Funcionou para o rover Curiosity explorar o solo de Marte, funciona também para o agronegócio. A startup Agrorobótica tem chamado a atenção do mercado com uma proposta que combina análise fotônica com inteligência artificial para fazer uma leitura detalhada de áreas para o plantio.
A análise detalhada do terreno permite que o produtor use fertilizantes de modo mais preciso, corte custos, evite desperdícios e excesso de agroquímicos. O sistema começou a ser desenvolvido em parceria com pesquisadores da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), e é usada por mais de 400 agricultores em 14 estados. A técnica é conhecida como Libs (sigla em inglês para Espectroscopia por Ruptura Induzida a Laser). O robô Curiosity a usou em 2012 para explorar a superfície de Marte. Funciona assim: um pulso de laser incide sobre a amostra de solo. O material superaquece e é transformado em plasma. Por meio da fotônica, é possível identificar a presença de qualquer elemento constante na amostra, porque cada um deles emite uma luz característica.
O software da Agrorobótica transforma, em tempo real, os dados em informações sobre a quantidade e a qualidade dos nutrientes, a textura e a acidez da terra. A tecnologia acelera a análise do solo, que, por métodos tradicionais e dependendo do terreno, pode levar de dez a 40 dias para ser concluída. Também é mais limpa: o método convencional de perícia chega a usar até 15 reagentes químicos, segundo Fábio Angelis, CEO da Agrorobótica.
A startup, residente do novo LifeHub São Paulo, centro de inovação da Bayer no Brasil, recebeu dois aportes, de valores não revelados, nos últimos dois anos: da Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial) e do fundo de investimento NT Agro, especializado em novas tecnologias do agronegócio.
A empresa também assinou um contrato com a Bayer para desenvolver uma metodologia capaz de medir taxas de sequestro de carbono na agricultura.
É cada vez maior o número de empresas que, tradicionalmente, desenvolviam produtos por meio de rotas convencionais e agora investem em alternativas sustentáveis. Quem garante é Thiago Falda, presidente executivo da Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI). A entidade foi criada em 2016 para apoiar e desenvolver iniciativas de inovação na área da bioeconomia, modelo de produção baseado no uso sustentável dos recursos biológicos.
A Agrorobótica conta com 95 funcionários, sendo 70 em operações no campo, considerando dados de fins de 2020.