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18 de jun. de 2020

Hoepcke

          A Fábrica de Rendas e Bordados Hoepcke foi fundada em 1913 por Carl Hoepcke e Ricardo Ebel em Florianópolis, nos altos da Rua Felipe Schmidt, hoje o principal calçadão de Florianópolis.
          Em 1928 tinha mais de 20 máquinas e passou a vender para outros países, tornando-se uma das mais tradicionais empresas catarinenses. Seu crescimento econômico é contínuo e, em 1942, já sociedade anônima, Aderbal Ramos da Silva torna-se presidente da empresa.
          Em 1979, a empresa mudou-se para São José, município localizado nos arredores de Florianópolis, transformando-se em uma unidade industrial superior a 10 mil metros quadrados, ocasião em que ocorreu a primeira modernização com a renovação de máquinas e equipamentos.
          Em 1991, a empresa passou a ser comandada pela bisneta do fundador, Sílvia Hoepcke da Silva, nascida em 1945, que elegeu como prioridade a capacitação dos recursos humanos e o desenvolvimento industrial e tecnológico.
          Ao longo de seus oitenta anos, a Hoepcke, a maior e mais tradicional indústria de rendas do país, praticamente se manteve à margem do néon.  A empresa nunca tinha aparecido em campanhas nacionais de propaganda. Até então, a Hoepcke se enquadrava naquela categoria de empresa familiares, competitivas, tecnologicamente avançadas, mas preocupadas apenas em ter produtos de qualidade - não em mostrá-lo ao mercado.
          No início de 1993, Sílvia pisou pela primeira vez numa agência de publicidade. Ela bateu à porta da agência de publicidade Salles/Inter-Americana, em São Paulo, com 500.000 dólares para investir. O objetivo era comemorar o aniversário da empresa.
          O batismo da Hoepcke na mídia, em junho, pareceu coisa de anunciante que já sabe muito bem o caminho das pedras. Um catálogo de oito páginas foi encartado em seis revistas femininas de circulação em todo o país. O resultado veio no mês seguinte: o faturamento da Hoepcke cresceu 50%. Para atender à demanda, a empresa teve de criar às pressas um terceiro turno de trabalho na fábrica de São José.
          A agência não se limitou a criar um catálogo bonito e ousado e encartá-lo nas revistas. Antes de tudo, a Salles foi a campo conhecer o que acontecia com os bordados e as rendas Hoepcke no mercado. Constatação: a imagem da marca era boa, mas a distribuição poderia melhorar. Até então, a empresa colocava seus produtos principalmente nos grandes atacadistas. Deixava de fora as confecções. A Salles sugeriu que as indústrias recebessem mais atenção, que os revendedores fossem mais treinados; mudou toda a identidade visual da marca; e, por fim, mexeu na linha de produtos.
          Até então, o mercado de rendas no Brasil concentrou esforços nas linhas voltadas para as confecções de roupas de cama. As rendas mais finas, para vestuário, foram relegadas a um segundo plano. Eram associadas a modelos do tempo da vovó, nunca estavam na moda. As tendências para as estações seguintes mudaram a situação. As rendas passaram a fazer parte do guarda-roupa. As então outras três maiores empresas do mercado - a Arp e a Unida, do Rio de Janeiro, e a Trufana, de São Paulo - também teriam que descobrir o novo filão.
          A empresa vem passando por transformações significativas. Conquistou novos mercados e atualizou sua linha de produção. Hoje, foca em pesquisa e desenvolvimento e produtos de valor agregado. Desta maneira aproxima-se do mundo fashion de ponta da moda brasileira. A lista de clientes inclui grifes de moda, cama, mesa, banho, calçados e decoração, como também o varejo.
O relacionamento com estilistas e a participação em eventos como o São Paulo Fashion Week conecta a empresa com as tendências, aproximando-a do seu público-alvo.
          Com uma área direcionada para Pesquisa e Desenvolvimento, a empresa está constantemente alinhada às novas tendências, oferecendo aos seus clientes produtos diferenciados, soluções criativas para suas coleções e também seu tradicional bordado em cambraia de algodão.
(Fonte: revista Exame - 18.08.1993 / site da empresa - partes)

17 de jun. de 2020

Ri Happy

          A rede de lojas de brinquedos Ri Happy foi criada em 1988. Cansado de ter problemas com inquilinos, o pediatra Ricardo Sayon pediu à mulher, Juanita Sayon, que montasse um negócio para ocupar um imóvel de sua propriedade no bairro dos Jardins, na capital paulista.
          O nome da empresa surgiu de uma brincadeira de Juanita: significa "para deixar o Ricardo feliz".
          No ano seguinte, 1989, ele chamou o primo Roberto Saba para a sociedade. Depois de abrir quatro pontos de venda e acumular prejuízos, em 1991 a dupla resolveu sair do ramo. Sayon foi pessoalmente à Estrela, fabricante de onde vinham 70% das mercadorias do Ri Happy, para negociar a devolução do estoque. Foi convencido por um diretor da empresa de brinquedos, Hans Becker, a perseverar. Estudou gestão, largou a medicina e expandiu a rede para o Brasil inteiro, investindo na qualidade do atendimento. Os vendedores eram treinados para dar orientações sobre o tipo de brinquedo comprar dependendo da idade e dos gostos da criança.
          No início de 2012, a Ri Happy foi comprada pelo fundo de investimento Carlyle Group. Em junho do mesmo ano, a Ri Happy comprou sua principal concorrente, a PB Kids. O valor do negócio não foi informado. Somadas, as marcas tinham mais de 400 lojas espalhadas por todas as regiões do país.
          Sayon deixou a companhia definitivamente em 2014, dois anos depois da venda para o Carlyle. Mas o princípio de municiar o consumidor de informações continua sendo a base da estratégia.
          Em março de 2018, o Carlyle suspendeu mais uma vez a oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) em meio à hesitação dos investidores por causa das incertezas macroeconômicas e dúvidas quanto à capacidade da Ri Happy de se adaptar aos novos tempos. Na transação, estudada desde 2013, o fundo esperava captar 860 milhões de reais com a venda de até 80% da empresa, estimando o valor de mercado da Ri Happy entre 1,2 bilhão e 1,7 bilhão de reais.
          Desde o início de 2019, a empresa corre para aumentar a digitalização de sua operação e reformular suas unidades. A ideia é fornecer mais informações aos pais e entretenimento para as crianças. "Continuamos com nosso carro-chefe, que são os brinquedos, mas enxergamos outras avenidas de crescimento. Não existe outra maneira de sobreviver no varejo", diz Carlos Fernandes, diretor de operações da companhia.
          A Ri Happy, maior rede de brinquedos do Brasil, considerando números de março de 2019, tem 276 lojas (incluindo as da marca PBKids).
          Em junho de 2023 vem a lume que a Ri Happy começou a renegociar cerca de R$ 500 milhões de dívidas com pelo menos 10 bancos — a maior parte do valor está concentrada nas mãos de menos da metade desses credores — na tentativa de adequar a estrutura de capital da rede ao fluxo de caixa da empresa, segundo fontes.
          É o segundo ativo adquirido pelo Carlyle, que passa por essa situação. A SPX Capital fechou parceria com o Carlyle em 2021 e opera os ativos do fundo no país, incluindo Tok&Stok e Ri Happy. A varejista de móveis também iniciou, nos primeiros meses de 2023, uma renegociação de linhas com bancos. No caso da Tok&Stok, a dívida é de R$ 600 milhões.
          O jornal Valor apurou também que a Starboard, que atua na reestruturação de dívidas, está envolvida no processo com a Ri Happy, e as negociações incluem uma carência nos pagamentos de em média três anos e o alongamento da dívida de forma que o custo de novas linhas sejam próximas das atuais.
(Fonte: revista Exame - 20.03.2019 / Valor - 23.06.2023 - partes)

16 de jun. de 2020

RecargaPay

          A startup RecargaPay foi fundada por três argentinos, o economista Gustavo Victorica e os administradores Alvaro Teijeiro e Rodrigo Teijeiro, primos, e está sediada em São Paulo.
          O trio planeja repetir a história de outras startups argentinas por aqui, como a Decolar e Mercado Livre, que no início de março de 2019 valiam, respectivamente, 1,2 bilhão de dólares e 20 bilhões de dólares.
          Há uma troca pelo público em geral do pagamento em dinheiro e cartões pelos pagamentos 100% digitais. Um dos nichos em que a mudança acontece mais rapidamente não é exatamente glamouroso: as microtransações essenciais aos brasileiros, como recarga de celular e pagamento de boletos. É um negócio que fica fora das prioridades de grandes bancos e fintechs. Essa é a principal aposta dos argentinos que escolheram o Brasil como campo de atuação.
          O primeiro negócio em pagamentos do trio foi o TarjetasTelefonicas, criado por Rodrigo Teijeiro, em 2002, para vender cartões de ligações internacionais. O experimento se transformaria no site Recarga.com, focado em créditos para celulares pré-pagos. O negócio foi tocado em paralelo com a Sonico, rede social similar ao Facebook, mas voltada para a Amércia Latina. A Sonico chegou a ter 55 milhões de usuários e foi adquirida pelo grupo de internet IAC, dono de sites de relacionamento, como Match.com, em 2014.
          Os recursos da venda foram usados para transformar o Recarga.com em RecargaPay. O nome representa melhor um "ecossistema de pagamentos móveis", segundo o fundador, com serviços além de recarga de celular. Com a mudança, a empresa se mudou para seu mercado mais promissor: o Brasil.
          O foco da RecargaPay está em microtransações de alta frequência - oito em cada dez pagamentos feitos nãp passam de 20 reais. Para usar o serviço, é preciso inserir dinheiro na carteira digital via pagamento de boletos, transferências, depósitos ou cartão de crédito. A recarga de celular continua sendo o principal serviço, mas a fintech aceita também recarga de Bilhete Único (cartão de transporte público de São Paulo), transferências, cartões pré=pagos, pagamentos de boletos, vale-presentes, parcelamento.
          A fintech tem 1,5 milhão de contas ativas e não divulga quantos usuários aderiram à assinatura mensal. Os argentinos querem repetir casos de sucesso como os vistos na China, onde mais de sete em cada dez pagamentos passam pelas carteiras digitais. A maioria usa as e-wallets Alipay e WeChat Pay, dos gigantes de tecnologia Alibaba e Tencent, respectivamente. Mesmo assim, carteiras digitais menores ocupam um bom naco dos pagamentos chineses (16% em marco de 2019). É uma proporção que as fintechs brasileiras buscam repetir, em um país no qual as carteiras digitais ainda não têm uma participação digna de nota.
          A RecargaPay se estabeleceu como resolvedora de problemas para clientes como os desbancarizados. É um nicho que deve atrair novos concorrentes. A RecargaPay não precisa apenas convencer os brasileiros a deixar cédulas e cartões em casa - precisa convencê-los a não embarcar na canoa da concorrência.
(Fonte: revista Exame - 20.03.2019)

15 de jun. de 2020

Cocelpa

          Entre os imigrantes que se aventuraram em solo brasileiro durante o século XIX, quando a Europa passava por um período de guerras e conquista de territórios, estavam os irmãos gêmeos Giacomo e Fortunato De Pauli, moradores de Fiera di Primiero, na região de Trentino, Alto Adige. Deixaram para trás uma vida de luta e incertezas para desbravar o novo país, providos de coragem, iniciativa e muita vontade de trabalhar.
          A primeira parada aconteceu em Antonina (PR), cidade litorânea e com um clima peculiar, muito diferente do europeu. Decepcionados, alguns imigrantes retornaram ao Velho Mundo, enquanto outros decidiram seguir em frente e rumaram à Curitiba, a pé. Na atual capital paranaense, foram recebidos pelos moradores locais, que os acolheram e requisitaram terras para que os imigrantes pudessem trabalhar.
          Em 1878, foi fundada a colônia Santa Maria do Novo Tirol, pelas famílias italianas remanescentes, em uma região mais favorável ao plantio, no município de Piraquara. Nos primeiros anos, as adversidades foram superadas com muito trabalho, maneira encontrada também para amenizar a saudade. Com persistência, alguns imigrantes iniciaram a comercialização de madeira e conseguiram prosperar. A construção de estradas de ferro e de novas cidades colaborou para o relativo sucesso do empreendimento naquele momento.
          Os irmãos De  Pauli estavam entre os moradores da colônia que lutavam pela estabilidade econômica no Brasil. Trabalharam arduamente e constituíram famílias, que deram continuidade ao negócio criado a partir de muito suor e dedicação.
          Um desses herdeiros, Antônio de Pauli – filho de Giacomo e Orsola Madalena –, tornou real o sonho da prosperidade familiar. Após casar-se, em 1919, com Thereza Fontana, mudou-se para Curitiba (PR) e fundou, em 1943, a Madeireira De Pauli & Cia. Foi um período de crescimento na empresa, que motivou o seu criador a planejar novos negócios.
          Em 1963, juntamente com os seus cinco filhos, Antônio de Pauli criou, em Araucária, cidade localizada na região metropolitana de Curitiba, a Cocelpa - Companhia de Celulose e Papel do Paraná, tendo como objeto social a fabricação de papel, celulose e produtos afins. Anos mais tarde, o crescimento significativo dos negócios da organização justificou a criação do Grupo de Pauli.
          Antônio de Pauli construiu sua fortuna a partir da pequena madeireira, depois seguido pelos  filhos Onivaldo, José, Tito, Aurélio e Antonio Elói. Quando morreu, em 1977, deixou um grupo de empresas que mantinha uma relação incestuosa com a família. Exemplo: Rosa Maria, a viúva de um dos filhos, Aurélio, morto em 1974, tinha todas as suas contas particulares, do clube ao IPTU, pagas pelas empresas.
          A morte de um segundo filho de Antonio Pauli, Tito, em 1988, deu início às primeiras tentativas de venda de participação societária, em termos ainda amigáveis. As discussões só saíram do terreno doméstico em 1989, quando Rosa Maria entrou na Justiça com ações de dissolução de sociedade, divisão de bens e prestação de contas. Em 1990, ela ganhou o apoio do sobrinho Marco Antonio, filho de Tito. Os dois aliados passaram a enfrentar as outras três partes em cerca de quarenta ações.
          A acirrada disputa entre os Pauli era pelo controle de um patrimônio avaliado em 90 milhões de dólares. A família era dona de cinco empresas (papeleira, de embalagens, madeireiras e reflorestadora), noventa imóveis e sete fazendas, que somavam 20.000 alqueires.
          Nesse contexto, estava a Cocelpa. Se o montante do patrimônio estava avaliação entre 90 milhões e 200 milhões de dólares, devia-se descontar uma dívida de 60 milhões de dólares contraída em financiamentos para a construção da Cocelpa, o carro chefe do grupo.
          De sua inauguração na década de 1960, a fins dos anos 1980 e início da década de 1990, a Cocelpa acumulou prejuízo e atraso tecnológico. "Dedicamos quase todo o nosso tempo às discussões de família, quando poderíamos estar investindo na modernização da fábricas", disse Antonio Elói.
          Enquanto as acusações escorregaram para o campo pessoal, os advogados das duas facções voltaram a reunir-se no início de agosto de 1993. Um protocolo de intenções começou a ser discutido e podia ser o ponto de partida para um ajuste final. Iria tomar como base um levantamento patrimonial feito por auditores da Price Waterhouse (hoje PwC).
          A Cocelpa sobreviveu, assim como o grupo como um todo. Com sede em Curitiba e com instalações industriais no município de Araucária, a Cocelpa exporta 60% de sua produção para mais de 30 países nos cinco continentes. O Grupo de Pauli reúne atualmente seis empresas.
(Fonte: site da empresa / revista Exame - 18.08.1993 - partes)

14 de jun. de 2020

Unicasa

          O grupo gaúcho Unicasa, sediado na cidade gaúcha de Bento Gonçalves, é dono das marcas de móveis sob medida Dell Anno, Favorita e New. A empresa foi fundada por Juvenil Zietolie e outros sócios, em 1985. Deram respaldo para a fundação as empresas Grendene S.A, Telasul S.A. e Pozza S.A. - Indústria e Comércio, e a primeira denominação foi Premier Móveis Ltda. Ainda em 1985 a razão social foi alterada para Dell Anno Móveis Ltda. Inicialmente, eram fabricados apenas móveis para cozinhas.
          Em 2003, a Unicasa criou a marca Favorita que, inicialmente, tinha como foco a comercialização de seus produtos apenas em pontos de venda multimarcas. Também em 2003, a razão social foi alterada para Única Indústria de Móveis Ltda., passando o nome Dell Anno a ser a principal marca, que tinha como foco a comercialização de seus produtos apenas em revendas exclusivas. No ano seguinte, 2004, a empresa passou a ser uma sociedade anônima, e a razão social foi alterada para Única Indústria de Móveis S.A.
          Em 2006, assume o comando da empresa Frank Zietolie, nascido em 1973, representante da segunda geração de herdeiros, filho de Juvenil.
          Frank trabalhou por 20 anos na Unicasa antes de assumir o cargo. Uma de suas primeiras medidas foi demitir os dois únicos diretores do grupo - um executivo e um da área comercial -, que estavam na empresa havia duas décadas. Para substituí-los, contratou profissionais bem mais jovens - com a mudança, a idade média da diretoria caiu de 45 para 30 anos.
          Logo em seguida, em janeiro de 2007, criou um programas de trainees, elaborado em parceria com o consultor paranaense Eduardo Ferraz, de grande impacto para a empresa. "Esse seria um passo fundamental para criarmos uma empresa com cultura de metas arrojadas e política de bônus agressiva, parecida com a da AmBev", disse, Zietolie. A criação dessa linha de produção em massa de novos profissionais - em média, são cinco programas de treinees por ano - tornou-se o alicerce para a expansão dos negócios.
          Em continuidade ao projeto de expansão dos negócios, em 2007, por meio de contrato de licença de uso de marca celebrado com a Telasul S.A., foi adquirido o direito, não exclusivo, de utilização da marca Telasul, com um perfil de produto para atender as grandes redes varejistas e focada no segmento de consumo da classe D.
          A partir de 2007 e 2009, respectivamente, as marcas Dell Anno e Favorita passaram por um processo de reposicionamento, visando elevar a percepção das marcas e dos respectivos produtos. Esse reposicionamento resultou na criação, no ano de 2009, da marca New, voltada para atender o crescimento do consumo da classe C no Brasil, completando o portfólio de marcas.
          Em 2009, a razão social foi alterada para Unicasa Indústria de Móveis S.A. Em 2010, foi criada a Unicasa Corporate, divisão de negócios com foco em parcerias na construção civil e no ramo hoteleiro, com o intuito de capitalizar a expansão desse mercado e as oportunidades decorrentes dos investimentos no país para a Copa do Mundo de 2014 e para os Jogos Olímpicos de 2016.
          Considerando os números de maio de 2010, a Unicasa tinha 1.000 lojas espalhadas por todos os estados brasileiros. Mais da metade abriu as portas entre 2008 e 2010 e, desse total, algo como 400 foram inauguradas por ex-trainees.
          O início do ano de 2012 foi marcado pela consolidação da vinculação da imagem da marca Dell Anno a estilo e moda, por meio do patrocínio concedido à São Paulo Fashion Week. Nesse mesmo ano foi iniciado o projeto de lojas próprias da Unicasa que culminou com com a abertura de 4 lojas Dell Anno em São Paulo e 1 loja Dell Anno em Manaus em 2013. Ainda em 2012, a empresa abriu o capital no Novo Mercado da BMF&Bovespa (UCAS3).
          A marca “Casa Brasileira” foi lançada em março de 2013, na Feira de Móveis do Estado do Paraná (Movelpar), inspirada no local onde o ser humano vive muitas histórias, tem carinho por ele, e que sempre busca dar seu toque pessoal: a sua casa. De norte a sul do Brasil, avaliou-se a arquitetura, o design, as tonalidades e a gastronomia. O posicionamento da marca surge para atender a todas as regiões do país, com um preço acessível, democratizando o móvel planejado. A marca foi desenhada para aqueles que buscam a riqueza nos detalhes, nos elementos que compõem a cultura nacional, que têm orgulho de ter o Brasil dentro do seu próprio lar. A estratégia da nova marca “Casa Brasileira” busca consolidar e expressar os objetivos da Unicasa de apresentar soluções modernas, dinâmicas e de alta qualidade aos clientes.
          Em maio de 2014 a companhia inaugurou sua última loja própria do projeto iniciado em 2012, a Dell Anno Atelier. Situada em uma das regiões mais nobres da cidade de São Paulo, O Atelier possui 450 metros quadrados e é resultado da materialização do posicionamento da marca que vem permeando o universo fashion com o design do mobiliário, inicialmente com a participação de Reinaldo Lourenço, que assinou a Linha Duo Chamalote, e posteriormente da Animale, com a coleção Ashanti. O showroom abre as portas com o lançamento da superfície MOON, assinada pelo estilista Pedro Lourenço e campanha estrelada pela modelo Izabel Goulart.
          No segundo trimestre de 2014, a companhia decidiu por encerrar o fornecimento de móveis modulados a magazines que ocorria através da marca Telasul Modulados, concentrando seus esforços para aumentar a rentabilidade da empresa em sua principal atividade, os móveis planejados.
          Hoje, 41,72% das ações estão nas mãos do empresário gaúcho Alexandre Grendene, dono de fábricas de calçados que levam seu nome, tem 41, 13,88% pertencem aos Zietolie e os restantes 44,4% são free float.
(Fonte: revista Exame - 16.06.2010 / site da empresa - partes)

13 de jun. de 2020

De Plá

          Em 1958, os imigrantes espanhóis Pedro Plá e sua esposa Dolores abriram o negócio de fotografia. Os dois se conheceram quando Pedro foi tirar uma foto num estúdio do qual Dolores era gerente. Depois de casados, resolveram abrir um negócio próprio em Niterói, onde mantiveram a matriz.
          O negócio tomou impulso em 1965, quando a Fuji escolheu a De Plá para processar seus filmes. (Na época, a empresa japonesa não tinha laboratório no Brasil.) Com os investimentos feitos com a parceria, uma empresa maior começou a ser esboçada.
          A franquia da marca começou sem planejamento. Em 1989, quando a rede já possuía 25 lojas, um amigo da família interessou-se em abrir uma loja da De Plá em Campos, no norte Fluminense. Na mesma época, a empresa lançou o filme de marca própria importado.
          No comando dos negócios estavam o carioca Daniel Plá, nascido em 1957, um dos quatro herdeiros do grupo. Embora cabia a Pedro, seu irmão, atrair novos franqueados, era Daniel - professor de marketing de varejo na Fundação Getúlio Vargas e na PUC do Rio de Janeiro - o responsável por definir as estratégias da rede.
          Daniel cultivava hábitos não muito peculiares a um executivo. Gostava, por exemplo, de andar de ônibus. "É para conversar com estranhos e tirar ideias para o negócio", dizia. Também tinha na cabeça a exata quantidade de álcool que deve ser colocada no jornal usado para limpar as vitrines das lojas sem embaçar os vidros - habilidade que adquiriu ainda criança, quando limpava a vitrine da loja dos pais. Gosta muito também, de bisbilhotar as lojas dos concorrentes.
          Com o surgimento do Plano Real, e consequente aumento inicial da renda, o consumo de filmes no Brasil cresceu de 34 milhões de rolos, em 1993, para 84 milhões em 1997. A De Plá tirou proveito disso investindo pesadamente em propaganda.
          Batendo de frente com a Kodak, seus pontos eram instalados muito próximo das lojas de seus concorrentes. Em meados de 2002, estava em seus planos a entrada nos mercados de Fortaleza, Vitória e Florianópolis. A grande dúvida era se a expansão conseguida no Rio de Janeiro, um mercado familiar para os Plá, podia ser reproduzida em mercados ainda desconhecidos.
          Desde que a empresa decidiu abrir franquias, no final da década de 1980, o número de lojas passou de 25 para 160, em meados de 2002.
          A onipresença da De Plá na paisagem carioca garantiu à rede um recorde mundial. Segundo a consultoria Ernst & Young (hoje EY), é a franqueadora do seu ramo com o maior número de lojas em uma mesma região metropolitana: eram 146 em meados de 2002. Além das unidades cariocas, a De Plá tinha seis lojas no interior do estado do Rio de Janeiro e oito em cidades paulistas e mineiras. Suas maiores concorrentes eram as duas maiores multinacionais do setor: a americana Kodak e a japonesa Fuji.
          Com o advento das máquinas digitais e depois o celular, muita coisa mudou. A De Plá não está mais presente em Copacabana. Mas, para acompanhar as tecnologias e tendências da fotografia, possui laboratório fotográfico para revelação de fotos digitais e analógicas, e estações digitais para criação e manipulação de imagens fotográficas. Além de receber pedidos pela internet, possui lojas na Rua Uruguaiana, no centro do Rio de Janeiro e na Rua Gavião Peixoto, no bairro de Icaraí, em Niterói.
(Fonte: revista Exame - 07.08.2002 - parte)

12 de jun. de 2020

LD Celulose

          Em junho de 2018, a austríaca Lenzing e a brasileira Duratex formaram uma joint venture, criando a LD Celulose. O empreendimento formaria a maior produtora mundial de celulose dissolvida (solúvel) e fornecedora de viscose para a indústria têxtil. A celulose solúvel é utilizada para fabricar tecidos como viscose e liocel, e também nãotecidos, como o material para máscaras descartáveis.
          Na joint venture com a austríaca, a Dexco tem 49% de participação e a Lenzing os outros 51%. Na empresa florestal, que dá suporte de matéria-prima à fábrica, as participações se inverteram – a Dexco tem 51% .
          No pior momento da pandemia, nos primeiros meses de 2020, que levou à redução do contingente no canteiro de obras, o projeto estava em terraplanagem, mas, a não ser que haja piora das condições, a previsão continua para fevereiro de 2022.
          Em junho de 2020 a parceria Lenzing e Duratex obteve financiamento de US$ 1,1 bilhão no exterior para projeto total de R$ 7 bilhões, dos quais R$ 5,2 bilhões na unidade industrial, entra agora na fase pesada de construção e montagem.
          A construção da fábrica está localizada na região do Triângulo Mineiro. No pico das obras, 6,5 mil pessoas estariam envolvidas no projeto, com início de operação previsto para o primeiro semestre de 2022.
          A unidade de produção começou a operar em meados de 2022, localizada em um reflorestamento de mais de 40 mil hectares de eucalipto na região do Triângulo Mineiro. Essa área pode chegar a 70 mil hectares, o suficiente para atender a demanda da usina.
          Toda a produção de celulose solúvel é comprada pela Lenzing, em contrato de 25 anos, visando o abastecimento de suas fábricas na Europa. Os lotes de celulose saem em trens, cuja ferrovia passa pela área da LD, e são embarcados em navios no Portocel, terminal portuário de Aracruz (ES).
Fonte: jornal Valor - 24.03.2020 / 12.06.2020 / 18.12.2022 - partes)

11 de jun. de 2020

Beefbar

          O restaurante Beefbar foi fundado pelo restauranter italiano Riccardo Giraudi em Monte Carlo, no principado de Mônaco. Como o nome indica, o foco são as carnes mais incensadas, como o wagyu japonês, o kobe beef e o black angus argentino.
          Cliente assíduo da matriz, Felipe Massa, piloto de Fórmula E, modalidade que abraçou em 2018, Massa propôs montar a versão paulistana em parceria com o irmão, Dudu Massa, que ajuda a gerir sua carreira. Massa mora em Mônaco desde 2006.
          Com o sinal verde de Giraudi, a dupla convidou o empresário Ruly Vieira, um dos sócios do Banana Café, para encabeçar o negócio. "O tipo de comida, a experiência e o serviço que o Beefbar proporciona não existem em São Paulo", diz Massa.
          Massa segue o caminho de outros famosos, que emprestam o nome como estratégia de marketing. Nessa lista estão Robert De Niro, sócio da rede Nobu, com 40 restaurantes e 11 hotéis, e Bruno Gagliasso, do Le Manjue Organique e das filiais brasileiras das rededs Burger Joint e Bagatelle.
          A novidade vai ocupar um imóvel na mesma rua do D.O.M., do chef Alex Atala, nos Jardins. As oito filiais em operação ficam em destino badalados, como Mykonos e Saint-Tropez.
(Fonte: revista Exame - 18.03.2020)

10 de jun. de 2020

RAR / Rasip (Randon)

          Neto de italianos que no final do século XIX migraram para o Brasil, Raul Anselmo Randon, aos 10 anos, chega a Caxias do Sul com a família, vindo de Rio Bonito (hoje Tangará) no oeste catarinense, onde nasceu. A bela paisagem na grande curva do rio, onde a construtora fez parada para assistência aos trabalhadores da estrada de ferro, que ao cortar Santa Catarina, acompanhou as margens do Rio do Peixe, deu nome ao lugar onde Randon nasceu.
          Em 1943, então com 14 anos, Randon foi trabalhar na ferraria do pai, Abramo, onde eram fabricadas ferramentas agrícolas. A Mecânica Randon, dedicada à reforma de motores, foi fundada em 1949 por Raul e seu irmão Hercílio. Dois anos depois, em 1951, um incêndio destrói a sede da empresa e os irmãos passam a trabalhar em um galpão cedido por um amigo. Em seguida, mudam de atividade, passando para a fabricação de freios a ar para caminhões.
          Em 1955, a Randon inicia a fabricação de semirreboques rodoviários e dez anos depois, em 1965, é inaugurada uma fábrica em Guarulhos, na grande São Paulo. Abre o capital na Bovespa em 1972 e, dois anos depois, inaugura nova fábrica em Caxias do Sul, onde fica a matriz do grupo até hoje.
          A Randon seguiu em frente sob o comando de Raul, não sem alguns solavancos no caminho.
Chegando a hora da troca de comando, Raul Randon transfere, em 2009, a presidência para o filho David e permanece como presidente do conselho de administração.
          Em algum momento, mais precisamente no começo da década de 1970, o patriarca Raul Randon decidiu investir no campo. O envolvimento de Randon com o campo já vem de longe, quando na infância ajudava os avós a cultivar a terra. Conhecido como empresário do ramo de logística que construiu a famosa marca de carrocerias Randon, ele aponta sua atividade preferida para sua nova fase de vida, que, teoricamente, seria a aposentadoria: produzir maçãs, uvas viníferas, queijos e outros lácteos, além de cultivar oliveiras para iniciar em breve a extração própria de azeite. Isso tudo no município vizinho de Vacaria, sob o guarda-chuva da Rasip, empresa controlada pela família Randon à parte do grupo de implementos e autopeças,
          Era em Vacaria, nos Campos de Cima da Serra, que o empresário passava alguns dias da semana e também muitos finais de semana. Assim, tinha a oportunidade de acompanhar de perto a rotina da produção, principalmente na época da colheita da maçã, que enche com milhares de trabalhadores temporários os pomares espalhados por suas terras
          Raul Anselmo Randon, morreu em 3 de março de 2018, aos 88 anos, na unidade Morumbi do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.

RAR / Rasip

          A RAR, de Raul Anselmo Randon, com sede em Vacaria (RS), fica a cerca de 120 quilômetros da sede das indústrias Randon, em Caxias do Sul. Teve origem na fruticultura, com o cultivo da maçã na década de 1970. Em 1976, aproveitando incentivos fiscais do governo federal, Randon começou o plantio das primeiras mudas de macieiras. Três anos depois, foi fundada a Rasip, Randon Agrosilvipastoril, hoje uma das principais produtoras de maçã do País. “Achei que esse era um bom negócio, já que quase toda a fruta consumida no Brasil era importada”, relembra. A produção iniciada em pouco mais de 200 hectares alcançou uma área de 1,1 mil hectares em produção em três décadas.
          “Comecei brincando, mas quando se faz negócios agrícolas não pode ser pequeno, é preciso alcançar escala industrial”, resume. E assim foi. A Rasip processa as variedades Gala e Fuji, que chegam não só aos consumidores brasileiros, mas também a irlandeses, holandeses, ingleses, alemães e asiáticos, entre outros. A Rasip mantém ainda viveiros de mudas de maçãs e uvas.
          Nos anos 1990, um amigo italiano trouxe a Raul Randon uma nova provocação: produzir queijo. A resposta do empresário foi de que até poderia investir no negócio, mas, como bom descendente de italianos, fez uma ressalva: o queijo teria que ser bom, ou mais do que isso, especial. Para isso, foi à Itália conhecer o processo de fabricação do queijo grana. Montou a primeira fábrica de queijo Tipo Grana padano fora da Itália lançando a marca Gran Formaggio.
          O grana padano é um queijo muito consagrado na Itália. O “grana” do nome tem a ver com os grãozinhos que marcam a textura da massa, lembrando um parmesão. Já “padano” é referente à origem, que é a região da Padânia, no norte da Itália. Fora de lá, o alimento não pode ser chamado de grana padano, é só “tipo grana”.
          O gerente de produção da fazenda Ângelo Lacerda explica que a alimentação das vacas é feita com silagem, mas o mais importante é evitar plantas verdes ou alimentos cítricos, isso afeta o leite desses animais. Por isso, a alimentação rígida das vacas vem quase toda de dentro da fazenda, são várias atividades integradas, com lavouras, silos e os currais. Tudo é aproveitado na fazenda, os resíduos dos animais viram energia que ajuda na produção do queijo. Esse círculo de produção precisou de muito investimento, na casa dos milhões de reais, e foi feito aos poucos, ao longo de quase 40 anos.
          As primeiras 60 novilhas vieram diretamente dos Estados Unidos, de avião, um fato que chamou a atenção. “Gerou grande repercussão quando desceram no aeroporto do Porto Alegre. Vieram todas de avião, dois Boeings de novilhas”, recorda Lacerda. Hoje, são mais de mil animais em lactação, com duas ordenhas por dia, dentro de um sistema chamado de “carrossel”. Nele, o leite é bombeado direto para reservatórios resfriados e, dali, segue para um caminhão-tanque. Depois disso, o leite é testado antes de entrar na queijaria. São testados 20 parâmetros, tudo para garantir que é seguro para alimentação e se tem qualidade suficiente para virar queijo. O motivo é que o queijo tipo grana é feito com leite cru, sem pasteurização, então todo cuidado é pouco para evitar qualquer contaminação do alimento. Depois que o leite é aprovado, começa um longo processo de produção. O desnate acontece durante a noite e, no dia seguinte, começa a receita, que é preparada pelo mestre queijeiro Giovani Foiatto, que foi treinado na Itália. Para cada mil litros de leite, saem 70 kg de massa de queijo. Guindastes e robôs ajudam a movimentar o produto para a sala das prensas, onde ganha forma. O queijo permanece durante 24 horas na sala de prensagem, onde é retirado o soro. Depois, vem a salga do produto e começa a etapa mais importante da produção: a maturação.
          São pelo menos 12 meses somente na etapa de maturação - que pode chegar a um ano e meio para alcançar um sabor mais marcante, não muito adaptado ao paladar brasileiro. Assim é possível atingir o ponto ideal de granulação e o sabor peculiar e marcante na variedade. O leite semidesnatado faz com o que Gran Formaggio tenha baixo teor de gordura e alto índice de cálcio e fósforo.
          A RAR tem em seu portfólio, linha de importados com queijos e acetos italianos, presuntos e salames italianos e espanhóis, e azeites de oliva chilenos. A linha de derivados é composta por creme de leite fresco, manteiga e queijo parmesão. A empresa ainda conta com linha de 19 rótulos entre vinhos e espumantes e azeite de oliva a partir de produção própria.
          O ano de 2019 foi marcado pela consolidação das ações de expansão da RAR. O período contou com lançamento de produtos, como o azeite de oliva Nossa Senhora da Oliveira, feito a partir de produção própria, a linha Rasip Leve, com maçãs embaladas prontas para consumo e, mais recentemente, a empresa passou a comercializar frutas orgânicas, algo que já vinha sendo estudado há algum tempo. Em dezembro a empresa lançou a Apple Chips, maçã desidratada sem aditivos, apostando em um novo segmento de atuação.
          O dia a dia da Rasip é dirigido por um dos genros de Randon, Sérgio Martins Barbosa, responsável por tocar os negócios. A figura do patriarca da família estava sempre presente, seja no organograma, onde Raul Randon figurava como presidente, ou nas visitas quase que semanais.
          Sergio Martins Barbosa, diretor superintendente da RAR destaca ainda a atuação da linha RAR Vinhos, que vem ganhando espaço no mercado da enogastronomia e tem se fortalecido especialmente a partir da parceria com a tradicional vinícola italiana MASI. Juntas, as empresas mantêm a série RAR-MASI Wineproject, que conta atualmente com sete rótulos.
          RAR é a marca institucional dos produtos. A empresa tem sob seu guarda-chuva as marcas Rasip, Gran Formaggio, Campos de Vacaria, RAR Gourmet, RAR Importados, RAR Vinhos e RAR Agrícola.
(Fonte: PERFIL 29/11/2010 / jornal Valor - 03.04.2014 - jornalista Sérgio Ruck Bueno / Revista News - 06.01.2020 / Globo Rural - 07/06/2020 - partes)