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7 de jun. de 2022

Cellera / Ferring

          A Cellera Farma foi criada no início de 2017 por Omilton Visconde Junior (filho do fundador do laboratório Biosintética), em parceria com o fundo Victoria Capital Partners. A Cellera foi fruto da 
compra do Instituto Terapêutico Delta e da empresa MIP Brasil Farma.
          Omilton Visconde Junior é conhecido na indústria farmacêutica por sua capacidade de ganhar dinheiro montando ou comprando empresas que, após a expansão, são vendidas a múltiplos altos. Esse raciocínio norteia sua nova aposta. "Cellera será uma grande plataforma de negócios em sua área", diz o Visconde Junior.
          Visconde Júnior ficou conhecido por seus empreendimentos sequenciais no setor de saúde no país. Entre outras movimentações, vendeu a Biosintetica para o Aché em 2005 e, anos depois, vendeu a Segmenta, de soros hospitalares, para a Eurofarma. Complementa sua carteira de investimentos uma participação de 30% na rede ambulatorial Doutor Agora.
          Em abril de 2017, a Victoria Capital Partners e Visconde Junior concluíram a compra da planta de genéricos e similares do grupo canadense Valeant em Indaiatuba, São Paulo, por valor não divulgado. A aquisição da planta já foi aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e envolveu também a linha de produtos Caladryl, adquirida pela Valeant da Johnson & Johnson em 2012.
          Em 2012 Visconde Junior juntara-se ao fundador da Netshoes, Marcio Kumruiam, na Netfarma, a maior farmácia online do país, na qual detém uma fatia de 70% — Kumruiam vendeu sua participação em 2014. Além de manter essa participação, Visconde Junior constituiu a Mip Brasil Farma, que atua no mercado de medicamentos de venda livre (OTC), e agora será incorporada à Cellera Farma. A nova farmacêutica brasileira será comandada por Nelson Libbos, executivo com 45 anos de experiência no setor e com passagens pela presidência de laboratórios como Hoescht, Aventis Farma, Farmasa e Teva Farmacêutica. Sócio de Visconde Junior em outros negócios e ocasiões, o Libbos é sócio da Netfarma e atua como consultor do setor.
          A Victoria Capital Partners, por sua vez, tem em seu portfólio de investimentos, entre outros, o grupo argentino Los Grobo, a brasileira Elemidia, a rede chilena de academias Energy e é acionista controladora da Oncoclínicas, a maior rede privada de centros de oncologia da América Latina.
          Em junho de 2022, a Cellera Farma assinou um acordo com o laboratório suíço Ferring para a produção e comercialização de um medicamento inovador para a cura da gastroenterologia, no primeiro passo de uma parceria que pode ser mais abrangente no futuro. Para a Cellera, este primeiro projeto representa transferência de tecnologia, ocupação da capacidade instalada da planta de Indaiatuba, e novo salto de receita, com direito a de primeira escolha para a comercialização do novo medicamento.
          A Ferring, que está presente em 56 países, agora tem produção local de um de seus medicamentos e usará as amplas bases da Cellera para levá-lo a profissionais de saúde e farmácias de todo o país. A empresa biofarmacêutica, especializada em fertilidade, gastroenterologia e urologia, colocou um de seus 12 centros de inovação no Brasil e quer avançar em pesquisa e desenvolvimento localmente.
          A nova droga – um gel que combina duas moléculas existentes para acelerar o processo de cicatrização de fissuras anais e controlar a dor – foi desenvolvida no país, no centro de Ferring. Em projetos futuros, a Cellera pode até ingressar na multinacional nesta fase.
          O medicamento entrará na fase 3 de estudos clínicos em 2023 e poderá chegar ao mercado em meados de 2025. Até agora, os investimentos no produto atingiram entre R$ 15 milhões e R$ 17 milhões, e mais R$ 5 milhões devem ser gastos até o registro na Anvisa. Na fase de lançamento (“go-to-market”), os investimentos estão estimados em R$ 50 milhões. “O produto será importante para ambas as empresas”, disse Rafael Suarez, CEO da Ferring no Brasil e líder para a América Latina.
          Segundo a multinacional, a escolha da Cellera como parceira levou em consideração a qualidade de seus ativos produtivos, que atendem às exigências de agências internacionais, e a disposição de investir em inovação. Além disso, a proposta é que os medicamentos desenvolvidos pela parceria possam ser internacionalizados sem a necessidade de repetir estudos clínicos no exterior, disse Renato Faro, chefe de P&D e assuntos regulatórios da Ferring.
          A Ferring, formada em 1950, pertence a um único proprietário e está no Brasil desde 1985. Em todo o mundo, o grupo fatura US$ 2 bilhões e investe 20% de sua receita por ano em P&D, disse Suarez.
(Fonte: jornal Valor - 09.05.2017 / 06.06.2022 - partes)

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