Nesse sentido, em 2022 criou uma joint venture com a Eztec, batizada de EzCal, para construção e venda de projetos voltados aos segmentos de médio-alto e alto padrão em São Paulo, estimados em cerca de R$ 2 bilhões. Desse valor, R$ 1,4 bilhão já saiu do papel, considerando dados de meados de 2024. Após quatro anos da assinatura do contrato (ou seja, a partir de 2026), a Eztec poderá exercer uma opção de subscrição para compartilhar o controle da construtora Lindenberg com a Lindenberg Investimentos – desde que sejam atingidos determinados parâmetros de um acordo de acionistas.
Entre 2020 e 2023, a Lindenberg triplicou a receita e multiplicou por cinco o lucro líquido. No ano passado, o volume geral de vendas (VGV) chegou a R$ 1 bilhão, ante R$ 660 milhões em 2020. Em 2022, a receita líquida subiu além do ritmo observado anteriormente, indo a R$ 149 milhões, mas com lucro de R$ 7 milhões. O ano de 2023 foi de menor receita e maior lucro, com R$ 96 milhões e R$ 10 milhões, respectivamente. Adolpho Lindenberg Filho, CEO da Lindenberg – e filho do fundador da empresa, Adolpho Lindenberg, que faleceu em maio de 2024 –, conta que a força da marca ainda é um fator importante para as vendas. “O fato de o empreendimento ser um Lindenberg ainda é uma coisa importante, um diferencial perante outras empresas que estão começando agora e têm histórias mais mescladas de alto, médio e baixo padrão”, diz.” O diretor vice-presidente da Eztec, Marcelo Ernesto Zarzur, conta que o “namoro” com a Lindenberg começou em 2002 e, até 2022, diversos empreendimentos foram lançados em conjunto com a empresa em cidades como Santo André, Osasco e Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo. “Como nos dávamos bem, fizemos uma parceria maior, uma joint venture.
No alto padrão, a parceria com a Lindenberg nos dá um diferencial a mais na hora da venda”, afirma. Em junho de 2024, a Lindenberg tinha três principais projetos à venda: um no Brooklin, vendido a R$ 22 mil o metro quadrado; um no Alto de Pinheiros, de mesmo preço; e um nos Jardins, de R$ 44 mil o metro quadrado. O principal projeto de 2024 até agora é o empreendimento Lindenberg Vista Brooklin, que tem mais de 17 mil metros quadrados de área privativa. Em março, a Lindenberg também iniciou as obras do empreendimento residencial Lindenberg Alto de Pinheiros, de torre única, com 41 unidades e 13,3 mil metros quadrados de área total. A parceria com a Eztec também já viabilizou os projetos Jota, Jota Studios e Brooklin Studios.
O principal desafio enfrentado pela Lindenberg atualmente é a disputa pelo bolso do consumidor de alta renda. Com nomes como Cyrela, Idea!Zarvos e Even criando constantemente novos projetos para o segmento de alto padrão, o ritmo das vendas acabou ficando abaixo do esperado. A Lindenberg tem R$ 1,6 bilhão em estoque de apartamentos de médio e alto padrão na capital paulista, mercado que concentra 99,8% dos seus investimentos imobiliários (o restante fica em Campinas). O diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, Valter Caldana, diz que a retomada da Lindenberg tem como entrave a competição com empresas que ficaram mais capitalizadas após a entrada na Bolsa de Valores, o que levou a elas capital estrangeiro. Já Caio Cezar de Carvalho, coordenador de gestão imobiliária da Somma Investimentos, afirma que a estratégia de buscar a diferenciação de projetos no mercado de alto padrão por meio do relacionamento próximo com o cliente pode ser um elemento fundamental para uma construtora como a Lindenberg aumentar sua fatia no segmento de alta renda. “As empresas do setor imobiliário estão melhorando a experiência do cliente, oferecendo atendimento personalizado, consultoria especializada e um pós-venda eficiente. Com isso, elas também estão conhecendo e mantendo um relacionamento de longo prazo com o cliente”, diz ele.
(Fonte: Estadão - 03.06.2024)
(Fonte: Estadão - 03.06.2024)
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