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25 de fev. de 2024

Oceânica Engenharia

          A Oceânica Engenharia foi fundada em 1978 pelo empresário Alfredo Califfa, que no começo de sua carreira foi mergulhador profissional. A empresa se especializou em soluções submarinas para a indústria de energia offshore, justamente aproveitando a experiência do empresário no fundo do mar.
          No começo, a Oceânica atendia principalmente hidrelétricas e instalações portuárias, para depois evoluir para o setor de petróleo. Atualmente, tem mais de 200 mergulhadores profissionais.
          Bem no início de 2024, a Oceânica, até então um nome que não aparecia nas listas de potenciais aberturas de capital em 2024, apareceu como candidata a quebrar o jejum de ofertas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês) na B3.
          A empresa comunicou em 17 de janeiro (2024) oficialmente sua intenção de fazer um IPO e pode vir a mercado na primeira metade de 2024. O valor da transação ainda não está certo, mas a estimativa é de que movimente ao menos R$ 1 bilhão, nível que começa a ser atrativo para captar investidores estrangeiros.
          A Oceânica pretende usar uma inovação trazida pelas novas regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o registro automático, que dá mais agilidade para as operações. Desde janeiro de 2023, é possível fazer ofertas sem o registro na CVM, desde que já tenham tido análise pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), que já faz, em caráter reservado, uma análise dos documentos da Oceânica.
          A oferta terá uma parte primária, com emissão de novas ações e onde o dinheiro vai para o caixa da empresa, e outra parte secundária, com recursos para os acionistas – no caso, o empresário Alfredo Califfa, que detém 100% da empresa.
          A Oceânica teve receitas de R$ 684 milhões de janeiro a setembro de 2023. Para coordenar o IPO, a Oceânica contratou BTG Pactual, Itaú BBA, UBS BB, Bradesco BBI, Santander e o ABC Brasil.l
(Fonte: Estadão - 18.01.2024)

24 de fev. de 2024

Vports (ex-Codesa)

          Em leilão realizado no dia 30 de março de 2022, a agora antiga Codesa (Companhia Docas do Espírito Santo) foi concedida por R$ 106 milhões à Quadra Capital, para um contrato de 35 anos. Foi o primeiro leilão de estatal do setor portuário do país, o que, segundo analistas, servirá como "teste" para outras privatizações na área.
          A Codesa, Autoridade Portuária do Espírito Santo então oficialmente privatizada, planejava ampliar a capacidade dos portos do estado e atrair novos tipos de cargas. A nova equipe de gestão assumiu as operações no dia 21 de setembro de 2022 e preparou quatro frentes de trabalho: a adequação dos contratos existentes; a busca de novos negócios para áreas ociosas; a contratação das obras; e transformações internas na empresa.
          “O grande desafio é construir um novo ambiente de negócios. Temos um porto com capacidade ociosa e muita gente querendo fazer negócios. O objetivo é trazer esses investidores para o porto”, disse Ilson Hulle, novo CEO da empresa.
          A Codesa é a primeira autoridade portuária privatizada do Brasil. Uma das primeiras tarefas da nova equipa de gestão, a realizar nos primeiros seis meses, foi a adaptação dos contratos com os terminais à realidade do setor privado a partir da realidade estatal. Pelas regras de privatização, a Codesa não pode reduzir o escopo de nenhuma operação, mas prorrogações podem ser negociadas.
          A expansão dos acessos ferroviários é vista como crucial. Pelo contrato, a Codesa terá que reformar os trilhos internos do porto. Será também importante fazer investimentos para a ligação à grande rede ferroviária. Os portos já possuíam ligação ativa com a ferrovia Vitória-Minas da Vale, mas é necessária uma expansão.
          Ao todo, a concessão prevê investimentos da ordem de R$ 335 milhões. As obras centrais, previstas para serem concluídas nos dois primeiros anos, incluem reformas nos armazéns, nas estruturas dos cais e na ferrovia interna do porto.
          Pelos termos da privatização, os 235 funcionários da antiga estatal teriam um ano de estabilidade.
          O novo presidente da Codesa é capixaba e iniciou sua carreira como estagiário há 17 anos em um terminal do porto de Vitória. Pouco antes de assumir o cargo, Hulle trabalhou como diretor de terminal na Log-in, empresa que atua no porto.
         Após quase um ano do leilão que levou à concessão da Codesa. a empresa muda de nome. A nova marca, Vports, representa o complexo portuário composto pelos terminais de Vitória, Vila Velha e Barra do Riacho, em Aracruz — primeiro e, até então, único porto sob gestão privada no país
          A nova marca foi lançada na Intermodal 2023, importante evento de logística das Américas, realizado entre os dias 28 de fevereiro e 2 de março de 2023, em São Paulo.
          Foram meses de estudo e desenvolvimento para apresentar o novo nome ao mercado e, segundo Ilson Hulle, diretor-presidente, a novidade expressa um compromisso da nova gestão de elevar a competitividade.
          Com o aporte financeiro de R$ 130 milhões, divulgado em fevereiro de 2023, que deveria ser destinado a obras de infraestrutura e outras melhorias, a expectativa é dobrar a movimentação do complexo portuário para 15 milhões de toneladas anuais até 2028.
          Seriam oito grandes projetos principais com foco na revitalização da ferrovia, reforma de berços e recuperação de plataforma. “Os investimentos buscam tornar o VPorts um elo logístico ainda mais eficiente entre os ativos de infraestrutura no Brasil, atuando como um relevante indutor do desenvolvimento e gerando riquezas com responsabilidade socioambiental", frisa Ilson Hulle.
          Conforme informações do Vports, um dos mais importantes projetos, pautado na integração de todos os modais, prevê a recuperação das vias ferroviárias na área do Porto de Capuaba, em Vila Velha. A expectativa é aumentar o volume de carga do terminal em 5 milhões de toneladas de produtos, como granéis minerais e agrícolas, até 2025, contribuindo também na diversificação da carga operada.
          Com localização privilegiada na costa brasileira, o Vports possui 1,5 milhão de metros quadrados de áreas disponíveis para exploração, 450 mil toneladas de armazenagem estática e vai fazer investimentos para impulsionar a movimentação nos próximos cinco anos. Os valores previstos já estão contemplados pelo contrato de concessão.
(Fonte: Valor - 04.10.2022 / A Gazeta (ES) - 22.02.2023 - partes)

Complexo Portuário de Vitória, Companhia Docas do Espirito Santo, (Codesa)
Investimentos serão feitos para melhorar a infraestrutura do complexo portuário. (Fernando Madei

23 de fev. de 2024

MeetRox

          A startup MeetRox foi criada em 2019, em Curitiba, pelos empreendedores Chris Cornehl, Javier Yera e Thiago Silveira.
          Apesar de estar no mercado desde 2019 e alguns clientes em sua carteira, a MeetRox anunciou sua chegada oficial ao mercado em 22 de fevereiro de 2024.
          O racional da MeetRox é permitir que vendedores utilizem seu tempo de maneira assertiva, poupando longos minutos gastos com o preenchimento de planilhas, alimentando softwares dedicados ao relacionamento com o cliente (CRM, na sigla em inglês), entre outras tarefas burocráticas. Para isso, a startup criou uma ferramenta pautada em inteligência artificial que faz esse tipo de serviço por si só.
A tecnologia — chamada de CRM Autofill — se encarrega de gravar as reuniões dos times de vendas com cada cliente, preencher automaticamente os sistemas de CRM dessas empresas e, por fim, usar parte dos dados capturados ali para gerar relatórios e indicadores que possam ajudar esses vendedores a manter um bom relacionamento com os clientes finais. Ao final do processo, a promessa é de mais eficiência e uma economia de tempo que supera os 20%.
          A ideia de negócio é do empreendedor Chris Cornehl, hoje CEO da empresa, um executivo que durante os anos de faculdade decidiu fazer trabalhos autônomos de transcrições de teses de mestrado e doutorado. Um interesse que deu origem à sua primeira empresa, a Audiotext, em 2012.
          Já a conexão com as vendas veio em uma segunda tentativa empreendedora. “Estava com isso em mente: reunir o problema do universo de vendas e o ciclo de vendas, mas com algo que eu realmente tinha conhecimento, que era transcrição de áudio, só que dessa vez eu comecei com o propósito de criar uma tecnologia que fosse automática, porque para construir em escala, a gente precisaria construir uma solução que fosse muito boa, muito barata e boa para o português, para o Brasil”, conta.
          Assim surgiu a MeetRox, em 2019, fruto dos esforços empreendedores de Cornehl e dos sócios Javier Yera e Thiago Silveira. “Mudamos várias vezes a maneira como íamos resolver o problema de performance dos times de vendas”, diz o CEO. Segundo Cornehl, o uso de IA e machine learning se mostrou um desafio maior do que o esperado, o que justifica as mudanças do modelo de negócio da startup desde a sua fundação.
          Para chegar até o modelo atual, Corhnel e os demais fundadores e técnicos se debruçaram sobre os principais problemas que rodeiam o universo de vendas nas pequenas empresas. Ao longo de dois anos, o time fez pesquisas com mais 5 mil funcionários da área de Inside Sales de mais de 30 empresas a fim de compreender as principais dores dos vendedores que atuam de maneira remota — na qual a relação com o cliente pode ser ainda mais complicada.
          A conclusão apontou para quatro problemas: o tempo despendido em atividades rotineiras e burocráticas, a ausência de uma visão unificada por parte da gestão, CRM preenchido com poucas ou insuficientes informações e falta de insights para melhorar a produtividade.
          Não à toa, a proposta final da MeetRox é desafogar os times de vendas, livrando-os dessas atividades operacionais, deixando os vendedores livres para uma atuação “taylor made”, baseada na construção de um relacionamento customizado e próximo, a depender da necessidade de cada cliente. Na ponta, a inteligência artificial proprietária também ajuda a manter um relacionamento de longo prazo, já que capta nuances em cada reunião remota.
          De acordo com o CEO, a eficiência na conversão do CRM Autofill de áudio para texto em português é de 95%. Já em relação aos indicadores que podem surgir após cada encontro online, métricas relacionadas ao sucesso (ou não) de uma venda após a atuação do time de inside sales e a troca de falas por minutos, ou seja, quanto tempo o cliente também interagiu.
          A ideia com os relatórios pós-reuniões é oferecer uma visão holística sobre a estratégia de vendas e o seu impacto em toda a organização. “Somos uma empresa de inteligência de conversas. Oferecemos dados também para times de produto, marketing etc. Queremos tirar as empresas do escuro”, diz.
Entre as primeiras empresas a utilizar o CRM Autofill estão algumas startups de destaque como Creditas, Hiper, Sólides, AsaaS, Caju e Cortex. Algumas delas, inclusive, são importantes representantes no ecossistema de startups da região Sul, com destaque para as curitibanas Olist e LogComex e a catarinense RD Station.
          Para Cornehl, o lançamento (oficial da empresa) se justifica após um ano positivo de testes com os clientes e a comprovação do “product market fit” da startup. “Acho que a ideia do lançamento foi muito resultado desse último ano que a gente teve, em termos de amadurecimento do produto, da tecnologia, e realmente a construção de cases com clientes importantes. Então, acho que foi esse entendimento para dizer que o produto está pronto”, diz.
          Considerando dados de fevereiro de 2024, ao todo, são 30 clientes e 700 usuários da solução de preenchimento automático de CRM. No geral, segundo o fundador, são empresas de tecnologia com times já dedicados de vendas remotas, ou inside sales e que utilizam SalesForce, Hubspot e Pipedrive — os três players atualmente atendidos pelo Autofill.
(Fonte: GazzConecta (Maria Clara Dias) - 22.02.2024)

22 de fev. de 2024

La Tour d'Argent

          O restaurante La Tourd'Argent tem vista privilegiada para o Rio Sena e para a catedral de Notre-Dame, em Paris, é um ícone da cidade.
          Fundada em 1582, a casa inspirou o filme Ratatouille.
          A adega é estimada em mais de R$ 150 milhões, e a carta de vinhos é apresentada aos clientes em um carrinho de chá, tamanho o seu peso. 
          Pouco antes de meados de fevereiro de 2024 foi divulgado um roubo de grandes proporções de vinho do La Tourd'Argent. O roubo foi de 83 garrafas de vinho que sumiram entre as mais de 300 mil unidades na adega do La Tour d’Argent.
          O Tour d’Argent não divulgou a lista dos vinhos roubados em algum momento depois de janeiro de 2020. Sabe-se apenas que, entre elas, havia safras antigas do Domaine de La Romanée-Conti e que o prejuízo é estimado em quase R$ 8 milhões. Não é pouca coisa. O roubo foi descoberto durante um inventário da adega, que não era feito desde 2020. Segundo as informações oficiais, a polícia francesa não tem pistas sobre os larápios ou sobre o paradeiro dos vinhos.
          O que se sabe é que os grandes vinhos estão entrando na mira de quadrilhas especializadas. A explicação está na valorização desses vinhos icônicos. A escassez dessas garrafas e clientes dispostos a pagar um bom dinheiro por elas, mesmo desconhecendo sua origem, estimulam essas quadrilhas. No noticiário internacional, vem aumentando o número de histórias como essas. Em novembro de 2023, por exemplo, a polícia francesa evitou o roubo de dois caminhões que transportavam garrafas do champanhe Moët & Chandon no valor de 600 mil euros. Em cena cinematográfica, a polícia conseguiu identificar os caminhões na estrada e um dos motoristas pulou do veículo ainda em movimento e fugiu em um carro que o aguardava. A carga foi recuperada, mas os ladrões seguem em liberdade. E essa é apenas uma das várias histórias. 
(Fonte: Estadão - 17.02.2024)

21 de fev. de 2024

Wyndham Hotels & Resorts

          A norte-americana Wyndham Hotels & Resorts atua sob os sistemas de franquia, gestão e gestão e franquia ao mesmo tempo. As 24 bandeiras da empresa estão presentes em 9,1 mil empreendimentos 
hoteleiros ao redor do mundo. Tem presença em 75 países.
          No Brasil, a companhia atua com oito bandeiras, entre elas Tryp, Wyndham e Wyndham Garden, Ramada e Days Inn.
          A Wyndham tem 27 contratos assinados de empreendimentos para entrar em operação, num total de 5.204 quartos, que vão se somar aos 37 estabelecimentos com bandeiras da empresa no país. São 11 acordos de franquias e 16 de franquia e gerenciamento das instalações. Não há edifícios próprios. Do total, 12 dos novos projetos são do tipo multipropriedade. Neste modelo, o interessado compra uma participação e passa a ser um dos proprietários de um apartamento em determinado empreendimento hoteleiro, tendo direito a utilizá-lo durante um período por ano, medido em semanas; ou cedendo direitos para um “pool” de locação, caso não pretenda usar o imóvel, em troca de uma remuneração.
          A Wyndham vê as multipropriedades como um dos caminhos para seu crescimento no Brasil, pois não há outras grandes companhias internacionais atuando neste mercado por aqui. Os lançamentos envolvem estabelecimentos que vão mudar de bandeira e também a construção de novos edifícios, em até cinco anos.
          A vice-presidente de Desenvolvimento de Negócios da rede na América Latina, Maria Carolina Pinheiro, diz haver oportunidade, especialmente no interior do país, para investidores e incorporadores regionais, que passam a ter acesso ao know-how e à escala de uma grande operadora internacional
          Com os 12 lançamentos previstos, a Wyndham vai ampliar para 14 o número de empreendimentos multipropriedade no país. Atualmente (fevereiro de 2024), a companhia tem uma 
multipropriedade em Olímpia, no interior de São Paulo, e outra em Gramado (RS).
(Fonte: jornal Valor - 25.04.2018 / OESP - 13.02.2024 -partes)

20 de fev. de 2024

Açotubo

          A Açotubo foi fundada pela família Bassi e é dono de uma das maiores distribuidoras de aço e tubos do Brasil. Fundada em 1974, a Açotubo continua uma empresa familiar. Os três fundadores – irmãos Luiz, Ribamar e Wilson Bassi – já integraram o conselho de administração, que hoje conta com outros dois membros independentes, e a segunda geração, que inclui Bruno Bassi, está envolvida na gestão cotidiana do negócios.
          O grupo oferece desde barras e tubos de aço carbono até aços inoxidáveis utilizados em diversas indústrias. É uma grande distribuidora de aço de usinas locais, sendo 85% de suas vendas provenientes dessas usinas e 15% de importações.
          A empresa está presente no Peru e na Colômbia desde 2020. Ultrapassou a fronteira nacional ao se tornar parceira da Systemas de Perforación y Geotecnia (SPG) do Peru através da Incotep, empresa do grupo que fornece sistemas metálicos (tirantes) utilizados na ancoragem e infraestrutura.
          Em fevereiro de 2024, a Açotubo compra participação da SPG do Peru na empresa por R$ 12 milhões e assume toda a operação, que é menor que a brasileira.
          O grupo avança com seus planos de internacionalização e avalia novas oportunidades, incluindo aquisições, para expansão na América Latina. Outros grandes distribuidores locais também entraram no mercado externo, mas a principal dificuldade tem sido competir em preços em outros países. “A ideia é ir para outros países”, disse o presidente da Açotubo, Bruno Bassi. Ainda não foi decidido qual modelo de negócios será utilizado para a expansão internacional.
          A Açotubo também possui uma joint venture em tubos industriais com a francesa Vallourec, que detém participação majoritária de 75% na empresa. A joint venture produz tubos de aço para a indústria.
          Segundo Bassi, a SPG Incotep ensinou ao grupo como atuar em outro país e como ter um parceiro de negócios.
          O grupo Açotubo teve faturamento de R$ 2 bilhões em 2023. Em termos de volume, a produção foi de 114.000 toneladas. Os investimentos em 2023 totalizaram R$ 30 milhões, entre caminhões, equipamentos e guindastes.
(Fonte: jornal Valor - 20.02.2024)

19 de fev. de 2024

King's Hawaiian

          Robert Taira, pai de Mark, era o sexto de nove filhos. Seus pais eram imigrantes japoneses de Okinawa, que chegaram à principal ilha do Havaí em 1906 para trabalhar nos campos de cana-de-açúcar. Observando a felicidade das pessoas ao morderem produtos assados, Robert decidiu se tornar padeiro. Se matriculou em uma escola de panificação. Seu pai resgatou uma apólice de seguro de vida no valor de US$ 350 (equivalente a US$ 4,5 mil hoje) para ajudar a lançar a padaria do filho, inaugurada em Hilo em 1950.
          Os pãezinhos macios e redondos que ele produzia, uma fusão da culinária havaiana local com pães doces feitos por imigrantes portugueses, logo encontraram um público fiel. A qualidade dos pães garantia que não ficassem velhos rapidamente, o que levou os comerciantes a estocá-los.
          O envio dos produtos para o continente tornou-se um negócio constante, com a King’s Hawaiian enviando dezenas de milhares de pães por ano. “Ele tinha visão, mas também colocava as coisas em prática. Nunca teve medo”, lembra Mark Taira, nascido em 1957, que começou cedo a ajudar na empresa, sobre seu pai. “Essa é a história de muitas famílias imigrantes – elas não têm nada a perder".
          Para reduzir os custos de transporte, Robert e sua esposa, Tsuneko, hipotecaram a casa da família para construir uma padaria nos arredores de Los Angeles. Em 1977, a fábrica foi inaugurada a um custo de US$ 3,7 milhões (cerca de US$ 18,7 milhões hoje, início de 2024).
          Para conquistar novos clientes, ele bateu de porta em porta e deixou amostras de seus produtos. Após dois anos de entrega e amostras, o investimento valeu a pena. Em 1979, o supermercado Safeway se tornou o primeiro grande cliente dos EUA da King’s.
          A marca realmente começou a se destacar quando Robert e Mark fizeram uma mudança crucial em seu produto principal – abandonaram os pães inteiros em favor de pãezinhos. Eles dedicaram meses cortando e modelando a massa à mão antes de chegar aos pãezinhos doces que se destacam facilmente. Seu pacote de 12 pãezinhos foi lançado em 1983.
          Quando Mark assumiu como CEO naquele ano (1983), decidiu correr outro risco: sair do Havaí. Ele iniciou a construção de uma fábrica em Torrance, na Califórnia, seis vezes maior que a original. Robert faleceu em 2003 aos 79 anos, pouco antes da inauguração, e não chegou a ver o sucesso dessa estratégia. Em 2005, as vendas haviam atingido US$ 50 milhões.
          Faminto por mais sucesso, em 2011, Mark Taira levou o negócio para o leste, até a Geórgia. Com um empréstimo de US$ 65 milhões, construiu uma fábrica de última geração em Atlanta. Finalmente, a King’s Hawaiian poderia entregar com lucro os pãezinhos – assados e imediatamente congelados para vendê-los “frescos” – para outras regiões, como Nova York. Em 2016, a receita ultrapassou os US$ 320 milhões, cinco vezes mais do que uma década antes.
          De 2004 a 2023, a receita da King’s Hawaiian aumentou 15 vezes. Os pães representam 85% do faturamento anual, com margens brutas de lucro de mais de 40%, uma conquista impressionante na indústria alimentícia. Embora alguns concorrentes tenham margens mais altas, Taira prioriza valores como ética e integridade sobre lucros excessivos.
          Atualmente, a King’s Hawaiian é uma referência para varejistas, concorrentes e investidores, sendo constantemente mencionada em reuniões como uma marca icônica. Os clientes compram seus pães o ano todo, um indicativo do sucesso consistente da empresa ao longo do tempo.
          Mark Taira, aos 67 anos, elevou a padaria de seu pai a uma fortuna de US$ 2 bilhões, traçando assim uma história clássica de sucesso americano. Quando assumiu o cargo de CEO da King’s Hawaiian aos 27 anos, a empresa tinha uma receita anual de US$ 3 milhões (equivalente a US$ 9,5 milhões hoje). Sob sua liderança, os pãezinhos geram agora cerca de US$ 900 milhões em receita.
          Sob a holding Irresistible Food Group, criada em 2021, a família Taira lançou um conceito de restaurante inspirado no Havaí e introduziu novos produtos, mantendo-se como uma empresa familiar. Estima-se que o patrimônio da família seja de US$ 2 bilhões, incluindo a mãe de Mark, Tsuneko, e os quatro irmãos dele.
          A Geórgia abriga o projeto do restaurante dos Taira: o Hello Hilo. A primeira localização foi inaugurada em Gainesville, uma pequena cidade a cerca de 80 quilômetros ao norte de Atlanta, em julho de 2023. Outra seria aberta ainda em 2024.
          Mais restaurantes poderiam abrir mais cedo se os Tairas franqueassem o conceito, mas controlar a qualidade é mais importante por enquanto, diz a filha de Taira, Courtney, que dirige a divisão de restaurantes.
          Com o negócio agora em sua terceira geração, os Taira afirmam que continuarão a rejeitar investidores externos e ofertas de aquisição, mantendo a King’s Hawaiian sob propriedade familiar. “Ninguém vai fazer um produto melhor para o consumidor do que uma empresa familiar, especialmente a nossa família”, afirma Taira.
          Ao invés de ser adquirida, a Irresistible Foods Group tem sido compradora. Nos últimos três anos, a Irresistible gastou cerca de US$ 100 milhões para adquirir fornecedoras locais. Até agora, a empresa identificou 200 marcas desejáveis e está em negociações com cerca de 20.
          Taira diz acreditar que a Irresistible logo ultrapassará US$ 1 bilhão em vendas. Um terço dos lares americanos agora consome alguma versão dos alimentos da empresa – mas sempre há espaço para crescer. Não apenas nos Estados Unidos. Seu pão também é vendido no Japão, Canadá e em 14 países da América Central, América do Sul e Caribe, enquanto os Taira miram na Alemanha, Reino Unido e outros países.
(Fonte: Forbes Brasil - 17.02.2024)

17 de fev. de 2024

Pandora

          A marca dinamarquesa Pandora é conhecida por seus braceletes com pingentes de prata esterlina (com pelo menos 92,5% de prata pura) a preços acessíveis.
          Em um comunicado à imprensa em 2020, a Pandora anunciou sua mudança para metais reciclados. A empresa citou estatísticas do World Gold Council e de outras entidades mostrando que o processo de reciclagem de ouro reduz as emissões em cerca de 99% em comparação com a mineração, enquanto a reciclagem de prata reduz as emissões de carbono em cerca de 66% em comparação com a 
mineração.
          Uma equipe de 100 funcionários esteve envolvida na mudança para metais reciclados na Pandora, que passou de diamantes extraídos para diamantes cultivados em laboratório em 2021. A mudança no fornecimento de metais exigiu a adaptação de processos e equipamentos às medidas estabelecidas pelo Responsible Jewellery Council, grupo reconhecido por estabelecer padrões globais. Entre os fornecedores de metais reciclados da Pandora está a MKS Pamp, uma refinaria e comerciante suíça. “Conhecemos cada uma das fontes de nossa cadeia de suprimentos e podemos dizer em gramas o que vai para quem”, disse Xavier Miserez, chefe de vendas da refinaria: “O risco zero não existe, mas 
tentamos mitigar o máximo possível”.
          No fim de janeiro de 2024, a Pandora anunciou ter atingido a meta de adquirir apenas prata e ouro 100% reciclados para suas coleções. A medida foi apontada como um passo importante para reduzir sua pegada ambiental. “Queríamos dar o exemplo”, disse o CEO da Pandora, Alexander Lacik. Ao trabalhar com metais que já foram extraídos, a Pandora não precisa cavar mais fundo em busca de novos materiais, permitindo que a empresa reduza suas emissões de gases de efeito estufa. A mineração requer mais energia e recursos do que a reciclagem e é uma das principais fontes de poluição por 
mercúrio.
          Outras marcas, como Prada e Monica Vinader, também começaram a usar metais reciclados. Mas alguns observadores do setor alertam que esses materiais podem parecer mais virtuosos do que realmente são. Assim como “sustentabilidade”, a palavra “reciclado” pode ter significados diferentes para pessoas diferentes. Essa lacuna de interpretação pode ser problemática, disse Tiffany Stevens, CEO do Jewelers Vigilance Committee, o comitê de vigilância de joalheiros, uma organização de Nova York que se concentra na defesa da ética e das políticas do setor: “Reciclado é um modificador positivo na maioria dos contextos, mas esse não é necessariamente o caso quando se trata de ouro ou prata”, disse ela. O termo “reciclado”, acrescentou, dá às joias feitas com esses materiais uma “auréola verde”, ou uma aura de serem ecologicamente corretas. No entanto, o termo “não dá às pessoas nenhuma resposta clara sobre a origem dos metais”, disse Tiffany, razão pela qual sua organização e outras solicitaram à Federal Trade Commission (FTC) – órgão federal que previne fraudes e práticas comerciais enganosas – que proibisse o uso de “reciclado” para descrever produtos de joalheria 
vendidos nos Estados Unidos. Espera-se uma resposta da FTC para 2024.
          Embora o uso de metais reciclados possa reduzir a pegada ambiental da Pandora – que vende mais de 100 milhões de peças por ano –, a mineração de ouro e prata novos não diminuiu na última década, o que sugere que o interesse crescente das empresas por esses materiais fez pouco para
compensar a pegada climática da mineração.
          A Pandora, que vende mais de 100 milhões de peças por ano, é a maior empresa de joias do 
mundo em volume.
(Fonte: Estadão - 16.02.2024)

16 de fev. de 2024

São Paulo Railway

          A companhia São Paulo Railway (conhecida como Inglesa), especializada em transporte ferroviário, ergueu, no século XIX em Santo André, uma vila para os trabalhadores da empresa. A localização exata é em Paranapiacaba. A vila mantém até hoje traços que remetem à arquitetura inglesa. Conhecida por sua espessa neblina, a região também é famosa por provocar calafrios em moradores e visitantes. Segundo relatos, quem circula à noite pelas plataformas da antiga estação, inaugurada em 1874, costuma ouvir os gritos de funcionários que morreram durante sua construção.
          A estrada de ferro entre a capital e Santos, então conhecida popularmente como A Ingleza, era administrada pela São Paulo Railway, uma empresa de capital britânico. Construída na década de 1860, essa linha férrea era considerada uma das maiores obras de engenharia da época, pois superava os desafios impostos pela complexa geografia da Serra do Mar, com seus abismos e escarpas. O trecho da Serra contava com um sistema de tráfego singular, auxiliado por uma malha de correias chamada cremalheira, que transformava o trem em um verdadeiro funicular, facilitando a subida e descida por declives acentuados.
          A São Paulo Railway, com um investimento maciço, foi responsável por parte da construção da Estação da Luz, em São Paulo, oficialmente em 1º de março de 1901.
          No jornal O Estado de S.Paulo de 2 de abril de 1924 foi publicada a notícia como segue: Na Serra de Santos - À noite foi hontem divulgada na cidade a noticia de que num dos planos da serra de San- toe havia ocorrido grande desastre com um dos trens da "S. Paulo Railway". Essa informação coincidiu com a falta da correspondencia postal que daquella cicade nos chega á noite. Procurando detalhes sobre o acontecimento, na estação da Luz conseguimos saber apenas que effectivamente se dera o cidente, cujas proporções, entretanto, eram ignoradas. Ao que nos informou depois o nosso correspondente em Santos, tambem naquella cidade nada se sabia de positivo sobre o facto. Effectivamente - accrescentou o nosso informante- tinha havido na serra um accidente.
No Estadão de 21 de abril de 1924, saia a seguinte notícia:
Hoje pela manhan occorreu na estação da Luz lamentavel desastre, no qual perdeu a vida uma moça, cuja identidade não foi estabelecida, e do qual por verdadeiro milagre sahiu illesa uma criancinha de tenra idade. Foi poucos minutos depois das 7 horas, quando partia o trem P. 3, da S. Paulo Railway, com destino a Jundiahy. A victima, que levava acriança, a qual deve ter uns dois mezes de edade, cahiu entre dois vagões.
(Fonte: Veja SP - 16.11.2016 / Estadão - 02.04.2024 / Estadão - 21.04.2024 / Tribuna de Santos - 13.10.2024 - partes)