Especialista em planejamento estratégico, Manoel Matos, nascido em 1953, foi contratado de 1990 para liquidar a Sasse. Em vez disso, acabou dando a ela condições para uma ressurreição. Renovou a diretoria e contratou uma empresa de consultoria, a Patri, para fazer uma radiografia detalhada do setor com o objetivo de montar uma nova estratégia mercadológica. Os técnicos reunidos pela Patri foram comandados pelo advogado Ary Oswaldo Mattos Filho, ex-presidente da Comissão de Valores Mobiliários, CVM, e ex-coordenador do grupo que estudou a reforma fiscal e tributária.
Sob o comando de Matos, como presidente, a companhia galgou 23 postos na classificação dos maiores. No final de 1989, a Sasse ocupava a 32ª colocação no ranking. Em junho de 1992, passou para a nona posição. No mesmo período, sua participação de mercado, que era de 0,9%, aumentou para 2,5%.
É certo que boa parte desse desempenho é consequência de fatores externos. A companhia recebeu um forte empurrão de um sócio poderoso, a Caixa Econômica Federal - CEF, que detinha 48% de seu capital. Em janeiro de 1991, os seguros habitacionais de imóveis financiados pela CEF, até então pulverizados em outras seguradoras, passaram a ser concentrados na Sasse. A CEF passou também a fazer com a Sasse os seus próprios seguros, antes confiados a outras companhias.
A escalada da Sasse calou as críticas que se faziam à sua gestão, em tom até de piada. A companhia vendia, por exemplo, seguros de transporte de ovos, risco que poucas seguradores aceitariam correr. A companhia decidiu também reduzir o número de modalidades de seguro que comercializava, de 53 para sete. O grande salto, contudo, foi obtido com a adoção de uma nova estratégia para a colocação no mercado de seus excedentes, ou seja, da parcela de riscos que está acima do seu limite operacional. Em vez de repassar os excedentes para o Instituto de Resseguros do Brasil, IRB, a Sasse passou a fazê-lo par outras companhias. Trata-se de um mecanismo conhecido como co-seguro e que rendeu à seguradora bons resultados.
Em fevereiro de 2021, a CEF encerrou o acordo com a CNP. Hoje, 82,75% do capital é da União Federal. O restante está como free float no mercado, pois é uma companhia de capital aberto. Em 2000 a Sasse virou Caixa Seguros. No mesmo ano, a CNP Assurances, líder no mercado de seguros pessoais na França, adquiriu 51,75% da companhia. A CEF ficou com 48,22% das ações e o INSS com 0,04%.
(Fonte: revista Exame - 03.03.1993 - parte)
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