Em junho de 2025, a Suzano fechou mais um grande negócio no exterior. A produtora brasileira de celulose e papel firmou parceria com a Kimberly-Clark (KC) para formar uma joint venture que abrigará as marcas de tissue e os ativos de fabricação da empresa americana em 14 países. O empreendimento está avaliado em US$ 3,4 bilhões. As negociações levaram cerca de nove meses e foram conduzidas sem intermediação bancária.
Para garantir uma participação de 51% na operação conjunta — com previsão de conclusão em meados de 2026 — a Suzano pagará US$ 1,734 bilhão, o que implica um múltiplo de valor da empresa (EBITDA) de 6,7 vezes, uma avaliação considerada "barata" para o segmento, segundo o Itaú BBA.
Após o anúncio, as ações da Suzano lideraram os ganhos do Ibovespa na quinta-feira (5), saltando 6,31%, para R$ 52,90, elevando o valor de mercado da empresa para cerca de R$ 67 bilhões. O mercado respondeu positivamente à estrutura do negócio, que inclui um sócio com profundo conhecimento de diversas geografias, e ao impacto mínimo na alavancagem financeira da Suzano.
Esta transação posicionará a Suzano como a oitava maior produtora de tissue do mundo — marcando seu passo mais ambicioso em sua estratégia de internacionalização e alinhando-se ao seu objetivo de agregar valor à sua produção de celulose de eucalipto altamente rentável no Brasil.
"Suzano e Kimberly trazem capacidades complementares, com marcas fortes e vencedoras", disse o CEO Beto Abreu. A Suzano já é uma importante fornecedora global de celulose para a KC — incluindo as plantas envolvidas no novo negócio — e, em 2024, adquiriu os ativos de tissue da Kimberly-Clark no Brasil, incluindo a marca Neve.
De acordo com Abreu, a Suzano inicialmente pretendia adquirir 100% dos ativos que agora compõem a joint venture. A KC também buscou inicialmente um desinvestimento total e recebeu propostas concorrentes, incluindo uma da Asia Pulp and Paper (APP) para toda a operação. No entanto, ambas as partes acabaram favorecendo uma joint venture para mitigar riscos e evitar alavancagem excessiva.
Um dos principais pontos fortes da Suzano é seu baixo custo de produção, começando pela celulose. A equipe técnica da Suzano inspecionou as plantas da KC e constatou que elas estavam em condições semelhantes às dos ativos brasileiros adquiridos anteriormente.
O acordo inclui 22 plantas localizadas em El Salvador, Peru e Colômbia (América do Sul e Central); Austrália, Malásia, Tailândia e Taiwan (Ásia-Pacífico); Itália, França, Reino Unido, Alemanha, Espanha, Israel e África do Sul (Europa, Oriente Médio e África). As instalações têm uma capacidade de produção anual combinada de 1 milhão de toneladas e geraram US$ 3,3 bilhões em receita líquida no em 2024. O acordo exclui ativos nos EUA, México e Coreia do Sul.
A joint venture incluirá os 49% restantes dos ativos três anos após a conclusão do acordo, o que incluiria 40 marcas locais e uma licença de 30 anos sem royalties para usar as marcas Kleenex e Scott. Segundo Luís Bueno, vice-presidente executivo de bens de consumo e assuntos corporativos da Suzano, quase metade da receita da nova joint venture virá da Europa. O acordo também abre a porta para a Suzano substituir parte da celulose de fibra longa usada pela KC em produtos de higiene por sua própria celulose de fibra curta.
O pagamento de US$ 1,7 bilhão virá das reservas de caixa da Suzano, afirmou Marcos Assumpção, vice-presidente executivo de finanças e relações com investidores da empresa. "Temos os recursos para isso", afirmou.
Em relação aos EUA, México e Coreia do Sul, Abreu afirmou não haver barreiras contratuais para futuras aquisições nesses mercados, mas deixou claro que nenhuma nova atividade de fusões e aquisições está planejada no curto prazo. "Precisamos concentrar nossa energia em garantir que esta joint venture entregue o valor que imaginamos", disse ele, sugerindo que é improvável que a Suzano busque novas aquisições pelos próximos dois a três anos.
Abreu observou que a guerra comercial entre os EUA e a China não foi um fator significativo no resultado do acordo, já que o segmento de tissue envolve produtos com comércio internacional limitado, cadeias de suprimentos regionalizadas e baixa correlação com ciclos econômicos mais amplos.
(Fonte: Valor - 06.06.2025)
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