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17 de jun. de 2020

Ri Happy

          A rede de lojas de brinquedos Ri Happy foi criada em 1988. Cansado de ter problemas com inquilinos, o pediatra Ricardo Sayon pediu à mulher, Juanita Sayon, que montasse um negócio para ocupar um imóvel de sua propriedade no bairro dos Jardins, na capital paulista.
          O nome da empresa surgiu de uma brincadeira de Juanita: significa "para deixar o Ricardo feliz".
          No ano seguinte, 1989, ele chamou o primo Roberto Saba para a sociedade. Depois de abrir quatro pontos de venda e acumular prejuízos, em 1991 a dupla resolveu sair do ramo. Sayon foi pessoalmente à Estrela, fabricante de onde vinham 70% das mercadorias do Ri Happy, para negociar a devolução do estoque. Foi convencido por um diretor da empresa de brinquedos, Hans Becker, a perseverar. Estudou gestão, largou a medicina e expandiu a rede para o Brasil inteiro, investindo na qualidade do atendimento. Os vendedores eram treinados para dar orientações sobre o tipo de brinquedo comprar dependendo da idade e dos gostos da criança.
          No início de 2012, a Ri Happy foi comprada pelo fundo de investimento Carlyle Group. Em junho do mesmo ano, a Ri Happy comprou sua principal concorrente, a PB Kids. O valor do negócio não foi informado. Somadas, as marcas tinham mais de 400 lojas espalhadas por todas as regiões do país.
          Sayon deixou a companhia definitivamente em 2014, dois anos depois da venda para o Carlyle. Mas o princípio de municiar o consumidor de informações continua sendo a base da estratégia.
          Em março de 2018, o Carlyle suspendeu mais uma vez a oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) em meio à hesitação dos investidores por causa das incertezas macroeconômicas e dúvidas quanto à capacidade da Ri Happy de se adaptar aos novos tempos. Na transação, estudada desde 2013, o fundo esperava captar 860 milhões de reais com a venda de até 80% da empresa, estimando o valor de mercado da Ri Happy entre 1,2 bilhão e 1,7 bilhão de reais.
          Desde o início de 2019, a empresa corre para aumentar a digitalização de sua operação e reformular suas unidades. A ideia é fornecer mais informações aos pais e entretenimento para as crianças. "Continuamos com nosso carro-chefe, que são os brinquedos, mas enxergamos outras avenidas de crescimento. Não existe outra maneira de sobreviver no varejo", diz Carlos Fernandes, diretor de operações da companhia.
          A Ri Happy, maior rede de brinquedos do Brasil, considerando números de março de 2019, tem 276 lojas (incluindo as da marca PBKids).
          Em junho de 2023 vem a lume que a Ri Happy começou a renegociar cerca de R$ 500 milhões de dívidas com pelo menos 10 bancos — a maior parte do valor está concentrada nas mãos de menos da metade desses credores — na tentativa de adequar a estrutura de capital da rede ao fluxo de caixa da empresa, segundo fontes.
          É o segundo ativo adquirido pelo Carlyle, que passa por essa situação. A SPX Capital fechou parceria com o Carlyle em 2021 e opera os ativos do fundo no país, incluindo Tok&Stok e Ri Happy. A varejista de móveis também iniciou, nos primeiros meses de 2023, uma renegociação de linhas com bancos. No caso da Tok&Stok, a dívida é de R$ 600 milhões.
          O jornal Valor apurou também que a Starboard, que atua na reestruturação de dívidas, está envolvida no processo com a Ri Happy, e as negociações incluem uma carência nos pagamentos de em média três anos e o alongamento da dívida de forma que o custo de novas linhas sejam próximas das atuais.
(Fonte: revista Exame - 20.03.2019 / Valor - 23.06.2023 - partes)

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