Três iniciativas foram desenvolvidas na época visando os mercados emergentes com altos índices de subnutrição. O Tai, o Samson e a primeira delas, lançada no Brasil, no dia 7 de fevereiro de 1968. Era Saci – o refrigerante poderoso. Segundo a divulgação da época, cada garrafa da bebida continha seis gramas de proteína. “Ou seja, 3 por cento por volume, a um nível que de acordo com os nutricionistas internacionais, pode oferecer uma valiosa contribuição ao problema da carência de proteínas na alimentação humana”.
Focar o marketing na suplementação se provou ineficiente, por isso logo a estratégia mudou para falar em energia e saúde. Por isso o garoto propaganda dos anúncios é sempre um rapaz musculoso, e nunca o duende perneta que a batizou. Ao que parece a escolha do nome se deu exclusivamente pela cor da bebida, buscando uma ligação afetiva com o público.
A festa de lançamento do Saci no Brasil ocorreu na cidade de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, onde também o produto era fabricado. A cidade foi escolhida, esclarecem os jornais da época, devido à alta produção de soja. Afinal, o Saci, apesar de vendido como refrigerante, tinha como seus principais ingredientes o leite de soja como fonte de proteínas e o cacau para o sabor. Mais tarde foi lançada também a versão caramelo.
William Shurleff e Akiko Ayoagi, em History of Soybeans and Soyfoods in South America, apontam que o Saci era na verdade uma bebida leitosa não carbonada, algo como os Sucos Ades que tanto sucesso fizeram nos anos 2000. Só que em garrafas de vidro.
O sucesso esperado nunca chegou. Após três anos de comercialização, a produção do Saci foi interrompida, tendo circulado entre 1968 e 1971. Em 1970 o Samson teve outros níveis de sucesso quando lançado no Suriname e no México. Sua base era caseína, proteína do leite semelhante ao Whey. Não demorou muito para que surgisse na América Latina versões do Samson em pó e em barra.
O Saci teve uma sobrevida no país em 1976, quando o governo brasileiro anunciou seu Programa de Alimentação do trabalhador. Ainda segundo Shurleff e Ayoagi, repetindo a estratégia adotada com o Samson, a Coca Cola Co. desenvolveu Saci em pó para atender as especificações do governo. Inicialmente o produto estava disponível apenas no sabor chocolate, sendo posteriormente complementado pelos sabores mocha, morango e coco.
Para Neville Isdell, antigo CEO da Coca, o motivo do fracasso do Saci foi muito simples. Em seu livro Inside Coca-Cola: A CEO’s Life Story of Building the World’s Most Popular Brand ele descreve sua experiência ao acompanhar o lançamento do produto. Todos estavam empolgados com o que o Programa Nutricional da Coca poderia fazer, tanto é que o próprio Saci teve seu preço subsidiado no começo a espera do lucro. Não deu certo. “Tinha um gosto horrível, ninguém queria beber. Nós chegamos até mesmo a distribuí-lo para as escolas, mas mesmo quando era de graça ninguém o consumia”.
Teria sido o Saci um produto a frente do seu tempo? Ou uma soma de decisões equivocadas, desde o marketing até o sabor? Atualmente você pode encontrar uma garrafinha do Saci no World of Coca-Cola. em Atlanta, nos Estados Unidos.
(Fonte: colecionadordesacis.com.br - 05.02.2018)