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25 de ago. de 2025

Jornal Pasquim

          O jornal semanal (de oposição) O Pasquim foi fundado em junho de 1969. Participaram da fundação Sérgio Cabral, Claudius Carlos Prósperi e Tarso de Castro. Na equipe do jornal, passaram nomes históricos do jornalismo, como Millôr Fernandes, Ziraldo, Henfil, Paulo Francis, Ivan Lessa, Sérgio Augusto e Sérgio de Magalhães Gomes Jaguaribe (Jaguar).
          A ideia do nome foi do próprio Jaguar: referência ao termo italiano ‘paschino’, um tipo de panfleto difamador." Nós fizemos o jornal porque estava todo mundo demitido e a gente precisava de um meio de ganhar dinheiro. Queríamos produzir um informativo de Ipanema, feito nos botecos, mas, 
pela própria natureza dos participantes, começamos a fazer aquela brincadeira toda".
          Paulo Garcez (falecido em 10 de outubro de 2023, aos 94 anos) melhorava qualquer reunião, animava qualquer conversa, festinha sem ele desbotava mais cedo. Não ganhava para bater papo, e sim fotos, mas batia ambos, simultaneamente, como ninguém. Tinha tudo para ser – e foi – o primeiro fotógrafo do Pasquim, em cujas jubilosas entrevistas costumava interferir com tiradas dignas dos gozadores oficiais da casa. Seu círculo de amigos (e sobretudo de amigas) dava voltas no quarteirão. Todo mundo o amava e só faltavam pedir pipoca para ouvir suas histórias pitorescas. Uma das mais pitorescas foi sua prisão durante a ditadura militar. Em plena lua de mel. Por integrar a equipe do 
Pasquim. Passou dois meses em cana.
          No dia 19 de novembro de 1969, Pelé fez,de pênalti, contra o Vasco, no Maracanã, seu milésimo gol. Correu para as redes, pegou a bola, içaram-no aos ombros e, no que lhe apontaram um microfone, dedicou o gol às crianças pobres do Brasil. O Pasquim, recém-criado e cuja única arma possível contra a ditadura era o deboche, não o perdoou. Zombou de sua frase, classificando-a de piegas e alienada—esperava talvez uma declaração contra o AI-5—, e fez com que ele se arrependesse pelo resto da vida do que havia dito. Só que Pelé estava certo. Naquela noite de1969, Pelé não fez apenas seu gol 1.000. A
frase foi seu gol 1.001. Mas só o milésimo valeu.
          Em seu auge, O Pasquim chegou a vender mais de 200 mil exemplares numa única edição. A 
maioria das páginas não surgia de reuniões de pauta formais, mas de conversas de bar.
          O semanário foi perdendo a força, fechando as portas em outubro de 1991.
          "O pessoal do Pasquim assumia ser 'neto' do Barão de Itararé (jornalista gaúcho Apparício Torelly (1895-1971), 'filho' do Stanislaw Ponte Preta", observa o designer gráfico Sérgio Papi, responsável, ao lado de José Mendes André, pelo relançamento dos três volumes do Almanhaque, entre 1989 e 1995. "Não por coincidência, o jornalista Sérgio Porto foi 'foca' (jornalista iniciante) do Apparício no jornal Folha do Povo". Reza a lenda que foi o Barão quem convenceu Sérgio Porto, que estreou no jornalismo
como crítico de cinema, de que tinha vocação para o humor.
          Ziraldo, um dos fundadores do “Pasquim”, morreu na tarde de sábado, 6 de abril de 2024, aos 91 anos, de causas naturais, segundo a família. Ele estava com a saúde debilitada desde que sofreu um
acidente vascular cerebral (AVC), em 2018.
          Jaguar, também um dos criadores do Pasquim, faleceu em 24 de agosto de 2025, aos 93 anos, no Rio de Janeiro – cidade onde nasceu. Jaguar marcou época na imprensa brasileira e no combate à
ditadura militar, ele estava internado no hospital Copa D’or.
(Fonte: Estadão - 08.04.2024 / Tribuna de Santos - 25.08.2025 / BBC News Brasil / Estadão - 06.11.2025 (Ruy Castro) - partes)

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