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19 de ago. de 2022

Kirin Holdings

          A gigante cervejaria japonesa Kirin é a sexta maior cervejaria do mundo.
          Em meados de 2019, a Kirin adquire a americana New Belgium Brewing. A New Belgium se destaca por ser a cervejaria adquirida de maior tamanho, muito maior do que a Dogfish Head por exemplo, o que provavelmente cria oportunidades para que a Kirin possa inserir uma parte de seu
portfólio nas unidades de produção.
          A New Belgium é a quarta maior cervejaria artesanal dos EUA entre as independentes (lista da qual ela deixa de fazer parte) segundo a Brewers Association. Fatores muito importantes da história da New Belgium são o seu forte comprometimento com sustentabilidade ambiental, com destaque para investimento em energia solar e a valorização da bicicleta como meio de transporte, e o fato dela ser 100% propriedade de seus 700 funcionários que possuem cotas da cervejaria e receberão um valor financeiro na venda da empresa para a Kirin.
          A Kirin, através de sua subsidiária australiana Lion Little World Beverages, tem investido de maneira consistente na aquisição de diversas cervejarias artesanais pelo mundo cuja estratégia inicialmente focou na Oceania e Europa, e agora começa a chegar nos EUA com a compra da New Belgium.
          A atividade da Kirin no mercado norte-americano, porém, não é uma novidade por completo. A empresa detém uma participação minoritária de 24,5% na cervejaria nova-iorquina Brooklyn Brewery, adquirida em 2016.
          Globalmente se destacam no portfólio artesanal da Kirin a britânica Fourpure Brewing Co e a australiana Little Creatures, sendo esta última um alvo de investimento da japonesa na direção 
de ganhar taprooms em diferentes locais do mundo como Califórnia e Londres.
          Em agosto de 2022, a Lion Little World Beverages comunica que vendeu suas marcas Fourpure e Magic Rock e deixa o mercado do Reino Unido para se concentrar na América. A venda foi para a Odissey Inns, mais conhecida pela sua atuação no ramo da hotelaria. A Lion havia comprado as duas marcas em 2018, com a intenção de atuar no mercado de artesanais no Reino Unido. Agora, porém, sacramentou sua saída com a venda das duas companhias, além de outros ativos.
(Fonte: Catalisi - 19.11.2019 / Guia da Cerveja - 16.08.2022 - partes)

18 de ago. de 2022

Equipav

          O grupo Equipav tem interesses em diversos setores, incluindo concessões de infraestrutura, mineração, açúcar e álcool, e engenharia.
          A Equipav é acionista da Aegea, que é uma das maiores empresas de saneamento do segmento privado no país. A Aegea está presente em 57 cidades em 12 estados brasileiros, sendo eles Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Mato Grosso, São Paulo, Pará, Santa Catarina, Rondônia, Maranhão, Espírito Santo, Piauí, Amazonas e Rio Grande do Sul . Outro sócio de peso (da Aegea) é o fundo soberano de Cingapura GIC e do Internacional Finance Corporation (IFC).
          A Equipav, e a gestora de ativos Perfin planejam desenvolver juntas uma plataforma de concessão de rodovias no Brasil. A parceria começou com duas concessões em Minas Gerais, mas há planos para estudar novos ativos.
          Na primeira quinzena de agosto de 2022, o consórcio formado pelas duas empresas conquistou uma concessão rodoviária na região do Triângulo Mineiro. O Lote Triângulo Mineiro contempla 627 quilômetros de rodovias e prevê R$ 3,2 bilhões em obras.
          Alguns dias depois, em 17 de agosto de 2022, o consórcio venceu o leilão para construir o lote Sul de Minas por meio de uma parceria público-privada (PPP). A ideia é que, a partir de então, a parceria se consolide, disse José Carlos Cassaniga, diretor da Equipav Rodovias.
          No leilão do Lote Sul de Minas, o consórcio superou a oferta de seu único concorrente, a Monte Rodovias, após leilão a céu aberto. Terminou com uma proposta final de R$ 378 milhões, ou um desconto de 14% sobre o pagamento máximo definido no edital. O lote inclui 454,3 quilômetros de estradas. O investimento estimado é de R$ 2,3 bilhões, e as despesas operacionais são estimadas em mais R$ 2,3 bilhões ao longo do período de 30 anos do contrato.
          Os leilões marcam a estreia da Equipav e da Perfin no setor rodoviário. A Equipav já atuou em rodovias. A Perfin já atuava no setor de infraestrutura, mas nas áreas de energia elétrica e saneamento básico. A gestora de recursos possui mais de R$ 23 bilhões sob gestão, dos quais cerca de R$ 6 bilhões são destinados a fundos de infraestrutura.
(Fonte: jornal Valor - 17.08.2022)

17 de ago. de 2022

Eletrosul

          A privatização da empresa de energia Eletrosul ocorreu em 1998. Na ocasião, a empresa foi dividida em duas, e somente a parte de geração de energia (a Gerasul) foi vendida.
          Seus ativos equivaliam a 5% do valor de mercado da Eletrobras, da qual fazia parte. A Gerasul e nove de suas usinas foi adquirida pela franco-belga Tractebel (hoje Engie Brasil), que desembolsou 2 bilhões de dólares e a transformou ao longo dos anos, graças a uma gestão profissional e livre de interferência política, na mais valiosa empresa do país no setor elétrico.
          Quando privatizou a Gerasul, Fernando Henrique Cardoso tinha o plano de vender outras empresas da Eletrobras, mas esbarrou na mesma resistência política que perdurou por pelo menos duas décadas.
(Fonte: revista Exame - 18.04.2001 - parte)

15 de ago. de 2022

INC

          O grupo italiano INC, que tem sede em Turim e é controlado pela família Dogliani, atua como construtora, mas também administra duas importantes concessões rodoviárias na Itália.
          A INC tenta ingressar no mercado de infraestrutura do Brasil desde 2019. Naquele ano, a empresa chegou a estudar a PPP da ponte Salvador-Itaparica, mas acabou não participando do leilão, que foi vencido por um consórcio formado pelos grupos chineses CRCC e CCCC.
          Em 12 de agosto de 2022, o INC venceu o leilão da parceria público-privada (PPP) do Rodoanel de Belo Horizonte. Com isso, estreia como concessionária de rodovias no Brasil. No leilão, a empresa ofereceu um desconto de 12,14% sobre o valor que o estado vai pagar. Com isso, derrotou as ofertas de seu único concorrente, o grupo China Railway Construction Corporation (CRCC), que oferecia um desconto de 10,2%.
          Com o desconto, o governo mineiro terá que desembolsar R$ 2,4 bilhões. Esse desconto incide sobre a contraprestação (R$ 91,1 milhões) a ser paga nos três primeiros anos e a contribuição inicial para a obra (R$ 2,1 bilhões). Além disso, será feito um pagamento adicional de R$ 211 milhões, que será direcionado para uma conta de contingência do projeto. Parte do dinheiro vem do acordo de indenização firmado entre o governo do estado e a mineradora Vale vinculado aos danos causados ​​pela tragédia de Brumadinho.
          Com a vitória, o INC terá que seguir em frente com o projeto do anel viário do zero. Inicialmente, o projeto terá 70 quilômetros de extensão e exigirá investimentos de R$ 4,1 bilhões considerando as obras e as desapropriações necessárias.
          A construção está prevista para começar em 2024, de acordo com Fernando Marcato, secretário estadual de infraestrutura. O contrato com o INC deve ser assinado em um mês e meio, e a etapa de licenciamento ambiental e plano executivo deve demorar pelo menos um ano e meio.
          No total, o anel viário deve ter 100 quilômetros de extensão. Os 30 quilômetros restantes necessários para a conclusão do projeto ainda poderão ser adicionados ao contrato mediante reequilíbrio econômico. Para isso, provavelmente será necessária uma contribuição adicional do estado, que pode vir do novo acordo de compensação que o governo de Minas Gerais está negociando com a Vale, relacionado à tragédia de Mariana, disse Marcato. É provável que seja necessária uma contribuição adicional de R$ 2,1 bilhões.
(Fonte: jornal Valor - 15.08.2022)

12 de ago. de 2022

Emccamp

          A construtora Emccamp Residencial, sediada em Minas Gerais, foi fundada em 1977 por Régis Pinheiro de Campos. A empresa atua principalmente na área de desenvolvimento residencial econômico.
          A Emccamp trabalhou principalmente com o extinto programa habitacional Minha Casa, Minha Vida com o atual programa, Casa Verde-Amarela. Mas a construtora vem lançando imóveis com preços mais altos, que podem ser financiados pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). Os novos condomínios oferecem serviços mais sofisticados, como espaços de coworking, pistas de cooper, quadras de tênis de praia e cinemas ao ar livre.
          Em maio de 2021, a Emccamp foi registrada na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para emitir títulos da categoria B. “Abrimos o capital porque entendemos que faz parte do processo de uma empresa madura. Mas como o momento não era adequado por causa da pandemia, decidimos esperar a melhor janela de oportunidade para fazer o IPO”, disse Campos. Segundo o executivo, não há prazo para isso.
          Em agosto de 2022 a empresa divulga que investirá R$ 4,5 bilhões em dois anos, dos quais R$ 1,5 bilhão em 2022, já em andamento.
          “A empresa está muito animada com o Rio, onde já entregamos mais de 30 mil apartamentos. A meta é lançar R$ 1 bilhão em imóveis por ano na cidade”, disse o diretor comercial da Emccamp, André Campos. O Sr. Campos informou que a Emccamp também lançará em 2022 projetos na região metropolitana de São Paulo, Belo Horizonte e Contagem (Minas Gerais).
          O banco de terrenos totalizou R$ 5,45 bilhões. O Sr. Campos disse que o banco de terrenos está atualmente em R$ 6 bilhões. “Temos um banco de terrenos para dois a três anos de empreendimentos”, disse.
          A construtora tem atuação na região Sudeste, onde está presente em 16 cidades. É controlada por seu fundador, Régis Pinheiro de Campos, com 42% de participação. Outros sócios são Eduardo Campos (22,8%), Eduardo Filho (8,6%), André Campos (8,6%) e outros acionistas minoritários, todos da família do fundador.
          Em 2021, o faturamento da Emccamp foi de R$ 724,8 milhões.
(Fonte: jornal Valor - 11.08.2022)

11 de ago. de 2022

Dejour Club

          O empreendimento Dejour Club, uma plataforma flutuante, e primeiro clube flutuante de Santa Catarina, pertencia ao apresentador Álvaro Garnero. Além dele, o empreendimento tinha como sócios 
os empresários Reinaldo Oliveira, Marlon Cristiano e Lucas Araújo.
          Conhecido como o primeiro clube flutuante de Santa Catarina, o estabelecimento abriu em meados de 2022, mas seria inaugurado no mês de setembro. Atracado e Balneário Camboriú, litoral norte de Santa Catarina, a ideia, segundo os responsáveis, era viajar pelo litoral brasileiro ao longo do 
ano.
          Segundo a assessoria do empreendimento, a plataforma tinha cerca de 950 metros quadrados e foi construída para receber 700 pessoas. A administração informou que aguardava o fim do período de pesca passar para deslocar a estrutura para o local certo na Barra Sul, e colocar todas as poitas previstas. Havia uma previsão de que aproximadamente 100 pessoas trabalhariam no empreendimento.
          Na tarde de quarta-feira, 10 de agosto de 2022, a plataforma estava atracada junto ao píer dos pescadores, na foz do Rio Camboriú. Com a força das rajadas de vento acima de 100 km/h na passagem de um ciclone pelo estado, as amarras se soltaram e, à deriva, a estrutura se desmontou e naufragou. Partes do clube foram parar em praias próximas.
          Nas redes sociais, o Dejour Club publicou sobre uma vaquinha on-line para custear a limpeza, retirada dos destroços restantes e para recomeçar o projeto. O prejuízo estimado teria sido em torno de 8 milhões de reais. O apresentar Garnero republicou as imagens da plataforma destruída, que foram divulgadas na página oficial do clube. Reinaldo Oliveira, um dos sócios, viu "toda a tragédia", viu a estrutura ruir, "um sonho gerido durante cinco anos ser destruído".
(Fonte: G1 - NSC TV - 11.08.2022)

Constran / Ferronorte

          Olacyr Francisco de Moraes mostrou durante décadas ser um grande empreendedor. Filho de um vendedor de máquinas de costura, ele fundou a Constran em 1957 e, a partir dela, começou a diversificar sua atuação.
          Em 1973, Olacyr tornou-se um dos primeiros grandes empresários do agronegócio ao apostar na produção de soja na Região Centro-Oeste do Brasil. Simultaneamente, passou a investir em projetos paralelos, como a construção e a administração de usinas hidrelétricas e, principalmente, da Ferronorte, uma gigantesca ferrovia de 5.200 quilômetros que iria do norte de Mato Grosso ao porto de Santos e seria o principal canal de escoamento da produção de grãos da região.
          Ao embarcar em sua aventura ferroviária, Olacyr de certa forma transformou-se numa espécie de Percival Farquhar moderno. Assim como o empresário americano que foi à bancarrota depois de construir a ferrovia Madeira-Mamoré (Porto Velho a Guajará-Mirim), no início do século XX, Olacyr afundou suas empresas com seu sonho megalômano de ligar por trilhos os limites da Amazônia ao maior porto do país. Para iniciar a obra, em 1989, investiu mais de 200 milhões de dólares em recursos 
próprios. A intenção era bancar a conta com as recitas da Constran, que atuava basicamente na área de infraestrutura.
          A partir daí, tudo deu errado. A Constran, cuja receita vinha principalmente de obras públicas, levou sucessivos calotes de governos estaduais e prefeituras quebrados pela crise econômica que o país atravessava. Para não interromper a obra da Ferronorte, Olacyr tomou outros 200 milhões de dólares emprestados em bancos. Confiante em seu trânsito pelos bastidores do poder, acreditou que poderia liquidar esses empréstimos assim que os governadores lhe pagassem ou que a ferrovia começasse a funcionar. Não aconteceu nem uma coisa nem outra. Até fins de 2008, Olacyr não recebeu um tostão pelas obras que realizou naquela época - a dívida dos governos com o empresário chegou a 1 bilhão de reais. A Ferronorte, por sua vez, empacou na fronteira de Mato Grosso do Sul e São Paulo porque o governo paulista atrasou sete anos a construção de uma ponte sobre o rio Paraná.
          Endividado e pego no contrapé pelos juros altos da década de 1990 (cerca de 18% ao ano), Olacyr sucumbiu. No início da crise tentou reverter a situação, tentando rolar dívidas, negociar com prefeitos e governadores e recuperar as empresas. Todas as inciativas naufragaram. Ele também passou a ser investigado em processo sobre superfaturamento de obras públicas, como do túnel Ayrton Senna, em São Paulo, e da usina de Xingó, em Pernambuco.
          Em 2004, chegou-se a cogitar que a vida de empresário de Olacyr havia acabado quando ele foi obrigado a vender a fazenda Itamaraty, ícone dos áureos tempos de seu império. "Depois disso, a frase que mais ouvíamos de Olacyr era que ele não havia trabalhado tanto para acabar como um fracassado",
disse um amigo. Coragem para continuar tentando ele tinha.
          Por quase duas décadas, Olacyr foi considerado um dos homens mais poderosos do país. Seu império de 40 empresas estava entre os dez maiores conglomerados brasileiros e seus negócios agropecuários lhe conferiam o título de maior produtor de soja do mundo e era comumente chamado de rei da soja.. Quando estava no auge, na primeira metade dos anos 1990, o patrimônio de Olacyr chegava a 1,2 bilhão de dólares, o que lhe garantia um posto entre os 200 homens mais ricos do planeta, segundo uma lista da revista Forbes. Foi quando se deu o desastre. Vergado por dívidas de 1,4 bilhão de reais, fruto de investimentos mal feitos, o império de Olacyr se desfez em escombros. Para pagar as contas, o empresário passou o período de 1996 a 2008 vendendo fazendas, usinas, imóveis e todo tipo de bens, entre eles dois jatos Citation de uso pessoal. Em fins de 2008, com 95% da fatura paga e o saldo remanescente em processo de negociação com credores, Olacyr, então aos 77 anos, se preparava para
voltar aos negócios.
          Em julho de 2008, a construtora Constran, então seu único negócio remanescente, fechou com a empresa de logística ALL (hoje Rumo) seu primeiro contrato significativo em mais de uma década, no valor de 700 milhões de reais. Ao mesmo tempo, Olacyr ensaiava os primeiros passos em novas áreas, como telefonia e mineração. Sua intenção era dar início a um novo gripo, batizado com as iniciais de
seu nome, OFM.
          Das novas apostas de Olacyr, a mais ousada era a que envolvia uma empresa voltada para serviços de telecomunicações pela internet, batizada de LegalPhone. O negócio girava em torno de um dispositivo que permite chamar pela internet a custo reduzido. O software foi desenvolvido por uma companhia americana, a Global IP Solutions, e a diferença para outros sistemas desse tipo é um teclado encomendado a um fabricante chinês. Com fone e caixas acústicas acopladas, o teclado permitiria ao usuário fazer chamadas de voz pelo sistema VoIP sem ter de acessar sites de internet como ocorre com
o Skype.
          Olacyr negociou o lançamento do serviço com grandes operadoras de telefonia e sua expectativa era alcançar 500.000 assinantes ainda no primeiro ano de operação - o que significava uma receita aproximada de 200 milhões de reais. Tudo isso, evidentemente, no cenário mais róseo.
          Olacyr de Moraes faleceu em 2015.
(Fonte: revista Exame - 05.11.2008)

Aterpa

          A construtora mineira Aterpa foi fundada pela família Salazar. Hoje, a companha é comandada por André Salazar, o presidente, representante da terceira geração da família fundadora da empresa.
          A Aterpa, cuja atividade principal é a construção, operou no passado concessões de infraestrutura. Em 1998, a empresa fazia parte da concessionária de rodovias Intervias, em São Paulo, que posteriormente foi vendida para a Arteris. Em 2013, a empresa também operou contratos menores de saneamento básico, como uma PPP na Serra (Espírito Santo) vendida posteriormente para a Aegea.
          Em 2012, o fundo de investimento Neo ingressou no capital da Aterpa com a ideia de abrir o capital no futuro. No entanto, os planos não se concretizaram e a família recomprou recentemente as ações.
          Em julho de 2022, a empresa iniciou as operações na concessão de água do Amapá em parceria com a Equatorial Energia. Antes de conquistar a concessão no Amapá, a Aterpa participou com a concessionária, por meio de sua subsidiária SAM Ambiental, de licitações para a região metropolitana de Maceió, Cariacica (Espírito Santo) e três blocos regionais no Rio de Janeiro.
          A Aterpa planeja disputar novos ativos no setor de saneamento básico e participar de licitações no setor rodoviário. Neste caso seria em consórcio com um parceiro maior que também atua na área de engenharia.
          No setor de saneamento básico, a Aterpa estuda grandes leilões, como as parcerias público-privadas (PPP) do Ceará, a concessão de Porto Alegre e outros blocos cujos modelos foram definidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). No entanto, para essas licitações, a empresa reconhece que depende de firmar parcerias com grupos maiores – como, possivelmente, a própria Equatorial. A empresa poderá analisar a participação sozinha em leilões de bens municipais menores do setor.
          Em 2021, o grupo registrou receita líquida de R$ 391 milhões. A carteira de obras da empresa soma R$ 850 milhões, considerando dados de meados de 2022. Entre os principais segmentos atendidos pela construtora estão mineração, rodovias e ferrovias.
          Segundo André Salazar, a família não tem planos de vender a empresa hoje (agosto de 2022). “Os acionistas estão comprometidos com o negócio.” Para ele, uma mudança corporativa desejada seria trazer um sócio investidor para ampliar a capacidade financeira da empresa.
(Fonte: jornal Valor - 11.08.2022)

9 de ago. de 2022

BP Bunge Bioenergia

          A empresa sucroalcooleira BP Bunge Bionergia, uma joint venture entre a americana Bunge e a petrolífera britânica BP foi criada em 2019.
          Antes de criar a joint venture com a BP, a gigante do agronegócio com sede nos EUA contratou bancos para vender ativos no setor tentando desfazer-se do negócio sucroalcooleiro.
          A empresa criada possui 11 usinas sucroalcooleiras e capacidade de moagem de cerca de 33 milhões de toneladas.
          Considerando valores de agosto de 2022, os ativos estão avaliados entre R$ 9 bilhões e R$ 10 bilhões, levando-se em consideração um preço entre US$ 55 e US$ 60 por tonelada de cana moída, segundo fonte do setor sucroalcooleiro.
          As usinas da empresa estão localizadas nos estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo e Tocantins, e têm capacidade de moagem de 32,4 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por safra. Na safra encerrada em março de 2022, a receita operacional líquida da BP Bunge Bioenergia totalizou R$ 7,2 bilhões, com lucro líquido de cerca de R$ 1,7 bilhão.
(Fonte: jornal Valor - 09.08.2022)


Versão II:
          A americana Bunge e a britânica BP encontraram uma na outra a solução que procuravam para seus negócios de bioenergia e uma oportunidade de crescimento. Há anos buscando, se não a saída imediata, ao menos sócios para reduzir dívidas, a Bunge recebeu no fim do ano passado um convite da petrolífera britânica, que agora vem ampliando suas apostas no setor de energias renováveis, para unir suas operações e disputar a segunda posição no ranking de produção de açúcar e etanol do Brasil.
          Em 22 de julho de 2019, as duas companhias anunciaram a fusão dos negócios brasileiros de bioenergia, criando a joint venture BP Bunge Bioenergia - cada uma terá 50% de participação. Os negócios de cana têm peso ínfimo na receita global de cada empresa. Da receita da britânica em 2018, de US$ 303 bilhões, nem 1% saiu das usinas no Brasil. Do faturamento de US$ 45 bilhões da Bunge, as usinas não representaram mais de 2%. Ainda assim, o negócio é relevante em um setor que há tempos não vê transações deste porte.
          A nova empresa contratará um empréstimo de US$ 700 milhões com bancos estrangeiros e nacionais, assumindo a dívida que a Bunge Açúcar e Bioenergia tem com sua controladora nos EUA. Essa transferência da dívida dá um alívio imediato ao balanço da múlti americana, dado que 17% de sua dívida de longo prazo (de US$ 4,2 bilhões no fim de 2018) está atrelada ao seu negócio de bioenergia no Brasil. A BP, por entrar no novo negócio com menos ativos (três usinas frente oito da Bunge), ainda pagará US$ 75 milhões diretamente à nova sócia. Com esse passo, ampliará sua presença em bioenergia em 50%. Até então, a britânica tinha capacidade para moer 10 milhões de toneladas de cana por safra no país.
          Para a Bunge, a operação é o primeiro marco da gestão de Gregory Heckman como CEO. O executivo assumiu em abril, após pressão dos acionistas Continental Grain e do fundo de hedge DE Shaw, com o objetivo de destravar negociações.
          A união dos negócios criará uma empresa capaz de moer até 32 milhões de toneladas de cana por safra - atrás da Raízen (73 milhões de toneladas), da Atvos (37 milhões de toneladas), e da Biosev (33 milhões de toneladas). As empresas esperam que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprove a operação até o fim do ano.
          Por enquanto, as usinas estão usando 90% dessa capacidade, moendo cerca de 29 milhões de toneladas. Se a joint venture já existisse, teria receita de R$ 4,8 bilhões, estimou a RPA Consultoria com base no desempenho médio do setor esperado nesta safra.
          Nesse nível, a BP Bunge Bioenergia estaria próxima do faturamento que a vice-líder no segmento, a Biosev, teve na safra passada (2018/19), com vendas de açúcar, etanol e energia de R$ 4,9 bilhões (excluídas as receitas com bagaço e outras commodities), e já superaria a receita da Atvos, que ficou em R$ 4,2 bilhões.
          O primeiro passo é acabar com a ociosidade atual das 11 usinas que o novo grupo terá. Para isso, a empresa terá que garantir oferta adicional de 3 milhões de toneladas de cana.
          Mario Lindenhayan, chefe de toda a BP para o Brasil, acumulará a função de presidente do conselho da BP Bunge Bioenergia. Geovane Consul, atual vice-presidente da Bunge Açúcar & Bioenergia é o futuro presidente da nova companhia.
          As usinas que farão parte da joint venture produziram na safra passada 1,5 bilhão de litros de etanol, o que a colocaria como uma das três maiores produtoras do país. As três plantas da BP conseguem hoje voltar até 72% de sua cana à produção de biocombustível, e as da Bunge, 65%. Segundo os executivos, características como localização e tecnologias usadas devem facilitar a integração.
          Para Lindenhayan, a sociedade surfará no crescimento que o setor de etanol deve ter nos próximos anos, impulsionado pelo RenovaBio, que deve ampliar a demanda por biocombustíveis em 70% até 2030.
          Quando as usinas sucroalcooleiras que a americana Bunge e a britânica BP possuem no Brasil estiverem unidas, a direção da companhia terá como primeira tarefa investir na produtividade dos ativos, hoje abaixo da média do setor, o que deve demandar aportes estimados pelo mercado em cerca de R$ 300 milhões. Para isso, no entanto, a joint venture terá que buscar recursos no mercado sozinha, sem a ajuda habitual das controladoras, que já amargaram prejuízos superiores a R$ 7,5 bilhões desde que estrearam em açúcar e etanol.
          Para aproveitar melhor os subprodutos da cana-de-açúcar e economizar no uso de produtos químicos, a sucroenergética BP Bunge Bioenergia investiu R$ 22 milhões na construção de sua primeira fábrica de fertilizantes líquidos para atender à demanda da empresa pelo insumo. A unidade, localizada na fábrica de Moema, em Orindiúva (SP), foi inaugurada na semana de 13 a 17 de maio de 2024..Além dos fertilizantes foliares líquidos, a fábrica irá enriquecer a vinhaça produzida como resíduo da cana processada. Esse resíduo será devolvido ao campo como fonte de potássio para os canaviais. Inicialmente, esses fertilizantes não serão vendidos no mercado.
          A BP aumenta seu foco no Brasil como parte de sua aposta nos biocombustíveis como um dos caminhos de transição energética. Em 20 de junho de 2024, a petrolífera britânica acertou a aquisição da participação de 50% detida pela Bunge na empresa sucroalcooleira BP Bunge Bioenergia, joint venture criada pelas duas empresas em 2019.
          Com a saída da Bunge do negócio, a BP planeja acelerar alguns planos de investimento para aumentar a eficiência e diversificar as operações. Segundo Dunn, o plano é disponibilizar sua capacidade global de comercialização de combustíveis para operações no Brasil dentro de dois anos.
O avanço da BP no setor de açúcar e etanol do Brasil marca não apenas a saída de grandes tradings – a Bunge foi a última das quatro tradings agrícolas dominantes, conhecidas como ABCD (ADM, Bunge, Cargill e Louis-Dreyfus) a alienar seus ativos . Marca também o aumento da participação das petrolíferas na área, que tentam evitar serem responsabilizadas pelo aquecimento global. A anglo-holandesa Shell tem 50% da Raízen, maior empresa do setor, que moeu 84 milhões de toneladas de cana na última safra.
(Fonte: jornal Valor - 23.07.2019 / 30.07.2019 / 17.05.2024 / 21.06.2024 - partes)