O
Banco de
Crédito
Nacional -
BCN foi fundado em 1939 pelo imigrante italiano Francisco Conde, que morreu em 1953. Francisco Conde fundou inicialmente, em 1929, a Casa Bancária Conde & Cia. e, em 1939, o Banco de Crédito Nacional. Quem assumiu o banco após a morte do fundador foi um de seus sete filhos, Pedro Conde.
Em meados de 1994, o sucessor de Pedro Conde, nascido em 1922, já estava definido - era seu filho mais velho, Francisco, então um dos três vice-presidentes executivos do banco e responsável pela rede de agências. Mas Pedro Conde evitava falar na sua sucessão. Seus outros dois filhos, Pedro, o do meio, e Betina, a caçula, não trabalhavam no BCN. Betina (Albertina) nunca pôs os pés no banco, a não ser para visitas. Quanto a Pedro Filho, ele já trabalhara na empresa - e aí estava o problema. Depois de um desentendimento com o pai, saiu do banco e abriu uma franquia da rede de fast food americana KFC, de frangos fritos, em São Paulo. Desgostoso com esse episódio, Conde, o pai, gostaria de colocar uma pedra sobre o assunto.
Na verdade, problemas familiares ente os Conde não eram novidade. Como eles detêm o controle do banco, envolvem-se de tempo em tempo em disputas que chegam às páginas dos jornais. Em 1989, quem saiu do banco levando uma bolada calculada em 200 milhões de dólares, como prêmio de consolação, foi o irmão de Pedro Conde, Armando. O motivo foi o mesmo de Pedro Filho: Armando divergia da orientação dada pelo irmão aos negócios. "Nós enxergávamos a atividade bancária de maneira muito diferente", disse Armando na época.
Continuando a olhar o panorama de meados de 1994, dos outros cinco irmãos de Pedro Conde, apenas dois continuavam vivos, Theresa e Arlindo. Ambos estavam no banco, seja diretamente, seja por meio de seus descendentes, e aparentavam bom relacionamento com Pedro Conde. Arlindo era o então presidente do conselho de administração. Seu filho Daniel era, como seu primo Francisco, um dos três vice-presidentes executivos do BCN. No caso de Theres, quem a representava no banco era o filho Antônio Grisi, também afastado do dia-a-dia das operações.
Pedro Conde ainda mantinha formalmente o cargo de presidente do BCN. Na prática já não era bem assim, porque conde se afastava cada vez mais do dia-a-dia da administração. Garantia também estar distante das bolsas de valore, nas quais costumava operar como se estivesse jogando pôquer num cassino. Pedro Conde morreu em 2003.
Em agosto de 1995, o vice-presidente executivo do BCN, Francisco Conde, deixou o cargo em razão de desentendimentos com seu pai, Pedro Conde. Primeiro dos três filhos de Conde, Francisco era considerado como virtual sucessor no comando do banco.
Em julho de 1996, por 100 milhões de dólares, o BCN comprou o banco Itamarati de Olacyr de Moraes.
Em 27 de outubro de 1997, o Bradesco formalizou seu interesse na compra do BCN e poucos dias depois o negócio foi finalizado.
O BCN era lucrativo e estava redondo, mas Conde não tinha sucessor. Quando comprou o BCN, o Bradesco não queria apenas agências, clientes e funcionários. "Estávamos interessados no conhecimento que eles tinham no segmento de pequenas e médias empresas" disse Márcio Cypriano, presidente do Bradesco e que presidiu o BCN após a compra.
O banco de Pedro Conde permaneceu operando em separado por um certo tempo e serviu de laboratório para testar ideias e sistemas. Se tivesse sido imediatamente integrado, suas competências se diluiriam na imensa organização do Bradesco. Os bons resultados garantiram a Cypriano a indicação para ocupar o lugar de Lázaro Brandão, o sucessor de Amador Aguiar, à frente do Bradesco.
(Fonte: revista exame - 22.06.1994 / 16.08.1995 / 18.12.1996 - partes)