Com estrutura bem mais modesta, no Mocotó, na década de 1970, os clientes se acomodavam em mesas de fórmica e cadeiras de plástico para apreciar o concorrido caldo de mocotó preparado num
caldeirão de alumínio bem ali do lado.
Garrafas de bebida vazias viravam recipientes para o molho de pimenta da casa. Na estufa, tripa de porco fritinha, passarinha, carne de panela. E uma placa dizia: “Não é permitido batuques e
cantorias”.
A história é resumida em três linhas do tempo, com momentos icônicos na vida do seu Zé Almeida, retirante pernambucano que fundou o restaurante em 1973 como uma casa do Norte, do próprio Mocotó e do hoje chef Rodrigo Oliveira. Elas correm em paralelo, até virar uma só linha, que passa pela composteira instalada na varanda anexa. Todo o lixo compostado alimenta a terra do sítio Mulungu, em São José dos Campos, onde são cultivados alimentos orgânicos que abastecem a despensa do Mocotó.
Seu Zé de Almeida veio de Mulungu, no interior do sertão pernambucano, e chegou em São Paulo aos 25 anos de idade. Um ano depois, decidiu montar uma casa do Norte em sociedade com dois de seus irmãos. A Casa Irmãos Almeida abriu as portas em 1973 na Vila Medeiros, bairro periférico da zona norte paulistana. Cinco anos mais tarde, seu Zé tornou a casa um bar, e passou a servir alguns pratos de sua terra natal.
O carro-chefe era o caldo de mocotó e foi assim que Mocotó virou nome próprio do restaurante. Cabeça do Mocotó desde 2001, o chef Rodrigo de Oliveira promoveu mudanças físicas no comércio do pai e ganhou terreno para transformar o estabelecimento.
Quem vê o Mocotó como é hoje, com seu salão espaçoso e confortável, talvez nem imagine que, lá na década de 1970, não era bem assim.
Pois esse mesmo cenário foi replicado na exposição Mocotó 50 Anos: Um Restaurante Melhor para o Mundo, que celebra a trajetória do lugar em seu meio século de vida. Com a curadoria da historiadora Adriana Salay, esposa de Rodrigo, a mostra vai até fevereiro (2024) na laje do Mocotó, na Vila Medeiros. Entrada gratuita.
A exposição fala da fazenda Maniwa, projeto agroflorestal do Mocotó, em Pernambuco. Por lá
produzem leite, frutas, mandioca orgânica e a farinha servida no restaurante.
Outras iniciativas incluem o Quebrada Alimentada, que começou na pandemia e até hoje distribui marmitas e cestas básicas na zona norte de São Paulo. De 2020 para cá, foram mais de 100 mil
refeições e 105 toneladas de alimentos.
Na exposição, depois de colocar os fones e escutar o que dona Lourdes, a mãe de Rodrigo, tem a dizer, tudo fará sentido. Pois foi ela quem “tornou o Mocotó possível”, diz Adriana. O áudio é, na verdade, uma entrevista que a própria Adriana gravou com dona Lourdes pouco antes de sua partida,
em 2019.
O Mocotó coleciona prêmios nacionais e internacionais da crítica especializada, como o 23º lugar na lista dos melhores restaurantes da América Latina pela revista britânica Restaurant (2021), o selo de Bib Gourmand pelo Guia Michelin e o prêmio de melhor restaurante do mundo na categoria "no reservation required" pelo World Restaurant Awards em 2019, entre outros.
O Mocotó, além da Vila Medeiros (Avenida Nossa Sra. do Loreto, 1100), tem unidades também na Vila Leopoldina e no Shopping D, na capital paulista.
(Fonte: Estadão - 11.03.2023 / UOL - 11.03.2023 - partes)
O blog "Origem das Marcas" visa identificar o exato momento em que nasce a marca, especialmente na definição do nome, seja do produto em si, da empresa, ou ambos. "Uma marca não é necessariamente a alma do negócio, mas é o seu nome e isso é importante", (Akio Morita). O blog também tenta apresentar as circunstâncias em que a empresa foi fundada ou a marca foi criada, e como o(a) fundador(a) conseguiu seu intento. Por certo, sua leitura será de grande valia e inspiração para empreendedores.
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13 de nov. de 2023
Mocotó
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