A construção do grupo foi feita com discrição. Os irmãos que controlam a companhia e seus herdeiros mal circulam em Brasília e raramente são reconhecidos fora da roda social de Recife. Não costumam dar grandes festas, não têm jatinhos nem helicópteros. Quando viajam, voam em aviões comerciais.
Esse estilo distante ajudou o grupo a enfrentar o turbilhão provocado pela Operação Lava-Jato. No final de 2014, um executivo e um ex-diretor da companhia foram presos e a construtora do grupo entrou para a lista da Petrobras em que estão empresas que não podem fazer negócio com a estatal.
Graça à atuação no exterior - a Queiroz Galvão presta serviços de construção e engenharia em mais de 20 países -, o grupo poderia ter condições de conseguir manter estável seu faturamento.
Com endividamento preocupante, a família tomou duas ações raríssimas na história da Queiroz Galvão. Primeiro, fez demissões em larga escala. Entre 2015 e 2016, o grupo teria demitido 3.200 - somando 7% do total de empregados. A companhia nunca havia encolhido tanto. Além disso, decidiu vender alguns de seus negócios para fazer caixa.
Nas últimas duas décadas (1996 a 2015), o grupo vendeu apenas duas participações em geradoras de energia. No final de 2015, a estratégia mudou. Sua maior venda foi 49% da fatia da Queiroz Galvão na holding de saneamento Águas do Brasil, por 70 milhões de dólares, para a companhia japonesa Itochu. A empresa colocou mais um conjunto de ativos à venda, que, somados, poderia chegar a 2 bilhões de reais.
Apesar de o grupo Queiroz Galvão viver basicamente do obras públicas, é dono de uma construtora, uma petroleira, uma empresa de saneamento (Águas do Brasil) e outros negócios que, somados, faturaram 15 bilhões de reais, considerando o ano de 2015.
A Queiroz Galvão, em conjunto com a também gigante da construção pesada, Camargo Corrêa é dona do EAS - Estaleiro Atlântico Sul, estaleiro localizado em Ipojuca, estado de Pernambuco.
Em abril de 2022, a construtora Queiroz Galvão passa a se chamar Álya. O novo nome faz referência a uma estrela e marca o que a companhia considera um novo ciclo de crescimento, após anos de crise. A mudança de nome da companhia segue um padrão que tem se repetido entre os grupos envolvidos na Operação Lava-Jato: nos últimos anos, a Odebrecht virou Novonor; a Camargo Corrêa se tornou Mover; a OAS mudou para Metha e a nova construtora do grupo se chama KPE. No caso da Álya, a alteração começou a ser estruturada no fim de 2021. A decisão partiu da avaliação de que a construtora chegou a um estágio de maturidade, com uma dívida reestruturada e uma carteira de projetos em expansão, segundo a fonte.
Além da Álya, o grupo Queiroz Galvão reúne outros negócios, como a Enauta (de óleo e gás), a Vital e a Orbis (ambas de saneamento), a QGDI (braço imobiliário, que está em recuperação judicial), entre outros. A construtora, que já respondeu por 59% do faturamento do conglomerado em 2014, hoje representa 18%.