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5 de out. de 2011

Morena Rosa

          A grife de moda Morena Rosa foi criada por Marco Franzato, em 1993, na cidade de Cianorte, distante pouco mais de 500 quilômetros da capital paranaense, Curitiba.
          Franzato, nascido em 1960, é o caçula de uma família humilde de Catanduva, no interior de São Paulo e começou a trabalhar como boia-fria aos sete anos, em fazendas de Cianorte. Só conseguiu se alfabetizar aos 15 anos de idade, quando pôde pagar um curso supletivo e já havia se mudado com os parentes para o Paraná. Na década de 1980, fez curso técnico de contabilidade e conseguiu uma vaga em uma empresa de doces.
          A virada aconteceu porque a fábrica de doces onde trabalhava corria o risco de falir. Franzato, então, resolveu ir atrás de um sonho antigo: montar seu próprio negócio. Sua decisão de abandonar a carreira foi intempestiva. Estimulado pela cunhada, que trabalhava como costureira e via as encomendas crescerem, resolveu dedicar-se integralmente ao novo negócio. Em 1993 vendeu seu carro, um Monza usado, juntou dinheiro com algumas economias da mulher, a professora de matemática Valdete Franzato, e chamou dois casais formados por cunhados para serem seus sócios: Enivaldo e Leila Barella e Osmar e Valdiva Jorge (todos com a mesma participação acionária).
          Marco e Valdete se conheceram em grupos de jovens (estavam em grupos diferentes), da igreja Matriz de Cianorte, na época em que o vigário era o padre Eurico Krautler, com quem até hoje conservam a amizade. Presenciaram o erguimento das torres da igreja e a inauguração dos sinos no Natal de 1986, após um esforço hercúleo do padre para angariar fundos para a obra. Duas semanas depois das badaladas inaugurais dos quatro portentosos sinos eletrônicos, padre Eurico foi abruptamente transferido.
          O negócio de confecção começou com cerca de US$ 24 mil, algo como 78 mil reais em valores de fevereiro de 2018. No início, a empresa tinha quatro máquinas de costura e confeccionava moletons para o atacado e camisetas básicas, já com a marca Morena Rosa. Mas, Valdete, como diretora de criação, sugeriu mudar o foco do negócio. Segundo o filho Lucas, a mãe sempre foi vaidosa e gostava de comprar roupas. Insistiu para o marido focar em moda feminina, o que foi realizado no final dos anos 1990. E, durante muitos anos, era ela que servia de manequim para a elaboração de confecções, provando todas as 180 peças que formam cada uma das seis coleções anuais da marca.
          Além da Morena Rosa a empresa tem outras três marcas: Lebôh (urbana), Zinco (jovem, criada em 1997), (Maria Valentina, clássica, criada em 1998). Em 2003, criou a Morena Rosa Beach. Morena Rosa, a marca principal, que tem roupas "sensuais", representa 55% do faturamento da empresa. A marca tem também as linhas vestuário, lingerie, acessórios e calçados.
          Segundo o professor de empreendedorismo Luiz Eduardo Araújo, da Universidade Estadual do Norte do Paraná - UENP, o crescimento da Morena Rosa se deve principalmente a dois fatores: além da qualidade, o  posicionamento da empresa na cidade paranaense que se desenvolveu como um dos maiores polos do vestuário brasileiro (Cianorte tem cerca de 300 empresas de vestuário).
          Em janeiro de 2010, Franzato deu um passo ousado para mostrar a marca. Num galpão da Vila Leopoldina, bairro da zona oeste de São Paulo, estava nada menos que a glamourosíssima modelo Naomi Campbell. Ela estava lá para fotografar a nova campanha da Morena Rosa, após três árduos anos de negociações e em troca de um cachê estimado em 1 milhão de reais. "Ter uma grande top como a Naomi para representar nossa marca era questão de honra", disse Franzato. "Precisávamos mostrar que competimos de igual para igual com marcas mais tradicionais."
          A contratação de Naomi, rosto de grifes como Yves Saint-Laurent e Dolce & Gabbana, é a medida mais simbólica da acensão da Morena Rosa. A empresa, que começou de maneira quase caseira no interior do Paraná, fabricava então 1,6 milhão de peças de roupas por ano - entre elas vestidos que chegavam a custar 1200 reais no varejo, em valores de 2010.
          Naomi esteve ainda presente em 2011. No ano seguinte, 2012, não deixando o quesito beleza para trás, as escolhidas foram as tops Isabeli Fontana e Carol Trentinique tiveram as fotos da campanha tiradas no Chile.
          Em 14 de março de 2012, o fundo de investimento Tarpon adquire 60% da Morena Rosa, desembolsando 240 milhões de reais. Pouco mais de quatro anos depois, em julho de 2016, Franzato, então com 15% da Morena Rosa, paga 220 milhões de reais pela fatia de 85% em poder da Tarpon e volta a ser o dono absoluto da empresa.
          Depois de 25 anos à frente do grupo, Franzato passa o bastão para o filho Lucas, nascido em 1990, que assumiu o comando da empresa em fevereiro de 2018. Lucas, desde criança frequentava as dependências da companhia e, aos 12, começou a digitar pedidos que chegavam por fax. Conheceu todas as áreas, ocupou o posto de gerente de marketing aos 18 anos e depois assumiu a vice-presidência.
          A produção das roupas é feita em um parque fabril de 25 mil metros quadrados, localizado em Cianorte, e em unidades em outros municípios do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
          Em abril de 2019, o Grupo Morena Rosa fez acordo para a compra da Iódice por valor não revelado. A marca de vestuário feminino Iódice foi fundada em 1987 pelo designer fashion Valdemar Iódice, com um olho nos consumidores de luxo. Por volta de 2013, a Iódice passou a enfrentar alguns problemas financeiros e, desde então tem procurado compradores. Lucas Franzato informou que o acordo abrange apenas a marca, enquanto o senhor Iódice manterá o controle do lado comercial da operação. O acordo abrange a produção, vendas para lojas multi-marcas e o canal de vendas on-line.
          A Morena Rosa tem 1.400 funcionários e produz quase 2 milhões de peças, que são distribuídas no Brasil e em mais 11 países, como Estados Unidos, Alemanha e Japão. As peças são vendidas em mais de 6.000 lojas multimarcas espalhadas pelo Brasil, lojas próprias, outlets, e franquias do Clube Morena Rosa. O faturamento em 2018 foi de cercada de R$ 420 milhões.
(Fonte: revista Exame - 24.03.2010 / Exame.com - 08.03.2012 / Agência Reuters - 15.07.2016 / EconomiaUOL - 23.02.2018 / dicasmulheres.com / jornal Valor - 09.04.2019 - partes)

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