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23 de fev. de 2023

Seacrest Petroleo

          A petroleira norueguesa Seacrest Petroleo foi fundada em 2020 por Erik Tiller e Paul Murray, também cofundadores da petrolífera norueguesa OKEA, já cotada na bolsa de valores de Oslo.
          Em fevereiro de 2023, em meio a uma forte redução das ofertas de ações no Brasil, a Seacrest Petróleo conseguiu concluir seu IPO na bolsa de valores de Oslo. Com o negócio, a empresa, focada na aquisição de campos maduros de petróleo e gás natural, captou US$ 260 milhões. Além dos bancos noruegueses, BTG Pactual e Itaú BBA foram os coordenadores do IPO. A ação estreou na bolsa de valores de Oslo nesta em 23 de fevereiro de 2023.
          Para fazer a oferta, a empresa teve que aceitar um corte de preço. A avaliação da empresa foi reduzida para cerca de US$ 148 milhões, de US$ 215 milhões, considerando o valor antes da injeção de capital. Com o IPO, a empresa passa a valer US$ 383 milhões, podendo chegar a US$ 407 milhões caso o lote suplementar da oferta seja aplicado.
          No IPO, o Mercuria Energy Group Limited alocou US$ 80 milhões e deterá uma participação de 30% na petrolífera após a conclusão da oferta.
          “O grupo segue uma estratégia no Brasil semelhante à que a OKEA ASA tem seguido na Noruega”, também de acordo com o prospecto do IPO. Rafael Grisolia, ex-CFO da Petrobras e ex-CEO da distribuidora de combustíveis Vibra Energia, foi nomeado CFO da petroleira no ano passado.
          Todos os ativos da Seacrest estão no Brasil, mas sua sede fica nas Bermudas. A petroleira é outra que viu um mercado potencial no Brasil depois que a Petrobras iniciou um programa de desinvestimentos durante o governo Temer. Entre elas estão a 3R Petróleo, a PetroRio e a PetroRecôncavo, listadas na B3.
          “Existe um potencial significativo para criação de valor em nossos ativos de produção exclusivamente integrados por meio de uma série de atividades de redesenvolvimento de baixo risco que devem triplicar a produção até 2025. Nossa produção de fluxo de caixa de alta margem nos permite crescer e planejar para curto prazo retorno de capital aos acionistas”, disse o CEO da Seacrest Petróleo, Michael Stewart, em comunicado.
          O primeiro investimento da empresa foi o campo de Cricaré, também da Petrobras, que compreendeu 27 concessões de petróleo onshore, além de ativos de produção de petróleo, operação que foi concluída até o final de 2021. “Todos os campos que compõem os campos de Cricaré e Norte Capixaba clusters estão em terra na Bacia do Espírito Santo. Com fator de recuperação médio atual de 17%, esses campos estão em fase de produção e são considerados ativos intermediários”, afirma a empresa em seu prospecto.
          No início de abril de 2024, a Seacrest e a Petrorecôncavo  comunicam que assinaram contratos para a perfuração de poços terrestres nos polos Norte Capixaba e Cricaré, ambos localizadas no Espírito Santo.
(Fonte: jornal Valor - 22.02.2023 / 08.04.2024 - partes)

Versão II
          A norueguesa Seacrest foi fundada em 2020 por Erik Tiller e Paul Murray, cofundadores da petrolífera norueguesa OKEA.
          A primeira incursão da empresa (no Brasil) foi no campo de Cricaré, que compreendia 27 concessões petrolíferas terrestres, além de ativos de produção de petróleo, operação que foi concluída no final de 2021.        
          A Seacrest adquiriu o campo Norte Capixaba da Petrobras, dentro do processo de desinvestimento de poços mais maduros que a Petrobras levava a cabo e interrompido com a eleição do presidente Lula.
          Uma oferta pública inicial (IPO) feita em abril de 2023 na bolsa de valores de Oslo visava, em parte, financiar aquisições. A empresa arrecadou US$ 260 milhões na época.
          No início de abril de 2024, vem a lume que a Seacrest procura comprador para seus ativos petrolíferos em meio a uma forte onda de consolidação de petrolíferas independentes no Brasil, apurou o Valor. A empresa contratou a Goldman Sachs como seu consultor financeiro, segundo fontes que falaram ao jornal Valor sob condição de anonimato.
          O processo de venda da Seacrest ocorre em um momento de grande atividade no mercado.
Empresas do setor já foram pesquisadas sobre potencial interesse na petroleira independente, estreante no segmento.
          Um movimento de consolidação de empresas menores (leia-se Enauta, 3R, Petrorecôncavo) já era antecipado pelo mercado porque a indústria de petróleo e gás precisa de escala. O jogo mudou depois que a Petrobras interrompeu o processo de desinvestimento de poços mais maduros com a eleição do presidente Lula. Os ativos vendidos em administrações anteriores deram origem a petrolíferas independentes.
(Fonte: jornal Valor - 05.04.2024)

22 de fev. de 2023

Shein

           A Shein é uma varejista chinesa de moda fundada em 2008 por Chris Xu. A empresa de Chris Xu faz parte do varejo que, em 2020, não se beneficiou com as vendas on-line resultantes da Covid-19 ( Afinal, quem iria investir em uma roupa ou acessório novo sem nenhuma perspectiva de sair de casa?), mas agora passa por um revés positivo.
          Quem é o misterioso dono da Shein? Ele é avesso a entrevistas, não circula em eventos corporativos e seu nome mal aparece no site da gigante varejista de moda. Nascido em 1984, Chris Xu (também conhecido por Xu Yangtian ou Sky Xu) é o misterioso fundador e CEO da Shein, fenômeno do fast-fashion global que se prepara para iniciar suas operações de produção têxtil no Brasil.                            Diferentemente de outros bilionários chineses, como Jack Ma, do Alibaba, e Pony Ma, da Tencent, Xu é discreto, faz questão de manter distância dos holofotes e também é conhecido por trabalhar de maneira obsessiva, afirma a californiana Rui Ma, especialista no mercado chinês e criadora do podcast Tech Buzz China.
          Algo que chama muito a atenção nessa guinada é a atuação de um player pouquíssimo conhecido do público brasileiro antes do isolamento social. Shein foi o aplicativo de "fast fashion" mais baixado no Brasil em 2021, com 23,8 milhões de downloads no período. A empresa tem forte apelo com a chamada "geração Z", dos nascidos entre o final da década de 1990 e a primeira década dos anos 2000. Em festas descoladas da noite paulistana, é comum encontrar jovens vestindo roupas, calçados ou acessórios “da moda” comprados na Shein. A plataforma pratica preços mais compatíveis com o poder de compra desse perfil de consumidor e também tem revolucionado a maneira de se adquirir produtos em sites estrangeiros.
          Assim como muito do que é vendido em aplicativos como Shopee e Alibaba, os produtos da Shein vêm da China. Mas, de maneira inédita por aqui, a varejista montou seu próprio market place brasileiro, tornando-se parceira de fornecedores locais. Com essa estratégia, as mercadorias que antes demoravam meses para serem entregues no Brasil, chegam ao consumidor em prazos bem menores. Assim, a Shein traz ao país seu polêmico modus operandi, em que os fornecedores precisam conceber e confeccionar roupas em apenas uma semana.
          Em 23 de agosto de 2023, o CEO na América Latina, Marcelo Claure, informou que no Brasil já há 200 fábricas da empresa em pleno funcionamento. Já com centros de distribuição, o Brasil estaria prestes a se tornar um pólo de exportação.
          A vantagem competitiva da Shein, segundo o executivo, vai muito além do preço. O modelo de negócios da plataforma permite projetar, produzir e entregar um produto em sete dias, enquanto a maioria dos concorrentes ainda trabalha com o conceito de temporada. Um dos planos mais ousados da marca para o Brasil é entregar os pedidos em questão de horas.
          Claure conheceu a marca observando o comportamento de suas cinco filhas — a mais velha tem 28 anos e a mais nova, 5. No final do mês, quando conferiam as faturas do cartão de crédito, elas repetiam o mesmo nome: Shein , Shein, Shein. Conhecendo o modelo de negócio, gostou da empresa e pegou um avião para a China para conversar pessoalmente com os trabalhadores e gestores das fábricas. Lá, ele viu o que acreditava ser uma das empresas mais disruptivas do mundo. No início de 2023, ele investiu US$ 100 milhões na Shein por meio de seu family office.
          O Brasil foi o primeiro país da Shein fora da China a ter fábricas e, com o sucesso da iniciativa, o grupo passou a fabricar também na Turquia. Faz sentido, dada a importância do país para o grupo, que tem aqui 45 milhões de clientes, mais de um terço da população adulta do país, e o seu total de consumidores globais, agora em 160 milhões de pessoas.
(Fonte: revista Capital Aberto - 19.02.2023 / Época Negócios - 01.08.2023 /Valor - 23.08.2023 - partes)

19 de fev. de 2023

Blaupunkt

          A Blaupunkt era originalmente uma empresa alemã e foi controlada pelo grupo Bosch-Siemens até 2008. Nesse ano, foi vendida ao grupo de investimento Aurelius AG.
          Por ocasião da venda da Blaupunkt, o grupo Bosch-Siemens reteve as fábricas de produção de componentes. Apenas as linhas de montagem foram vendidas. O novo proprietário começou a reduzir os custos de produção deslocando a produção terceirizada para outros países. A partir de 2011 todos os produtos Blaupunkt passaram a ser feitos sob medida na China em linhas de montagem de terceiros.                    Naturalmente, a qualidade sofreu, e muitas empresas que anteriormente compravam itens para 
instalar nos seus produtos (por exemplo, automóveis) recusaram-se a fazê-lo.
          Em 2016, foi decretada a falência da empresa que no mesmo ano entrou em liquidação. As fábricas foram vendidas, o pessoal foi despedido.
          Desde 2016, uma vez que a marca Blaupunkt é propriedade da empresa de investimento Aurelius AG, os direitos de marca são controlados pela subsidiária da Aurelius AG, GIP Development SARL, que trata do licenciamento de marcas registradas.
          Como resultado, qualquer fabricante de eletrônica pode agora licenciar e produzir produtos sob a marca Blaupunkt. Os televisores Blaupunkt são atualmente fabricados por várias empresas. Os fabricantes diferem de país para país.
          Se olharmos para a produção de televisores, esses são feitos principalmente na Índia e na China. Além disso, alguns fabricantes montam televisores em países do Leste da Europa a partir de componentes chineses. Os televisores desse segmento têm um mínimo de características e funcionalidade. São na sua maioria montados na China a partir de componentes baratos.

18 de fev. de 2023

Companhia Geral do Comércio do Brasil

          A Companhia Geral do Comércio do Brasil foi criada em 1649 pelo padre português Antônio Vieira (1608-1697). Essa companhia unia Portugal e Holanda contra os interesses britânicos.
          Vieira foi o responsável pelas negociações com o governo holandês e judeus da Holanda e de Roma. Mas a ideia não vingou, pois a Igreja se opôs à mistura de dinheiro católico com dinheiro judeu.
(Fonte: Guia dos Curiosos - 2ª edição - Marcelo Duarte)

17 de fev. de 2023

Olhepreço (supermercados)

          Celson Rangel Cintra começou no varejo aos 21 anos de idade, com uma barraca na Água dos Meninos, antiga feira livre de Salvador. Vendia charque e, anos mais tarde, passou também a preparar esse tipo de carne ele mesmo.
          Em 1967 Cintra abriu um mercadinho na Baixa do Sapateiro, um dos pontos mais populares da cidade. Acanhada, a loja tinha uma área de 200 metros quadrados e recebeu o nome de Olhepreço. Os 
clientes olharam.
          A recessão (início da década de 1990), que fez encolher as receitas da maioria das grandes cadeias de supermercados, não bateu com a mesma intensidade às portas das redes menores. Ao contrário de mamutes como Pão de Açúcar, Paes Mendonça e Casas da Banha, que diminuíram de tamanho, uma modesta rede baiana de periferia, a Cintra & Cia. de Rangel Cintra, deu-se bem.
          Suas lojas eram feias e não estavam equipadas com caixas informatizados. Também não fazia 
propaganda na televisão. Mas vendia. E como vendia.
          Com quarenta lojas espalhadas pelos subúrbios de Salvador com o sugestivo nome de fantasia de Olhepreço, a Cintra & Cia. quase dobrou de faturamento em dois anos. Suas vendas atingiram 65,3 milhões de dólares em 1991. Com isso, o Olhepreço decolou de um longínquo 63º lugar para o 29º no 
ranking do setor, elaborado pela Associação Brasileira de Supermercados, Abras.
          Cintra, o presidente da empresa, resgatou os velhos hábitos das mercearias - origem do seu negócio: uma boa parte de suas vendas eram feitas fiado. Houve, é verdade, alguma evolução nessa modalidade. Em lugar de anotar as "penduras" no caderno (ou caderneta), a rede Olhepreço aceita vales-refeição, cheques pré-datados e cartões de crédito. Além disso, tenta fazer jus ao nome, oferecendo preços abaixo dos da concorrência. Outra forma de conquistar a clientela é a propaganda 
direta. Uma frota de vinte carros de som trombeteia suas ofertas.
(Fonte: revista Exame - 22.07.1992)

Engelszell e Achel (cervejarias trapistas)

          A cerveja trapista é uma cerveja fabricada por monges trapistas ou sob a sua supervisão direta. O termo trapista refere-se aos monges afiliados à Ordem Cisterciense da Estrita Observância e a história da cerveja trapista se confunde com a própria história da Ordem.
          O ano era 1664. O monge Armand-Jean le Bouthillier de Rancè, que vivia no convento de Notre-Dame de la Trappe, na França, considerava demasiado liberal o comportamento dos seus colegas cistercienses.
          Por essa razão, Armand decidiu restabelecer as observâncias religiosas tradicionais mais rigorosas, como a abstinência, o claustro, o silêncio e as vigílias, o que acabou criando uma subdivisão da Ordem Cisterciense, conhecida hoje como a Ordem Cisterciense da Estrita Observância.
          Do nome da Abadia de Notre-Dame de la Trappe derivou, então, o termo trapista, que serve tanto para identificar os monges membros da nova Ordem como os produtos produzidos por eles, a exemplo das cervejas trapistas.
          A abadia de Stift Engelszell, na Áustria, foi fundada em 1925. Em 2012, uma operação cervejeira foi adicionada com o apoio de Peter Krammer e sua cervejaria familiar Hofstetten , localizada em Sankt Martin, a cerca de 30 quilômetros da abadia. Porém, nos últimos anos, a cervejaria passou a ter seu próprio mestre cervejeiro e a trabalhar de forma totalmente independente.
          Após os últimos quatro monges da abadia austríaca de Engelszell anunciarem a sua saída do local, o futuro da última cervejaria trapista remanescente na Áustria que ocupa o monastério se tornou incerto.
          O abade geral da Engelszell, Dom Bernardus Peeters, anunciou o fechamento do último mosteiro masculino de língua alemã. A ordem trapista cisterciense procura agora uma solução “adequada, de preferência católica” para a igreja e demais edifícios, bem como para a produção de cerveja e licores.
Com fechamento da abadia de Engelszell, último mosteiro trapista austríaco, a cervejaria trapista dela irá encerrar atividades.
          O fechamento da Abadia não significa necessariamente o fim da cervejaria, que pode ser visto na Bélgica. Dois anos atrás, Achel Brouwerij , a menor das cervejarias trapistas belgas na Abadia de São Bento, no município belga de Hamont-Achel em Limburg, perdeu seu título de Autêntico Produto Trapista quando o último monge deixou a abadia.
          Como a atividade cervejeira em Achel continuou sob a supervisão do abade de Westmalle , a cerveja Achel ainda podia continuar com a marca trapista . No entanto, o rótulo protegido Produto Trapista Autêntico foi removido do rótulo e substituído pelo brasão do mosteiro, porque pelos estritos regulamentos estipulam que a produção deve ser supervisionada por monges trapistas, o que não era mais possível quando os monges deixaram a abadia.
          Engelszell e Achel não são as duas únicas cervejarias trapistas que enfrentam problemas.
          Em maio de 2022, a primeira e única cervejaria trapista dos Estados Unidos anunciava o seu fechamento. Os monges da Abadia de São José “chegaram à triste conclusão de que a fabricação de cerveja em sua cervejaria Spencer não era uma indústria viável e decidiram que era hora de fechar.
          Com o fechamento da abadia de Engelszell, restam apenas nove cervejarias com o título oficial de trapista, sendo cinco delas na Bélgica (Chimay, Orval, Rochefort, Westmalle e Westvleteren) e as quatro restantes na Holanda (La Trappe e Zundert), Reino Unido (Tynt Meadow) e Itália (Tre Fontane).
          Três outras cervejas – e talvez no futuro também a Engelszell – podem se autodenominar trapistas, mas sem o título de ‘autênticas’.
          Se não for encontrado nenhum mosteiro trapista que assuma o patrocínio de Engelszell no futuro, a cervejaria pode ser vendida a um investidor privado e continuar a produzir “cerveja de mosteiro”, apenas sem o acréscimo de “trapista”.
(Fonte: Catalisi - 18.05.2023 / ESCM - partes)

Zivi (Zivi-Hercules) X Eberle

          O grupo gaúcho Zivi foi fundado em Porto Alegre pelas famílias Ceitlin e Barkhaus, por volta de 1971.
          Por mais de 20 anos, decisões, lucros e problemas do grupo foram divididos entre as duas famílias. Juntas eles tinham 90% do capital - cada uma com 45%.
          Durante anos, o grupo Zivi, maior fabricante de talheres do país, que controla empresas como Hércules e Eberle, acomodou-se em sua posição de líder no mercado de tesouras, motores elétricos material cirúrgico e insumos industriais.
          O primeiro baque nessa liderança aconteceu em 1986, com a morte súbita do então diretor-superintendente, Nei Damasceno Ferreira. Sem o comando do executivo, homem forte do grupo, a estrutura ameaçou desmoronar. Nem a força da marca impediu que o Zivi perdesse mercado para a concorrência. "Estávamos passando pelo Plano Cruzado, e a empresa quase perdeu o rumo", disse Pedro Ceitlein "Os negócios começaram a ser tratados com uma certa negligência."
          Nesse período, o Zivi se tornou um grupo diversificado, com faturamento de 240 milhões de dólares em 1991 e um quadro de 10.000 funcionários.
          Foi bom enquanto durou. O casamento, que parecia perfeito, começou a ruir. No início de julho de 1992, os Bakhaus decidiram vender sua participação nos negócios aos antigos sócios. O desmantelamento da sociedade ocorreu exatamente um ano após um tumultuado processo de sucessão que levou Pedro Ron Ceitlin, então com 34 anos, à presidência do Zivi. Ele chegou ao cargo depois do afastamento, por motivo de saúde, do antigo presidente, Lew Ceitlin.
          A escolha de Pedro para o cargo provocou conflitos em sua própria família. O favorito para a sucessão ao grupo era seu irmão Michel, então com 29 anos. Lanterninha nas apostas, Pedro contou com o apoio da mãe e ganhou a parada. Logo que assumiu, deu o troco. Tirou Michel da diretoria de operações e o colocou no conselho consultivo da companhia, um cargo sem a força do anterior.
          Ao assumir a presidência, Pedro decidiu que era hora de recuperar o tempo perdido pela estagnação. Para iniciar a modernização, entretanto, ela assumiu o papel de franco-atirador na empresa. Era preciso disparar medidas de ajuste na direção de toas as áreas ao mesmo tempo. O primeiro passo foi promover uma reavaliação na linha de produtos. Os talheres com a marca Eberle, por exemplo, foram retirados do mercado. Toda a produção de utensílios domésticos passou a ser concentrada na fábrica da Hércules. Para suportar o aumento de produção e tentar alcançar a tradicional concorrente, a Tramontina, a Hércules investiu na automação de sua fábrica. Redução de desperdícios e aumento de qualidade estariam sendo conquistados com a instalação de células de produção.
          Além de reavaliar seus produtos, o grupo Zivi passou a adotar novas políticas comerciais. Os resultados obtidos por Pedro, embora satisfatórios, não foram suficientes para convencer os Bakhaus. Nem mesmo o aumento de receitas de exportação, atenuou as divergências entre o estilo de Pedro e o desejado por seus sócios. Com a concentração do poder nas mãos dos Ceitlin, passou a existir a expectativa de que com o controle de uma só família o grupo pudesse ganhar maior agilidade e competitividade, o que é fundamental em tempos de concorrência mais aberta.
          A saída dos Bakhaus contribuiria para uma pacificação, pois Michel receberia de volta suas antigas funções. A paz no grupo Zivi não era apenas uma veleidade familiar. Ela era necessária para aparar as arestas que a atuação de Pedro para modernizar a empresa causou.
          Em julho de 1993, Michael, com a ajuda de acionistas minoritários, derrubou o irmão durante uma assembleia.
          Em abril de 1994, tendo aos irmãos Michael Ceitlin e Pedro Ron Ceitlin, como principais acionistas, a Zivi-Hercules, convivia com uma dívida junto à Receita Federal de 7 milhões de dólares.
A dívida foi contraída no período em que Pedro dirigiu a Zivi.
          Atualmente, a Hercules pertence à Mundial.
(Fonte: revista Exame - 22.07.1992 / 13.04.1994 - partes)

Castrol

          Em 1889, C.C.Wakefield jamais poderia imaginar que o home um dia pisaria na Lua. E muito menos que a nave que o levaria nessa incrível jornada estaria utilizando produtos da empresa que faria parte do grupo que estava fundando: a Castrol. Pois o homem, quase um século depois, foi à Lua.
          Desde o primeiro óleo multiviscoso para automóveis, lançado em 1909, a Castrol se esmera para ser sinônimo de conquistas tecnológicas.
          A Castrol é a principal empresa do grupo britânico Burmah-Castrol, que opera, principalmente, nas 
áreas de lubrificantes, química fina e distribuição de combustíveis.
          O intercâmbio tecnológico no mundo inteiro, resultado da diversificação de uso dos produtos, possibilita a atuação da Castrol no mercado automotivo, para os consumidores em geral e para empresas de transportes, reflorestamento, construção e mineração; no mercado industrial para os setores de 
transformação de metais e indústrias em geral; e no mercado marítimo e de aviação.
          Considerando dados de julho de 1992, a Castrol é responsável por uma operação que envolve mais de 9.000 funcionários nas áreas de produção, marketing, distribuição, pesquisa e desenvolvimento de 
lubrificantes, atuando em 40 países e com representações em mais de 100.
(Fonte: revista Exame - 22.07.1992 (anúncio publicitário, com texto adaptado)

16 de fev. de 2023

Movida (JSL/Simpar)

           A empresa de aluguel de carros Movida foi adquirida em 2013 pela JSL. Por ocasião do negócio, a Movida era dona de 25 lojas nos principais aeroportos do país.
          Em meados de dezembro de 2021, a Movida anunciou uma pequena aquisição, a Marbor Frotas Corporativas, pelo valor de R$130 milhões, adicionando 1,8 mil veículos à sua frota de GTF. A aquisição permite a captura de sinergias pela Movida com acesso a uma nova base de clientes.
          Em setembro de 2022, a Movida adquiriu a locadora portuguesa Drive on Holidays (DOH) por 66 milhões de euros, cerca de US$ 65 milhões, por meio de sua subsidiária Movida Finance. Considerando a dívida líquida de 11 milhões de euros da empresa em agosto (2022), a operação resultou em um valor patrimonial de 55 milhões de euros (US$ 54,1 milhões).
          Todos os ativos da empresa compuseram a transação, inclusive a frota, avaliada em, aproximadamente, 60 milhões de euros, e dois imóveis operacionais, avaliados em 3,5 milhões de euros.
          “Em linha com o planejamento estratégico de realizar movimentos internacionais que não comprometam o desenvolvimento da Movida no Brasil e que sejam complementares e sinérgicos, a transação marca o início da internacionalização da Movida e a entrada na Europa”, diz a companhia em comunicado.
          Sediada em Lisboa e com atuação no setor de locação de carros desde 2011, a empresa adquirida tem quatro lojas adjacentes aos principais aeroportos de Portugal (Lisboa, Porto, Faro e Ponta Delgada, este na região dos Açores) e frota de aproximadamente 3,3 mil veículos em agosto de 2022 (99% próprios e 1% sob contratos). A frota média é de aproximadamente 2,7 mil veículos e idade média de 1,6 ano.
          De acordo com o informado, um dos acionistas fundadores e executivo da DOH, Ricardo Esteves, assim como os 130 funcionários da empresa, continuarão executando o desenvolvimento da Drive on Holidays com uma gestão totalmente independente da operação da Movida no Brasil.
(Fonte: eleven financial - 18.12.2021 / Valor - 22.09.2022 - Partes)