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9 de dez. de 2022

Statkraft

          A Statkraft tem sua origem lá pelos idos de 1895, na Noruega. É uma empresa líder em energia hidrelétrica internacionalmente e a maior geradora de energia renovável da Europa.
          O grupo Statkraft produz energia hidrelétrica, energia eólica, energia solar, energia a gás e fornece aquecimento urbano.
          A Statkraft é uma empresa global em operações no mercado de energia. A Statkraft tem 4.800 funcionários em 20 países.
          No Brasil, a Statkraft está presente desde 2009. Em 2011, começou a operar por meio de sua comercializadora de energia elétrica e, em 2012, iniciou suas atividades no setor de Geração de Energia Renovável.
          A empresa tem em Florianópolis, Santa Catarina, sua sede nacional, e no Rio de Janeiro (RJ), seu escritório comercial. Hoje a Statkraft Brasil conta com 18 ativos de geração em operação nas regiões Sudeste, Sul e Nordeste, correspondentes a 450,7 MW de capacidade instalada e um portifólio de projetos em desenvolvimento de 2216 MW.
(Fonte: site da empresa)













Sua sede está localizada em Florianópolis, Santa Catarina e possui escritório comercial no Rio de Janeiro.

8 de dez. de 2022

Supermercado BH

          O supermercado BH começou como um mercadinho e foi fundado em 1996 por Pedro Oliveira, um ex-carregador de caixas de supermercados de Belo Horizonte.
          Filho de lavradores que moravam em Paineiras, a 250 quilômetros de Belo Horizonte, Oliveira resolveu sair de casa aos 18 anos para trabalhar na capital mineira. Havia estudado até o 8º ano do ensino fundamental e, de cara, foi trabalhar em supermercados - primeiro como encarregado do depósito, depois como carregador, repositor e vendedor. Em alguns anos, virou gerente e, em seguida, supervisor de vendas do atacadista Ferreirão. Em 1996, quando tinha 40 anos e algum dinheiro guardado, ele decidiu usar as economias para abrir uma mercearia em um bairro da periferia de Santa Luzia, cidade próxima a Belo Horizonte. Usou o lucro para ampliar a loja e, em seguida, para abrir filiais em bairros e cidades vizinhas.
          Em 2004, vendeu cerca de 40% da empresa para dois sócios e, com os recursos, inaugurou mais lojas e comprou mercadinhos que iam mal.
          Após a chegada ao país da maioria dos grupos estrangeiros, o BH decidiu crescer pelas beiradas, abrindo lojas onde havia poucos competidores. Escolheu como alvo a periferia de Belo Horizonte e, em seguida, pequenas cidades no interior de Minas Gerais - sempre vendendo produtos de marcas mais baratas. Assim, foi beneficiado pelo aumento do poder aquisitivo das classes C e D de 1996 em diante.
          O BH comprou a rede Atacarejo (antiga ViaBrasil) por 78 milhões de reais e transformou suas lojas em filiais de varejo tradicional.
          Seus dois filhos trabalham na companhia - um como diretor comercial e outro como diretor de operações. Os gerentes são todos amigos de Oliveira e estão no BH há mais de dez anos.
          Em 20 anos a rede de supermercados já se transformara numa das maiores redes de varejo do país e passou a chamar a atenção de seus concorrentes.
          Considerando dados de março de 2017, a rede faturava 5 bilhões de reais, tinha 16.000 funcionários e 172 lojas. O plano de então, era comprar ou juntar-se ao principal concorrente no estado, o grupo DMA, dono da marca EPA, que faturava 2,6 bilhões de reais e tinha pouco mais de 100 lojas em Minas Geris e no Espírito Santo. Tornar-se-ia então a quinta maior rede nacional, logo depois dos chilenos do Cencosud. O BH ocupava a 7ª posição. Segundo Oliveira, Carrefour, Walmart e fundos de private equity já tentaram comprar o BH mas ele não quer vender.
          A sede da empresa é em Contagem, na Grande Belo Horizonte. Aos poucos, Oliveira foi se tornando uma espécie de celebridade em Minas Gerais. Volta e meia, pega seu jatinho para comer galinha caipira na fazenda do cantor sertanejo Gustavo Lima, em João Pinheiro, a 340 quilômetros de Belo Horizonte.
          O problema do BH é a baixa margem de rentabilidade. Para conseguir crescer e manter os preços baixos, a empresa lucra menos do que a maioria das grandes redes de supermercados. O indicador que mede o faturamento por metro quadrado de loja, um dos mais monitorados pelos varejistas, foi de 2% em 2015, um dos piores do setor - o índice do Zaffari, por exemplo, era de 5,7%; e o do Pão de Açúcar, 4,9% (o Walmart estava pior, com 1,3%).
(Fonte: revista Exame - 29.03.2017)

6 de dez. de 2022

Astra / Japi

           A fabricante de assentos sanitários, banheiras e utilidades domésticas Astra, foi fundada pelo avô 
da atual CEO do grupo, Ana Oliva.
          A Astra é a primeira empresa do grupo, que foi fundado em 1957. Uma das principais empresas do grupo é a Japi, com fábrica em Jundiaí, fabricante de louças sanitárias e acessórios para jardinagem. A Japi foi criada em 1992 e começou como importadora dos produtos que fabrica hoje. O nome Japi foi dado em homenagem à Serra do Japi, localizada nas cercanias de Jundiaí. O grupo tem também uma 
construtora e uma empresa de serviços financeiros.
          Em fins de 2022, a Japi prepara-se para inaugurar sua primeira unidade no exterior, na República Dominicana. A fábrica está prevista para começar a operar em março de 2023, disse Ana Oliva, diretora da Japi e presidente da Astra.
          Primeira unidade no exterior, a fábrica está prevista para começar a operar em março de 2023 para facilitar a logística de exportação para Américas, Europa e África; produção prevista é de 40 toneladas por mês O investimento inicial para a unidade caribenha é de US$ 5 milhões, e a meta é
ampliar a base de países atendidos pelas exportações do Japi, que hoje somam 35 nações.
          Como explica a senhora Oliva, um dos produtos mais vendidos pela Japi para outros países é a linha de vasos de jardim de plástico que imitam a cerâmica. “Eles são extremamente leves. Temos vasos inteligentes para jardins verticais e também vasos assinados por designers”, disse. A produção dominicana será voltada para artigos de jardinagem.
          A planta dominicana também ajudará a expandir a produção nacional, liberando espaço na planta de Jundiaí. Atualmente, a empresa ocupa uma área fabril de 20 mil metros quadrados na cidade localizada a 50 quilômetros de São Paulo. A Astra também tem uma unidade fabril em Pernambuco.
          Juntas, as receitas do Astra e do Japi devem chegar a R$ 1 bilhão em 2022, o mesmo valor do ano de 2021.
          Os produtos da Astra e da Japi são voltados principalmente para o segmento econômico, embora ambas as empresas também tenham linhas premium. “Estamos trabalhando para diversificar o mix de produtos, com uma linha assinada por arquitetos, e itens de design, mas é uma parcela menor dos produtos. Nosso forte é o público de baixa renda”, afirmou Ana Oliva.
(Fonte: jornal Valor - 05.12.2022)

5 de dez. de 2022

Livraria / Editora Martins Fontes

          A Livraria Martins Fontes foi inaugura em Santos em 1960 por Waldir Martins Fontes, nascido em 1934. Waldir largou um emprego na Petrobras para vender livros de porta em porta. Aos 27 anos de idade, abriu a livraria com seus dois irmãos como sócios. No início da década de 1970, Waldir criou a Editora Martins Fontes na cidade de São Paulo.
          Alexandre Martins Fontes, filho mais velho de Waldir, entrou na empresa em 1992. Entre 1986 e 1990, morou em Nova York, para onde foi após terminar a faculdade. Tinha em NY um ateliê onde pintava, fazia projetos gráficos e ilustrações a guache e aquarelas.
          Desde meados dos anos 1990, a unidade de Santos, que deu origem ao grupo, passou a pertencer aos irmãos de Waldir e descendentes.
          Em 2000, com a morte de Waldir, a editora passou a ser administrada por Evandro M. Martins Fontes e Alexandre Martins Fontes, herdeiros do fundador. Sua sócia majoritária passou a ser a viúva Norma Martins Fontes.
          Em novembro de 2000, Evandro, filho mais novo de Waldir, criou um departamento editorial independente, o qual chamou de "selo Martins", em homenagem à Livraria Martins Fontes Livraria Martins Editora (criada em 1937 e fechada em 1974), fundada por José de Barros Martins, editor que ajudou a construir a história do livro no Brasil.
          Nos anos 2000, foram criadas duas novas empresas, que passaram a dar continuidade ao projeto editorial da Martins Fontes: em 2005, o antigo selo editorial Martins passou a ser uma nova casa editorial, a "Martins Fontes - selo Martins", inicialmente também chamada Martins Editora', de Evandro.
          Em 2005, os irmãos Alexandre e Evandro fizeram a cisão da empresa. Evandro ficou com a livraria do Rio de Janeiro e a unidade da Alameda Jaú, em São Paulo. Alexandre ficou com a livraria da Avenida Paulista, centro financeiro de São Paulo, e da rua Dr. Vila Nova, na Vila Buarque, região central da cidade. A unidade da Avenida Paulista hoje está ocupando uma área de 700 metros quadrados, onde estão expostos mais de 80 mil títulos, entre nacionais e importados. A livraria Martins Fontes Paulista é hoje uma referência no cenário livreiro nacional.
          Em 2009, Alexandre, fundou a Editora WMF Martins Fontes.
          Notar que o também santista José Martins Fontes (1884-1937), médico e poeta brasileiro, e sua respectiva família não têm absolutamente nada a ver com a editora Editora Martins Fontes brasileira, segundo seu biógrafo, Rui Calisto, o qual, aliás, é proprietário da Editora Martins Fontes Portugal, sem relação com a empresa brasileira.
          Norma Martins Fontes veio a falecer em 23 de julho de 2018.
          As livrarias Martins Fontes contam com um vasto acervo nas áreas das Ciências Humanas, Artes, Arquitetura, Psicologia, Literatura Infantil e Juvenil, além de livros para o ensino de idiomas. Estas três livrarias são administradas pelo herdeiro Evandro M. Martins Fontes.
          O grupo WMF Martins Fontes, sob o comando de Alexandre, tem 130 funcionários, uma editora e três livrarias (Paulista, Vila Nova e internet).
(Fonte: jornal Valor - 02.10.2020 / Wikipédia)

29 de nov. de 2022

Latasa / Aluar

          A empresa fabricante de latas Latasa era uma associação da Reynolds Metals com o JP Morgan e o Bradesco.
          Em meados de 1994, quando produzia cerca de 1,8 bilhão de latas ao ano, a Latasa acertou uma parceria com a argentina Aluar para a construção de uma fábrica em Buenos Aires com capacidade para produzir anualmente 750 milhões de latas.
          O investimento na nova empresa, que foi denominada Reynolds Latas de Alumínio Argentina, foi de 46 milhões de dólares. A Aluar teria 30% de participação na nova empresa e a Reynolds Metals, controladora da Latasa, 70%.
(Fonte: revista Exame - 08.06.1994)

21 de nov. de 2022

Gucci

          A casa de moda de luxo italiana Gucci foi fundada por Guccio Gucci (1881-1953) em 1921. Tem sede em Florença, na Itália.
          Suas linhas de produtos incluem bolsas, roupas, calçados e acessórios, maquiagem, fragrâncias e decoração de casa.
          Com a direção de Aldo Gucci (filho de Guccio), a Gucci tornou-se uma marca de grife mundialmente conhecida. No ano de 1999, foi adquirida pelo conglomerado francês Pinault Printemps Redoute, que mais tarde tornou-se a Kering.
          Como outras grandes marcas, a Casa Gucci começou com a fabricação de peças de couro feitas artesanalmente pela família.
Bolsa Gucci vendida entre 1960 e 1965
          Em 27 de março de 1995, o então herdeiro do império, Murizio Gucci, neto dos fundadores e então já afastado da administração, foi assassinado a mando de sua ex-esposa, Patrízia Reggiani.
          Nos anos 1990, a empresa foi à falência e a direção artística da marca italiana foi entregue a Tom Ford, que lhe atribuiu uma nova imagem, mais jovem e chic, popularizando a marca por todo o mundo. Provavelmente devido a conflitos internos, Tom Ford retirou-se da Gucci em 2005 e assumiu uma marca própria.
          Durante a década de 2010, a marca tornou-se uma marca icônica "geek-chique".
          "Nos últimos anos, após uma reformulação inspirada pelo diretor criativo Alessandro Michele, a Gucci se tornou extremamente popular, principalmente em centros turísticos como Londres, Paris e Milão", escreveu a Forbes em fevereiro de 2021. (...) A influência de Michele colocou a Gucci em uma trajetória ascendente a partir de 2015 - e em 2019 a marca respondia por 60% da receita do grupo Kering".
          Em 2019, a Gucci operou 487 lojas para 17.157 funcionários e gerou €9,628 bilhões em vendas. Marco Bizzarri é o CEO da Gucci desde dezembro de 2014 e Alessandro Michele diretor criativo desde janeiro de 2015.
          Em 2020, devido à pandemia de Covid-19, que afetou a ida de turistas a suas lojas, a empresa teve uma queda de 23% em suas vendas.
          O Brasil, com nove lojas e o Chile, com uma loja, são os únicos países da América do Sul que possuem lojas físicas da Gucci.
(Fonte: Wikipédia)

Sigma Lithium

          A empresa canadense de lítio Sigma Lithium, com sede em Vancouver, foi fundada em 2011. A companhia é controlada por brasileiros e é listada na Bolsa de Toronto, com ações negociadas na Nasdaq.
          A Sigma Lithium está construindo uma planta de operações no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, para beneficiamento de lítio extraído nas cidades de Itinga e Araçuaí. Em Araçuari também há investimentos da americana Atlas Lithium
          Essa fábrica fará o beneficiamento do mineral de forma a torná-lo um insumo pré-químico com alto teor de pureza, o que faz com que o preço da tonelada seja multiplicado por 100 – de cerca de 60 dólares a tonelada para um valor ao redor de 6 mil dólares. Para as duas cidades, os ganhos são enormes, uma vez que a empresa pagará royalties sob seu faturamento e 60% do valor arrecadado fica com as próprias cidades.
          O lítio é um elemento essencial na fabricação de baterias para veículos elétricos. A China concentra as instalações de refino industrial que o convertem em hidróxido e carbonato e os fabricantes de baterias. Há uma corrida no mundo pelo fornecimento de lítio para garantir a expansão dos veículos elétricos.
          Com investimento de R$ 1,2 bilhão, todo o financiamento necessário para a operação já está garantido e a empresa já tem acordos firmados com alguns dos maiores players do mercado mundial para a produção das baterias, como a LG, empresa coreana que fornece peças para indústrias automobilísticas como Volkswagen, GM, Fiat Stellantis, Audi e Porsche, e as prospecções já realizadas pela empresa, auditadas externamente, estimam uma perspectiva de produção de até US$ 5,1 bilhões em lítio apenas nas duas primeiras das três fases de exploração.
          Para Ana Cabral-Gardner, CO-CEO da Sigma Lithium, o Brasil está em uma posição estratégica para liderar a transição energética no mundo. “Nosso gás é natural, a energia é renovável, barata e abundante. Estamos em uma localização privilegiada, no Oceano Atlântico e com um ambiente regulador modernizado”, diz. Tudo isso, afirma Gardner, deve empurrar o país para o centro da cadeia produtiva de carros elétricos.
          A executiva observou que havia três empresas cotadas para começar a produzir o lítio no início de 2023: a Sigma Lithium, a Core Lithium e a Lithium Americas.
          A Sigma atua em Itinga desde 2014, em uma posição estratégica para toda a cadeia de insumo de transição energética. Além da extração mineral, a empresa gera benefícios à comunidade por meio de iniciativas socioambientais. Sua planta verde não possui rejeitos e barragem, garantindo 100% de fonte de energia limpa. A empresa investiu cerca de R$ 195 milhões em pesquisa, avaliação de reservas e desenvolvimento de rota tecnológica para extração de lítio.
          Considerando dados de novembro de 2022, a empresa tem 750 funcionários.
          A empresa começou a produzir lítio em abril. Em 28 de julho de 2023, a Sigma faz sua primeira exportação. Foram 15 mil toneladas de espodumênio e 15 mil toneladas de rejeitos, de onde a tecnologia chinesa é capaz de encontrar lítio. A exportação foi feita pelo porto de Vitória, no Espírito Santo.
          Sua capacidade atual é de 270 mil toneladas de concentrado de lítio (equivalente a 36,7 mil toneladas de carbonato de lítio) por ano. A previsão da empresa para este ano é atingir produção e embarques de 130 mil toneladas do metal.
(Fonte: InfoMoney - 07.10.2022 / Agência Minas - 27.07.2023 / Folha de S.Paulo - 02.08.2023 / Valor - 14.09.2023 - partes)

19 de nov. de 2022

Vemax

          A Vemax Usinagem, antiga MCA, teve como fundador o Sr. Mauro Costa de Abreu que, com o auxílio de três funcionários, iniciou suas atividades no ano de 1999 realizando serviços de usinagem para a empresa NEIVA. A Vemax tem sede no Jardim Santa Eliza, em Botucatu, interior de São Paulo.
          No ano de 2009, uma nova gestão foi implantada na empresa e iniciou um trabalho de expansão junto com sua equipe.
          Olhando para uma nova estratégia, em 2011, a empresa mudou o nome da empresa de MCA (iniciais de Mauro Costa de Abreu) para VEMAX Usinagem.
          Ao definir o novo nome, a empresa caprichou. O objetivo dessa alteração foi trazer para o nome da empresa aquilo que dela se esperava:

VEMAX
Velocidade máxima no
atendimento aos clientes

xima qualidade dos produtos
entregues aos clientes

X - Número 10 em algarismo romano, que representa para a empresa, a excelência no atendimento ao cliente.

(Fonte: site da empresa - parte)

18 de nov. de 2022

Caninha Pelé



          A história da Caninha Pelé, a cachaça que morreu antes de ter nascido, tem detalhes bem reveladores. O episódio parece ter sido uma grande lição para Edson Arantes do Nascimento, então com 18 anos.
          Pelé voltara da Copa de 1958 como revelação; o Brasil fora campeão mundial de futebol pela primeira vez; o velho complexo de vira-lata parecia estar com seus dias contados.
          O jovem que despontava no Santos não era ainda o incontestável Rei do Futebol que se tornaria, mas tornara-se, sem dúvida, um astro pop, com seu sorriso e jeito de bom garoto.
          Com isso, claro, muitas empresas se interessaram em ligar seus produtos à marca do astro. Uma dessas empresas foi a Chiabrando & Amandola Ltda.
          A empresa fora fundada em 1954, em Guarulhos, na grande São Paulo, por dois imigrantes italianos: Franco Chiabrando e Vincenzo Amandola.
          A empresa não contava com um portfólio de grande destaque. Tinha como carro-chefe o conhaque de ameixas – bebida em voga na São Paulo daquela época – com a marca Alba.
          O nome Alba também batizava um “vinho superior”, com uma embalagem caprichada, empalhada, típíca dos vinhos chianti.
          Ao longo da década de 1950, o casal Jan Bastiaan e Ana Margaret associou-se aos italianos e a empresa cresceu, aumentando seu capital e se mudando para uma sede maior, na Avenida Emílio Ribas, em Guarulhos.
          Com a vitória na Copa de 1958, veio a ideia de ligar o nome Pelé a uma bebida popular, a cachaça.
          O nome cachaça, na época, não era dos mais utilizados nos rótulos de bebidas. Os mais comuns eram “aguardente de cana”, “cana” ou “caninha”, muitas vezes acompanhados de adjetivações como “fina”, “finíssima” ou “superior”. Daí a opção por Caninha Pelé para batizar a cachaça do atleta.
          Os sócios procuraram o pai de Pelé, o ex-jogador Dondinho, e propuseram o negócio. Segundo informações da Folha de São Paulo, o valor negociado foi multiplicado por dez ao longo das tratativas e alcançou uma cifra que seria equivalente hoje a R$ 366 mil, por um contrato de dez anos.
          Nada mal para quem, naquele momento, ainda era o nono maior salário do clube que defendia, o Santos. E era mais do que Dondinho, atacante especialista em cabeceio que teve a carreira abreviada por uma entrada dura que lesionou seu joelho, recebera em toda a sua jornada por clubes de futebol de Minas Gerais e São Paulo.
          O pai do craque topou e a cachaça começou a ser produzida, em Piracicaba, interior de São Paulo.
           A bebida ganhou um belo rótulo em que a figura de Pelé, voltando da Suécia, com o paletó azul, após ter conquistado o mundo com seu futebol, se destacava. No rótulo, constava ainda a graduação alcoólica: “até 54º GL”.
          Aí entra na história um personagem importante: Zito, o capitão do Santos. Mas, antes dele, há uma outra figura que exerceu um papel indireto nessa história: Vasconcelos, o antecessor de Pelé na artilharia do Peixe.
          Vasconcelos estava presente quando Dondinho, vindo de Bauru (SP), entregou Pelé, então com 15 anos, aos cuidados dos jogadores mais experientes do Santos. E se comprometeu a cuidar do garoto.
          Boêmio inveterado, frequentador dos cabarés santistas, era o menos talhado para a tarefa. Mas cumpriu-a com denodo. Em episódio lendário, viu o garoto Pelé com um copo de bebida na mão na festa de aniversário do goleiro Manga e cruzou o salão resoluto, arrancando o copo da mão do garoto e lhe passando uma reprimenda. Desde então, o moleque não se atreveria mais a se aproximar de bebida.
          Vasconcelos acabou se contundindo seriamente pouco depois do episódio, abrindo espaço para Pelé, poucos meses depois, assumir a camisa 10.
          Zito já era o capitão do Santos, aonde chegara em 1952. O volante marcador era chamado “Gerente” e tinha forte influência sobre toda a equipe, não poupando de suas broncas nem Pelé, nem nenhum outro atleta.
          Em 1958, embarcara para a Copa da Suécia levando Pelé, então com 17 anos, sob suas asas. "Era
uma figura paterna para mim, quando entrei para o Santos e, ao longo dos anos, tornou-se um grande mentor e um ótimo amigo. Representamos o Brasil em todos os lugares”, lembraria Pelé quando da morte do amigo, em 2015.
          Pelé, vacinado pelas broncas de Vasconcelos, contou para Zito sobre a jogada do pai com Franco Chiabrando e seus sócios.
          O "gerente" percebeu que não seria uma boa ideia ligar o nome de um atleta tão jovem a uma marca de bebida alcoólica, sobretudo uma bebida que não tinha, naquele momento, um status social dos mais elevados, sofrendo constantemente limitações ao seu consumo por parte das autoridades. Declarou-se contra e ainda convocou Pepe para opinar. O ponta concordou com o capitão.
          Pelé desfez o acordo e a empresa teve que recolher o primeiro lote, que já começava a circular pelo comércio. É claro que algumas garrafas acabaram espalhadas, adquirindo imediatamente o status de raridade que só cresceu com o tempo.
          Pelé, à época, aproveitou a deixa para prometer que jamais faria propaganda de cigarros e bebidas. Em 1961, registrou seu apelido-marca junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) e, desde então, vende café, chocolate, pilha, cartão de crédito e o escambau.
          Já virou até personagem de quadrinhos. Mas, seguindo os conselhos de Vasconcelos, o craque-boêmio, e de Zito, o “gerente”, ficou longe da cachaça.
          Quanto à empresa Chiabrando & Amandola, os sócios acabaram se separando. Franco Chiabrando seguiu atuando na década de 1970 como distribuidor, expandindo seu negócio para alimentos e para o mercado pet. E, provavelmente, sempre lamentando a perda do negócio que idealizou de forma pioneira nos anos dourados do futebol brasileiro.
           Caninha Pelé, a cachaça lendária do Rei – é aquela que foi sem nunca ter sido. A história da Cachaça Pelé, ou mais exatamente, Caninha Pelé, a lendária bebida se transformou em um dos grandes fetiches do colecionismo cachaceiro. Hoje, existem poucas unidades da Caninha Pelé. Giovani Moser, um dos maiores colecionadores do país, calcula – segundo declarou ao Mapa da Cachaça, em 2019 – a existência de 25 unidades espalhadas em museus e coleções, como a de Pedro de Alcântara e a da Cachaça Paratiana.
(Fonte: Devotos da Cachaça - novembro/2022 - autor: Dirley Fernandes)