Aventureiro e destemido, aos treze anos já estava em Belém, no Pará, onde trabalhou no fornecimento de mercadorias a seringueiros e ribeirinhos. O pagamento era feito em borracha e outros produtos da floresta amazônica. Nos anos seguintes sobreviveu a um naufrágio e a tentativas de assassinatos.
De volta ao Rio de Janeiro, montou uma fábrica de tecidos. Durante o Encilhamento, foi incorporador de diversas indústrias têxteis, como a Cordoalha Nacional, Tecidos de São Cristóvão, Manufatura de Rendas, Industrial de Ouro Preto, Tecidos São João, Tecelagem Fluminense e Nacional de Tecidos de Meia, que juntou em uma holding chamada União Industrial São Sebastião.
Encilhamento vem do verbo "encilhar", ato de colocar e apertar os arreios dos cavalos antes das provas de turfe. As corridas eram um esporte muito popular nas grandes cidades brasileiras no final do século XIX. Só no Rio de Janeiro havia quatro diferentes hipódromos onde se disputavam provas simultâneas. O encilhamento dos animais acontecia minutos antes do início do páreo, quando os frequentadores, sempre em busca de bons palpites, arriscavam a sorte apostando freneticamente em favoritos e azarões. Ali fortunas eram produzidas ou destruídas em minutos, dependendo da sorte e do gosto dos apostadores pelo risco.
Na falta de uma bolsa organizada de ações, os papéis eram negociados nas ruas, esquinas, mesas de bares e restaurantes, com a mesma sofreguidão com se faziam as apostas no jóquei. "Para se ter dinheiro, era necessário apenas um pouco de imaginação", explicou o historiador Leôncio Basbaum. Bastava inventar o nome de uma empresa, como Banco Popular de São Paulo, Estrada de Ferro do Acre, Nacional Manufatura de Charutos ou Companhia de Criação de Porcos Holandeses - todas denominações que, de fato, apareceram nos anúncios de jornais durante o Encilhamento. A seguir, pedia-se o reconhecimento legal da empresa, no qual se descrevia a atividade do novo empreendimento.
Com a autorização em mãos, o suposto empresário estava livre para imprimir ações no valor e na quantidade que o mercado estivesse disposto a comprar. Como nas apostas em cavalos, esses títulos às vezes alcançavam preços altíssimos no decorrer de algumas horas. Simples pedações de papel com valor inicial de face de 5 mil réis passavam a valer dez ou vinte vezes antes do cair da tarde. O autor da ideia embolsava o dinheiro, que, em vez de ser aplicado em investimentos produtivos na economia, era rapidamente queimado na mais descontrolada farra consumista. O Encilhamento foi estimulado por um decreto que o jurista baiano Rui Barbosa, ministro da Fazenda do governo provisório, publicou no dia 17 de janeiro de 1890, sem o conhecimento dos demais colegas de ministério.
Lowndes também criou bancos e a Companhia Geral de Estradas de Ferro do Brasil, cuja falência daria origem à maior de todas as quebras ao final d a bolha especulativa.
A fortuna pessoal de Lowndes incluía nove fábricas, 155 casas, várias fazendas de café e açúcar, diversos navios, além de ações e títulos de empresas. No auge da euforia financeira, em outubro de 1890, por sua iniciativa os jornais cariocas ostentavam anúncios de página inteira convocando a população para uma grande manifestação em homenagem ao ministro Rui Barbosa. "As classes industrial e operária resolveram manifestar seu reconhecimento ao primeiro governo da República e, especialmente, ao senhor ministro da Fazenda, pela promulgação de seus decretos tendentes a melhorar a posição das duas classes", dizia o texto do anúncio. O programa incluía uma parada de empresários e autoridades pela rua do Ouvidor, precedidos por um conjunto de doze clarins, que pediam passagem à população.
Lowndes comprou em Portugal dois títulos de nobreza, primeiro de visconde e, depois, de conde de Leopoldina.
Lowndes comprou em Portugal dois títulos de nobreza, primeiro de visconde e, depois, de conde de Leopoldina.
(Fonte: Livro 1889 (Laurentino Gomes)
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