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13 de jan. de 2024

Adcos

          Em 1984, a capixaba Ada Mota, recém-formada em Paris como doutora em dermofarmácia – uma inovação que surgiu na França, em 1971, com a proposta de unir ciência e cosmetologia –, retornou depois de quatro anos à sua cidade natal, Vitória, no Espírito Santo.
          A partir daí, empreendeu: abriu cinco farmácias em dez anos e entendeu esse novo movimento de mercado como um passo importante para a criação dos seus primeiros cosméticos eficazes. Assim, em 1993 nasceu a Adcos, marca de cosméticos 100% brasileira e com uma base sólida de estudos científicos, uma das mais respeitadas marcas de dermocosméticos do país. Ada não informa, mas dá para se supor que o nome da empresa foi escolhido com o uso das primeiras letras de seu próprio nome para formar a marca: Ada Cosméticos.
          Nos anos 1990, com a Adcos já há alguns anos na estrada, ela criou o primeiro carro-chefe da marca, o creme anticelulite Reduxcel. “Pesquisamos um produto com alta concentração de cafeína, um drenante, e fiz a composição precisa e eficaz para o melhor resultado”, conta Ada. Ela também explica que um dos grandes diferenciais é a alta concentração de ativos em cada produto, para que ele realmente entregue a promessa feita. “Temos compromisso com resultados”, enfatiza.
          “Dediquei-me completamente à minha paixão: o desenvolvimento e estudo de novos ativos e fórmulas para a criação dos dermocosméticos, enquanto administrava farmácias e cuidava das crianças”, relembra Ada, que teve quatro filhos.
          O impacto de Ada no mercado de beleza nacional, no entanto, foi além do seu próprio negócio. A Adcos implementou, em seus 30 anos de vida no Brasil, uma nova categoria de produtos de beleza, pautada por seus princípios ativos e fórmulas exatas para o tratamento de pele. A era dos dermocosméticos finalmente se firmava com um público que estava acostumado apenas com os cosméticos, como são classificados os produtos para higiene ou beleza sem fundo científico.
          “O que acontece por dentro da sua pele? Eu explicava esse panorama viajando pelo Brasil todo para dar palestras em simpósios para profissionais, de dermatologistas a farmacêuticos e esteticistas”, relembra a fundadora. “Comecei a trabalhar esses públicos no sentido de exigência de comprovação científica, queria que o mercado entendesse que isso era necessário não só para a Adcos, mas para a evolução dos produtos nacionais. Essa jornada compartilhando nosso conhecimento e propósito colocou a empresa em contato com muitos profissionais e contribuiu para a formação de uma cultura científica”, explica.
          Em três décadas de história, Ada segue na empresa, liderando a área de inovação, e conta hoje com os quatro filhos como executivos nos setores de administração, tecnologia e comitê científico. “O cenário hoje é bem diferente. O Brasil se tornou o quarto maior mercado de beleza do mundo, o público tem informação, exige e questiona o que contribui para o desenvolvimento constante dos produtos. Continuamos, na Adcos, seguindo a missão de inovar no segmento de beleza. Hoje, por exemplo, a categoria de fotoproteção tem enorme relevância. Como marca brasileira, nos vimos na obrigação de criar os melhores produtos para proteção solar e lançamos os primeiros protetores solares brasileiros em formato stick, uma tendência mundial”, completa.
          Segundo a dermatologista paulista Adriana Vilarinho, a indústria brasileira de dermocosméticos tem oferecido produtos com tecnologia de ponta, nanoencapsulados e adequados ao clima brasileiro, com eficácia comprovada. “Nos últimos 20 anos, o Brasil se transformou e hoje oferece produtos de alta qualidade e excelente custo-benefício, como os da Adcos”, diz.
          São 170 lojas da Adcos em todos os estados e um faturamento anual em torno de R$ 500 milhões, considerando como base o ano de 2023.
(Fonte: Estadão - 13.01.2024)

12 de jan. de 2024

Chaika

          A loja da Rua Visconde de Pirajá, 321, da lanchonete Chaika foi inaugurada nos anos 1970, com um grande salão refrigerado em estilo modernista com muitas cores e efeitos de luz.
          A Chaika se transformou numa das lanchonetes mais marcantes na história da gastronomia de Ipanema, Zona Sul do Rio de Janeiro.
          O cardápio era puro encanto. Impossível não lembrar dos profiteroles, frapê de coco, banana split e o sorvete batido com Coca-Cola, waffle com manteiga e mel, bolo de sorvete, Beirute Chaika, e claro, o sofisticado café da manhã que chegava a ter fila na porta.
          Quem não se lembra dos milk shakes e sundaes enfeitados por guarda-chuvas de papel colorido, a variedade de sorvetes e tortas, além dos mais de 50 sabores de sanduíches? No cardápio de sorvetes, um dos mais imponentes (e respeitados) tinha um nome sugestivo: "Aguenta Coração".
          Quem pedia o sorvete Cerejinha já podia até imaginar que o sorvete era portentoso, mas, para os marinheiros de primeira viagem, não tinha como não ficar estupefato e boquiaberto. Sobre uma verdadeira montanha (não é força de expressão) de sorvete, vinha, lá no topo, uma cerejinha.
          O início do fim da Chaika foi um incêndio que destruiu parte das instalações justamente da loja de Ipanema em 2012. Mas é sabido também que houve briga familiar que acabou dificultando a gestão do negócio.
          No mesmo ano de 2012, a Chaika de Ipanema fechava suas portas. Além da loja de Ipanema fechou também a do shopping RioSul.
          Quem sabe um dia os donos não fazem as pazes e brindam a cidade com um repeteco do Chaika?
(Fonte:: www.bafafa.com.br - parte)

11 de jan. de 2024

Ocyan / EIG

          A brasileira Ocyan era conhecida como Odebrecht Óleo e Gás.
          Nos últimos dias de 2023, numa transação histórica no setor de energia, a EIG, uma importante empresa americana de investimentos em energia e infraestrutura, finalizou a aquisição da Ocyan. O negócio, avaliado em US$ 390 milhões ou R$ 1,8 bilhão pela taxa de câmbio de então, canalizará os recursos para o BNDESPar, subsidiária do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES). Esse pagamento visa compensar parte da dívida detida pela Novonor (ex-Odebrecht), antiga controladora da Ocyan.
          A Ocyan, notadamente ausente do processo de recuperação judicial da Novonor, teve suas ações penhoradas ao BNDES. A negociação, iniciada pela Novonor em novembro de 2020 para quitar uma dívida de R$ 2,8 bilhões, foi liderada pelo BNDES, iniciando a venda da Ocyan por volta do início de 2022. De acordo com especialistas do mercado, o processo atraiu interesse de vários setores, incluindo o fundo Mubadala e a empresa americana Oaktree.
          O BNDES, em comunicado de fins de 2023, destacou a transação como produto de um rigoroso processo competitivo, levando a “uma recuperação significativa de créditos para o BNDESPar”. O acordo fixa a avaliação da Ocyan em US$ 390 milhões, sendo US$ 283 milhões atribuídos à participação acionária da Novonor. O valor restante é destinado à liquidação das debêntures de participação nos lucros da empresa, desprovidas de direitos políticos. “A parcela patrimonial da Novonor será redirecionada para a BNDESPAR, auxiliando na quitação parcial da dívida do Grupo Novonor, garantida por ações da empresa. A conclusão deste negócio, condicionada a pré-condições padrão, está prevista para o primeiro trimestre de 2024”, afirmou o banco.
          O diretor-gerente da EIG no Brasil, Flávio Valle, revelou que a EIG cobriria metade dos custos da transação usando seus recursos. Esse capital foi acumulado localmente em parceria com a Lake Capital, marcando o primeiro caso de captação majoritária de recursos no Brasil para tal empreendimento. Os principais contribuintes foram investidores individuais com elevado patrimônio líquido. O saldo será financiado pelo BNDES, que elaborou um acordo de project finance de sete anos para a compra de ações da Ocyan pela EIG. No último ano, 40% do empréstimo está previsto para ser reembolsado.
          Com o contrato em vigor, a EIG, dona do Porto do Açu, no Rio de Janeiro, passará a deter a propriedade integral da Ocyan. A atual liderança de Roberto Prisco Ramos permanecerá, acompanhada pela formação de um novo conselho composto pelo Sr. Valle, outros investidores do EIG dos EUA e consultores independentes especializados no setor.
          O interesse da EIG no negócio depende fortemente da joint venture entre Ocyan e Brookfield, denominada Altera & Ocyan. Essa entidade, única especialista em plataformas do tipo FPSO com sede no Brasil, conforme observa Valle, possui clientes como Karoon e Petrobras. Segundo o executivo, dados os contratos de longo prazo denominados em dólares e a procura sustentada de combustíveis fósseis ao longo da próxima década, este empreendimento é bastante promissor.
         O portfólio da Ocyan inclui ainda outros dois ativos: uma participação de 6,5% na DrillCo, fruto da reestruturação extrajudicial da dívida da empresa, que levou à segregação de cinco sondas de perfuração que atendem principalmente a Petrobras e um segmento dedicado à manutenção e serviços de sondas no indústria de petróleo e gás.
          A EIG, não limitando seu escopo ao petróleo e gás tradicionais, está de olho nas oportunidades de energia renovável para a Ocyan, área em que a empresa americana atua. “Estamos focados em parques eólicos offshore, explorando caminhos como a pré-fabricação de turbinas, pás e torres. É um terreno novo para nós”, comentou o CEO da Ocyan, Roberto Prisco Ramos.
(Fonte: Valor - 28.12.2023)

10 de jan. de 2024

Morana (acessórios)

          O ano era 1972. O casal Lee e seus três filhos – Marcos, Jae e Sandra – saíram da Coreia com destino ao Brasil em busca de novas oportunidades. Quando a família já estava estabelecida, o casal decidiu abrir um negócio. Foi assim que, em 1978, surgiu na Rua Augusta, em São Paulo, a Poppy Art, uma loja de joias e objetos de decoração. “A colônia coreana no Brasil estava muito concentrada no 
comércio. Incentivados pelos amigos, meus pais decidiram abrir a loja”, lembra Jae Ho Lee.
          Ciente de que o mercado de bijuterias era uma opção rentável e preocupada com o risco do comércio de peças de ouro, a família mudou o plano do negócio e passou a vender apenas bijuterias. A nova estratégia aconteceu ao mesmo tempo em que os shoppings começavam a cair no gosto dos consumidores. Naturalmente, o Sr. Lee transferiu a loja da Augusta para o Shopping Center Norte; o Marcos abriu operações no Ibirapuera e no Aricanduva; e a Sandra, no Interlagos.
          Ao longo de 20 anos, a Poppy Art teve sete unidades. Após a morte do Sr. Lee, em 1999, os irmãos assumiram a loja do pai. Enquanto isso, Jae, que já estava formado em Administração de Empresas, se aventurava pelo franchising com a Jin Jin Wok; e Marcos tinha, no Bom Retiro, uma importadora de tecidos.
          Com o conhecimento dos irmãos em bijuterias e franchising, Marcos enxergou uma nova oportunidade de negócio. A ideia era criar a primeira franquia de bijuterias do Brasil. Com base na experiência que acumulou em varejo, shopping e comportamento de consumo, Jae fez uma análise do cenário e também viu boas perspectivas. “Naquele momento, crescia a presença da mulher no mercado de trabalho. Eram consumidoras que queriam e precisavam estar mais bonitas e tinham poder de compra. Com conhecimento técnico em bijoux, varejo e franquias, enxergamos que era possível criar uma marca para esse novo mercado”, conta Jae.
          Foi assim que, em 2002, eles transformaram a Poppy Art na Morana, uma loja com novo posicionamento, novo layout e novos produtos. O nome da marca é em homenagem à esposa de Jae, Morana. O lançamento da marca foi na ABF Franchising Expo daquele mesmo ano e marcou o início de uma nova história.
          Grande parte dos produtos da Morana é importada da Coreia. Para oferecer peças de qualidade e ter segurança no abastecimento, Marcos se mudou com a família para Los Angeles e, assim, fica no meio do trajeto entre a Coreia e o Brasil. “A qualidade das mercadorias da Coreia sempre foi melhor do que as da China, por exemplo, mas ainda não estava adequada ao nosso nível de exigência. Estando mais próximo dos fornecedores, passamos a pagar para ter mais qualidade e começamos a selecionar os fornecedores que trabalhavam sério e entendiam a nossa exigência. Hoje, eles são nossos parceiros.”
          A responsável pela compra dos produtos é Ana Lee, esposa do Marcos – no início, a Morana, esposa do Jae, também participava desse processo. Em 2010, a empresa abriu um escritório na Coreia para facilitar ainda mais as etapas de compra. A equipe atual é formada por nove pessoas, entre administração, fotografia, produção, controle de qualidade e compras.
          Em 2017 a Morna atingiu 15 anos de história e muitas adaptações nesse período, porém, sem perder o seu DNA. Foi assim que a Morana se tornou uma das marcas mais desejadas pelas mulheres. “Por ser uma marca feita para as mulheres, nossa preocupação e nosso foco estão no desenvolvimento e no crescimento do universo feminino. Elas se posicionam, têm identidade e opinião”, explica Marcia Teodoro, gerente de Marketing da marca.
          Para estar atenta a essa evolução, a Morana observa tudo ao seu redor e faz as mudanças que forem necessárias. “A comunicação da marca mudou bastante. Hoje fazemos um trabalho forte no off-line, mas forte também no digital, porque há muitas marcas conversando com essas mulheres”, diz Marcia.
          Peças clássicas, atemporais e também atuais fazem com que a marca esteja totalmente alinhada aos desejos de consumo da mulher do século XXI. “Hoje, a informação chega muito mais rápido e faz com que a mulher queira estar atual. Antes, se elas esperavam a Vogue para conhecer as tendências da Europa, hoje elas sabem de tudo pelo Snapchat. Com isso, as pessoas passam a não ter condições de consumir joias o tempo todo, e a bijoux acaba ganhando força no mundo inteiro”, analisa Jae.
          O caminho natural dessa evolução passa por mudanças na cadeia de fornecedores e resulta em melhorias no design e na qualidade das peças. “Hoje é cool usar bijoux mesmo entre as mulheres de classe alta, porque são peças fashion”, diz Jae.
          A top Gianne Albertoni é a estrela da coleção de alto verão 2023/2024 da marca de acessórios Morana. Gianne foi a primeira celebridade que fez uma campanha para a marca há quase 20 anos. A estação mais quente do ano inspirou a marca que apostou em peças com muitos elementos que realçam a vibe refrescante do verão. Na coleção, o consumidor também vai encontrar acessórios clássicos e muitas argolas. “Trazer a Gianne para dar vida à nossa campanha foi especial. Além disso, celebramos a chegada do verão que é uma estação que traz inspiração para quem gosta de curtir a temporada. A Gianne chegou para somar”, conta Nara Dutra, head de marketing, e-commerce e CRM da Morana.
(Fonte: Grupo Ornatus - 10.01.2017 / Estadão - 06.01.2024 - partes)

9 de jan. de 2024

Cristallo Confeitaria

          A unidade da Cristallo da Oscar Freire, quase na esquina com a Rua Bela Cintra, na zona oeste de São Paulo, foi aberta por ali em 1978. Ao longo das quase cinco décadas em que esteve aberta na Oscar Freire, a confeitaria virou um ponto de encontro de diferentes gerações. O domingo, 7 de janeiro de 2024, era, porém, dia de despedida.
          Era por volta de 17 horas quando a aposentada Leni Colaferri, de 71 anos, se acomodou em uma mesa de calçada da confeitaria Cristallo. Na cadeira ao lado, colocou com cuidado a cachorrinha Lolla Bani, companhia inseparável das caminhadas de fim de tarde. O domingo, porém, foi a última vez que a dupla seguiu esse roteiro. A unidade da Cristallo da Oscar Freire, viveu seu dia de despedida do número 914, em tarde marcada por comoção entre funcionários e frequentadores assíduos. A confeitaria, assim como outros estabelecimentos vizinhos, será demolida para a construção de um residencial de alto padrão.
          “O charme da Oscar Freire está nas pequenas lojas, é uma pena isso estar se perdendo”, afirmou Leni. Muitos dos frequentadores ouvidos pela reportagem disseram que não era preciso sequer combinar com os amigos para encontrá-los por lá. “Esse lugar marcou minha infância, saber que vai fechar dá um aperto no coração”, disse a estudante Ava Lopes, de 16 anos. Quando ficou sabendo da notícia pelas redes sociais, ela fez questão de ir com a mãe até o local para se despedir. Pediu o de sempre: uma empada de frango e um suco de frutas vermelhas. “Não tem outro lugar como esse por aqui na Oscar Freire”, disse o economista Julius Serruya, de 42 anos. Natural do Pará, ele afirma que um dos pontos positivos da confeitaria é a informalidade que se vê por ali. “Vinha com meus pais na infância, agora encontro diariamente com os amigos por aqui.” Morador da Rua Bela Cintra, Julius aproveitou o último dia da confeitaria com o administrador de empresas Rogério Joaquim de Carvalho, de 70 anos, em uma mesa de calçada. Pouco depois, juntou-se aos dois o músico e advogado Austin Robert, de 85 anos, que passeava com o cachorro Tyson. “Esse lugar é um marco da cidade”, disse ele, que é morador da Rua Haddock Lobo. “Sempre foi nosso ponto de encontro, não tem outro local como esse.”
          Além da unidade da Cristallo, ao menos cinco lojas na Oscar Freire – entre elas, uma unidade da Kopenhagen – devem ser demolidas para a construção de um empreendimento de luxo nomeado Oscar 900. O projeto, que terá uma unidade de até 514 metros quadrados, é encabeçado pela incorporadora RKG e pela construtora RFM. Como já mostrou o Estadão, uma transformação que vai além da troca de uma grife por outra chama a atenção na Rua Oscar Freire. Novas lojas, sorveterias e restaurantes atraem um público curioso por experiências gastronômicas e de compras com milhares de visualizações em redes sociais, como o TikTok. Ao mesmo tempo, a construção de prédios altos altera a paisagem em vários trechos.
          Por ora, não há previsão de uma nova unidade da Cristallo na região – permanece aberta a do Shopping Pátio Higienópolis, na região central. 
(Fonte: Estadão - 09.01.2024)

8 de jan. de 2024

I Squared Capital

          A I Squared Capital, uma empresa de gestão de investimento, abriu seu escritório no Brasil pouco depois de meados de 2023.
          No início de 2024, a I Squared adquiriu uma participação de 49% na empresa de energia renovável Órigo Energia, contribuindo com US$ 400 milhões. Este investimento está destinado à expansão da empresa. O acordo, assinado no final de dezembro, deverá ser finalizado no primeiro trimestre de 2024.
          Esse movimento marca seu investimento inaugural no país. O investimento na Órigo deverá ser financiado através de dois fundos do grupo: a maior parte será proveniente de um fundo global avaliado em cerca de 15 bilhões de dólares, com uma parte suplementar de um fundo dedicado exclusivamente aos mercados emergentes, que acumulou um total de US$ 1,7 bilhão.
          A Órigo possui atualmente uma capacidade instalada de 300 megawatts-pico (MWp) em parques de energia solar e pretende adicionar mais 2 gigawatts-pico (GWp) de 2024 a 2026.. O investimento projetado para esta expansão é de R$ 6 bilhões.
          O envolvimento da I Squared ocorrerá por meio de injeção de capital, resultando na diluição das participações dos sócios existentes enquanto permanecerem no negócio. Os atuais acionistas da empresa incluem a americana Augment Infrastructure, Mitsui, TPG ART, BlaO (Blue like an Orange Sustainable Capital) e MOV Investimentos.
          A Órigo atende atualmente cerca de 100 mil clientes em Minas Gerais, Pernambuco, Ceará, Mato Grosso do Sul, Brasília e São Paulo. A empresa pretende expandir seu alcance para pelo menos 20 estados.
          O modelo de negócios da empresa gira em torno da geração compartilhada, visando principalmente clientes de menor porte, incluindo residências e pequenas e médias empresas. A Órigo constrói parques solares perto das cidades e aluga “quotas” destas unidades geradoras, que depois fornecem energia à rede local de distribuição de eletricidade.
           Em troca, os clientes detentores de “cotas” dos parques solares recebem descontos na conta de luz. Este acordo oferece um método mais econômico para os consumidores acessarem o mercado de geração distribuída, eliminando a necessidade de investimentos individuais em instalações de painéis solares em suas residências ou empresas.
          “Esta transação é um marco histórico para a I Squared. Estabelecemos metas ambiciosas em energia renovável e estamos utilizando nossa experiência neste campo para desenvolver uma plataforma global de primeira linha centrada em energia renovável”, afirmou Gautam Bhandari, sócio-gerente e diretor de investimentos da I Squared, em um comunicado da empresa.
          Fundada em 2010, a Órigo esteve entre as pioneiras no setor de geração cedida de energia. Em 2022, a empresa reportou receita líquida consolidada de R$ 90,4 milhões, aumento de 66,7% em relação ao ano anterior. Apesar desse crescimento, a Órigo registrou prejuízo líquido de R$ 235,8 milhões no ano, após resultado igualmente negativo em 2021, no valor de R$ 96 milhões. Internamente, a empresa vê estes números como reflexo de uma fase de rápida expansão, onde os investimentos estão a ser feitos, mas ainda não produziram retornos.
          “Este investimento permitirá à Órigo agilizar o desenvolvimento de parques solares, alargando assim os nossos serviços a milhares de novos clientes e a mais de 20 estados nos próximos anos”, 
anunciou Surya Mendonça, presidente da Órigo, no comunicado.
          A empresa gerencia ativos de infraestrutura avaliados em aproximadamente US$ 40 bilhões.
(Fonte; jornal Valor - 08.01.2024)

29 de dez. de 2023

Emae

          A EMAEEmpresa Metropolitana de Águas e Energia S.A., foi criada em 1998. É sucessora da Light e da Eletropaulo, e é uma empresa de capital aberto, cujo controle acionário pertence ao Estado de São Paulo.
          Sediada na capital paulista, é detentora e operadora de um sistema hidráulico e gerador de energia elétrica, localizado na Região Metropolitana de São Paulo, Baixada Santista e Médio Tietê.
          A Emae opera atualmente cinco usinas, que somam 960,8 megawatts (MW) de potência instalada. A maior parte dessa potência vem da usina hidrelétrica (UHE) Henry Borden, em Cubatão (SP), com 889 MW, e que tem contrato de concessão até janeiro de 2043. Também compõem o portfólio as estações de Porto Goés, Rasgão e Pirapora.
          Na tarde de sexta-feira, 19 de abril de 2024, ocorreu a disputa na B3 no leilão de privatização da Emae. O Fundo Phoenix, administrado pela Trustee DTVM, e que tem entre seus cotistas o empresário Nelson Tanure, venceu o primeiro leilão de privatização do governador do Estado de São Paulo Tarcísio de Freitas. Com ágio de 33,68%, o fundo arrematou a estatal Emae por R$ 1,04 bilhão. As ações da empresa, que se mantinham estáveis até o início do leilão, despencou durante a disputa. Até as 16h38, os papéis derretiam 32,89%. No encerramento do pregão, a queda ficou em (-) 28,42%, cotada a R$ 54,40.
          Além do Fundo Phoenix, participaram da disputa a Matrix Energy - ligada à comercializadora Matrix Energia, empresa detida pela DXT International S.A. (50,01%), parte do Grupo Duferco, e por fundos de investimento sob gestão da Prisma Capital (49,99%) - e o grupo francês EDF.
(Fonte: site da empresa / Estadão - 26.12.2023 - partes)

28 de dez. de 2023

Dish Network / Echo Star

          Nascido no Tennessee em 1953, filho de um ex-físico do Projeto Manhattan, Charles Ergen assumiu o controle de suas finanças aos 18 anos, quando seu pai morreu, juntando fundos para pagar as mensalidades da Universidade do Tennessee-Knoxville com biscates e ganhos no pôquer. Após a formatura, ele obteve um MBA na Wake Forest e trabalhou por alguns anos como auditor e depois como analista financeiro antes de decidir que não estava preparado para ser funcionário corporativo.
          Em 1980, ele se juntou à crescente indústria de TV via satélite, fundando a EchoStar (originalmente chamada Echosphere) com sua futura esposa, Cantey McAdam, e seu amigo Jim DeFranco, que juntos vendiam antenas parabólicas na traseira de um caminhão. Enquanto o trio atravessava uma rodovia do Colorado para instalar seu primeiro sistema, Ergen – dirigindo rápido demais – viu-se perder metade de seu inventário em segundos, quando uma rajada de vento fez voar a antena que eles estavam rebocando.
          Depois de alguns anos instalando parabólicas para clientes em toda a região rural de Mountain West, ele decidiu tentar enviar satélites ao espaço para poder oferecer seus próprios serviços de transmissão. Com títulos de alto risco e uma IPO de US$ 63 milhões, a sua equipe reuniu dinheiro suficiente até ao final de 1995 para lançar o seu primeiro satélite – utilizando um foguetão da China Great Wall Industry Corp., que tinha uma taxa de fracasso de 50%. Ergen disse mais tarde que a empresa poderia ter desmoronado imediatamente se o lançamento não tivesse funcionado. Assim começou a Dish Network, então uma entidade subordinada à EchoStar/
          Em dois anos, a EchoStar tinha mais de 1 milhão de clientes e estava adicionando assinantes seis vezes mais rápido que seu maior concorrente, a DirecTV. Foi o suficiente para colocar Ergen entre as pessoas mais ricas do país. Em 1997, ele apareceu pela primeira vez na Forbes 400, valendo cerca de US$ 500 milhões. Nesse mesmo ano, ele ganhou as manchetes por uma briga infame com Rupert Murdoch, da News Corp., que concordou em fundir ativos de TV via satélite, mas desistiu do acordo, deixando a EchoStar para morrer.
          Ergen, furioso, processou por quebra de contrato. Acabou em constrangimento para Murdoch, que não conseguiu encontrar parceiros satélites alternativos e voltou para a EchoStar, aceitando um acordo pior do que o que tinha feito inicialmente. (Os dois continuaram a enfrentar-se durante anos como concorrentes; Murdoch adquiriu a DirecTV um ano depois de a oferta de Ergen ter falhado.)
          Ao longo do caminho, Ergen desenvolveu uma reputação de frugalidade, inclusive pedindo aos primeiros executivos da EchoStar que compartilhassem quartos de hotel – algo que ele também fez – e reservassem voos noturnos sempre que possível. Na década de 1990, ele comprou um passe vitalício da United Airlines que garante a ele o melhor assento disponível em qualquer voo doméstico pelo resto de sua vida, uma decisão que economizou “milhões de dólares” para a empresa, disse o porta-voz da Dish, Ted Wietecha.
          Em 2008, Ergen transformou a Dish em uma empresa separada, que se tornou o negócio principal, dizendo que a separação ajudaria a financiar a expansão e permitiria que cada entidade se especializasse (Dish na TV paga; EchoStar na tecnologia de satélite). À medida que a estrela de Dish crescia, Ergen também fez alguns inimigos, ganhando o título de “o homem mais odiado de Hollywood” pelo The Hollywood Reporter e Dish como “a pior empresa para se trabalhar”. “É claro que Hollywood odiava Charlie”, responde o porta-voz Wietecha, porque Ergen introduziu a tecnologia de evitar publicidade que irritou as emissoras: “Essa luta é apenas mais um exemplo de como a Dish inova em nome dos consumidores”.
          Agora, Ergen pensa ter encontrado outro salva-vidas: o 5G. Desde 2008, ele vem adquirindo licenças para o espectro, as bandas de radiofrequências pelas quais as comunicações sem fio viajam e que são regulamentadas pela FCC. Em 2020, ele tinha um enorme portfólio de licenças que estavam prestes a expirar antes que pudesse usá-las.
          Foi então que ele recebeu seu último adiamento de 11 horas, de uma investigação antitruste: a FCC estava debatendo se permitiria uma fusão entre duas das quatro principais operadoras de telefonia celular dos EUA, T-Mobile e Sprint. Em vez de proibir a mudança, a comissão elaborou um plano incomum de ajudar uma nova operadora a obter os recursos para substituir a Sprint como o quarto player no mercado. A Dish, com sua montanha de espectro valioso, era a única empresa que poderia preencher a função.
          No início de 2015, cerca de 14 milhões de lares assistiam TV através da sua Dish Network, que recentemente atingiu o máximo histórico de capitalização de mercado de quase US$ 37 bilhões. Seu segundo negócio, a EchoStar, estava lucrando com o sucesso da Dish, fornecendo a maior parte da tecnologia de satélite para suas transmissões. Ergen, que possuía fatias consideráveis de ambas as empresas de capital aberto, tinha uma fortuna de US$ 20,1 bilhões. No início de 2015, Charles Ergen era a pessoa mais rica do Colorado e a 24ª mais rica dos Estados Unidos. 
          Aí começaram os problemas, à medida que os clientes migraram para alternativas como Netflix e Hulu. A base de assinantes da Dish TV caiu para 6,7 milhões, ante 14,1 milhões em 2010. A Dish perdeu 900 mil clientes somente em 2022. Os acionistas abandonaram o barco, empurrando as ações de US$ 70,83 por ação em fins de 2014 anos para US$ 4,88, uma queda de 93%. Só em 2023, a baixa foi de 65%.
          Enquanto isso, a EchoStar gerou US$ 1,8 bilhão em receita nos 12 meses até setembro de 2023, quase metade dos US$ 3,4 bilhões que gerou nove anos antes. Não é de surpreender que o património líquido da Ergen – que permanece em grande parte ligado aos dois negócios – tenha caindo espantosos 94% desde 2015. Sua fortuna caiu para menos de US$ 800 milhões em novembro de 2923, quando ele caiu brevemente da lista de bilionários pela primeira vez desde 1998.
          Agora Ergen, um ex-jogador profissional de pôquer, aposta que pode virar o jogo com uma reforma completa dos negócios: fundindo a EchoStar e a Dish e transformando o negócio de TV paga em uma operadora de rede sem fio 5G. A sua aposta é em uma tecnologia inovadora mas pouco testada e num acordo que trará o dinheiro para sanear o balanço tão necessário para fazer a triagem do balanço repleto de empréstimos da Dish, que totaliza US$ 21 bilhões em dívidas, dos quais US 3 bilhões vencem em 2024.
          Anunciada em agosto de 2023, a FCC aprovou a fusão em 6 de dezembro, fazendo com que as ações disparassem 31% desde seu mínimo de US$ 3,32 e ajudando a empurrar Ergen de volta à categoria de bilionários. A transação deverá ser concluída até o final do mês.
          Os investidores estão encorajados com o fato de a Dish conseguir agora pagar pelo menos a primeira das suas enormes dívidas em 2024, embora os analistas permaneçam cépticos quanto à saúde do negócio a longo prazo, especialmente porque as dívidas podem continuar a aumentar e o negócio precisa de levantar mais milhares de milhões. Não é a primeira vez que Ergen enfrenta dificuldades – ou apresenta um plano de longo alcance para sair.
(Fonte: Reuters/Forbes Brasil - 21.12.2023)

22 de dez. de 2023

Bird (scooters)

          A Bird há muito se posiciona como parceira para ajudar as cidades a se tornarem verdes. Foi criada em 2017 por Travis VanderZanden e se expandiu rapidamente, impulsionado por grandes investidores do Vale do Silício, incluindo Sequoia Capital e Accel Partners.          
          A Bird, uma empresa de scooters (patinetes) elétricas que foi uma das start-ups que mais rapidamente se tornou um unicórnio.          
          A popularidade scooters elétricas da Bird explodiu antes do início da pandemia de Covid-19, e a empresa arrecadou mais de 275 milhões de dólares em 2019, o que elevou a sua avaliação para 2,5 bilhões de dólares.
          Ao serem forçados ao confinamento em 2020, os clientes pararam de andar de bicicleta, mas a Bird lutou para se recuperar.
          A empresa levantou mais de meio bilhão em financiamento de risco e abriu o capital por meio de uma fusão com uma sociedade de aquisição de propósito específico em 2021, mas o preço de suas ações caiu.
          Mas as perdas da Bird acumularam-se e a empresa foi retirada da Bolsa de Valores de Nova York em setembro de 2023. Isso aconteceu depois que foi admitido no S.E.C. que tinha exagerado as suas receitas durante mais de dois anos; seu fundador, Travis VanderZanden, saiu em junho.
          Na manhã do dia 27 de dezembro de 2023, a Bird, antes avaliada em US$ 2,5 bilhões pelos investidores, entrou com pedido de proteção contra falência, no tribunal federal da Flórida, nos Estados Unidos. Nesse dia as ações da empresa estavam sendo negociadas a menos de US$ 1 por ação.
          Segundo o site americano CNBC, o processo ocorre depois que a Bolsa de Valores de Nova York retirar a empresa do capital, ocorrido em setembro. A Bird não cumpriu os requisitos da bolsa depois de não conseguir manter sua capitalização de mercado acima de US$ 15 milhões por 30 dias consecutivos.
          No pedido de proteção contra falência, ocorrido meses depois de ter sido retirada da Bolsa de Valores de Nova York, a empresa celebrou um acordo “stalking horse”, que garante um retorno mínimo para os credores, mantém o valor dos ativos e proporciona um ambiente de negociação mais estável, de acordo com o comunicado ao mercado. A Bird Canada e a Bird Europe não fazem parte do pedido de quarta-feira da empresa e “continuarão a operar normalmente”, de acordo com o comunicado replicado pela CNBC.
          A Bird disse que usará o processo de falência para facilitar a venda de seus ativos, que espera concluir nos próximos 90 a 120 dias.
          Para ajudá-la a continuar operando, a empresa disse que garantiu US$ 25 milhões em financiamento da Apollo Global Management e de seus credores de segunda garantia. Michael Washinushi, CEO interino da Bird, permanecerá no cargo, enquanto a empresa busca um plano de recuperação que pode envolver a venda de ativos.
          O brilho desta parte outrora movimentada do sector da mobilidade urbana começou a desaparecer. A Micromobility.com, anteriormente conhecida como Helbiz, foi retirada ontem da Nasdaq e outro rival, a Tier Mobility, fez sua terceira rodada de demissões no mês passado.
          As scooters Bird podem ser encontradas em mais de 350 cidades, de Roma a São Francisco. (Os negócios canadenses e europeus da empresa não fazem parte da falência, observou Bird, e continuarão a operar normalmente.) Também tem havido muitas reclamações sobre scooters de aluguel abandonadas lotando calçadas e parques. Paris proibiu o aluguer de e-scooters este ano, uma novidade numa capital europeia, embora ainda permita e-scooters de propriedade privada.
(Fonte: NY Times - 21.12.2023 / Valor - 21.12.2023 - partes)
A row of Bird electric scooters are parked on the side of a city street.
             Bird, a empresa de scooters elétricos, entrou com pedido de proteção contra falência,          meses depois de ter sido retirada da Bolsa de Valores de Nova York.
William DeShazer para o New York Times