No início da adolescência, vendeu roupas nas feiras livres paulistanas. Depois, ingressou no laboratório Pfzer. Poderia ter feito uma bela carreira no laboratório multinacional. Preferiu ter um negócio próprio. Em 1960, desembarcou em Belém, como representante do laboratório. "Fui o primeiro vendedor itinerante de produtos veterinários na região amazônica", disse.
Sua carreira brilhante de empreendedor foi construída num estado pobre, Pará, a partir de uma pequena cidade, Ananindeua, nos arredores de Belém.
Para distribuir os produtos, usava os pouco confiáveis barcos que serviam a região. Conquistou a confiança de clientes e foi nomeado representante da Le Petit. Depois ganhou a representação da Ciba-Geigy e da Nitrosin, fabricante gaúcha de formicidas. Da soma de todas essa representações, surgiu sua primeira empresa a Marcos Marcelino.
"Trabalhamos e crescemos muito por estar longe dos olhos da concorrência, que não nos notou." Como exemplo, cita o caso da CBA, Companhia Brasileira de Asfalto, uma das empresas do grupo. O Pará não tinha nenhuma empresa desse setor. Marcelino achou que podia ser um bom negócio, apesar de ele depender do Conselho Nacional de Petróleo. Às escondidas, preparou durante três anos todos os papéis necessários para abrir o negócio.
Além do sigilo, Marcelino vale-se de um apurado faro para expandir seus negócios. Ao longo dos anos, aproveitou oportunidades e carências da região para criar novas divisões no grupo. A primeira foi a de alimentos, transformada anos depois na EBD - Empresa Brasileira de Distribuição. Depois, veio a divisão de máquinas pesadas, responsável pela comercialização de tratores da J.I.Case e motores da Cummins, entre outros produtos. Em seguida, foi a vez da divisão de importação, responsável pela chegada ao país das minivans Lumina, entregues para os concessionários da General Motors. As empresas foram surgindo em cascata.
Muitas dessas companhias já não estão sob o comando de Marcelino. Quando inaugurou o grupo ele tinha um sócio, Luis Soares. Um ano depois, Djalma Bezerra se juntou aos dois. Na ocasião, os três fizeram um pacto sui generis. Combinaram que, aos dezoito anos da sociedade, sairia o primeiro sócio e, três anos depois, o segundo. Eles não queriam ter problemas de sucessão. "Imaginamos que nossos filhos poderiam não ser como nós. Até hoje somos muito unidos e nos ajudamos mutuamente", afirma. O pacto foi cumprido à risca. O primeiro a sair foi Djalma Bezerra. Três anos depois foi a vez de Soares, que ficou com a CBA e dono da Diagro Agropecuária, da Elo Transportadora e da Muirakitã Turismo.
Tomando-se um panorama do final de 1992, o grupo Marcos Marcelino era formado por oito empresas espalhadas por várias áreas - comércio importador, montagem e consórcio de produtos eletrônicos e agropecuária, por exemplo. É na parceira com multinacionais que seus negócios expandiam. É o caso da Xerox, para quem fabricava - e vendia parte da produção com sua própria marca - fax, impressora a laser e copiadora em sua unidade próxima a Belém. Com a IBM acertou a fabricação de circuitos integrados e produtos para exportação.
Um de seus passatempos são as fazendas. Tem um carinho especial por gado importado e melhoramentos genéticos através de transplantes de embriões. Numa das fazendas, localizada às margens da Belém-Brasília, tinha 10.000 hectares, onde criava 10.000 cabeças de gado. Um plantel que eram as meninas dos olhos de Marcelino era formado por 600 cabeças de gado das raças limousine, cimental e jersey.
(Fonte: revista Exame - 22.07.1992 / 23.12.1992 - partes)
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