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9 de nov. de 2021

Credz

          A emissora de cartões Credz foi criada em 2011 pela família Zogbi. Em 2003, a família Zogbi vendera o banco que levava seu sobrenome para o Bradesco por R$ 650 milhões.
          Em novembro de 2021 vem a lume que a família Zogbi pretende transformá-la em uma financeira, voltando quase 20 anos depois a controlar uma instituição financeira propriamente dita.
          Fábio Zogbi conta que em 2021 a Credz ultrapassou o limite de volume estabelecido pelo Banco Central e, assim, teve de entrar com um pedido de licença de instituição de pagamento. Nesse meio tempo, no entanto, decidiu mudar e em setembro aplicou para uma licença de financeira. Ele diz que muitas fintechs evitam se tornar instituição financeira por causa dos custos de observância, mas a Credz, até mesmo em razão da experiência da família com o banco, já tem uma governança bastante 
elevada.
          Zogbi afirma que virar uma instituição financeira tem duas grandes vantagens. A primeira é a diversidade de instrumentos de funding. Se hoje a emissora de cartões depende da estruturação de fundos de investimento em direitos creditórios (FIDC), como financeira poderá emitir CDBs e letras financeiras, que têm uma distribuição mais simples. A segunda vantagem é fiscal, já que, como 
instituição financeira, poderá deduzir determinados custos da sua base de PIS/Cofins.
          A empresa deve terminar 2021 com 3 milhões de cartões emitidos.
          A Credz, que faz cartões para lojas, foi afetada pelos problemas que afligiram o varejo em 2023, como juros altos e vendas em baixa.
          Em setembro de 2023, a Credz deixou de pagar R$ 82 milhões ao BV. Por ser instituição de pagamento, recuperação judicial ou intervenção do Banco Central seriam mais complicadas que a venda. Por isso, o BV aposta nisso. Debenturistas e investidores de fundos também.
          Com dívida na casa dos R$ 3,5 bilhões e necessidade de solução de curto prazo, a Credz depara-se com um novo impasse na venda para a rival DM. Os bancos BV e Credit Suisse, dois dos principais credores da administradora de cartões da família Zogbi, tomaram decisões diferentes sobre os direitos que têm a receber. O BV decidiu dar prazo maior para a companhia tentar pagar, enquanto os suíços resolveram executar as dívidas na Justiça. A venda para a DM, que apresentou uma proposta vinculante em outubro (2023), é vista como a solução mais fácil para a crise da Credz.
          O BV havia entrado com pedido de execução extrajudicial de penhora de bens e aplicações financeiras, mas resolveu dar novo prazo para acordo. Já o Credit, controlado pelo UBS, que já havia aceitado duas prorrogações, não vai dar prazo adicional e resolveu executar
          Se levar a Credz, a DM vai se transformar na maior administradora independente de cartões do Brasil, com mais de 3,5 milhões de plásticos de lojas. A DM faria um aporte na casa dos R$ 300 milhões na Credz, e a Visa e os sócios da Credz também entrariam com recursos, segundo uma fonte. Já os credores, em troca do perdão de parcela das dívidas, teriam uma participação de 25% no lucro da DM por 10 anos.
(Fonte: jornal Valor - 09.11.2021 / Estadão - 12.11.2023 - partes)

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