Pouco antes de meados de novembro de 2022, uma crise de confiança abalou todo o setor e teve como estopim a divulgação de um relatório que colocava em xeque a liquidez da FTT, principal token da plataforma de Bankman-Fried. A informação levou a uma reação em cadeia: a Binance, principal concorrente da FTX, desistiu do acordo de compra da companhia. Além disso, uma corrida frenética de clientes por saques retirou US$ 6 bilhões da FTT em apenas 72 horas.
Em um único dia, Sam Bankman-Fried viu a sua fortuna virar pó. A estimativa da Bloomberg é que o fundador da FTX tenha perdido 94% de seu patrimônio, que passou de US$ 16 bilhões para US$ 1 bilhão em 9 de novembro (2022).
Ao fim da semana de 10 e 11 de novembro de 2022, a crise envolvendo SBF, se agravou: com um rombo bilionário na empresa, Sam Bankman-Fried renunciou ao comando da companhia e a FTX entrou com um pedido de recuperação judicial.
Ao fim da semana de 10 e 11 de novembro de 2022, a crise envolvendo SBF, se agravou: com um rombo bilionário na empresa, Sam Bankman-Fried renunciou ao comando da companhia e a FTX entrou com um pedido de recuperação judicial.
O colapso atinge dimensões gigantescas por se tratar de uma das maiores plataformas de negociação de criptoativos do mundo. A FTX, que atuava junto com outra empresa do grupo, a Alabama, com empréstimos de criptomoedas, fundos de investimentos arriscados e derivativos se tornou insolvente diante da alta alavancagem.
A turbulência se refletiu nas cotações das moedas virtuais. Ao longo da semana, o bitcoin atingiu o menor valor de mercado desde 2020, e levou com ele todo o mercado cripto. Segundo alguns analistas, a crise do FTX é comparável ao colapso do banco de investimento Lehman Brothers na grande crise de 2008. A pergunta, agora, é se ela levaria a um efeito dominó em todo o setor.
O procurador a cargo do caso, Damian Williams, já solicitou a prisão de SBF, que já foi preso e está em vias de ser extraditado para os EUA. Ele morava nas Bahamas. De acordo com o procurador trata-se de uma das maiores fraudes financeiras da história americana e as penas acumuladas, por pelo menos oito crimes, podem levar SBF a uma condenação de 115 anos.
Apesar de todas as acusações e evidências, curiosamente, o mesmo procurador Damian Williams observou que SBF não se assemelha ao típico criminoso de colarinho branco. Ao que parece não havia uma intenção prévia em se fraudar, enriquecer e dar no pé com uma montanha de dinheiro. As evidências indicam que um misto de incompetência associada a alguns vieses comportamentais atuaram fortemente para o desfecho da história.
Tudo isso possibilitado pela ausência de regulação. Fraudadores profissionais, ou picaretas convictos, planejam seus golpes e buscam travestir suas empreitadas com ares de seriedade e solidez. Pois no caso da FTX, nada disso existia.
A corretora não atendia aos requisitos mais básicos de compliance e governança de instituições do mercado financeiro: a CEO tinha apenas 20 anos e nenhuma experiência em mercado financeiro, aparentemente era namorada de SBF; não existiam barreiras de informação entre os diferentes negócios, notadamente entre a corretora e a Alameda Research; não havia segregação de funções; não havia segregação entre os recursos de clientes e o da empresa; inexistência de gestão de risco.
O procurador a cargo do caso, Damian Williams, já solicitou a prisão de SBF, que já foi preso e está em vias de ser extraditado para os EUA. Ele morava nas Bahamas. De acordo com o procurador trata-se de uma das maiores fraudes financeiras da história americana e as penas acumuladas, por pelo menos oito crimes, podem levar SBF a uma condenação de 115 anos.
Apesar de todas as acusações e evidências, curiosamente, o mesmo procurador Damian Williams observou que SBF não se assemelha ao típico criminoso de colarinho branco. Ao que parece não havia uma intenção prévia em se fraudar, enriquecer e dar no pé com uma montanha de dinheiro. As evidências indicam que um misto de incompetência associada a alguns vieses comportamentais atuaram fortemente para o desfecho da história.
Tudo isso possibilitado pela ausência de regulação. Fraudadores profissionais, ou picaretas convictos, planejam seus golpes e buscam travestir suas empreitadas com ares de seriedade e solidez. Pois no caso da FTX, nada disso existia.
A corretora não atendia aos requisitos mais básicos de compliance e governança de instituições do mercado financeiro: a CEO tinha apenas 20 anos e nenhuma experiência em mercado financeiro, aparentemente era namorada de SBF; não existiam barreiras de informação entre os diferentes negócios, notadamente entre a corretora e a Alameda Research; não havia segregação de funções; não havia segregação entre os recursos de clientes e o da empresa; inexistência de gestão de risco.
No início de outubro de 2023, Gary Wang, o cofundador da FTX diz que Sam Bankman-Fried cometeu fraude. Wang, que está cooperando com promotores federais, testemunhou em 5 de outubro no julgamento de Bankman-Fried que eles deram privilégios especiais à Alameda Research, uma empresa comercial afiliada à FTX acusada de roubar bilhões de dólares em fundos de clientes da bolsa, e mentiu sobre isso. (Bankman-Fried declarou-se inocente). Entretanto, um programador da FTX disse que Bankman-Fried parecia preocupado com a dívida da bolsa em meados de 2022, dizendo-lhe que “não somos à prova de balas”.
Em 7 de novembro de 2023, o júri declarou Sam Bankman-Fried, ex-CEO da FTX e ex-bilionário das criptomoedas, culpado em sete acusações, incluindo fraude eletrônica, fraude de títulos e lavagem de dinheiro, relacionadas à implosão de seu império cripto no final de 2022. Segundo a acusação, US$ 10 bilhões em dinheiro de clientes desapareceram, e parte do valor foi para pagar imóveis, investimentos, pagamentos de empréstimos e doações políticas. A defesa alegou que o executivo agiu de boa-fé e sem intenção criminosa, acreditando que tudo daria certo. A sentença só será definida em março de 2024. Em fins de março de 2024, o ex-rei das criptomoedas é sentenciado a 25 anos de prisão por cometer "fraude da década". O cofundador da FTX Sam Bankman-Fried foi condenado em novembro de 2023 por usar dinheiro — mais de US$ 8 bilhões — de usuários de sua plataforma para financiar diversos projetos pessoais. Responsável pela sentença, o juiz Lewis Kaplan disse que o ex-bilionário agiu "com ambição" e "sem remorso", movido por um desejo de ser politicamente influente.
(Fonte: Época Negócios 12.11.2022 / Valor - 21.12.2022 / The New York Times - 06.10.2023 / Época Negócios - 07.11.2023 / 02.04.2024 - partes)
Nenhum comentário:
Postar um comentário