A Shein é uma varejista chinesa de moda fundada em 2008 por Chris Xu. A empresa de Chris Xu faz parte do varejo que, em 2020, não se beneficiou com as vendas on-line resultantes da Covid-19 ( Afinal, quem iria investir em uma roupa ou acessório novo sem nenhuma perspectiva de sair de casa?), mas agora passa por um revés positivo.
Quem é o misterioso dono da Shein? Ele é avesso a entrevistas, não circula em eventos corporativos e seu nome mal aparece no site da gigante varejista de moda. Nascido em 1984, Chris Xu (também conhecido por Xu Yangtian ou Sky Xu) é o misterioso fundador e CEO da Shein, fenômeno do fast-fashion global que se prepara para iniciar suas operações de produção têxtil no Brasil. Diferentemente de outros bilionários chineses, como Jack Ma, do Alibaba, e Pony Ma, da Tencent, Xu é discreto, faz questão de manter distância dos holofotes e também é conhecido por trabalhar de maneira obsessiva, afirma a californiana Rui Ma, especialista no mercado chinês e criadora do podcast Tech Buzz China.
Algo que chama muito a atenção nessa guinada é a atuação de um player pouquíssimo conhecido do público brasileiro antes do isolamento social. Shein foi o aplicativo de "fast fashion" mais baixado no Brasil em 2021, com 23,8 milhões de downloads no período. A empresa tem forte apelo com a chamada "geração Z", dos nascidos entre o final da década de 1990 e a primeira década dos anos 2000. Em festas descoladas da noite paulistana, é comum encontrar jovens vestindo roupas, calçados ou acessórios “da moda” comprados na Shein. A plataforma pratica preços mais compatíveis com o poder de compra desse perfil de consumidor e também tem revolucionado a maneira de se adquirir produtos em sites estrangeiros.
Assim como muito do que é vendido em aplicativos como Shopee e Alibaba, os produtos da Shein vêm da China. Mas, de maneira inédita por aqui, a varejista montou seu próprio market place brasileiro, tornando-se parceira de fornecedores locais. Com essa estratégia, as mercadorias que antes demoravam meses para serem entregues no Brasil, chegam ao consumidor em prazos bem menores. Assim, a Shein traz ao país seu polêmico modus operandi, em que os fornecedores precisam conceber e confeccionar roupas em apenas uma semana.
Em 23 de agosto de 2023, o CEO na América Latina, Marcelo Claure, informou que no Brasil já há 200 fábricas da empresa em pleno funcionamento. Já com centros de distribuição, o Brasil estaria prestes a se tornar um pólo de exportação.
A vantagem competitiva da Shein, segundo o executivo, vai muito além do preço. O modelo de negócios da plataforma permite projetar, produzir e entregar um produto em sete dias, enquanto a maioria dos concorrentes ainda trabalha com o conceito de temporada. Um dos planos mais ousados da marca para o Brasil é entregar os pedidos em questão de horas.
Claure conheceu a marca observando o comportamento de suas cinco filhas — a mais velha tem 28 anos e a mais nova, 5. No final do mês, quando conferiam as faturas do cartão de crédito, elas repetiam o mesmo nome: Shein , Shein, Shein. Conhecendo o modelo de negócio, gostou da empresa e pegou um avião para a China para conversar pessoalmente com os trabalhadores e gestores das fábricas. Lá, ele viu o que acreditava ser uma das empresas mais disruptivas do mundo. No início de 2023, ele investiu US$ 100 milhões na Shein por meio de seu family office.
O Brasil foi o primeiro país da Shein fora da China a ter fábricas e, com o sucesso da iniciativa, o grupo passou a fabricar também na Turquia. Faz sentido, dada a importância do país para o grupo, que tem aqui 45 milhões de clientes, mais de um terço da população adulta do país, e o seu total de consumidores globais, agora em 160 milhões de pessoas.
(Fonte: revista Capital Aberto - 19.02.2023 / Época Negócios - 01.08.2023 /Valor - 23.08.2023 - partes)