos se mudou com a família para Los Angeles e, assim, fica no meio do trajeto entre a Coreia e o Brasil. “A qualidade das mercadorias da Coreia sempre foi melhor do que as da China, por exemplo, mas ainda não estava adequada ao nosso nível de exigência. Estando mais próximo dos fornecedores, passamos a pagar para ter mais qualidade e começamos a selecionar os fornecedores que trabalhavam sério e entendiam a nossa exigência. Hoje, eles são nossos parceiros.”
          A responsável pela compra dos produtos é Ana Lee, esposa do Marcos – no início, a Morana, esposa do Jae, também participava desse processo. Em 2010, a empresa abriu um escritório na Coreia para facilitar ainda mais as etapas de compra. A equipe atual é formada por nove pessoas, entre administração, fotografia, produção, controle de qualidade e compras.
          Em 2017 a Morna atingiu 15 anos de história e muitas adaptações nesse período, porém, sem perder o seu DNA. Foi assim que a Morana se tornou uma das marcas mais desejadas pelas mulheres. “Por ser uma marca feita para as mulheres, nossa preocupação e nosso foco estão no desenvolvimento e no crescimento do universo feminino. Elas se posicionam, têm identidade e opinião”, explica Marcia Teodoro, gerente de Marketing da marca.
          Para estar atenta a essa evolução, a Morana observa tudo ao seu redor e faz as mudanças que forem necessárias. “A comunicação da marca mudou bastante. Hoje fazemos um trabalho forte no off-line, mas forte também no digital, porque há muitas marcas conversando com essas mulheres”, diz Marcia.
          Peças clássicas, atemporais e também atuais fazem com que a marca esteja totalmente alinhada aos desejos de consumo da mulher do século XXI. “Hoje, a informação chega muito mais rápido e faz com que a mulher queira estar atual. Antes, se elas esperavam a Vogue para conhecer as tendências da Europa, hoje elas sabem de tudo pelo Snapchat. Com isso, as pessoas passam a não ter condições de consumir joias o tempo todo, e a bijoux acaba ganhando força no mundo inteiro”, analisa Jae.
          O caminho natural dessa evolução passa por mudanças na cadeia de fornecedores e resulta em melhorias no design e na qualidade das peças. “Hoje é cool usar bijoux mesmo entre as mulheres de classe alta, porque são peças fashion”, diz Jae.
          A top Gianne Albertoni é a estrela da coleção de alto verão 2023/2024 da marca de acessórios Morana. Gianne foi a primeira celebridade que fez uma campanha para a marca há quase 20 anos. A estação mais quente do ano inspirou a marca que apostou em peças com muitos elementos que realçam a vibe refrescante do verão. Na coleção, o consumidor também vai encontrar acessórios clássicos e muitas argolas. “Trazer a Gianne para dar vida à nossa campanha foi especial. Além disso, celebramos a chegada do verão que é uma estação que traz inspiração para quem gosta de curtir a temporada. A Gianne chegou para somar”, conta Nara Dutra, head de marketing, e-commerce e CRM da Morana.
(Fonte: Grupo Ornatus - 10.01.2017 / Estadão - 06.01.2024 - partes)

9 de jan. de 2024

Cristallo Confeitaria

          A unidade da Cristallo da Oscar Freire, quase na esquina com a Rua Bela Cintra, na zona oeste de São Paulo, foi aberta por ali em 1978. Ao longo das quase cinco décadas em que esteve aberta na Oscar Freire, a confeitaria virou um ponto de encontro de diferentes gerações. O domingo, 7 de janeiro de 2024, era, porém, dia de despedida.
          Era por volta de 17 horas quando a aposentada Leni Colaferri, de 71 anos, se acomodou em uma mesa de calçada da confeitaria Cristallo. Na cadeira ao lado, colocou com cuidado a cachorrinha Lolla Bani, companhia inseparável das caminhadas de fim de tarde. O domingo, porém, foi a última vez que a dupla seguiu esse roteiro. A unidade da Cristallo da Oscar Freire, viveu seu dia de despedida do número 914, em tarde marcada por comoção entre funcionários e frequentadores assíduos. A confeitaria, assim como outros estabelecimentos vizinhos, será demolida para a construção de um residencial de alto padrão.
          “O charme da Oscar Freire está nas pequenas lojas, é uma pena isso estar se perdendo”, afirmou Leni. Muitos dos frequentadores ouvidos pela reportagem disseram que não era preciso sequer combinar com os amigos para encontrá-los por lá. “Esse lugar marcou minha infância, saber que vai fechar dá um aperto no coração”, disse a estudante Ava Lopes, de 16 anos. Quando ficou sabendo da notícia pelas redes sociais, ela fez questão de ir com a mãe até o local para se despedir. Pediu o de sempre: uma empada de frango e um suco de frutas vermelhas. “Não tem outro lugar como esse por aqui na Oscar Freire”, disse o economista Julius Serruya, de 42 anos. Natural do Pará, ele afirma que um dos pontos positivos da confeitaria é a informalidade que se vê por ali. “Vinha com meus pais na infância, agora encontro diariamente com os amigos por aqui.” Morador da Rua Bela Cintra, Julius aproveitou o último dia da confeitaria com o administrador de empresas Rogério Joaquim de Carvalho, de 70 anos, em uma mesa de calçada. Pouco depois, juntou-se aos dois o músico e advogado Austin Robert, de 85 anos, que passeava com o cachorro Tyson. “Esse lugar é um marco da cidade”, disse ele, que é morador da Rua Haddock Lobo. “Sempre foi nosso ponto de encontro, não tem outro local como esse.”
          Além da unidade da Cristallo, ao menos cinco lojas na Oscar Freire – entre elas, uma unidade da Kopenhagen – devem ser demolidas para a construção de um empreendimento de luxo nomeado Oscar 900. O projeto, que terá uma unidade de até 514 metros quadrados, é encabeçado pela incorporadora RKG e pela construtora RFM. Como já mostrou o Estadão, uma transformação que vai além da troca de uma grife por outra chama a atenção na Rua Oscar Freire. Novas lojas, sorveterias e restaurantes atraem um público curioso por experiências gastronômicas e de compras com milhares de visualizações em redes sociais, como o TikTok. Ao mesmo tempo, a construção de prédios altos altera a paisagem em vários trechos.
          Por ora, não há previsão de uma nova unidade da Cristallo na região – permanece aberta a do Shopping Pátio Higienópolis, na região central. 
(Fonte: Estadão - 09.01.2024)

8 de jan. de 2024

I Squared Capital

          A I Squared Capital, uma empresa de gestão de investimento, abriu seu escritório no Brasil pouco depois de meados de 2023.
          No início de 2024, a I Squared adquiriu uma participação de 49% na empresa de energia renovável Órigo Energia, contribuindo com US$ 400 milhões. Este investimento está destinado à expansão da empresa. O acordo, assinado no final de dezembro, deverá ser finalizado no primeiro trimestre de 2024.
          Esse movimento marca seu investimento inaugural no país. O investimento na Órigo deverá ser financiado através de dois fundos do grupo: a maior parte será proveniente de um fundo global avaliado em cerca de 15 bilhões de dólares, com uma parte suplementar de um fundo dedicado exclusivamente aos mercados emergentes, que acumulou um total de US$ 1,7 bilhão.
          A Órigo possui atualmente uma capacidade instalada de 300 megawatts-pico (MWp) em parques de energia solar e pretende adicionar mais 2 gigawatts-pico (GWp) de 2024 a 2026.. O investimento projetado para esta expansão é de R$ 6 bilhões.
          O envolvimento da I Squared ocorrerá por meio de injeção de capital, resultando na diluição das participações dos sócios existentes enquanto permanecerem no negócio. Os atuais acionistas da empresa incluem a americana Augment Infrastructure, Mitsui, TPG ART, BlaO (Blue like an Orange Sustainable Capital) e MOV Investimentos.
          A Órigo atende atualmente cerca de 100 mil clientes em Minas Gerais, Pernambuco, Ceará, Mato Grosso do Sul, Brasília e São Paulo. A empresa pretende expandir seu alcance para pelo menos 20 estados.
          O modelo de negócios da empresa gira em torno da geração compartilhada, visando principalmente clientes de menor porte, incluindo residências e pequenas e médias empresas. A Órigo constrói parques solares perto das cidades e aluga “quotas” destas unidades geradoras, que depois fornecem energia à rede local de distribuição de eletricidade.
           Em troca, os clientes detentores de “cotas” dos parques solares recebem descontos na conta de luz. Este acordo oferece um método mais econômico para os consumidores acessarem o mercado de geração distribuída, eliminando a necessidade de investimentos individuais em instalações de painéis solares em suas residências ou empresas.
          “Esta transação é um marco histórico para a I Squared. Estabelecemos metas ambiciosas em energia renovável e estamos utilizando nossa experiência neste campo para desenvolver uma plataforma global de primeira linha centrada em energia renovável”, afirmou Gautam Bhandari, sócio-gerente e diretor de investimentos da I Squared, em um comunicado da empresa.
          Fundada em 2010, a Órigo esteve entre as pioneiras no setor de geração cedida de energia. Em 2022, a empresa reportou receita líquida consolidada de R$ 90,4 milhões, aumento de 66,7% em relação ao ano anterior. Apesar desse crescimento, a Órigo registrou prejuízo líquido de R$ 235,8 milhões no ano, após resultado igualmente negativo em 2021, no valor de R$ 96 milhões. Internamente, a empresa vê estes números como reflexo de uma fase de rápida expansão, onde os investimentos estão a ser feitos, mas ainda não produziram retornos.
          “Este investimento permitirá à Órigo agilizar o desenvolvimento de parques solares, alargando assim os nossos serviços a milhares de novos clientes e a mais de 20 estados nos próximos anos”, 
anunciou Surya Mendonça, presidente da Órigo, no comunicado.
          A empresa gerencia ativos de infraestrutura avaliados em aproximadamente US$ 40 bilhões.
(Fonte; jornal Valor - 08.01.2024)

29 de dez. de 2023

Emae

          A EMAEEmpresa Metropolitana de Águas e Energia S.A., foi criada em 1998. É sucessora da Light e da Eletropaulo, e é uma empresa de capital aberto, cujo controle acionário pertence ao Estado de São Paulo.
          Sediada na capital paulista, é detentora e operadora de um sistema hidráulico e gerador de energia elétrica, localizado na Região Metropolitana de São Paulo, Baixada Santista e Médio Tietê.
          A Emae opera atualmente cinco usinas, que somam 960,8 megawatts (MW) de potência instalada. A maior parte dessa potência vem da usina hidrelétrica (UHE) Henry Borden, em Cubatão (SP), com 889 MW, e que tem contrato de concessão até janeiro de 2043. Também compõem o portfólio as estações de Porto Goés, Rasgão e Pirapora.
          Na tarde de sexta-feira, 19 de abril de 2024, ocorreu a disputa na B3 no leilão de privatização da Emae. O Fundo Phoenix, administrado pela Trustee DTVM, e que tem entre seus cotistas o empresário Nelson Tanure, venceu o primeiro leilão de privatização do governador do Estado de São Paulo Tarcísio de Freitas. Com ágio de 33,68%, o fundo arrematou a estatal Emae por R$ 1,04 bilhão. As ações da empresa, que se mantinham estáveis até o início do leilão, despencou durante a disputa. Até as 16h38, os papéis derretiam 32,89%. No encerramento do pregão, a queda ficou em (-) 28,42%, cotada a R$ 54,40.
          Além do Fundo Phoenix, participaram da disputa a Matrix Energy - ligada à comercializadora Matrix Energia, empresa detida pela DXT International S.A. (50,01%), parte do Grupo Duferco, e por fundos de investimento sob gestão da Prisma Capital (49,99%) - e o grupo francês EDF.
(Fonte: site da empresa / Estadão - 26.12.2023 - partes)

28 de dez. de 2023

Dish Network / Echo Star

          Nascido no Tennessee em 1953, filho de um ex-físico do Projeto Manhattan, Charles Ergen assumiu o controle de suas finanças aos 18 anos, quando seu pai morreu, juntando fundos para pagar as mensalidades da Universidade do Tennessee-Knoxville com biscates e ganhos no pôquer. Após a formatura, ele obteve um MBA na Wake Forest e trabalhou por alguns anos como auditor e depois como analista financeiro antes de decidir que não estava preparado para ser funcionário corporativo.
          Em 1980, ele se juntou à crescente indústria de TV via satélite, fundando a EchoStar (originalmente chamada Echosphere) com sua futura esposa, Cantey McAdam, e seu amigo Jim DeFranco, que juntos vendiam antenas parabólicas na traseira de um caminhão. Enquanto o trio atravessava uma rodovia do Colorado para instalar seu primeiro sistema, Ergen – dirigindo rápido demais – viu-se perder metade de seu inventário em segundos, quando uma rajada de vento fez voar a antena que eles estavam rebocando.
          Depois de alguns anos instalando parabólicas para clientes em toda a região rural de Mountain West, ele decidiu tentar enviar satélites ao espaço para poder oferecer seus próprios serviços de transmissão. Com títulos de alto risco e uma IPO de US$ 63 milhões, a sua equipe reuniu dinheiro suficiente até ao final de 1995 para lançar o seu primeiro satélite – utilizando um foguetão da China Great Wall Industry Corp., que tinha uma taxa de fracasso de 50%. Ergen disse mais tarde que a empresa poderia ter desmoronado imediatamente se o lançamento não tivesse funcionado. Assim começou a Dish Network, então uma entidade subordinada à EchoStar/
          Em dois anos, a EchoStar tinha mais de 1 milhão de clientes e estava adicionando assinantes seis vezes mais rápido que seu maior concorrente, a DirecTV. Foi o suficiente para colocar Ergen entre as pessoas mais ricas do país. Em 1997, ele apareceu pela primeira vez na Forbes 400, valendo cerca de US$ 500 milhões. Nesse mesmo ano, ele ganhou as manchetes por uma briga infame com Rupert Murdoch, da News Corp., que concordou em fundir ativos de TV via satélite, mas desistiu do acordo, deixando a EchoStar para morrer.
          Ergen, furioso, processou por quebra de contrato. Acabou em constrangimento para Murdoch, que não conseguiu encontrar parceiros satélites alternativos e voltou para a EchoStar, aceitando um acordo pior do que o que tinha feito inicialmente. (Os dois continuaram a enfrentar-se durante anos como concorrentes; Murdoch adquiriu a DirecTV um ano depois de a oferta de Ergen ter falhado.)
          Ao longo do caminho, Ergen desenvolveu uma reputação de frugalidade, inclusive pedindo aos primeiros executivos da EchoStar que compartilhassem quartos de hotel – algo que ele também fez – e reservassem voos noturnos sempre que possível. Na década de 1990, ele comprou um passe vitalício da United Airlines que garante a ele o melhor assento disponível em qualquer voo doméstico pelo resto de sua vida, uma decisão que economizou “milhões de dólares” para a empresa, disse o porta-voz da Dish, Ted Wietecha.
          Em 2008, Ergen transformou a Dish em uma empresa separada, que se tornou o negócio principal, dizendo que a separação ajudaria a financiar a expansão e permitiria que cada entidade se especializasse (Dish na TV paga; EchoStar na tecnologia de satélite). À medida que a estrela de Dish crescia, Ergen também fez alguns inimigos, ganhando o título de “o homem mais odiado de Hollywood” pelo The Hollywood Reporter e Dish como “a pior empresa para se trabalhar”. “É claro que Hollywood odiava Charlie”, responde o porta-voz Wietecha, porque Ergen introduziu a tecnologia de evitar publicidade que irritou as emissoras: “Essa luta é apenas mais um exemplo de como a Dish inova em nome dos consumidores”.
          Agora, Ergen pensa ter encontrado outro salva-vidas: o 5G. Desde 2008, ele vem adquirindo licenças para o espectro, as bandas de radiofrequências pelas quais as comunicações sem fio viajam e que são regulamentadas pela FCC. Em 2020, ele tinha um enorme portfólio de licenças que estavam prestes a expirar antes que pudesse usá-las.
          Foi então que ele recebeu seu último adiamento de 11 horas, de uma investigação antitruste: a FCC estava debatendo se permitiria uma fusão entre duas das quatro principais operadoras de telefonia celular dos EUA, T-Mobile e Sprint. Em vez de proibir a mudança, a comissão elaborou um plano incomum de ajudar uma nova operadora a obter os recursos para substituir a Sprint como o quarto player no mercado. A Dish, com sua montanha de espectro valioso, era a única empresa que poderia preencher a função.
          No início de 2015, cerca de 14 milhões de lares assistiam TV através da sua Dish Network, que recentemente atingiu o máximo histórico de capitalização de mercado de quase US$ 37 bilhões. Seu segundo negócio, a EchoStar, estava lucrando com o sucesso da Dish, fornecendo a maior parte da tecnologia de satélite para suas transmissões. Ergen, que possuía fatias consideráveis de ambas as empresas de capital aberto, tinha uma fortuna de US$ 20,1 bilhões. No início de 2015, Charles Ergen era a pessoa mais rica do Colorado e a 24ª mais rica dos Estados Unidos. 
          Aí começaram os problemas, à medida que os clientes migraram para alternativas como Netflix e Hulu. A base de assinantes da Dish TV caiu para 6,7 milhões, ante 14,1 milhões em 2010. A Dish perdeu 900 mil clientes somente em 2022. Os acionistas abandonaram o barco, empurrando as ações de US$ 70,83 por ação em fins de 2014 anos para US$ 4,88, uma queda de 93%. Só em 2023, a baixa foi de 65%.
          Enquanto isso, a EchoStar gerou US$ 1,8 bilhão em receita nos 12 meses até setembro de 2023, quase metade dos US$ 3,4 bilhões que gerou nove anos antes. Não é de surpreender que o património líquido da Ergen – que permanece em grande parte ligado aos dois negócios – tenha caindo espantosos 94% desde 2015. Sua fortuna caiu para menos de US$ 800 milhões em novembro de 2923, quando ele caiu brevemente da lista de bilionários pela primeira vez desde 1998.
          Agora Ergen, um ex-jogador profissional de pôquer, aposta que pode virar o jogo com uma reforma completa dos negócios: fundindo a EchoStar e a Dish e transformando o negócio de TV paga em uma operadora de rede sem fio 5G. A sua aposta é em uma tecnologia inovadora mas pouco testada e num acordo que trará o dinheiro para sanear o balanço tão necessário para fazer a triagem do balanço repleto de empréstimos da Dish, que totaliza US$ 21 bilhões em dívidas, dos quais US 3 bilhões vencem em 2024.
          Anunciada em agosto de 2023, a FCC aprovou a fusão em 6 de dezembro, fazendo com que as ações disparassem 31% desde seu mínimo de US$ 3,32 e ajudando a empurrar Ergen de volta à categoria de bilionários. A transação deverá ser concluída até o final do mês.
          Os investidores estão encorajados com o fato de a Dish conseguir agora pagar pelo menos a primeira das suas enormes dívidas em 2024, embora os analistas permaneçam cépticos quanto à saúde do negócio a longo prazo, especialmente porque as dívidas podem continuar a aumentar e o negócio precisa de levantar mais milhares de milhões. Não é a primeira vez que Ergen enfrenta dificuldades – ou apresenta um plano de longo alcance para sair.
(Fonte: Reuters/Forbes Brasil - 21.12.2023)

22 de dez. de 2023

Bird (scooters)

          A Bird há muito se posiciona como parceira para ajudar as cidades a se tornarem verdes. Foi criada em 2017 por Travis VanderZanden e se expandiu rapidamente, impulsionado por grandes investidores do Vale do Silício, incluindo Sequoia Capital e Accel Partners.          
          A Bird, uma empresa de scooters (patinetes) elétricas que foi uma das start-ups que mais rapidamente se tornou um unicórnio.          
          A popularidade scooters elétricas da Bird explodiu antes do início da pandemia de Covid-19, e a empresa arrecadou mais de 275 milhões de dólares em 2019, o que elevou a sua avaliação para 2,5 bilhões de dólares.
          Ao serem forçados ao confinamento em 2020, os clientes pararam de andar de bicicleta, mas a Bird lutou para se recuperar.
          A empresa levantou mais de meio bilhão em financiamento de risco e abriu o capital por meio de uma fusão com uma sociedade de aquisição de propósito específico em 2021, mas o preço de suas ações caiu.
          Mas as perdas da Bird acumularam-se e a empresa foi retirada da Bolsa de Valores de Nova York em setembro de 2023. Isso aconteceu depois que foi admitido no S.E.C. que tinha exagerado as suas receitas durante mais de dois anos; seu fundador, Travis VanderZanden, saiu em junho.
          Na manhã do dia 27 de dezembro de 2023, a Bird, antes avaliada em US$ 2,5 bilhões pelos investidores, entrou com pedido de proteção contra falência, no tribunal federal da Flórida, nos Estados Unidos. Nesse dia as ações da empresa estavam sendo negociadas a menos de US$ 1 por ação.
          Segundo o site americano CNBC, o processo ocorre depois que a Bolsa de Valores de Nova York retirar a empresa do capital, ocorrido em setembro. A Bird não cumpriu os requisitos da bolsa depois de não conseguir manter sua capitalização de mercado acima de US$ 15 milhões por 30 dias consecutivos.
          No pedido de proteção contra falência, ocorrido meses depois de ter sido retirada da Bolsa de Valores de Nova York, a empresa celebrou um acordo “stalking horse”, que garante um retorno mínimo para os credores, mantém o valor dos ativos e proporciona um ambiente de negociação mais estável, de acordo com o comunicado ao mercado. A Bird Canada e a Bird Europe não fazem parte do pedido de quarta-feira da empresa e “continuarão a operar normalmente”, de acordo com o comunicado replicado pela CNBC.
          A Bird disse que usará o processo de falência para facilitar a venda de seus ativos, que espera concluir nos próximos 90 a 120 dias.
          Para ajudá-la a continuar operando, a empresa disse que garantiu US$ 25 milhões em financiamento da Apollo Global Management e de seus credores de segunda garantia. Michael Washinushi, CEO interino da Bird, permanecerá no cargo, enquanto a empresa busca um plano de recuperação que pode envolver a venda de ativos.
          O brilho desta parte outrora movimentada do sector da mobilidade urbana começou a desaparecer. A Micromobility.com, anteriormente conhecida como Helbiz, foi retirada ontem da Nasdaq e outro rival, a Tier Mobility, fez sua terceira rodada de demissões no mês passado.
          As scooters Bird podem ser encontradas em mais de 350 cidades, de Roma a São Francisco. (Os negócios canadenses e europeus da empresa não fazem parte da falência, observou Bird, e continuarão a operar normalmente.) Também tem havido muitas reclamações sobre scooters de aluguel abandonadas lotando calçadas e parques. Paris proibiu o aluguer de e-scooters este ano, uma novidade numa capital europeia, embora ainda permita e-scooters de propriedade privada.
(Fonte: NY Times - 21.12.2023 / Valor - 21.12.2023 - partes)
A row of Bird electric scooters are parked on the side of a city street.
             Bird, a empresa de scooters elétricos, entrou com pedido de proteção contra falência,          meses depois de ter sido retirada da Bolsa de Valores de Nova York.
William DeShazer para o New York Times

21 de dez. de 2023

Cantinho da Vovó

          O restaurante Cantinho da Vovó era um sonho familiar. Mais especificamente de Maricelma Mendes, sogra de Gustavo Patrício Clemes, de 40 anos, ex-bancário e investidor inicial do 
empreendimento, localizado em Criciúma, Santa Catarina.
          No início do empreendimento, Clemes seguia trabalhando no banco e dava suporte para a produção de marmitas da família Mendes. Para ele, o objetivo sempre foi agradar ao cliente, surpreender e fidelizar, mesmo que no início o retorno não fosse como o esperado. “Em vez de fazer só 
arroz e feijão, já servia uma lasanha junto. O negócio era fazer o nome”, diz.
          O restaurante físico começou realmente como um “cantinho”. Era uma sala pequena, em um bairro simples, que só tinha quatro mesas. Eles vendiam principalmente lanches, como hambúrgueres e marmitas. Depois, com o dinheiro de participação nos lucros e resultados (PLR) que recebeu do banco, 
Clemes conseguiu investir em um pequeno bufê.
          Quando se mudaram para um novo salão, com capacidade para 60 pessoas, uma personagem surgiu para representar a culinária afetiva do local. A “vovó” passou a ser encenada por Maria Cristina Mendes, de 58 anos, tia da mulher de Clemes. A verdadeira vovó, Maricelma, prefere ficar na cozinha.           Inicialmente, a tia ficava de ajudante e também fazia algumas fotos para divulgar o estabelecimento. Na pandemia, acumularam dívidas, mas não desistiram. Depois desse período, o restaurante reabriu próximo de uma universidade, em um local maior, com capacidade para 120 pessoas. A localização facilitou os contatos para que o cantinho começasse a produzir eventos como 
formaturas.
          Com o empreendimento estabelecido, Gustavo pediu as contas no banco para ajudar nas tarefas do local. A personagem da vovó e Clemes, que faz o personagem “perninha”, começaram a produzir conteúdo em forma de vídeos curtos durante as férias, geralmente um implicando com o outro, e ganharam visibilidade nas redes. Mas não foram apenas as brincadeiras que chamaram a atenção do público, e sim as comidas. Em um dos vídeos, a vovó ostenta um dos maiores sucessos do restaurante: um bufê de sete metros com peixes, camarão, lasanha, outras massas e sobremesas. Esse é o cardápio do fim de semana, que custa R$ 89,90 para consumo livre. Durante os dias úteis, o foco é comida caseira, e o cardápio varia entre dias temáticos como: peixe, feijoada, miúdos e culinária italiana. 
Nesses dias o preço é R$ 59,90 o quilo ou R$ 40 a opção livre. Todos os preços são de dezembro de 2023.
          De acordo com Gustavo Clemes, eles ficaram dois anos sem lucrar, apenas investindo, e somente em 2023 colheram os frutos do trabalho e viram o faturamento mensal triplicar – valor que o empreendedor prefere não revelar. “Literalmente pagávamos para trabalhar, e neste ano conseguimos quitar as dívidas e comprar uma casa para minha sogra”, conta. Atualmente,  numa das avenidas mais movimentadas de Criciúma, o restaurante recebe cerca de 200 pessoas em dias de semana e, aos finais de semana, o local tem fila para entrar e não consegue comportar todos os clientes. Motivo pelo qual o empreendedor pretende expandir para um estabelecimento com capacidade para 400 pessoas, em 2024.
(Fonte: Estadão - 20.12.2023)

20 de dez. de 2023

Festval Supermercados

          A rede de supermercados Festval foi fundada pela família Beal, por volta de 1973. Mas, a família fundadora faz questão de dizer que todos os que fazem o Festval acontecer são parte dela. Se hoje, o Festval é referência de qualidade e bom atendimento em todo o Paraná, é porque não desviou de sua conduta ética, cordial e amigável, valores estabelecidos há 50 anos por seus, visionários, fundadores.                Há 5 décadas a Família Beal cumpre o propósito de encantar os clientes e proporcionar as melhores experiências. Entrar em uma loja Festval é um momento único no dia, um lugar para se sentir bem, acolhido, percebendo que há carinho em atenção em cada detalhe.
          A rede oferece marcas e linhas de produtos especiais, como a Mamma Bia, que se concentra em artigos tradicionalmente italianos, a linha Natural Festval, que se concentra em alimentos naturais e sem conservantes, e a linha dia a dia, que inclui produtos para consumo diário.
           A Festval possui sua própria rede de importação, com uma lista de mais de 1.000 itens de diversos países, facilitando o acesso do consumidor a produtos importados de qualidade.
          A Rede Festval se esmera para, com inovação e responsabilidade, trabalha para oferecer ambientes e momentos agradáveis aos seus clientes, com diferenciais que tornam o atendimento em suas lojas mais humano, personalizado e exclusivo.
          Em 19 de dezembro de 2023, o Festval inaugurou sua mais nova e inovadora loja. Localizada no bairro Água Verde, em Curitiba, é a maior unidade da rede, com mais de 3 mil metros quadrados de área de vendas e vem para inovar o varejo e levá-lo a outro patamar. A nova loja é a 19.ª unidade da rede em Curitiba e Região Metropolitana e a 24.ª em todo o Estado do Paraná. Localizada na Avenida Presidente Kennedy, 3.080, a unidade ocupa o espaço onde funcionava a antiga e histórica sede administrativa do HSBC/Bradesco e que anteriormente pertenceu ao extinto Banco Bamerindus.
          Considerando dados de fins de dezembro de 2023, a rede Festval possui 24 lojas, sendo 5 em Cascavel e 19 em Curitiba e Pinhais. Todas as lojas são padronizadas, seguindo uma arquitetura moderna e acessível.
(Fonte: jornal A Tribuna - 18.12.2023 / site da empresa - partes)


19 de dez. de 2023

DryWash

          Após ser demitido do emprego que conseguiu ao terminar a faculdade de publicidade, Lito Rodriguez decidiu empreender e desenvolveu um produto para lavagem de carros sem utilização de água, numa época em que pouco se falava sobre esse método.
          Sua incursão na área começou em 1994. Ele conta que escolheu empreender no setor de lavagem de carros por conta do baixo profissionalismo que via nas operações do setor, incluindo falta de padrão no serviço e informalidade. 
          Mesmo sem conhecimentos em química, ele estudou fórmulas e, com ajuda de um mixer emprestado da sogra, testou diferentes combinações até chegar a um produto que pudesse tirar a sujeira da lataria sem uso de água e sem danificar a pintura.
          Rodriguez começou a ir atrás de informações com químicos e visitou feiras do setor para procurar produtos que pudessem retirar as partículas de sujeira da lataria sem a necessidade de molhá-la previamente. “Eu tinha muita dificuldade de conseguir as matérias-primas, porque só pedia amostras grátis, não comprava nada.” Cerca de seis meses depois, chegou a um produto que tem como base a cera de carnaúba. O produto fragmenta as partículas de sujeira para reduzir o atrito e permitir que o veículo seja limpo somente com a aplicação de um pano. Estava fundada a DryWash (lavagem a seco, em português).
          Inicialmente, ele começou a aplicar o resultado de suas pesquisas em um lava-rápido próprio, na região de Moema, em São Paulo, que manteve até o desenvolvimento de sua marca.
          “Quando o produto começou a funcionar bem, passei a lavar alguns carros e, aos poucos, comecei a oferecê-lo no lava-rápido”, conta o empresário, que cita o ceticismo de parte do público nas primeiras demonstrações. Vencida a resistência inicial, o sucesso da operação fez com que Rodriguez decidisse vender o lava-rápido e passasse a operar outro espaço voltado especificamente para a lavagem a seco em um prédio comercial. Nesse período, tentou também comercializar sua invenção no varejo, oferecendo o produto em um supermercado, mas sem sucesso. “O produto não vendia nada na prateleira”, diz, reforçando a importância da demonstração da lavagem para o convencimento do público.
          Após o sucesso das vendas, o empresário percebeu que a expansão teria de ocorrer por meio de novas unidades. Em 1998, estruturou a operação de franquias e abriu a sua primeira unidade fora de São Paulo em um shopping no Rio de Janeiro. “Nosso foco nunca foi vender franquias, mas o crescimento sustentável da rede”, afirma.
          O sucesso fez com que o empresário expandisse suas operações por meio de franquias. Atualmente, a DryWash conta com uma rede de 45 lojas em São Paulo, Paraná, Goiás e Mato Grosso. “Eu era o cara mais improvável para desenvolver esse produto”, conta Rodriguez. Ele não revela o faturamento.
           Atualmente, além das opções de franquia e desenvolvimento de produtos, a rede DryWash conta com assistência e treinamento para o setor de conservação automotiva. Para isso, Rodriguez abriu uma nova empresa focada especificamente na gestão de micro e pequenos negócios com a oferta de treinamento e softwares para esse público.
(Fonte: Estadão - 17.12.2023)