Stivelman chegou ao Brasil em 1948 com 100 dólares no bolso doados pelos parentes. Já no ano que chegou começou a dar aula particular de matemática no Rio de Janeiro. Logo em seguida, em 1949 e 1950, foi vendedor ambulante de relógios. Chegou a vender 300 somente no então Ministério da Guerra. Também trabalhava na joalheria dos tios. Juntou dinheiro e, com um sócio, abriu uma fábrica de joias, que passou a fornecer no atacado para outras lojas.
Em 1963, resolveu arriscar-se na bolsa de valores e no mercado paralelo do dólar, deixando o comércio de joias. Stivelman administrava seus próprios investimentos e de clientes. Também revendia platina tanto para joalheiros quanto para uso industrial.
Conseguiu multiplicar seu patrimônio e, em 1964, abriu a financeira Cédula, aproveitando a experiência que desenvolveu com vendas a prazo desde o tempo que chegara no Brasil.
Um ano depois de abrir a financeira, 1965, uma nova oportunidade surgiu para Stivelman. O banco Moscoso Castro, que pertencia a um grupo de joalheiros, estava sob intervenção do Banco Central. Junto com alguns sócios, ele se comprometeu a reestruturar a instituição e renegociar suas dívidas, desde que ficasse com a propriedade do banco. Depois de um ano, 1966, com as contas saneadas, revendeu o Moscoso Castro ao Banco Mineiro do Oeste, que mais tarde, em 1970, foi incorporado pelo Bradesco.
A financeira Cédula (transformada em banco múltiplo em 1989) pegou carona no crescimento do Brasil e chegou a ser a segunda maior do mercado, com agências em vários estados.
No início dos anos 1990, contudo, os seus filhos Jacques Cláudio e Eduardo decidiram fazer carreira no exterior. Sem a participação dos herdeiros, Stivelman optou por encolher os negócios, até limitar a atuação da Cédula apenas ao mercado do Rio de Janeiro. Em meados de 1998, trabalhava para cerca de 80 pequenos e médios comerciantes, financiando compras a prazo. A Cédula passou a fazer uma média de 4.000 contratos de crédito mensais, cerca de um décimo do que fazia quando era uma empresa nacional. O banco administra recursos da família, que é dona também de uma imobiliária.
Nessa época (meados de 1998) o banco tinha patrimônio de 25 milhões de dólares. Stivelman sempre optou por investir os lucros em outros negócios. Passou a ter, por exemplo, participações acionárias em outras instituições financeiras, como BCN e Mercantil de São Paulo.
Sentindo-se perseguido pelos fantasmas do passado durante mais de 50 anos, resolveu exorcizá-los: escreveu, com ajuda da mulher, Raquel, o livro A Marcha, lançado em maio de 1998 pela editora Nova Fronteira. "A Marcha" vem do fato de Stivelman e sua mãe, Riva, terem percorrido 1.500 em marchas forçadas. Num dos piores momentos, sua mãe, com tifo, perdeu as forças e eles conseguiram se esconder em uma vala ao lado da estrada, já em território da Ucrânia.
(Fonte: revista Exame - 03.06.1998)
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