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14 de ago. de 2021

Acesita

          Antes de ser privatizada, em 1992, a Acesita, com sede em Timóteo, Minas Gerais, era uma empresa sonâmbula: vivia dormindo, com breves intervalos de lucidez e com o sono induzido pela anestesia estatal. Verdadeira morta-viva, a empresa acumulava prejuízos de 600 milhões de dólares nos anos anteriores. Obsoleta, com funcionários desmotivados e sem dinheiro para investir, a Acesita tinha mesmo de mudar para dar a volta por cima. A privatização ocorreu em outubro de 1992, por US$ 451 milhões. Individualmente, o maior acionista era a Previ, o fundo dos funcionários do Banco do Brasil.
          Poucas vezes o espaço de um ano terá marcado tanto a vida de uma empresa como no caso da Acesita e, em 1993, ela voltou ao lucro.
          Ao fazer as pazes com a rentabilidade, a empresa arranjou fôlego financeiro para, em associação com a Eletrometal, bancar a compra de dois terços do controle acionário da Brasifco, a holding do grupo paulista Sifco. Com folga de caixa, a siderúrgica gerou ainda novos projetos, como uma fábrica de tubos de aço inoxidável em sociedade com a sueca Sandvik e uma prestadora de serviços, em parceria com uma distribuidora de aço, a Dimap.
          Tudo isso passou a ser possível porque a Acesita se viu obrigada a tornar-se competitiva internacionalmente. Descentralizou a administração, e os gerentes têm não só o direito como a obrigação de decidir. Quem os empurra para a frente, à base de desafios, é o executivo Wilson Nélio Brumer, mineiro nascido em 1948, que dirigia a Vale do Rio Doce até assumir a presidência da Acesita em dezembro de 1992. Brumer negociou as dívidas, que caíram de 220 milhões de dólares para cerca de 160 milhões, e cortou 25% do pessoal (de 7.500 para 5.600 funcionários).
          A Acesita contratou os serviços da McKinsey e o grau de atualização de seus equipamentos foi um dos itens cotejados. Parte das máquinas era da década de 1940. Outra, mais moderna, era dos anos 1970. Uma das primeiras recomendações dos consultores da McKinsey foi a busca pela Acesita de um parceiro com boa tecnologia. A escolha recaiu sobre a Kawasaki Steel, uma das maiores e mais modernas siderúrgicas do mundo.
          No início de 1995, a Acesita, junto com a Sul América, adquiriu o controle da Villares. Para manter sigilo, o acordo que selou o negócio foi fechado em Belo Horizonte, no apartamento do presidente do conselho da Acesita, Wilson Nélio Brumer.
(Fonte: revista Exame - 05.01.1994 / 05.07.1995 - partes)

Tintas Renner

          A Tintas Renner foi fundada pela avó paterna do empresário Marcos Bier Herrmann, nascido em 1954, no Rio Grande do Sul.
          Herrmann arrumou a casa, unificando marcas sob o nome Renner, com o símbolo do cavalo branco, e apostou na tecnologia de ponta associando-se à Du Pont e à Hoechst. Assim preparado, saiu à cata de negócios no Cone Sul.
          Em 1993, quando já tinha fábrica no Uruguai, ganhou, ramificações na Argentina e no Chile. Além disso, abriu um centro de distribuição no Paraguai e licenciou a Espintbol, líder do mercado de tintas na Bolívia, para fabricar produtos da marca naquele país.
(Fonte: revista Exame - 05.01.1994)

12 de ago. de 2021

Grupo Martiniano de Calçados

          O grupo Martiniano de Calçados foi fundado em 1955, com sede em Franca, interior de São Paulo.            Em 1984, o grupo acabara de perder o licenciamento do tênis Nike no Brasil e estava no vermelho. A briga com a Nike na justiça, em seguida, deu em nada e veio a concordata.
          Em 1987,  Antônio Galvão Martiniano Júnior, nascido em 1965, o filho do dono, criou o tênis M2000.
          Em 1993, com o sucesso da marca que criou, o M2000, o Martiniano fechou o ano com 80 milhões de dólares de faturamento, com 2.900 funcionários, 900 a mais que em 1992.
          Quem comandou a volta por cima foi Antônio Galvão Martiniano Júnior. Ele vivia nos Estados Unidos jogando tênis, foi chamado de volta ao grupo, para ajudar na recuperação. Gal, como é conhecido, lançou o M2000, levantou a concordata e ainda entrou na área de confecções, com roupas esportivas e de uso íntimo.
          O M2000 era o único tênis brasileiro capaz de enfrentar, aos olhos da garotada, sangues azuis como Reebok e Nike.
          O grupo, porém, se meteu de novo em dificuldades. Na última semana de julho de 1995, duas de suas empresas - a Martiniano, que produz o tênis M2000, e a GM Artefatos de Borracha, que fabrica solados - pediram concordata. O problema teria ocorrido porque o nível de inadimplência dos clientes aumentou muito. Isso para não falar na perda de mercado para os produtos asiáticos.
(Fonte: revista Exame - 05.01.1994 / 16.08.1995 - partes)

Cougar

          A marca americana de eletrodomésticos Cougar desembarcou no Brasil no início de 1992. A Cougar, considerando dados do início de 1994, pertence à família americana Reich.
          A empresa, com sede em Nova York, chega com sua linha a países como Canadá, Itália e França. Na Europa, a Cougar também vende equipamentos de som para carros com outras marcas: Artech e Legacy. A produção fica diluída entre China, Malaísia, Formosa e Coreia do Sul.
          Considerando o início de 1994 como parâmetro, as vendas de eletroeletrônicos de áudio leves tinham grande participação nas vendas de empresas de varejo como G. Aronson, Mesbla e Casa Centro.
(Fonte: revista Exame - 05.01.1994)

Future Kids

          A rede americana Future Kids orienta-se pela teoria do construtivismo de Piaget e utiliza-se de recursos de multimídia.
          A primeira unidade nos Estados Unidos foi aberta em 1983.
          Em agosto de 1992, a Future Kids chega ao Brasil pelas mãos do engenheiro eletrônico Luís Namura. "Aqui, as crianças aprendem brincando e brincam aprendendo", diz Namura.
          Com a proposta de familiarizar a criança com a linguagem de informática, Namura já tinha aberto, até final de 1993, 29 escolas no Brasil. Nos Estados Unidos, já eram 300 unidades franqueadas, com mais de 200.000 alunos. No Brasil, eram quase 6.000 alunos.
(Fonte: revista Exame - 05.01.1994)


Banco Icatu

          O Banco Icatu foi fundado  em 1988 (1986?) e, desde o início foi comandado por Daniel Dantas, formado engenheiro mas financista por vocação, nascido em 1956. O banco foi criado a partir de uma holding que administra a fortuna da família do empresário Antônio Carlos de Almeida Braga.
          Dantas fez do ano de 1993 um marco na vida do banco. O Icatu passou a oferecer a investidores 
estrangeiros o primeiro fundo criado no Brasil com flexibilidade para aplicações em todo o mundo.
          Pedro Bodin, ex-diretor do Banco Central, é um dos sócios do Icatu.
          A área de fusões e aquisições passou a ser levada tão a sério que o próprio Daniel Dantas deixou o comando do banco, em 1994, para pilotar o Icatu Asset Management. O objetivo dessa nova área do grupo é comprar total ou parcialmente empresas e administrar fundos de investimento para estrangeiros.
(Fonte: revista Exame - 05.01.1994 / 22.06.1994 - partes)

10 de ago. de 2021

Guaraci Agropastori

          A produtora de leite orgânico Guaraci Agropastorial foi fundada por Luis Fernando Laranja com o compromisso de produzir leite orgânico, a Guaraci Agropastoril aplica um modelo de produção chamado sistema agrosilvopastoril, que se baseia em agricultura regenerativa, com integração de lavoura, pecuária e florestas, desmatamento zero, produção neutra em carbono, liberdade e conforto para os animais e
apoio, treinamento e geração de renda para os parceiros fornecedores (agricultores de pequeno porte).
          Desde 2019 é uma das fornecedoras de leite da Danone e, desde 2020, também comercializa produtos lácteos com a marca própria NoCarbon. Tem o Certificado Orgânico do IBD, Certified Humane - Raised & Handlend, que certifica que o alimento é proveniente de instalações que cumprem com padrões específicos de tratamento de animais de produção e a certificação carbon free, dada às 
empresas cujas emissões de carbono são neutralizadas com o plantio local de árvores nativas.
          Em agosto de 2021, a Sitawi Finanças do Bem fecha parceria com governo alemão e abre nova rodada de captação para projetos de impacto, cuja rodada será voltada unicamente para levantar recursos para a Guaraci Agropastoril. A Sitawi é uma organização sem fins lucrativos que busca 
mobilizar capital para impacto socioambiental positivo.
          A Guaraci Agropastoril é a primeira fazenda produtora de leite do mundo com certificação orgânica, carbono neutro, com princípios de cuidados com o bem-estar animal e contribui para cinco dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU (Organização das Nações Unidas). Esta é a primeira vez que a Sitawi realiza uma rodada de investimento para somente um negócio.
(Fonte: Valor Investe - 10.08.2021)

7 de ago. de 2021

Catho

          A empresa de recolocação de pessoal Catho foi fundada pelo empresário americano Thomas Case.
A empresa não divulga mas, muito provavelmente, sua denominação vem da combinação das primeiras sílabas do nome do fundador Thomas Case.
          No início de 2002, então como o maior site de recrutamento online do país, tinha cerca de 100 mil vagas cadastradas  e 52 mil currículos.
          Pouco antes de meados de 2006, pode-se dizer que o mercado brasileiro de recolocação estava em ebulição. O fundo americano Tiger Global Management, que administrava recursos de 1,8 bilhão de dólares, comprou as duas maiores empresas de recolocação do país, a Catho e a Manager Online, esta, fundada por volta de 1977.
          O Tiger Global é um fundo de private equity que investe em negócios promissores para depois abrir seu capital.
          Para levar a Catho, que faturava em torno de 60 milhões de reais por ano, os executivos do fundo tiveram que pagar 50 milhões de dólares. Conseguiram assim, deixar para trás o GP Investimentos, que também negociava a compra da empresa.
          Os executivos, tanto da Catho como da Manager garantiam que as administrações continuariam independentes.
(Fonte: revista Meu Dinheiro - janeiro 2002 / Exame - 19.07.2006)

22 de jul. de 2021

SST - Special Squad Traders

          Em 2016, um grupo de pequenos investidores se uniu por meio de redes sociais, especialmente o Facebook, para tentar barganhar taxas junto a corretoras. Representados principalmente por João Homem, o grupo conseguiu reunir cerca de 90 pessoas que passaram a negociar com as instituições melhores condições. Foi crescendo e se tornou o Special Squad Traders (SST), uma comunidade on-line que oferece conteúdos e até trocas de experiências para quem quer operar no mercado financeiro.
          Cinco anos depois, em 2021, o grupo resolveu "se profissionalizar" e está lançando uma plataforma (que funcionará por meio de site ou aplicativo) com cursos e ferramentas para investidores.
          O lançamento será no dia 25 de julho e na plataforma os investidores poderão encontrar inúmeros serviços voltados para "traders", como são chamados os investidores que fazem operações de curto ou curtíssimo prazo no mercado financeiro. Alguns deles são os cursos, que podem ter aulas gratuitas, como no SST One, voltado para iniciantes, ou aulas pagas, criadas para quem quer se aprofundar mais no assunto. Além disso, os investidores também terão acesso a ferramentas como cotações de papéis, calculadoras e até simuladores.
          Por fim, a plataforma ainda terá um chat, em que os membros poderão trocar mensagens entre si (e com os criadores da plataforma) ao longo do dia. Além da troca de mensagens, os usuários também podem interagir de forma mais direta e particular com os idealizadores do SST, por meio de programas de mentoria e acompanhamento.
          O uso do aplicativo será gratuito para todos. Porém, algumas ferramentas e serviços só estarão disponíveis para usuários que pagarem. As assinaturas sairão de R$ 39,90 por mês (mas a empresa estuda oferecer uma promoção de R$ 20 nos primeiros meses) e podem chegar a quase R$ 4.000 por ano. Nesta última, os usuários terão a possibilidade de serem "acompanhados" por Eduardo Garufi, um dos sócios da SST, das 7h às 13h. Nesse horário, o investidor pode enviar mensagens ao especialista enquanto opera, para pedir opiniões e trocar ideias.
          Garufi e Homem, no entanto, garantem que os serviços gratuitos da plataforma já são suficientes para garantir ao investidor um bom conhecimento de mercado financeiro.
          "Imagine a versão gratuita como um ClubHouse (aplicativo de salas de bate-papo onde usuários podem acompanhar discussões de especialistas sobre temas que os interessam). Já a versão de assinatura tem um serviço como um 'streaming', onde o usuário tem acesso a todo o conteúdo gerado lá na hora que quiser", afirma Garufi. Ele conta que os clientes do serviço pago poderão, inclusive, passar um dia na sede da companhia, numa ação batizada de "SST Day Pass".
          O executivo afirma que, no fim das contas, o usuário pode "pagar para ter mais tempo com os especialistas ou mais conveniência". Porém, ele destaca que todas as ferramentas gratuitas já mostram ao investidor qual caminho ele deve seguir. Ao optar pelos conteúdos pagos, ele se aprofunda mais.
          "Temos um hall de produtos para cada bolso, no qual a pessoa pode começar sem gastar nada", completa João Homem, fundador do grupo que deu origem à companhia e sócio do SST. Ele conta que nos primórdios da iniciativa, várias corretoras entraram em contato com ele para oferecer suas condições a fim de levar todo o grupo para operar por meio dela. Na época, os membros votaram e escolheram o Modalmais, que segue como um "parceiro" do SST até hoje.
          A ideia, segundo Homem, é que essa parceria se torne mais profissional. As duas empresas estudam, por exemplo, a criação de conteúdos em conjunto e outras iniciativas. Por enquanto, no entanto, essa relação segue apenas como uma "amizade".
          "Eu sei as demandas dos investidores, o que eles precisam, o que pode melhorar na plataforma. E eles [do Modalmais] me chamam para reuniões para falarmos disso", conta o investidor. O objetivo, no entanto, é que em breve essa parceria seja "formalizada" e que novos projetos sejam lançados em conjunto.
(Fonte: ValorInveste - 22.07.2021)