Total de visualizações de página

21 de abr. de 2022

MSK Invest

          A MSK Operações e Investimentos Ltda ("MSK Invest"), que se intitula como instituição especializada na assessoria de investimentos exclusiva em criptomoedas, foi criada em meados de 2015 por Glaidson Rosa e Carlos de Luca, que continuam como sócios. A empresa se apresenta como uma facilitadora de negociações (trade).
          A empresa apresentou um pedido de recuperação judicial depois de não cumprir com os  pagamentos devidos a clientes que investiram nesses ativos por meio dela. A empresa teria levantado R$ 700 milhões junto ao grupo de clientes.
          Em janeiro de 2022, a MSK fez um acordo com o Procon-SP para ressarcir no valor integral os investidores que tiveram os contratos desfeitos de forma unilateral no fim de 2021. Apesar do compromisso, os pagamentos que já deviam ter iniciado não foram efetuados.
          Frente às reclamações dos investidores, o Procon-SP notificou e firmou um acordo com a empresa. Em fevereiro de 2022, contudo, a entidade encaminhou uma denúncia à Polícia Civil, que colheu os primeiros depoimentos para o inquérito em março.
          O processo de recuperação judicial com data de 11 de abril de 2022, apresentado perante a 3ª Vara de Falências do Foro Central de São Paulo, solicita, entre outros pontos, a suspensão de todas ações e execuções pelo prazo de 180 dias. Uma das alegações da defesa da empresa é de que o alto número de processos bloqueando ativos contribuíram para o não pagamento dos valores acordados.
          "A recuperação judicial permite organizar quem tem direito a receber de maneira equânime ao invés de atender quem tem primeiro acesso a uma liminar. Há mais de 500 ações de arresto e bloqueio por conta dos contratos de investimento com data de pagamento que não foram momentaneamente cumpridos", afirma o advogado Kaiser Motta Júnior, do escritório Motta Advogados, patrono da empresa ao ser questionado sobre o assunto pelo Valor Investe.
          Outras duas razões pesaram para a decisão, segundo Motta. O primeiro foi o encerramento de contas usadas pela empresa para as operações de curto prazo (serviço de trading). Conforme as informações da petição do pedido de recuperação judicial, o volume negociado nas corretoras (exchanges) pelo Grupo MSK era da ordem de R$ 7 milhões por dia.
          "Dado o alto volume, travas bancárias começaram a ser acionadas e as contas encerradas sem justificativa. O dinheiro para pagar a rentabilidade aos investidores existe e estava alocado nessas contas correntes. Com isso, foi criado um enorme obstáculo à movimentação financeira", sustenta Motta Júnior. O processo cita os bancos Santander, Digimais, Plural Invest, Bradesco, Sicoob, entre outros.
          Somado a isso, a empresa sustenta que houve uma apropriação indébita da gestão da carteira de criptoativos pelo ex-trader diretor de operações, Saulo Gonçalves Roque. A situação, que estaria inviabilizando o repasse dos rendimentos financeiros dos investidores, segundo a alegação, gerou a instauração de um inquérito policial na 96° Distrito Policial –Brooklin.
          "O acordo com o Procon-SP foi feito com o intuito de acalmar os investidores. O dinheiro estava nas mãos da MSK e o planejamento do pagamento foi feito com base nisso. Mas próximo do pagamento da primeira parcela os criptoativos ethereum foram apropriados pelo sr. Saulo. Conseguimos ver isso pela tecnologia blockchain", argumenta o advogado.
          O pedido de recuperação judicial, que corre em segredo de justiça, engloba as cinco empresas do Grupo MSK: MSK Operações e Investimentos Ltda., MSK Administração e Corretagem de Seguros Ltda., MSK Serviços Digitais Ltda., MSKonforto Sofás e Colchões Ltda., e Vivva Comércio Varejista de Cosméticos Ltda.
          As atividades das empresas envolvem cerca de mais de 300 pessoas. Durante o exercício financeiro de 2021, o grupo teve uma receita bruta total de mais de R$ 300 milhões, com uma base de mais de 3.800 contratos ativos de investidores, segundo a defesa.
          Esse é mais um desdobramento do caso que envolve a empresa que prometia, em seu site, oferecer uma "alternativa para quem quer possibilidades de rentabilidade, baixo risco e simplicidade". A informação de baixo risco chama atenção, já que o mercado de criptoativos é conhecido por sua volatilidade. Na época em que parou de repassar os pagamentos aos investidores, a empresa alegou que o serviço não possui regulamentação e que o seu principal produto tinha atingindo o limite operacional, por isso parou de pagar a sua base de clientes.
          Se o pedido de recuperação judicial for atendido, um plano de viabilidade econômica deverá ser apresentando em 60 dias. A proposta precisa passar pelo aval de credores e investidores. Em não sendo aprovado, a empresa poderá pedir falência. "Reafirmamos que tudo será pago, mas dentro da recuperação judicial, que possivelmente ficará entre R$ 200 e R$ 300 milhões, já que parte do aporte já foi pago aos investidores. Fora disso, é muito difícil por todos os bloqueios judiciais. Queremos evitar o pior cenário que é a falência", argumenta Kaiser Motta Júnior.
(Fonte: Valor Investe - 20.04.2022)

Nenhum comentário: